Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, setembro 15
quarta-feira, setembro 13
terça-feira, setembro 12
12 setembro 1974 - é publicado o nº 0 do Esquerda Socialista
O MES, como todos os partidos nascidos com o 25 de Abril, também criou a sua própria imprensa. Aquando da eclosão do 25 de Abril, somente o PCP dispunha de uma verdadeira imprensa própria, com tradição e enraizamento. Os diversos movimentos de base que haviam de confluir no MES produziam folhas volantes, opúsculos, boletins, mais ou menos ao sabor dos acontecimentos, e conforme as necessidades do momento. Salvo, claro está, as colaborações individuais de muitos dos seus fundadores em publicações marcantes da sociedade portuguesa dos anos 60. Esta é uma breve resenha da história da imprensa do MES, como sempre, apoiada em documentação que tenho em minha posse e, não somente, em impressões subjectivas. O grande entusiasta da criação de um jornal do MES foi César de Oliveira mas a própria natureza do Movimento, criado pela confluência de correntes surgidas de lutas sectoriais, tornou a tarefa mais difícil. A “Comissão de Imprensa” foi criada numa reunião da Comissão Politica realizada em 12/6/74 sendo encabeçada por Eduardo Ferro Rodrigues e César de Oliveira mas o Jornal só viria ser publicado em 12 de Setembro. Ao contrário do que se poderia supor a primeira ideia formalizada para título do jornal do MES não foi “Esquerda Socialista” mas “A Luta Operária” e integra uma proposta subscrita por aquela “Comissão de Imprensa” titulada: “PROPOSTA – JORNAL DO MOVIMENTO DE ESQUERDA SOCIALISTA” – A apresentar à I Assembleia Nacional de Militantes do MES”. Trata-se de uma proposta detalhada que além do título propõe uma periodicidade semanal, o dia da publicação (5ª feira), o formato (tablóide), nº de páginas: 12 e subtítulos: “Órgão do Movimento de Esquerda Socialista” e “ O socialismo em Portugal será obra dos Trabalhadores Portugueses”. Desta proposta inicial sobreviveu quase tudo, menos o título que havia de ser substituído por “Esquerda Socialista” já que o anterior, conforme consta num documento posterior, “não ganhou o suficiente apoio”. Mas não restam dúvidas que foi César de Oliveira o verdadeiro impulsionador da criação do Jornal do qual foi director interino dos 7 primeiros números da 1ºa fase, que decorreu entre Setembro de 1974 e o I Congressos de Dezembro desse ano, na qual foram publicados 11 números. O número zero, já com César de Oliveira ao leme, foi publicado em 11 de Setembro de 1974, merecendo a megalómana tiragem de 100.000 exemplares e no seu editorial são apontados os 6 objectivos que devia prosseguir: “a) a informação e a análise das lutas; b) a informação e análise da realidade portuguesa; c) a promoção do debate político entre os militantes do MES; d) a divulgação das posições do MES à escala e regional; e) a divulgação e análise das experiências internacionais e f) contribuir para a elevação do nível de consciência das classes trabalhadoras …”. É claro que a avantajada tiragem também foi devidamente explicada mas não evitou, apesar das vendas estimadas entre 20 e 30.000 exemplares, ter sido, ainda antes da edição do nº1, acumulada uma dívida de 176 contos. O nº 1, com o subtítulo “Órgão do Movimento de Esquerda Socialista” saiu a 16 de Outubro de 1974, com uma tiragem de 35.000 exemplares, e até ao I Congresso de Dezembro, saíram regularmente, sem falhas, 11 números. Parte da tiragem era então vendida ao preço de 2$50, com 12 páginas e a duas cores. César de Oliveira, em carta publicada no nº 7, demite-se de Director interino, justificando essa demissão por razões pessoais às quais se sobrepunham, certamente, a evolução e o teor do debate e as consequentes divergências que haviam de desembocar na primeira dissidência consumada aquando do I Congresso. Entre o nº 7 e o nº 11 a Direcção do “Esquerda Socialista” foi assumida por Rogério de Jesus consumando, como se afirma num documento posterior, “a vitória duma “certa concepção obreirista que derrotou o intelectualismo dos “doutores” que vieram a dar origem ao GIS e à actual esquerda do PS”. Não posso deixar de referir o papel marcante, nesta fase iniciar, entre os esquecidos criadores do movimento o designer Robin Fior, um estrangeiro em Lisboa por altura da eclosão do 25 de Abril. Foi ele que desenhou o símbolo do MES o único, adoptado pelos partidos portugueses, com uma declarada feição feminil; Robin foi também o autor da linha gráfica da primeira série do jornal "Esquerda Socialista" e concebeu um conjunto de cartazes surpreendentes pela sua ousada modernidade. Os materiais gráficos do MES, em particular, os da sua fase inicial, alcançaram uma rara qualidade que bem merecia uma cuidada recolha, estudo e divulgação pública.
segunda-feira, setembro 11
sábado, setembro 9
ANTÓNIO COSTA - UMA VISITA QUE NÃO ESQUECEREI
António Costa visita este fim de semana o Chile na data do cinquentenário do golpe militar que derrubou o regime democrático que tinha como máximo expoente o Presidente Salvador Allende. Faz bem e fico-lhe grato pelo gesto.
