segunda-feira, abril 17

TERMÓPILAS

Posted by Picasa Fotografia daqui

Honra seja àqueles que na sua vida
definiram e guardam uma Termópilas.
Sem mover-se do seu dever constantes;
justos e rectos em todos os seus actos,
contudo com dó e compaixão;
dadivosos quando são ricos, e quando
são pobres, também modicamente dadivosos,
também auxiliando quanto puderem;
sempre da verdade afirmantes,
porém sem ódio para os fementidos.

E ainda mais honra lhes seja devida
quando prevêem (e muitos prevêem)
que Efialtès surdirá no fim,
e os medas finalmente passarão.

[1903]

Konstandinos Kavafis

In “Os Poemas” - Relógio D´Água
Tradução de Joaquim Manuel Magalhães
e Nikos Pratsinis

(Ver a tradução, para português, do mesmo poema apresentada por catatau)

domingo, abril 16

sem título (XXIII)

Posted by Picasa Fotografia de Hélder Gonçalves

O dia desce sobre a cidade as ruas fumegam
os passos ecoam como corpos vestidos de dor

16 de Abril de 2006

DE REGRESSO

Posted by Picasa Fotografia de “sissi”

Acabei de regressar daqui que é também a minha cidade. Agradecimentos ao respirar o mesmo ar, catatau e Linha de Cabotagem - pela atenção permanente, links e comentários.

quinta-feira, abril 13

PECAREI

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

Imaginem que eu digo que Philippe Pache, nesta fotografia, sem saber, fixou a imagem perfeita do rosto de meu filho.

O fascínio da busca da beleza, o sujeito no seu labirinto, a reflexão sobre o tempo e a luz do nosso tempo, as mãos que amassam o peso da palavra e da imagem, o nosso olhar para o exterior que fixa os outros sempre coerentes e a nós mesmos sempre fragmentados.

A Páscoa, para mim, é um intervalo nas tarefas do quotidiano, não um intervalo no tempo de reflexão. Soube agora que, provavelmente, a busca da informação e da beleza, a reflexão continuada, sem paragem, a leitura e a escrita sempre excessivas, nos apaixonados, é pecado para a Igreja Católica. Porquê? Regresso à infância.

Não acredito no medo que nos querem impor. Não o aceito. Minha mãe não queria impor-me o medo mas a disciplina da época. Para que me tornasse feliz. Compreendo a sua necessidade de que me tornasse um homem de fé. Mas os homens de fé não precisam de dogmas mas de convicções, não precisam de penitência mas de liberdade, contra todas as sujeições, contra todas as tiranias, contra todos os dogmas, contra todos os medos.

Deixem-me ver, nesta fotografia de Pache, por excesso de imaginação, a imagem do rosto de meu filho. Pecarei mas a busca da beleza é, para mim, o caminho da salvação do homem.

"...tentation, ..."

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

«L´altruisme est une tentation, comme le plaisir.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

ELVIS

Posted by Picasa Elvis with fans, 1958

Que será feito destes jovens. Nas vésperas do início dos anos 60 ganhava asas o sonho de transformar o mundo que povoa o imaginário da juventude de todos os tempos. Cada geração, à sua maneira, venera os seus ídolos. Elvis é um dos maiores dos tempos modernos – até o meu filho o admira…

quarta-feira, abril 12

sem título (XXII)

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

Olhei as mãos de seus sulcos emergiam desenhos
inacabados preces sonhos regressos imaginados


12 de Abril de 2006

UM DISCURSO ESPERANÇOSO

Posted by Picasa Imagem daqui

Convenhamos que não é habitual dar atenção e espaço a uma tomada de posse. Ainda para mais de um Director da Polícia Judiciária.

Mas o discurso de Alípio Ribeiro merece ser conhecido. Gostei dos extractos que foram divulgados na comunicação social. Fui em busca do seu texto integral que pode ser lido, na íntegra, no IR AO FUNDO E VOLTAR.

Aqui ficam alguns extractos:

“É preciso dizê-lo claramente: não há uma desordem, ou o perigo dela, que justifique uma injustiça. Não há uma desordem, ou o perigo dela, que justifique o postergar de procedimentos legais que são aquisições da civilização.”
(…)
“Sou dos que pensam que uma lei é o que dela se fizer e esta, particularmente, assumirá um valor simbólico que não poderemos escamotear.”
(…)
“Digo-vos com a simplicidade do que não deve ser dito: sinto-me tão independente como sempre, serei tão independente como sempre.”

