Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quarta-feira, setembro 27
segunda-feira, setembro 25
"A cena"
Fotografia Daqui
Ressonância de 25 de Setembro de 2004. Transcrição parcial de um excerto de “Roland Barthes por Roland Barthes” em que se discorre acerca de um tema, pouco glosado, mas que está presente no quotidiano de (quase) toda a gente.
“Ele sempre considerou a “cena” (doméstica) como uma experiência pura de violência, a tal ponto que, onde quer que ouça uma, tem sempre medo, como uma criança tomada de pânico por causa das discussões dos pais (foge sempre dela, descaradamente). A cena tem uma repercussão assim tão grave porque põe a nu o cancro da linguagem. O que a cena diz é que a linguagem é impotente para fechar a linguagem: engendram-se as réplicas sem qualquer outra conclusão que não seja a do assassínio; e é por estar inteiramente voltada para esta última violência que a cena, todavia, nunca assume (pelo menos entre pessoas “civilizadas”) o facto de ser uma violência essencial, uma violência que tem prazer em se alimentar: terrível e ridícula, à maneira dum homeostato de ficção científica.
Ressonância de 25 de Setembro de 2004. Transcrição parcial de um excerto de “Roland Barthes por Roland Barthes” em que se discorre acerca de um tema, pouco glosado, mas que está presente no quotidiano de (quase) toda a gente.
“Ele sempre considerou a “cena” (doméstica) como uma experiência pura de violência, a tal ponto que, onde quer que ouça uma, tem sempre medo, como uma criança tomada de pânico por causa das discussões dos pais (foge sempre dela, descaradamente). A cena tem uma repercussão assim tão grave porque põe a nu o cancro da linguagem. O que a cena diz é que a linguagem é impotente para fechar a linguagem: engendram-se as réplicas sem qualquer outra conclusão que não seja a do assassínio; e é por estar inteiramente voltada para esta última violência que a cena, todavia, nunca assume (pelo menos entre pessoas “civilizadas”) o facto de ser uma violência essencial, uma violência que tem prazer em se alimentar: terrível e ridícula, à maneira dum homeostato de ficção científica.
(Passando para o teatro, a cena domestica-se. O teatro doma-a quando a obriga a terminar: uma paragem da linguagem é a maior violência que se pode exercer na violência da linguagem.)”
(…)
(…)
domingo, setembro 24
VIAGEM NO TEMPO
SONJA THOMSEN
Sinto as ruas da infância as pedras gotas de água
Ângulos gritos silêncios de dorida e surda mágoa
A terra fremente nos pés o pó do carvão ardendo
Frio da manhã fumos soltos vento o sol nascendo
As suas mãos tão firmes tomando as minhas mãos
E as rugas do tempo na sua face ao longe sorrindo
Lisboa, 24 de Setembro de 2006
Sinto as ruas da infância as pedras gotas de água
Ângulos gritos silêncios de dorida e surda mágoa
A terra fremente nos pés o pó do carvão ardendo
Frio da manhã fumos soltos vento o sol nascendo
As suas mãos tão firmes tomando as minhas mãos
E as rugas do tempo na sua face ao longe sorrindo
Lisboa, 24 de Setembro de 2006
sábado, setembro 23
O PROCURADOR
Fernando Pinto Ribeiro
A indigitação do novo Procurador-geral da República tem sido notícia. Essa decisão é sucedânea ou, pelo menos, surge imediatamente após o anúncio do chamado “Acordo para a Justiça”. Digam o que disserem está na cara que já lá estava implícito.
Basta reparar como o governo está calado, o PR afirma que foi uma escolha consensual e o PSD saltita de contentamento. Alguém escreveu que se trata do “PGR do nosso contentamento”. Sem ironia também acho!
Apesar desta proposta, tal como a anterior, ser da iniciativa de um governo socialista o director do DN escreve, hoje, a propósito dos últimos episódios, que a prática do anterior “PGR do nosso contentamento” foi degradante. A diferença está em que o anterior PR era socialista e agora não é. Em democracia a confrontação das diferenças traz quase sempre vantagens quando se tratam de escolhas partilhadas como é o caso.