Um dia, de visita a Santiago do Chile, cumpri um dos meus sonhos. Visitei a campa de Salvador Allende, prestando-lhe uma homenagem, pessoal e íntima, que sempre desejei desde a sua morte trágica em 11 de Setembro de 1973.
Era manhã cedo e acompanhado pelo meu companheiro de viagem e pelo motorista chileno, que fez questão de nos fazer companhia, lá fomos ao cemitério central da capital chilena. Antes de entrar compramos um ramo de cravos vermelhos. Fazia um frio de rachar.
O cemitério é monumental e a caminhada até ao nosso destino foi longa e solitária. Naquela hora o cemitério estava quase deserto de visitantes.
À entrada do cemitério entreguei o ramo de cravos nas mãos do motorista chileno para atenuar a sua comoção. Ele nunca tinha visitado a campa de Allende mas percebemos que chorava. Depositamos os cravos e recolhemo-nos uns breves instantes. Senti intensamente o frio mas o meu coração ficou reconfortado como se tivesse cumprido um dever de honra.
NOTÍCIAS A QUE SE NÃO DÁ IMPORTÂNCIA
A agência de notação financeira Standard & Poor's melhorou esta sexta-feira a perspetiva da dívida soberana portuguesa de estável para positiva, mantendo o 'rating' em 'BBB+'. No relatório da ação de 'rating', divulgado hoje, a Standard & Poor's (S&P) justifica a decisão com a convicção da agência "de que a posição orçamental e externa de Portugal irá melhorar gradualmente, em percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] e das receitas das exportações, apoiadas pelo turismo e pelos investimentos ao abrigo de grandes fundos" da União Europeia (UE). In Lusa
sexta-feira, setembro 8
Ultimo Discurso de Salvador Allende, el 11 Sept 1973
Seguramente ésta será la última oportunidad en que pueda dirigirme a ustedes. La Fuerza Aérea ha bombardeado las torres de Radio Postales y Radio Corporación. Mis palabras no tienen amargura sino decepción Que sean ellas el castigo moral para los que han traicionado el juramento que hicieron: soldados de Chile, comandantes en jefe titulares, el almirante Merino, que se ha autodesignado comandante de la Armada, más el señor Mendoza, general rastrero que sólo ayer manifestara su fidelidad y lealtad al Gobierno, y que también se ha autodenominado Director General de carabineros. Ante estos hechos sólo me cabe decir a los trabajadores: ¡Yo no voy a renunciar! Colocado en un tránsito histórico, pagaré con mi vida la lealtad del pueblo. Y les digo que tengo la certeza de que la semilla que hemos entregado a la conciencia digna de miles y miles de chilenos, no podrá ser segada definitivamente. Tienen la fuerza, podrán avasallarnos, pero no se detienen los procesos sociales ni con el crimen ni con la fuerza. La historia es nuestra y la hacen los pueblos.
Trabajadores de mi Patria: quiero agradecerles la lealtad que siempre tuvieron, la confianza que depositaron en un hombre que sólo fue intérprete de grandes anhelos de justicia, que empeñó su palabra en que respetaría la Constitución y la ley, y así lo hizo. En este momento definitivo, el último en que yo pueda dirigirme a ustedes, quiero que aprovechen la lección: el capital foráneo, el imperialismo, unidos a la reacción, creó el clima para que las Fuerzas Armadas rompieran su tradición, la que les enseñara el general Schneider y reafirmara el comandante Araya, víctimas del mismo sector social que hoy estará en sus casas esperando con mano ajena reconquistar el poder para seguir defendiendo sus granjerías y sus privilegios.
Me dirijo, sobre todo, a la modesta mujer de nuestra tierra, a la campesina que creyó en nosotros, a la abuela que trabajó más, a la madre que supo de nuestra preocupación por los niños. Me dirijo a los profesionales de la Patria, a los profesionales patriotas que siguieron trabajando contra la sedición auspiciada por los colegios profesionales, colegios de clases para defender también las ventajas de una sociedad capitalista de unos pocos.
Me dirijo a la juventud, a aquellos que cantaron y entregaron su alegría y su espíritu de lucha. Me dirijo al hombre de Chile, al obrero, al campesino, al intelectual, a aquellos que serán perseguidos, porque en nuestro país el fascismo ya estuvo hace muchas horas presente; en los atentados terroristas, volando los puentes, cortando las vías férreas, destruyendo lo oleoductos y los gaseoductos, frente al silencio de quienes tenían la obligación de proceder. Estaban comprometidos. La historia los juzgará.
Seguramente Radio Magallanes será acallada y el metal tranquilo de mi voz ya no llegará a ustedes. No importa. La seguirán oyendo. Siempre estaré junto a ustedes. Por lo menos mi recuerdo será el de un hombre digno que fue leal con la Patria.
El pueblo debe defenderse, pero no sacrificarse. El pueblo no debe dejarse arrasar ni acribillar, pero tampoco puede humillarse.
Trabajadores de mi Patria, tengo fe en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo en el que la traición pretende imponerse. Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor.
¡Viva Chile! ¡Viva el pueblo! ¡Vivan los trabajadores!