"IL CAPO È MORTO"

Posted by Picasa "Per me è morto. Ed è morto anche da molti anni", afirma o advogado de Provenzano.

Em Itália acontecem as coisas mais extraordinárias. Provenzano, considerado “Il Capo” da Mafia escapou às autoridades policiais mais de 42 anos. Foi preso três horas após saber-se que a esquerda tinha ganho as eleições. E, afinal, “está morto”.

Ver no Espírito de Xabregas – uma extraordinária coincidência...

sem título (XXI)

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

A noite alisando a pele dos sentidos os floria
soletrando silêncios a madrugada amanhecia

10 de Abril de 2006

terça-feira, abril 11

LULA CONTINUA NA FRENTE

PAVESE

Posted by Picasa Fotografia daqui

Verrà la morte e avrà i tuoi occhi
11 marzo - 10 aprile '50


Last blues, to be read some day


´T was only a flirt
you sure did know -
some one was hurt
long time ago.

All is the same
time has gone by -
some day you came
some day you'll die.

Some one has died
long time ago -
some one who tried
but didn't know.

11 aprile '50

Cesare Pavese


Foi só um flirt
e sabias, claro –
alguém foi ferido
há muito tempo.

Mas nada mudou
o tempo passou –
um dia chegaste
um dia morrerás.

Alguém morreu
há muito tempo –
alguém que queria
mas não sabia.

(In “Trabalhar Cansa” - Edição bilingue
Tradução de Carlos Leite – Cotovia)

A ESQUERDA VENCE EM ITÁLIA

ELEIÇÕES EM ITÁLIA

Posted by Picasa ITÁLIA: ESQUERDA GANHA CÂMARA DOS DEPUTADOS – DIREITA GANHA SENADO (Afinal a esquerda!)

(Parece que ficou assim mas vai haver certamente recontagem dos votos para a Câmara dos Deputados - Na verificação matinal dos resultados confirma-se a vitória escassa de Prodi para a Câmara dos Deputados e o resultado para o Senado depende, afinal, dos votos dos eleitores do estrangeiro pois a direita dispõe, no momento, de um senador de vantagem quando faltam eleger dois. Tudo muito confuso como seria de esperar!)
SENATO: E' UFFICIALE, 158 SEGGI ALL'UNIONE, 156 ALLA CDL

APONTAMENTO FINAL ACERCA DOS RESULTADOS DAS ELEIÇÕES EM ITÁLIA: A ESQUERDA VENCEU EM AMBAS AS CÂMARAS. NO SENADO A VOTAÇÃO DOS ITALIANOS NO ESTRANGEIRO DEU, FINALMENTE, A VITÓRIA À ESQUERDA.

ESTES RESULTADOS REPRESENTAM UMA MUDANÇA POLÍTICA DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA A ITÁLIA E PARA A EUROPA. O TEMPO O DIRÁ! FICA A EXPRESSÃO DO MEU PROFUNDO CONTENTAMENTO.

NÃO SEI NADA


Conheço as palavras pelo dorso. Outro, no meu lugar, diria que sou um domador de palavras. Mas só eu – eu e os meus irmãos – sei em que medida sou eu que sou domado por elas. A iniciativa pertence-lhes. São elas que conduzem o meu trenó sem chicote, nem rédeas, nem caminho determinado antes da grande aventura.
Sim. Conheço as palavras. Tenho um vocabulário próprio. O que sofri, o que vim a saber com muito esforço fez inchar, rolar umas sobre as outras as palavras. As palavras são seixos que rolo na boca antes de as soltar. São pesadas e caem. São o contrário dos pássaros, embora «pássaro» seja uma das palavras. A minha vida passou para o dicionário que sou. A vida não interessa. Alguém que me procure tem de começar – e de se ficar – pelas palavras. Através das várias relações de vizinhança, entre elas estabelecidas no poema, talvez venha a saber alguma coisa. Até não saber nada, como não sei.

Ruy Belo

Homem de Palavra[s]

INATEL: A CGTP CONCORDA COM A CRIAÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO

Posted by Picasa Ron Mueck

Ler, na integra, no IR AO FUNDO E VOLTAR“A Verdade de Uma Reforma” – (6 de 10)

segunda-feira, abril 10

INSTINTO FATAL

Posted by Picasa Sharon Stone em «Instinto Fatal 2»

"Temos uma magistratura da idade média e de mercearia"

Maria José Morgado, PÚBLICO, 10-04-2006

Se fosse só a magistratura!

sem título (XX)

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

Inóspito caminho, o sangue quente latejou
na cavalgada o prazer no dorso da espada

8 de Abril de 2006

domingo, abril 9

MAR DA MANHÃ

Posted by Picasa Fotografia de “sissi”

Cavafis é retomado por Catatau que, amavelmente, cita a minha incursão pelas traduções para português da sua obra. Cheguei a Cavafis por Jorge de Sena no seu mister de tradutor.