O novo PGR é juiz de carreira, tem opiniões críticas, publicadas recentemente, acerca do estado da justiça em Portugal e não integra os quadros do ministério público. Ter opiniões críticas, face ao governo e aos seus pares, e ser escolhido pelo governo é um bom sinal. Esse sinal é reforçado quando são evidentes os sinais de amargura, e mesmo de crítica, na “unanimidade” dos aplausos. Notam-se sorrisos forçados e palavras rebuscadas excessivamente laudatórias.
Pinto Ribeiro tem 64 anos de idade, ou seja, estará próximo da idade da reforma se considerarmos o paradigma vulgar do tempo de serviço público. Como o mandato tem a duração de seis (6) anos quando terminar o seu mandato terá 70 anos de idade. Positivo. Neste tipo de funções, e não só, é como o vinho do porto: quanto mais velho melhor.
Fernando Pinto Ribeiro, curiosamente, passou pelos órgãos jurisdicionais do futebol. Agora só resta esperar pelo início do jogo e pelo resultado final. Nestas coisas, mostra a experiência recente, é como no futebol: prognósticos só no fim.
A indigitação do novo Procurador-geral da República tem sido notícia. Essa decisão é sucedânea ou, pelo menos, surge imediatamente após o anúncio do chamado “Acordo para a Justiça”. Digam o que disserem está na cara que já lá estava implícito.
Basta reparar como o governo está calado, o PR afirma que foi uma escolha consensual e o PSD saltita de contentamento. Alguém escreveu que se trata do “PGR do nosso contentamento”. Sem ironia também acho!
Apesar desta proposta, tal como a anterior, ser da iniciativa de um governo socialista o director do DN escreve, hoje, a propósito dos últimos episódios, que a prática do anterior “PGR do nosso contentamento” foi degradante. A diferença está em que o anterior PR era socialista e agora não é. Em democracia a confrontação das diferenças traz quase sempre vantagens quando se tratam de escolhas partilhadas como é o caso.
O novo PGR é juiz de carreira, tem opiniões críticas, publicadas recentemente, acerca do estado da justiça em Portugal e não integra os quadros do ministério público. Ter opiniões críticas, face ao governo e aos seus pares, e ser escolhido pelo governo é um bom sinal. Esse sinal é reforçado quando são evidentes os sinais de amargura, e mesmo de crítica, na “unanimidade” dos aplausos. Notam-se sorrisos forçados e palavras rebuscadas excessivamente laudatórias.
Pinto Ribeiro tem 64 anos de idade, ou seja, estará próximo da idade da reforma se considerarmos o paradigma vulgar do tempo de serviço público. Como o mandato tem a duração de seis (6) anos quando terminar o seu mandato terá 70 anos de idade. Positivo. Neste tipo de funções, e não só, é como o vinho do porto: quanto mais velho melhor.
Fernando Pinto Ribeiro, curiosamente, passou pelos órgãos jurisdicionais do futebol. Agora só resta esperar pelo início do jogo e pelo resultado final. Nestas coisas, mostra a experiência recente, é como no futebol: prognósticos só no fim.
"Pense Pequeno"
Volkswagen, "Think Small", Doyle Dane Bernbach, 1959
As maiores 100 campanhas publicitárias de sempre. A maior de todas foi a que ficou conhecida pela frase “Think Small” (“Pense Pequeno”) e tornou o modelo “Carocha”, da VW, num pigmeu de vendas num sucesso estrondoso...
As maiores 100 campanhas publicitárias de sempre. A maior de todas foi a que ficou conhecida pela frase “Think Small” (“Pense Pequeno”) e tornou o modelo “Carocha”, da VW, num pigmeu de vendas num sucesso estrondoso...