Estas son mis últimas palabras y tengo la certeza de que mi sacrificio no será en vano, tengo la certeza de que, por lo menos, será una lección moral que castigará la felonía, la cobardía y la traición.
quinta-feira, setembro 7
RONALDO, ASSIM NÃO
Para expressar desconforto e rejeição pela postura de Cristiano Ronaldo enquanto capitão da seleção nacional de futebol. Para todos os efeitos ele assume-se como embaixador da Arábia Saudita, uma ditadura sem perdão, em conflito de interesses insanável. Espero o mais depressa possível pela sua aposentação enquanto futebolista ao serviço da seleção. É assim a vida, umas vezes herói outras vilão.
segunda-feira, setembro 4
CAMINHOS...
Quando o Presidente em funções era comentador um dia escrevi por aqui que tudo o que ele comentava, sendo do meu conhecimento direto, não correspondia à verdade. A minha perceção dos fatos não correspondia à descrição dos mesmos no contexto do discurso próprio das crónicas. É cada vez mais dificil hoje suportar um Presidente comentador sem prejuízo do exercício do que se designa por magistratura de influência. O bom senso aconselha prudência tal como escreveu Gil Vicente: "...prudência amiga minha". Em última análise se o Presidente se envolver no jogo partidário, perderemos todos. Tudo aponta que caminha nesse sentido!
O MEU PAI DIMAS
Hoje, 4 setembro, é o dia de aniversário do meu pai Dimas, uma das poucas efemérides familiares que nunca esqueço (nasceu a 4 de setembro de 1910). O meu pai Dimas levou-me com ele a muitos lugares além daqueles a que os deveres de família obrigavam. Os tempos eram austeros. Os lugares a que me levou vistos de hoje ficavam perto, mas no seu tempo longe. Essas viagens e as suas mãos quando tomava as minhas para me levar com ele onde fosse marcaram muito a minha maneira de ser e de estar. Pequenas coisas que o mais profundo de nós guarda e que tudo faço para preservar com a maior força de que sou capaz.
sábado, setembro 2
ANTÓNIO GUTERRES
Li o artigo de António Barreto hoje no Público: "Um candidato a Presidente da República". No fundo deixa um apelo a António Guterres para que se apresente nas próximas presidenciais (ainda tão longe!). Subscrevo!
quarta-feira, agosto 30
O DIA D - DESEMBARQUE DAS TROPAS ALIADAS NAS PRAIAS DA NORMANDIA/ FRANÇA
Acabei de ver na RTP3 mais um extraordinário documentário acerca do desenbarque aliado na Normandia com imagens recolhidas por operadores militares em plena ação- junho, julho e agosto de 1944. Impressionante e terrível da cenário da guerra ao vivo, os rostos, os corpos, a destruição, os sons de vitória e de derrota, os vencedores e os vencidos. É improvável que qualquer daquelas soldados sobreviventes de ambos os lados seja hoje vivo. A vitória dos aliados conduziu-nos aos tempos de paz na Europa de que o ocidente ainda beneficia. Por quanto tempo?
segunda-feira, agosto 28
FUTEBOL: OS LADOS OBSCUROS
O futebol feminino desencadeou uma crise que evidencia com violência um dos lados obscuros do futebol: o machismo. Aguardam-se os próximos episódios sendo certo que, de imediato, o negócio exigirá uma saída airosa. Outros escândalos rebentarão desde logo o que tem como epicentro a Arábia Saudita. Aguardemos.
segunda-feira, agosto 21
AS MISÉRIAS DO FUTEBOL - Desta vez de acordo com Raposo
"Neymar e Ronaldo não estão apenas a promover o velho cliché que diz que o futebolista é um mercenário desprovido de inteligência. Eles mostram sobretudo o fracasso do ar do tempo, o ar da cultura 2.0. Ambos cresceram muito pobres, sem acesso a bens materiais e a hábitos culturais. Já adultos, ambos consideram que a marca do sucesso é a seguinte: desprezar bens culturais e ostentar bens materiais de um luxo absolutamente pornográfico, sobretudo para os bairros pobres de onde vêm". Henrique Raposo in Expresso.
sábado, agosto 19
quinta-feira, agosto 17
HOJE REGRESSADO DE VISITA AO MINHO- OBRIGADO DULCE E ZÉ
Os combates feudais não puseram em causa o traçado da fronteira entre Portugal e a Galiza que, por consenso largamente aceite, seguia o curso do rio Minho e, mais para leste, o do rio Lima. (...) antes de meados do século XII, Portugal já era considerado um “reino”, o que significa, pelo menos, que tinha um território próprio.
Apesar disso, Afonso Henriques não desistiu facilmente de incorporar no seu reino os condados do Sul da Galiza. Em 1140, voltaria a tentar apoderar-se do território de Toroño, e na década de 1160 retomaria as suas pretensões sobre os distritos de além-Minho, conseguindo, até, uma posição de supremacia que o então rei de Leão Fernando II teve dificuldade em abalar, até que a conjuntura se alterou para sempre devido ao “infortúnio” de Badajoz.
