O movimento islâmico de protesto que invade as ruas, assalta as embaixadas, mata em atentados e preenche os horários nobres das televisões, é fabricado. A descoberta veio nas páginas de um jornal de referência americano. Os nossos cronistas, quais cães amestrados, seguem no rasto da notícia.
Novidade das novidades é tudo ser demasiado lento. As caricaturas foram publicadas há meses. O protesto fabricado demorou meses. A notícia denunciando a sedição islâmica demorou meses. Os serviços secretos ocidentais estão a funcionar mal? A Dinamarca? Porquê a Dinamarca?
Nada é espontâneo na política pura e dura a não ser a admiração daqueles que ainda acreditam na espontaneidade. A oriente e a ocidente fabricam-se ódios, mata-se para ocupar territórios e para aceder à exploração de recursos naturais cada vez mais escassos.
Os aliados já não são os mesmos dos tempos da II Guerra, nem os desavindos são os mesmos dos tempos da “guerra-fria”. Podem encontrar-se destroços de uns e de outros em ambos os lados da barricada de uma nova guerra não declarada.
“Tão natural como a sua sede” era um slogan publicitário e um dia, anos atrás, dizíamos de uma amiga que era “tão natural que até fazia impressão”! Acreditar na espontaneidade, na autenticidade, de alguém é quase uma heresia. Quanto mais na bondade da política, da diplomacia, dos negócios do petróleo e da disputa do “espaço vital” que as Nações sempre reclamam em nome do seu interesse vital.
O mais estranho é que ainda haja quem acredite que algum acontecimento, com direito às “primeiras páginas”, não seja fabricado para alcançar um fim que escapa à maioria. O mais que pode acontecer é que os inimigos de hoje sejam os amigos de amanhã e vice-versa.
Que estejamos, em permanente cerimonial de palavras, a celebrar a liberdade como uma abstracção que favorece o enriquecimento, sem causa, de uns poucos e favor da perpetuação da miséria da esmagadora maioria. Quem persegue os verdadeiros criminosos?
Ora vejam o caso do Bin Laden! O que será feito?