EPÍGRAFE PARA A ARTE DE FURTAR
SONJA THOMSEN
Roubam-me deus,
outros o diabo
- quem cantarei?
roubam-me a pátria;
e a humanidade
outros ma roubam
- quem cantarei?
sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
- quem cantarei?
roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
- aqui del-rei!
Jorge de Sena
3/6/952
In “Cadernos de Poesia”
Campo das Letras
Roubam-me deus,
outros o diabo
- quem cantarei?
roubam-me a pátria;
e a humanidade
outros ma roubam
- quem cantarei?
sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
- quem cantarei?
roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
- aqui del-rei!
Jorge de Sena
3/6/952
In “Cadernos de Poesia”
Campo das Letras
A UMA SEMANA DAS PRESIDENCIAIS - LULA NA FRENTE
Fotografia Daqui
Apesar de todas as tentativas, de última hora, para “encharcar” a campanha presidencial no Brasil com escândalos envolvendo o PT, e enfraquecer Lula, as sondagens mais recentes continuam a mostrar Lula destacado na frente. Falta uma semana.
Ver aqui.
Apesar de todas as tentativas, de última hora, para “encharcar” a campanha presidencial no Brasil com escândalos envolvendo o PT, e enfraquecer Lula, as sondagens mais recentes continuam a mostrar Lula destacado na frente. Falta uma semana.
Ver aqui.
sexta-feira, setembro 22
"A BRASILEIRA"
Fotografia de “A Defesa de Faro”
Havia uma bandeja de latão ou de níquel um metal qualquer e nela luziam depositados os copos escorrendo aquele suor da água gelada que se engolia de um trago sem mais. E gelados com o sabor dos gelados artesanais que não eram para comprar todos os dias mas só nos dias de festa. Como quando fiz a comunhão solene ou o crisma já não sei que me desculpe a minha boa mãe que tanto insistiu e lhe fiz a vontade e sozinho já não sei porquê fui tentado e pequei com um deles comendo-o antes do tempo devido. No sopé da avenida do liceu na brasileira de um lado sentavam-se os clientes normais e do outro os pides e os distraídos desta divisória da casa. É um lugar de todas as encruzilhadas da minha vida na cidade de Faro onde nasci. Por ali passa o caminho trilhado anos sem fim a caminho de todos os caminhos ali nasce a rua João Lúcio o grande poeta algarvio esquecido onde sobrevive cercada pelo vandalismo urbanístico a vivenda de família de minha mulher por ali deambulei a caminho do cinema ao ar livre da esplanada de s. Luís uma preciosidade de que a cidade se deixou espoliar ou a caminho do velho estádio com o mesmo nome que acolhia o farense que a cidade abandonou. O progresso secou as gotículas de água que escorriam dos copos pousados na bandeja de latão ou de níquel que me saciavam a sede nos dias de calor. A encruzilhada ainda lá está mas morreu. Parece que o espaço envolvente encolheu. Sem a afirmação de um gosto alternativo ao passado a que vulgarmente se chama modernidade o progresso é nada. É no que se transformou aquela encruzilhada.
[Post publicado em “A Defesa de Faro. A fotografia retrata o espaço físico no qual existia o café “A Brasileira” mas não é, evidentemente, nem da época das minhas deambulações nem contemporânea.]