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”9. “A homenagem a Afonso VII”, pg. 104
terça-feira, agosto 15
15 agosto de 1109 - nasce D. Afonso Henriques
“Em 1109, nasce, pois, um menino, primeiro filho da condessa D. Teresa e do conde D. Henrique. Estava ligado por laços hereditários à família régia de Leão e Castela.” (…). “Os escribas do conde D. Henrique e da condessa D. Teresa quase nunca se esqueciam, nos seus diplomas, de recordar que ela era filha do “grande” rei Afonso; os de Afonso Henriques, sobretudo os primeiros, lembravam que ele era neto do mesmo rei; e por volta dos anos 1185-1190 o cónego de Santa Cruz de Coimbra que redigiu os Anais de D. Afonso, Rei dos Portugueses referia-se ainda a ele como ”o grande imperador da Hispânia D. Afonso”” (…). “Em 1109, ano de nascimento de Afonso Henriques, havia, sem dúvida, quem não esquecesse a humilhante derrota sofrida pelo mesmo rei em 1085, na Batalha de Zalaca, contra as tropas almorávidas, nem, nos anos seguintes, a perda de muitas outras cidades importantes da fronteira; mas o ambiente de angústia pelo risco de perder um esplendor tão elevado contribuía, até, para engrandecer a sua memória. Afonso Henriques ficou para sempre ligado a essa referência. Considerava-se, por transmissão materna, como o legítimo herdeiro de um avô glorioso, cuja memória tinha obrigação de honrar, procurando imitar os seus feitos. Era reconhecido como tal pelos seus súbditos”. In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "O quadro familiar: o avô", pg. 18/19. (2)
sábado, agosto 12
JORNADAS
No rescaldo das jornadas da juventude é uma alegria olhar para a opinião de muitos dos comentadores encartados da direita (quase a totalidade dos comentadores!). Mostram em regra a sua satisfação com Francisco como se nunca tiverem lido as suas Encíclicas ou ouvido os seus sermões, mesmo os das jornadas. É uma muito curiosa fuga para a frente, fazem-se desentendidos, enfim...
quarta-feira, agosto 9
segunda-feira, agosto 7
FUTEBOL
Os negócios do futebol profissional ressoam a sujidade, opacidade, enriquecimento ilícito. Tanto que gosto jogo, nada da envolvente do jogo.
quinta-feira, agosto 3
FRANCISCO
As notícias estão submersas, como seria de esperar, pelas jornadas da juventude e nelas pela figura do Papa Francisco. A sua presença e discurso transmitem uma energia de vida inesperada para os incautos e uma poderosa mensagem de abertura à diferença desde que, sem preconceitos, lhe prestemos atenção. Não é por acaso que os partidos de extrema direita, populistas, se afastam o mais possível, neste caso, do palco das jornadas e, em geral,do Papa Francisco. Ele é a mais forte personalidade a nível global na defesa da paz e da concórdia entre as nações, do respeito pelo outro e pelas diferenças entre cada um de nós. Dá para entender quando lança o grito de TODOS, TODOS...?
segunda-feira, julho 31
IGREJA CATÓLICA
Como seria de esperar só dá Jornadas da Juventude... É constrangedor ver como há gente, incluindo gente ilustre, que não entende a natureza do peso e papel da igreja católica. Podemos ser contra como sempre aconteceu ao longo do tempo com os laicos de todas as qualidades, nos quais me incluo. Mas há instituições que estão para além das circunstâncias e conjunturas pois fazem parte do bojo das comunidades, são fator de pertença, profunda e permanente. É o caso da igreja católica no nosso país pelo que o mais inteligente é aceitar mantendo o sentido critico. Tal como as forças armadas para os pacifistas, ou o movimento associativo para os estatistas, a igreja católica tem que ser no mínimo tolerada pelos laicos.
domingo, julho 30
quinta-feira, julho 27
terça-feira, julho 25
DIOGO RIBEIRO
Os desempenhos dos atletas excecionais não são seguidos em direto pelos TVs, nem sequer pela RTP, salvo quando se trata de futebol.
segunda-feira, julho 24
ESPANHA
"La resistencia del PSOE y Sumar frustra la mayoría del PP y Vox y deja abiertas
todas las posibilidades". In El Pais.
Uma noite agradável com os ventos de Espanha. As forças democráticas ganharam as eleições legislativas. Ao contrário das expetativas criadas, por ora, a Espanha não resvalou para a direita pura e dura. Nada mal...
sábado, julho 22
quinta-feira, julho 20
EXTREMOS
Há um partido politico que tem muitos casos com a justiça - pelo que se sabe das notícias - mas a comunicação social não faz manchetes muito menos investiga. Outro do chamado arco do poder sendo de forma espetacular investigado, caiu nas bocas do mundo. Estranho?
segunda-feira, julho 17
sábado, julho 15
VERÃO QUENTE
A polícia saiu à rua num dia assim. Tabloidização integral da comunicação. Daqui a uma semana correm eleições em Espanha. Guerra na Europa e ameaças de alastramento. Os jovens vão sofrer o futuro. As JMJ são uma oportunidade para a paz. É aproveitar!
sexta-feira, julho 14
FERNANDO PESSOA - CARTA A ADOLFO CASAIS MONTEIRO (Excerto)
Autobiografia?
