"O ministro Alberto Costa era, pelos vistos, o único português que desconhecia que o sistema judicial sempre se foi mantendo de pé, bem ou mal, à custa da 'carolice' de magistrados e funcionários"
Manuel António Pina, "Jornal de Notícias", 08-02-2006
O autor da frase em epígrafe, destacada pelo Público, é um poeta consagrado. Não lhe conhecia dotes de conhecedor dos meandros da justiça. Lá terá as suas razões. Mas o que fica como reflexão é esta coisa extraordinária: é suposto que o sistema de justiça funcione na base da “carolice”?
Saberemos interpretar o que isso significa? Questão: como se podem formular juízos proporcionais, legais e, finalmente, justos implicando a liberdade e a vida dos cidadãos e das instituições num sistema assente na “carolice”? Como se pode fazer ironia e, de facto, condenar a acção de um ministro da justiça que combate a “carolice”?
Parece muito evidente que, um dia, a “carolice” haverá de dar lugar ao profissionalismo. Embora a "carolice" seja uma das mais estimáveis instituições nacionais será ela aconselhável na aplicação da justiça, seus preparos e sentenças?