Havia uma bandeja de latão ou de níquel um metal qualquer e nela luziam depositados os copos escorrendo aquele suor da água gelada que se engolia de um trago sem mais. E gelados com o sabor dos gelados artesanais que não eram para comprar todos os dias mas só nos dias de festa. Como quando fiz a comunhão solene ou o crisma já não sei que me desculpe a minha boa mãe que tanto insistiu e lhe fiz a vontade e sozinho já não sei porquê fui tentado e pequei com um deles comendo-o antes do tempo devido. No sopé da avenida do liceu na brasileira de um lado sentavam-se os clientes normais e do outro os pides e os distraídos desta divisória da casa. É um lugar de todas as encruzilhadas da minha vida na cidade de Faro onde nasci. Por ali passa o caminho trilhado anos sem fim a caminho de todos os caminhos ali nasce a rua João Lúcio o grande poeta algarvio esquecido onde sobrevive cercada pelo vandalismo urbanístico a vivenda de família de minha mulher por ali deambulei a caminho do cinema ao ar livre da esplanada de s. Luís uma preciosidade de que a cidade se deixou espoliar ou a caminho do velho estádio com o mesmo nome que acolhia o farense que a cidade abandonou. O progresso secou as gotículas de água que escorriam dos copos pousados na bandeja de latão ou de níquel que me saciavam a sede nos dias de calor. A encruzilhada ainda lá está mas morreu. Parece que o espaço envolvente encolheu. Sem a afirmação de um gosto alternativo ao passado a que vulgarmente se chama modernidade o progresso é nada. É no que se transformou aquela encruzilhada.
[Post publicado em “A Defesa de Faro. A fotografia retrata o espaço físico no qual existia o café “A Brasileira” mas não é, evidentemente, nem da época das minhas deambulações nem contemporânea.]
ONDE
SONJA THOMSEN
A quem pergunte
por ti, responde:
Procurem onde,
só, me dirijo.
O chão que pizo
o ar que bebo
não me pertencem
e não me lembro.
Noutros lugares?
Desde o princípio
que vejo, esqueço,
e nunca volto.
Aqui não busquem
consentimento
para um encontro.
Porque indiferente,
remoto, auzente,
me encontrarão
apenas onde
de vós se esconde
meu coração.
Raul de Carvalho
In “Cadernos de Poesia” – Setembro de 1951
“Campo das Letras”
A quem pergunte
por ti, responde:
Procurem onde,
só, me dirijo.
O chão que pizo
o ar que bebo
não me pertencem
e não me lembro.
Noutros lugares?
Desde o princípio
que vejo, esqueço,
e nunca volto.
Aqui não busquem
consentimento
para um encontro.
Porque indiferente,
remoto, auzente,
me encontrarão
apenas onde
de vós se esconde
meu coração.
Raul de Carvalho
In “Cadernos de Poesia” – Setembro de 1951
“Campo das Letras”
quinta-feira, setembro 21
O HUMANÍSSIMO BAGÃO E A REFORMA DA SEGURANÇA SOCIAL
sophie thouvenin
O humaníssimo Bagão Félix veio a terreiro, com seu ar seráfico, dissertar acerca da reforma da segurança social. Exibindo um discurso político em prol do chamado “sistema misto”, sem propostas concretas, ninguém ficou a saber mais do que já sabia.
A ideia desta tomada de posição é fácil de apreender: radicalizar para abrir brechas no campo socialista até porque neste campo, todos o sabemos, há quem defenda o “sistema misto” paradoxalmente, ou talvez não, gente que é oriunda da “esquerda socialista”.
A direita ataca o “sistema de repartição”, a opção da esquerda, e defende o “sistema misto”, a opção da direita. Faz lógica, não é? Sabemos que não existem sistemas puros mas também sabemos que, nesta questão, as diferenças político/ideológicas são radicais ou, pelo menos, muito marcadas o que é, aliás, essencial à própria lógica do regime democrático.
Ler na íntegra aqui. Ver ponto de situação. Posição oficial do PP. Posição oficial do PSD.
O humaníssimo Bagão Félix veio a terreiro, com seu ar seráfico, dissertar acerca da reforma da segurança social. Exibindo um discurso político em prol do chamado “sistema misto”, sem propostas concretas, ninguém ficou a saber mais do que já sabia.
A ideia desta tomada de posição é fácil de apreender: radicalizar para abrir brechas no campo socialista até porque neste campo, todos o sabemos, há quem defenda o “sistema misto” paradoxalmente, ou talvez não, gente que é oriunda da “esquerda socialista”.
A direita ataca o “sistema de repartição”, a opção da esquerda, e defende o “sistema misto”, a opção da direita. Faz lógica, não é? Sabemos que não existem sistemas puros mas também sabemos que, nesta questão, as diferenças político/ideológicas são radicais ou, pelo menos, muito marcadas o que é, aliás, essencial à própria lógica do regime democrático.