Vejam como é diferente a tradução de Sena de “O Mar da Manhã”, referida por Catatau, desta outra, mais recente, de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis:

MAR DA MANHÃ

Que eu me detenha aqui. E que também eu veja um pouco a natureza.
De um mar da manhã e de um céu sem nuvens.
roxas cores brilhantes e margem amarela; tudo
belo e grande iluminado.

Que eu me detenha aqui. E que me engane para ver isto
(vi de verdade isto por um instante quando primeiro me detive);
e não aqui também os meus devaneios,
as minhas recordações, os modelos da volúpia.

Konstandinos Kavafis

In “Os Poemas”
Relógio d´Água

Les hommes préfèrent Camus


Uma curiosidade do “Le Monde” por gentileza do Teodósio Dias do Tempo da Luz

sexta-feira, abril 7

sem título (XIX)

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

No calor da sombra a terra quente subiu
em fúria desordenada rompeu o silêncio

7 de Abril de 2006

GOVERNO:PASSADO E FUTURO

Posted by Picasa Fotografia daqui

“Organiza-se tudo: é simples e evidente. Mas o sofrimento humano intervém e altera todos os planos”

Albert Camus

No mês passado o governo socialista celebrou o seu primeiro aniversário e o novo Presidente da República assumiu funções. Apoiei, e apoio, as linhas gerais da política do governo socialista. Posso vir a arrepender-me! Mas, hoje por hoje, não vejo outra saída viável para o futuro da comunidade.

O “Semanário Económico”, na sua edição de hoje, publica o artigo com o título em epígrafe de que reproduzo a entrada.

Pode ser lido, na íntegra, no IR AO FUNDO E VOLTAR. Ainda não está disponível no site daquele Semanário.

quinta-feira, abril 6

"... sans amis."

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

«Selon Montherlant, tout créateur véritable rêve d´une vie sans amis.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

ORLA MARÍTIMA


O tempo das suaves raparigas

é junto ao mar ao longo da avenida

ao sol dos solitários dias de dezembro

Tudo ali pára como nas fotografias

É a tarde de agosto o rio a música o teu rosto

alegre e jovem hoje ainda quando tudo ia mudar

És tu surges de branco pela rua antigamente

noite iluminada noite de nuvens ó melhor mulher

(E nos alpes o cansado humanista canta alegremente)

«Mudança possui tudo»? Nada muda

nem sequer o cultor dos sistemáticos cuidados

levanta a dobra da tragédia nestas brancas horas

Deus anda à beira de água calça arregaçada

como um homem se deita como um homem se levanta

Somos crianças feitas para grandes férias

pássaros pedradas de calor

atiradas ao frio em redor

pássaros compêndios de vida

e morte resumida agasalhada em asas

Ali fica o retrato destes dias

gestos e pensamentos tudo fixo

Manhã dos outros não nossa manhã

pagão solar de uma alegria calma

De terra vem a água e da água a alma

o tempo é a maré que leva e traz

o mar às praias onde eternamente somos

Sabemos agora em que medida merecemos a vida

Ruy Belo
Homem de Palavra[s]
[Este poema, que vem na sequência dos que tenho vindo a publicar, quase sempre excertos, a partir do livro “Ruy Belo - Coisas do Silêncio” de Duarte Belo e Rute Figueiredo, abarcando toda a sua obra, encontrei-o, por acaso numa pesquisa, “ilustrando” a fotografia de Veríssimo Dias que desta vez, invertendo os papéis, tomo a liberdade de publicar “ilustrando” o poema.]

quarta-feira, abril 5

SABER PERDER

Prometi que voltava no fim do jogo de hoje. O Barcelona ganhou. O Benfica perdeu. O mais forte venceu. Sem surpresas nem ousadias. Mesmo assim deu para entender que o Benfica sabia o que queria. Marcar um golo. Esteve perto mas falhou. Se marcasse Koeman teria sido o herói da noite. No fim todos saíram de cabeça erguida. Ponto final.