Carta a Adolfo Casais Monteiro
(…)
Mais uns apontamentos nesta matéria... Eu vejo diante de mim, no espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Construí-lhes as idades e as vidas.
Ricardo Reis nasceu em 1887 (não me lembro do dia e mês, mas tenho-os algures), no Porto, é médico e está presentemente no Brasil. Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão nem educação quase alguma. Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de Outubro de 1890 (às 1,30 da tarde, diz-me o Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está certo). Este, como sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em Lisboa em inactividade. Caeiro era de estatura média, e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso), não parecia tão frágil como era. Ricardo Reis é um pouco, mas muito pouco, mais baixo, mais forte, mas seco. Álvaro de Campos é alto (1,75 in de altura, mais 2 cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-se. Cara rapada todos – o Caeiro louro sem cor, olhos azuis; Reis de um vago moreno mate; Campos entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e normalmente apartado ao lado, monóculo. Caeiro, como disse, não teve mais educação que quase nenhuma – só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Ricardo Reis, educado num colégio de jesuítas, é, como disse, médico; vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É, um latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria. Álvaro de Campos teve uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.
Como escrevo em nome desses três?... Caeiro, por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular o que iria escrever. Ricardo Reis, depois de uma deliberação abstracta, que subitamente se concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê. (O meu semi-heterónimo Bernardo Soares, que aliás em muitas cousas se parece com Álvaro de Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibição; aquela prosa é um constante devaneio. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e a afectividade. A prosa, salvo o que o raciocínio dá de ténue à minha, é igual a esta, e o português perfeitamente igual; ao passo que Caeiro escrevia mal o português, Campos razoavelmente mas com lapsos como dizer «eu próprio» em vez de «eu mesmo», etc., Reis melhor do que eu, mas com um purismo que considero exagerado. O difícil para mim é escrever a prosa de Reis – ainda inédita – ou de Campos. A simulação é mais fácil, até porque é mais espontânea, em verso.)
Nesta altura estará o Casais Monteiro pensando que má sorte o fez cair, por leitura, em meio de um manicómio. Em todo o caso, o pior de tudo isto é a incoerência com que o tenho escrito. Repito, porém: escrevo como se estivesse falando consigo, para que possa escrever imediatamente. Não sendo assim, passariam meses sem eu conseguir escrever.(*)
Falta responder à sua pergunta quanto ao ocultismo. Pergunta-me se creio no ocultismo. Feita assim, a pergunta não é bem clara; compreendo porém a intenção e a ela respondo. Creio na existência de mundos superiores ao nosso e de habitantes desses mundos, em experiências de diversos graus de espiritualidade, subtilizando-se até se chegar a um Ente Supremo, que presumivelmente criou este mundo. Pode ser que haja outros Entes, igualmente Supremos, que hajam criado outros universos, e que esses universos coexistam com o nosso, interpenetradamente ou não. Por estas razões, e ainda outras, a Ordem Externa do Ocultismo, ou seja, a Maçonaria, evita (excepto a Maçonaria anglo-saxónica) a expressão «Deus», dadas as suas implicações teológicas e populares, e prefere dizer «Grande Arquitecto do Universo», expressão que deixa em branco o problema de se Ele é Criador, ou simples Governador do mundo. Dadas estas escalas de seres, não creio na comunicação directa com Deus, mas, segundo a nossa afinação espiritual, poderemos ir comunicando com seres cada vez mais altos. Há três caminhos para o oculto: o caminho mágico (incluindo práticas como as do espiritismo, intelectualmente ao nível da bruxaria, que é magia também), caminho esse extremamente perigoso, em todos os sentidos; o caminho místico, que não tem propriamente perigos, mas é incerto e lento; e o que se chama o caminho alquímico, o mais difícil e o mais perfeito de todos, porque envolve uma transmutação da própria personalidade que a prepara, sem grandes riscos, antes com defesas que os outros caminhos não têm. Quanto a «iniciação» ou não, posso dizer-lhe só isto, que não sei se responde à sua pergunta: não pertenço a Ordem Iniciática nenhuma. A citação, epígrafe ao meu poema Eros e Psique, de um trecho (traduzido, pois o Ritual é em latim) do Ritual do Terceiro Grau da Ordem Templária de Portugal, indica simplesmente – o que é facto – que me foi permitido folhear os Rituais dos três primeiros graus dessa Ordem, extinta, ou em dormência desde cerca de 1888. Se não estivesse em dormência, eu não citaria o trecho do Ritual, pois se não devem citar (indicando a origem) trechos de Rituais que estão em trabalho.(**)
Creio assim, meu querido camarada, ter respondido, ainda com certas incoerências, às suas perguntas. Se há outras que deseja fazer, não hesite em fazê-las. Responderei conforme puder e o melhor que puder. O que poderá suceder, e isso me desculpará desde já, é não responder tão depressa.
Abraça-o o camarada que muito o estima e admira.
Fernando Pessoa
14/1/1935
terça-feira, julho 11
S4Dias
"Paulo Macedo lamenta falta de mão-de-obra e é contra discussão de semana de quatro dias". In "Expresso".