Ler na íntegra aqui. Ver ponto de situação. Posição oficial do PP. Posição oficial do PSD.
O ritmo
albert lemoine
Ressonância de 21 de Setembro de 2004. Desta vez o fragmento que seleccionei de “Roland Barthes por Roland Barthes” vem acompanhado com uma nota da minha lavra: "Barthes, o autor, não é o meu ídolo. É um pretexto agora instrumento do meu desejo de ser identificado com uma reflexão que se propõe essencialmente para agradar".
Depois de esclarecido o jogo aqui vai o fragmento:
“Ele sempre acreditou nesse ritmo grego, na sucessão da Ascese e da Festa, no desencadeamento duma pela outra (e de forma alguma no ritmo insípido da modernidade: trabalho/lazer). Era precisamente o ritmo de Michelet ao passar, na sua vida e no seu texto, por uma série de mortes e ressurreições, enxaquecas e entusiasmos, narrativas (ele "remava" em Luís XI) e quadros (aí a sua escrita desabrochava). Foi o ritmo que de certo modo conheceu na Roménia, onde, por virtude de um costume eslavo ou balcânico, as pessoas se encerravam periodicamente, durante três dias na Festa (jogos, comida, vigília e o resto: era o "Kef").
Ressonância de 21 de Setembro de 2004. Desta vez o fragmento que seleccionei de “Roland Barthes por Roland Barthes” vem acompanhado com uma nota da minha lavra: "Barthes, o autor, não é o meu ídolo. É um pretexto agora instrumento do meu desejo de ser identificado com uma reflexão que se propõe essencialmente para agradar".
Depois de esclarecido o jogo aqui vai o fragmento:
“Ele sempre acreditou nesse ritmo grego, na sucessão da Ascese e da Festa, no desencadeamento duma pela outra (e de forma alguma no ritmo insípido da modernidade: trabalho/lazer). Era precisamente o ritmo de Michelet ao passar, na sua vida e no seu texto, por uma série de mortes e ressurreições, enxaquecas e entusiasmos, narrativas (ele "remava" em Luís XI) e quadros (aí a sua escrita desabrochava). Foi o ritmo que de certo modo conheceu na Roménia, onde, por virtude de um costume eslavo ou balcânico, as pessoas se encerravam periodicamente, durante três dias na Festa (jogos, comida, vigília e o resto: era o "Kef").
Assim, na sua própria vida, esse ritmo é permanentemente procurado; não só é necessário que durante o dia de trabalho haja em vista o prazer à noite (o que é banal) como também, complementarmente, surja da noite feliz, mais para o fim dela, o desejo de chegar muito depressa ao dia seguinte a fim de recomeçar o trabalho (de escrita).
(De reparar que o ritmo não é obrigatoriamente regular: Casals dizia muito bem que o ritmo é o retardo.)”
quarta-feira, setembro 20
SOFIA LOREN
Federico Fellini, Marcello Mastroianni e Sofia Loren
Sofia Loren nasceu a 20 de Setembro de 1934. É uma das mulheres mais fotografadas de sempre. Um traço forte gravado no meu imaginário. Parabéns.
Sofia Loren nasceu a 20 de Setembro de 1934. É uma das mulheres mais fotografadas de sempre. Um traço forte gravado no meu imaginário. Parabéns.
terça-feira, setembro 19
segunda-feira, setembro 18
O REINO DA BOLA ENLOUQUECEU
Fotografia Daqui
Ouvi ontem o comentador da SIC Notícias Rui Santos fazer afirmações de tal gravidade acerca da situação do nosso pequeno mundo futebolístico que davam para mandar encerrar a loja já!
