Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sábado, agosto 11
SMO
A propósito de um tema que voltou ao debate volto a publicar um post de 29 de setembro de 2004. Esta continua a ser, no essencial, a minha posição acerca do SMO apesar da passagem do tempo que torna ao mais necessário um debate exigente atenta a complexidade do tema.
"O Dr. Portas surge, ufano, a proclamar o fim do Serviço Militar Obrigatório (SMO). O acontecimento aparece aos olhos da grande maioria como uma grande conquista civilizacional. Em particular aos olhos da juventude. As juventudes partidárias rejubilam.
O Dr. Portas ostenta um orgulho que estaria nas antípodas das suas próprias convicções caso fosse um verdadeiro patriota. No momento em que se consagra o fim do SMO quero afirmar que sempre fui a favor da conscrição, ou seja, do “alistamento militar”.
Acho que o fim do SMO é uma cobardia moral e um sinal de resignação patriótica.
A partir de agora o país ficará a dispor de forças militares profissionais. A maioria dos jovens nunca terá acesso à experiência militar. Nunca saberá manejar uma arma. Nunca terá a noção real do que é a defesa nacional. O país perderá um dos últimos redutos onde se exercitava o sentimento de pertença à comunidade nacional.
Ficam os ex-combatentes para o exercício da demagogia patrioteira. Ficam as compras de armamento para o aumento da despesa pública. Ficam os edifícios e os terrenos militares devolutos para combater o deficit.
O patriotismo virou negócio por grosso e a retalho. E negócio chorudo!"
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Sou por princípio a favor do cumprimento do serviço militar ou de um serviço cívico em alternativa. Acho uma tonteria e um desrespeito aquilo que o líder da JS disse do MD, até porque as sociedades mais militaristas são justamente aquelas que favorecem a formação de elites combatentes, contrariamente ao que ele afirmou.
Basta lembrar que a República Romana ruiu precisamente devido ao carácter permanente que adquiriram os seus exércitos, necessários à manutenção do Império. Otávio foi apenas o último dos populistas militares (ou o primeiro de uma nova leva).
Cabe ainda lembrar que a Suécia se prepara para reintroduzir o SMO e a Suíça o mantém, sendo que são duas sociedades com fortes tradições democráticas e anti-militaristas.
Fui à inspeção, mas acabei na reserva territorial numa época em que o número de incorporações diminuiu devido à mudança de política de Fernando Nogueira, pelo que tenho pouca moral para mandar os jovens de hoje pegar numa arma.
Mas existe uma razão maior para considerar que a reintrodução do SMO pode não fazer qualquer sentido. Vários dos meus colegas de então, mais velhos, cumpriram o SMO e descreveram a balda e a escola de vícios (nomeadamente jogo) que aquilo era. Aliás, julgo que foi em parte por isso que Nogueira quis reduzir o SMO à recruta o que acabou por ditar o seu fim.
Se não existirem meios para dar a todos os jovens uma formação que lhes permita defender a Pátria se necessário e ao mesmo tempo incutir-lhes sentido de cidadania (e algo que conte para a sua formação profissional futura, se possível), mais vale gastar os poucos recursos que o País tem numa força profissional, pequena mas eficaz...
Enviar um comentário