Ainda bem que a semana de 5 dias ganhou honras de cidade antes de Paulo Macedo ter tempo de antena..
segunda-feira, julho 10
CORREIA DE CAMPOS
Acabada a leitura do 1º volume de Memórias, de António Correia de Campos. Uma viagem pelo mundo da economia da saúde, área na qual Campos se especializou. Deveria ser lido pelos responsáveis e profissonais da saúde para que conhecessem melhor a história desta área. O livro, no entanto, tem laivos de obra prima na sua primeira parte dedicada à familia e aos lugares. O afeto ganha nessas páginas iniciais na disputa com a digressão, com feição de reportagem, na parte da vida profissional do autor. Como amigo de Campos deixo uma mensagem de apreço e admiração pela sua carreira mais bem sucedida na vertente profissional do que na de político, carreira de que poucos se podem orgulhar.
sábado, julho 8
sexta-feira, julho 7
CORPORAÇÕES
A vozearia que embrulha a luta das corporações por manter previlégios, vai para 150 anos sempre persistente, encerra hoje uma singular curiosidade. O senhor PR pressiona, de forma aberta, o governo para ceder aos sindicatos de professores na contagem do tempo de serviço. Não me lembro de tal ter antes acontecido, ou seja, o PR alinhar publicamente na defesa de uma corporação. Imagino no privado ...
quarta-feira, julho 5
PRAIA DE FARO
A imagem da esplanada é-me familiar. Passei lá muitas horas e lá sonhei muitos sonhos. Tinha ao fundo, junto ao balcão, uma caixa de discos daquelas de moeda. Tocava os êxitos da época, música francesa, Sylvie Vartan, Françoise Hardy, talvez Ray Charles …
O charme dela era o ambiente. Juntávamo-nos na esplanada da praia para trocar roupas, olhares e afectos. Olhando a sua imagem compreendo a razão do seu desaparecimento: era uma estrutura leve que não sobreviveu à selvajaria do betão.(Praia de Faro, esplanada demolida e José Afonso com amigos, nela. À esquerda na foto parece-me ser o Bernardo Santareno)
terça-feira, julho 4
VERÃO
Nas férias de verão, em finais dos anos 60, costumava ir à boleia de Faro a Armação de Pêra. Era uma boleia certa. Ida e volta. Eu ia namorar. Mas um dia a boleia de volta falhou. Fiquei pendurado no sítio combinado. À beira da estrada. E nada. Fez-se noite e as minhas esperanças desvaneceram-se. Sem dinheiro, que só havia pouco, regressei a pé, à vila.
A namorada já estava longe e perto. Em casa de seus pais e eu lá não ia. Na época não havia telemóveis e na casa de meus pais nem telefone fixo. Só na loja mas tinha encerrado. Não os pude avisar da minha ausência para o jantar.
Havia que tomar medidas de emergência. Encontrar alguém amigo, ou conhecido, para pedir algum emprestado. A minha decisão, inevitável, tinha sido a de pernoitar em Armação de Pêra. Por sorte, à primeira volta pela vila, apareceu uma mão amiga. Procurei uma pensão. Havia quartos disponíveis apesar de ser verão. Sei que estávamos em 1968 pois retenho na memória as imagens dos Jogos Olímpicos, desse ano, que passavam na TV.
Dormi e de manhã regressei ao ponto de encontro habitual na praia. O meu surgimento, cedo, foi uma surpresa. Breves explicações e o resto foram as carícias de um verão promissor. Águas límpidas e areias finas, beber a vida de um trago, a reencarnação da própria beleza...
Nesse dia regressei a casa o mais depressa possível e, desta vez, sujeito ao horário do autocarro. Os meus pais não me pediram qualquer explicação, nem disseram uma palavra. Sofreram, em silêncio, a minha ausência inesperada. Imagino os seus receios e medos.
Fiquei a admira-los ainda mais. A sua confiança em mim era ilimitada. Nunca os esquecia e eles sempre me perdoavam.
(Fotografia: o meu pai Dimas.)
domingo, julho 2
A CENTRAL PESSOA
Pois é mesmo verdade. Batizaram o projeto de central de Fernando Pessoa. Logo quando vi a referência ontem num programa da SIC não quiz acreditar. Mas é mesmo verdade. Os espanhóis (a central é da iberdrola), não tarda, vão apropriar-se do Pessoa. Que lata!
"A central fotovoltaica Fernando Pessoa, em Portugal, está preparada para se tornar o maior projeto fotovoltaico da Europa e o quinto maior do mundo. Estará localizada no município de Santiago de Cacém, perto de Sines, importante pólo logístico do sul da Europa, e terá como parceira a Prosolia Energy. Com 1.200 megawatts (MW) de capacidade instalada, será um exemplo de respeito estrito por todas as exigências ambientais."
sábado, julho 1
MUDANÇA
E de súbito os nossos OCS ocupam os tempos de antena com longos trabalhos acerca da politica internacional e enternecedores documentários versando assuntos comuns. Algo mudou, ou seja, a comunidade não mordeu o isco e foi decretada uma trégua que nos deverá levar até às eleições europeias de junho de 2024. A ver ...