Depois de ver a repetição vezes sem conta do que o meu filho me tinha relatado pois ele assiste aos jogos do Sporting ao vivo fiquei de boca ao lado. Não pelas razões que estão a pensar pois o futebol não é andebol, eu sei! Mas pelo sorriso do Sr. Árbitro Ferreira, pela piscadela de olho do andebolista do Paços de Ferreira e pelo embaraço das suas declarações contraditórias com as do seu treinador. Uma comédia! Ora aí está o mundo às avessas ou a pedagogia da mentira servida pelos grandes meios de comunicação de massas. Assim não há projecto educativo que resista!
Quando eu era puto um “roubo à mão armada” praticado por um Sr. Árbitro tomando como vítima o Farense o meu clube do coração que milita na 2ª divisão distrital do Algarve e não pode descer mais foi resolvido pelo “Tarro” um espanhol avançado centro de grande categoria com um directo ao queixal do dito que o fez levantar os pés do chão e cair redondo no pelado. KO técnico.
Como já contei e o Reina confirma o “Tarro” foi “dentro” lá para as bandas do Major e depois “fora” e desapareceu que nunca mais ninguém soube dele. Um caso de justiça pelas próprias mãos que um homem não é de ferro. Não aconselho, nem preconizo, mas pelo andar da carruagem, nestas coisas da bola, vamos a caminho do abismo pois nem sequer está, que eu saiba, abrangida pelo “pacto”. Aqui aliás nem será preciso pacto pois os dirigentes da coisa são todos do PSD e vão continuar a ser.
Mas talvez o governo mesmo assim possa fazer qualquer coisa. Talvez dissolver a Liga? Ou mesmo a Federação? Quer-me parecer que isto já não vai lá com mezinhas caseiras! Ah! Já me esquecia da extraordinária declaração do Sr. Árbitro Elmano o do Portimonense 1 – Leixões 4 que não deu por nada de anormal. Diz que passou na semana passada 3 dias na Turquia – 3 dias? Na Turquia? O que temos nós a ver com isso? Ou temos!!!!
Ouvi ontem o comentador da SIC Notícias Rui Santos fazer afirmações de tal gravidade acerca da situação do nosso pequeno mundo futebolístico que davam para mandar encerrar a loja já!
Depois de ver a repetição vezes sem conta do que o meu filho me tinha relatado pois ele assiste aos jogos do Sporting ao vivo fiquei de boca ao lado. Não pelas razões que estão a pensar pois o futebol não é andebol, eu sei! Mas pelo sorriso do Sr. Árbitro Ferreira, pela piscadela de olho do andebolista do Paços de Ferreira e pelo embaraço das suas declarações contraditórias com as do seu treinador. Uma comédia! Ora aí está o mundo às avessas ou a pedagogia da mentira servida pelos grandes meios de comunicação de massas. Assim não há projecto educativo que resista!
Quando eu era puto um “roubo à mão armada” praticado por um Sr. Árbitro tomando como vítima o Farense o meu clube do coração que milita na 2ª divisão distrital do Algarve e não pode descer mais foi resolvido pelo “Tarro” um espanhol avançado centro de grande categoria com um directo ao queixal do dito que o fez levantar os pés do chão e cair redondo no pelado. KO técnico.
Como já contei e o Reina confirma o “Tarro” foi “dentro” lá para as bandas do Major e depois “fora” e desapareceu que nunca mais ninguém soube dele. Um caso de justiça pelas próprias mãos que um homem não é de ferro. Não aconselho, nem preconizo, mas pelo andar da carruagem, nestas coisas da bola, vamos a caminho do abismo pois nem sequer está, que eu saiba, abrangida pelo “pacto”. Aqui aliás nem será preciso pacto pois os dirigentes da coisa são todos do PSD e vão continuar a ser.
Mas talvez o governo mesmo assim possa fazer qualquer coisa. Talvez dissolver a Liga? Ou mesmo a Federação? Quer-me parecer que isto já não vai lá com mezinhas caseiras! Ah! Já me esquecia da extraordinária declaração do Sr. Árbitro Elmano o do Portimonense 1 – Leixões 4 que não deu por nada de anormal. Diz que passou na semana passada 3 dias na Turquia – 3 dias? Na Turquia? O que temos nós a ver com isso? Ou temos!!!!