quarta-feira, junho 28
BCE
Vou voltar a publicar uma coisa muito crua. Não confio nos gestores da banca. Desconfiança que não é de agora apesar da minha formação académica de base ser, imaginem, em finanças. Apreciei uma afirmação do PR que, tempos atrás, disse que duvida que tenham aprendido com as lições do passado recente. É da sua natureza nunca aprenderem desde que foram possuídos pela fúria ultra liberal ostentatória (ler Francisco - o Papa). Apresentam-se como os donos de riquezas que não são suas mas de quem lhes confia as poupanças. Falta-lhes modéstia e sentido de serviços em favor do bem comum e dos mais desfavorecidos - no caso da banca pública - e de verdadeira responsabilidade social no caso da banca privada. Ninguém tem coragem de lhes fazer frente e gabam-se das mentiras que sabem, pagando, fazer passar por verdades. De tempos a tempos os impostos vergam-se à sua falta de escrúpulos, e eles sabem. O BCE é o altar da narrativa anti trabalhista - os pobres que paguem a crise - proclamada sem contemplações nem pudor.
segunda-feira, junho 26
GUERRA
Ainda há quem não tenha percebido que Putin é um baluarte arquiinimigo da democracia - aquela fórmula politica que assenta na liberdade de associação dos cidaddãos e no voto livre para a escolha dos governos - tendo sabotado os processos eleitorais que levaram Trump e Bolsonaro ao poder, os partidos de extrema direita a lá chegar em Itália assim como noutros países da UE e ao sucesso do Brexit, por exemplo, do que é público e notório. Chegou a hora de Putin, enfraquecido pelas disputas internas, prosseguir a luta contra a democraccia por outros meios - a força das armas. Não creio que o sonho de Putin seja somente a conquista da Ucrânia mas também de imediato, ou a médio prazo, de outros países numa guerra de conquista à antiga mas com a proteção da chantagem nuclear. Este argumento parece muito simplista mas veremos até onde chegará na pressecussão do seu sonho imperial. Estamos neste preciso momento a viver acontecimentos que ameaçam desembocar numa guerra mundial, nuclear, com efeitos que é dificil imaginar. Os interlocotores de que se fala para interceder a favor da paz neste conflito têm todos, quase sem exceção, um passado, e presente, de belicismo imperial, cada um à sua escala, que torna a paz assim como um negócio em que todos calculam mais que tudo buscar o máximo lucro. Nem quero imaginar os bastidoras das negociações em curso ...
domingo, junho 25
sábado, junho 24
RÚSSIA
Conhecemos alguma coisa da história da Europa e das guerras travadas no passado. Sabemos que a Rússia não é conquistável pois é um continente, a que corresponde uma potência continental; nem Napoleão nem Hitler, apesar de terem tentado foram capazes de ocupar a Rússia. Mas hoje em dia a questão é outra: a Rússia, após as vicissitudes da queda da URSS, mostra vontade de reconquistar os territórios perdidos que na sua grande maioria correspondem a Nações com sua história própria, várias vezes retalhadas e invadidas por potências imperiais. Não há guerra que não termine com um tratado de paz. Não há paz que não seja negociada. Todos o sabemos. Mas antes da paz a guerra destrói e mata os justos. Encobre negócios milionários e ideologias. Para mim é suficiente saber onde está a predominância da democracia e da liberdade para escolher o meu campo, tanto dá ser a ocidente como a oriente, a leste ou a oeste. Hoje, aqui e agora, o meu campo está a ocidente pois apesar de todos os defeitos das democracias liberais elas são garantia maior da liberdade de escolha, da plena expressão do pensamento e da inicitiva livre dos cidadãos, sem donos nem tutelas. Por tudo uma guerra pode justificar-se para salvar a liberdade contra os arautos das virtudes das tiranias. Essa guerra hoje, com todas as suas consequências, sendo urgente escolher, é contra a Rússia até que mude de rumo ou caso persista até ser levada de vencida
sexta-feira, junho 23
CALOR
Calor abrasador. Quando sinto este bafo quente na rua, em lisboa, sei que podem arder os campos de arvoredo por esse país fora. Além do desastre da destruição da natureza, seja qual for a sua estrutura física, os incêndios florestais põem a nu a pobreza que a longura dos campos, por vezes tão perto das cidades, em vão dá a ilusão de esconder. O desastre situa-se de ambos os lados da barricada, tal como nas guerras, pois um incêndio, afinal, não é mais do que uma batalha perdida de que sobram os escombros que o tempo removerá. Nem todos podemos ter acesso direto ao inferno na terra, nem sequer a encarar o diabo feito labareda vociferante. Como já tem sido dito, e escrito, por quem sabe o país paga, com regular falta de parcimónia, o preço pelo desprezo a que vota o tempo e pela gula endeusada do sucesso (lucro) imediato. Haja saúde!
quarta-feira, junho 21
SOLSTÍCIO DE VERÃO
O solstício de verão ocorreu hoje, dia 21 de junho. O dia mais longo do ano carregado de simbolismo que se perde na profundidade do tempo. Caminhamos sobre uma pelicula fina que separa uma civilização fundada nos valores da liberdade, da democracia e da paz e uma deriva populista que, se não for travada a tempo, nos conduzirá para a tirania e a guerra. Os homens, no tempo que é o seu, cada um individualmente considerado, e todos, enquanto comunidade, são os responsáveis pela escolha do modelo de sociedade em que querem viver.