ACTUALIZAÇÃO - Árbitros 'off side'
domingo, setembro 17
O que é que limita a representação?
Fotografia de Ernesto Timor
Ressonância de 17 de Setembro de 2004. Mais um fragmento da minha leitura de “Roland Barthes por Roland Barthes” com uma subtil abordagem de "representar o político" tomando como referência as “artes socialistas”.
“Brecht mandava pôr roupa molhada no cesto da actriz para que a anca desta tivesse o movimento certo, o da lavadeira alienada. Está muito bem; mas é também estúpido, não será? Porque o que pesa no cesto não é a roupa, é o tempo, é a historia, e esse peso, como representá-lo? Impossível representar o político: resiste a toda a cópia, por muito que nos esforcemos por torná-la cada vez mais verosímil. Contrariamente à crença inveterada de todas as artes socialistas, onde começa o político cessa a imitação."
Ressonância de 17 de Setembro de 2004. Mais um fragmento da minha leitura de “Roland Barthes por Roland Barthes” com uma subtil abordagem de "representar o político" tomando como referência as “artes socialistas”.
“Brecht mandava pôr roupa molhada no cesto da actriz para que a anca desta tivesse o movimento certo, o da lavadeira alienada. Está muito bem; mas é também estúpido, não será? Porque o que pesa no cesto não é a roupa, é o tempo, é a historia, e esse peso, como representá-lo? Impossível representar o político: resiste a toda a cópia, por muito que nos esforcemos por torná-la cada vez mais verosímil. Contrariamente à crença inveterada de todas as artes socialistas, onde começa o político cessa a imitação."
VENTO DE LESTE
Imagem Daqui
Assisti ontem a “Vento de Leste”. Uma hora, uma actriz, um grito, um país, seis países nascidos da memória da velha Jugoslávia do marechal Tito, Titoooooo, a guerra inexplicável e cruel, a divisão das famílias, a fuga, Portugal, aprender o país para aprender a língua, a receptividade das gentes e os meandros da burocracia, a música como fio condutor da acção, a ondulação do corpo, a linguagem universal do teatro. A vitória da vida para além de todas as provações e horrores do ódio e da guerra. Obrigado Mónica.
Assisti ontem a “Vento de Leste”. Uma hora, uma actriz, um grito, um país, seis países nascidos da memória da velha Jugoslávia do marechal Tito, Titoooooo, a guerra inexplicável e cruel, a divisão das famílias, a fuga, Portugal, aprender o país para aprender a língua, a receptividade das gentes e os meandros da burocracia, a música como fio condutor da acção, a ondulação do corpo, a linguagem universal do teatro. A vitória da vida para além de todas as provações e horrores do ódio e da guerra. Obrigado Mónica.
sábado, setembro 16
O REGIME SOVIÉTICO EM CARTAZES
Imagem Daqui
A Terra Temperamental anuncia que vai sair de órbita por um tempo. Deixa-nos com esta galeria formidável de cartazes de propaganda da União Soviética, datados de 1917 a 1991.
A Terra Temperamental anuncia que vai sair de órbita por um tempo. Deixa-nos com esta galeria formidável de cartazes de propaganda da União Soviética, datados de 1917 a 1991.
NA CIDADE
Fotografia de Angèle
Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorreste um miserável,
Eu que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, – talvez não o suspeites!
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
Ia passando, a quatro, o patriarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça.
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.
Adorável! Tu, muito natural,
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.
Sorriam, nos seus trens, os titulares;
E ao claro sol, guardava-te, no entanto,
A tua boa mãe, que te ama tanto,
Que não te morrerá sem te casares!
Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar sobre o teu peito.
Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas, esvelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.
“Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!”
De repente, paraste embaraçada
Ao pé dum numeroso ajuntamento.
E eu, que urdia estes fáceis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Uma pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.
E foi então, que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.
Novembro de 1876
Cesário Verde
Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorreste um miserável,
Eu que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, – talvez não o suspeites!
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
Ia passando, a quatro, o patriarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça.
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.
Adorável! Tu, muito natural,
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.
Sorriam, nos seus trens, os titulares;
E ao claro sol, guardava-te, no entanto,
A tua boa mãe, que te ama tanto,
Que não te morrerá sem te casares!
Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar sobre o teu peito.
Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas, esvelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.
“Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!”
De repente, paraste embaraçada
Ao pé dum numeroso ajuntamento.
E eu, que urdia estes fáceis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Uma pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.
E foi então, que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.
Novembro de 1876
Cesário Verde
PAPAS - FÉ, DEMOCRACIA E GUERRA
Fotografia de Ernesto Timor
Camus, no imediato pós guerra, acerca de uma mensagem de Pio XII:
“O Papa acaba de dirigir ao mundo uma mensagem em que toma abertamente posição a favor da democracia. Há que nos felicitarmos por isso.
(…)
Há muitos anos que esperávamos que a maior autoridade espiritual do nosso tempo condenasse em termos claros os actos das ditaduras. Em termos claros, repito. Porque tal condenação pode ressalvar de algumas encíclicas, desde que devidamente interpretadas.
(…)
Esta mensagem contra Franco, era nosso desejo tê-la ouvido em 1936, para que Georges Bernanos não tivesse de falar e amaldiçoar.
(…)
Quem somos nós, afinal, para nos atrevermos a criticar a mais alta autoridade espiritual deste século? Nada mais, justamente, do que simples defensores do espírito, que sentem por isso uma infinita exigência para com aqueles cuja missão é representar o espírito.”
Albert Camus – “Combat, 26 de Dezembro de 1944”)
Camus, no imediato pós guerra, acerca de uma mensagem de Pio XII:
“O Papa acaba de dirigir ao mundo uma mensagem em que toma abertamente posição a favor da democracia. Há que nos felicitarmos por isso.
(…)
Há muitos anos que esperávamos que a maior autoridade espiritual do nosso tempo condenasse em termos claros os actos das ditaduras. Em termos claros, repito. Porque tal condenação pode ressalvar de algumas encíclicas, desde que devidamente interpretadas.
(…)
Esta mensagem contra Franco, era nosso desejo tê-la ouvido em 1936, para que Georges Bernanos não tivesse de falar e amaldiçoar.
(…)
Quem somos nós, afinal, para nos atrevermos a criticar a mais alta autoridade espiritual deste século? Nada mais, justamente, do que simples defensores do espírito, que sentem por isso uma infinita exigência para com aqueles cuja missão é representar o espírito.”
Albert Camus – “Combat, 26 de Dezembro de 1944”)
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“Público” acerca de uma intervenção recente de Bento XVI:
“Numa intervenção na Universidade de Regensburg, onde no passado leccionou, o Papa explorou as diferenças históricas e filosóficas entre o Islão e o Cristianismo e a relação entre violência e fé. A certa altura, citou um imperador bizantino do século XIV (Manuel II Paleólogo), segundo o qual Maomé trouxe ao mundo coisas "más e desumanas, como o direito a defender pela espada a fé que ele persegue". O Papa sublinhou, por duas vezes, que a expressão era uma citação. Mas as reacções não se fizeram esperar.”
“Público” acerca de uma intervenção recente de Bento XVI:
“Numa intervenção na Universidade de Regensburg, onde no passado leccionou, o Papa explorou as diferenças históricas e filosóficas entre o Islão e o Cristianismo e a relação entre violência e fé. A certa altura, citou um imperador bizantino do século XIV (Manuel II Paleólogo), segundo o qual Maomé trouxe ao mundo coisas "más e desumanas, como o direito a defender pela espada a fé que ele persegue". O Papa sublinhou, por duas vezes, que a expressão era uma citação. Mas as reacções não se fizeram esperar.”
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