Fotografia de Hélder Gonçalves
terça-feira, junho 20
FUTEBOL II
Ao amante do futebol é muito dificil suportar a sensação de manipulação da informação acerca de assuntos do futebol. E ainda mais quando crescem os indícios de as fontes estarem contaminadas por redes criminosas.
domingo, junho 18
FUTEBOL
Gosto muito de futebol, do jogo pelo jogo e nada do que se passa fora do jogo. O futebol parece ter-se transformado num veiculo que, de forma paradoxal, legitima a propaganda de alguns métodos da criminalidade pura que, noutros domínios da vida em sociedade, é perseguida, de forma implacável, em nome da justiça.
terça-feira, junho 13
FERNANDO PESSOA - NASCIDO EM 13 JUNHO 1888
“Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos. Atingirás assim o ponto supremo da abstenção sonhadora, onde os sentidos se mesclam, os sentimentos se extravasam, as ideias se interpenetram. Assim como as cores e os sons sabem uns a outros, os ódios sabem a amores, e as coisas concretas a abstractas, e as abstractas a concretas. Quebram-se os laços que, ao mesmo tempo que ligavam tudo, separavam tudo, isolando cada elemento. Tudo se funde e confunde.” “Livro do Desassossego” – Fernando Pessoa, aliás, Bernardo Soares, Ajudante de Guarda-Livros na Cidade de Lisboa
segunda-feira, junho 12
PR
Se bem entendi as declarações do PR acerca da manifestação dos professores em Peso da Régua vão no sentido da desvalorização da gravidade do acontecimento. Trata-se de uma manifestação racista (não intereesa o número de manifestantes) que não sendo condenada é incentivada. O PR atua na mesma linha de declarações passadas quando desvalorizou os crimes de assédio sexual praticados por membros igreja católica (suponho que também uma minoria). O PR parece um pouco confuso na compaginação da função com as suas convições profundas. A acompanhar os próximos episódios...
SUMAR
"Agustín Santos Maraver, embajador de España ante la ONU, será el número dos de Yolanda Díaz en las listas de Sumar por Madrid." (In El Pais) Por cá inexiste informação credível acera das eleições legislativas de julho em Espanha. A emergência do partido SUMAR, reunindo todos os partidos e forças à esquerda do PSOE, é um fato novo que será determinante para travar a extrema direita. E atenção que é muito redutor apelidar este espaço politico como de extrema esquerda. Veremos.
domingo, junho 11
RACISMO
Um dia faz anos, deve ter sido por volta de 2015, num restaurante pela hora do pós almoço passava na TV reportagem na qual apareceu António Costa. Dois sujeitos ao balcão vociferaram "monhé". Tomei a inicitiva de lhes chamar a atenção que as suas palavras era uma manifestação racista. Ripostaram e ripostei, veio à baila o 25 de abril. No meio da guerra de palavras não sei a razão disse-lhes que no 25 de abril tinha participado como militar. Aí baixaram de tom e desistiram. No dia seguinte percebi a razão. O gerente informou-me que eram policias. Neste dia 10 de junho lembrei-me deste episódio para dizer que há mesmo muitos racistas na nossa sociedade. Talvez levar o racismo ao Conselho de Estado!
sexta-feira, junho 9
ALAIN TOURAINE - RIP
Alain Touraine (n. 1925) é, ao mesmo tempo, um sociólogo do terreno, professor e pensador "com discípulos espalhados pelo mundo", disse, ao apresentá-lo esta quinta-feira, no ICS, Marinús Pires de Lima, seu antigo aluno em Paris, como outros sociólogos portugueses de renome, alguns deles ali na sala.
Tem 23 livros publicados, quatro dos quais de 2005 para cá (o último, Penser Autrement, saiu em Outubro, na Fayard). Vários encontram-se traduzidos em português.
Director da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, desde 1960, professor, entre 1960 e 1969, na Universidade de Paris X - Nanterre, fundador do CADIS (Centro de Análise e de Intervenção Social), a sua obra desenvolve-se em torno da noção de "sociologia da acção", de que o sujeito (indivíduo) é a figura central.
Os grandes objectos de estudo de Touraine, segundo Marinús Pires de Lima, podem dividir-se em quatro períodos: Sociedade do Trabalho, em que pesquisou junto de operários das minas de carvão e da siderurgia, no Chile, e das fábricas da Renault, em França, centrando a sua atenção na sociologia da consciência operária e na sociedade pós-industrial; Maio de 68, queda das ditaduras na Europa, iniciada em Portugal em 1974, e o sindicato Solidariedade, na Polónia, período em que passou a usar o seu "método de intervenção sociológica", que viria a conservar até hoje; o regresso da noção do "actor", central nas pesquisas a que procede, nas quais considera o sujeito o princípio central da acção dos movimentos sociais; e, por fim, o mundo das mulheres.
Apesar de uma atenção constante - e pioneira, nalguns casos - a novos problemas, críticos apontam-lhe uma escassa atenção a questões essenciais, hoje, como, por exemplo, o impacte das novas tecnologias e da globalização na educação e na democracia.
(in Público)
Subscrever:
Mensagens (Atom)