quinta-feira, abril 15

Bin Laden e outras notícias de última hora

"Washington pede a diplomatas americanos para deixarem a Arábia Saudita". Esta notícia acabou de ser conhecida. É perturbadora.

O director da CIA e o FBI dão sinais públicos de incapacidade para combater os movimentos islâmicos radicais. Estranhas confissões de impotência! Estas notícias do dia já eram perturbadoras. Juntam-se a uma outra: Mensagem atribuída a Bin Laden propõe a paz aos países europeus


E ainda esta outra: "O conselheiro especial da ONU no Iraque deixou o país esta quinta-feira. Lakhdar Brahimi deveria regressar a Nova Iorque apenas no fim do mês."

Bush surge cada vez mais acossado no plano interno e externo. A matança no Iraque, e não só, ganha contornos de irracionalidade sem limites. Erguem-se muros e aumenta a intensidade da violência de todos os lados.

Qual a orientação política da administração Bush face ao problema que criou com a invasão do Iraque? Abandonar a região à sua sorte - no plano político - já a 30 de Junho? Como explicar as notícias de mais investimento no envio de forças militares?

Bin Laden é assim tão perigoso? E tão forte? Que tinha Bin Laden a ver com o Iraque, antes da invasão? Nada! E agora? A aventura dos ultra conservadores no poder nos EUA, e em alguns países europeus, está a chegar ao fim? Ou está em preparação um "banho de sangue "? Como explicar o silêncio de Blair?



"ASSALTO - SECRETARIA DE EXECUÇÕES FISCAIS

No fim-de-semana, a Secretaria de Execuções Fiscais (Lisboa) foi assaltada, tendo sido roubados onze computadores. Os ladrões deixaram os monitores. Há cópias de segurança da informação contida nos computadores." Notícia do "Correio da Manhã", on line, de hoje.

Outra vez?

ANA SOUSA DIAS

As entrevistas de Ana Sousa Dias na rádio e na televisão são diferentes. Há um travo de cumplicidade no ar e uma relação afectiva que vai além dos temas em conversa e coloca no centro da atenção o outro lado dos protagonistas.

Aldina Duarte foi um caso excepcional. Umas entrevistas são mais fortes outras menos. Depende dos entrevistados. Mas a Ana Sousa Dias não perde a capacidade de se mostrar serenamente cúmplice das suas palavras e dos seus silêncios. E como os silêncios são importantes.

Um dia, em 1996, convidei a Ana Sousa Dias para me acompanhar num desempenho profissional que julguei à sua medida. Não aceitou. Compreendi as motivações. Mas fiquei com pena. Nunca a perdi de vista. Um caso de dignidade pessoal e competência profissional. O normal no meio jornalístico, não é?

25 de Abril - notas pessoais

O último aviso


No dia 24 de Abril fomos contactados no quartel por um colega do curso de oficiais milicianos. As últimas dúvidas quase se tinham dissipado. A acção militar ia ser desencadeada na próxima madrugada.

Fui a casa do Eduardo Ferro Rodrigues, meu amigo de juventude e de todas as militâncias, na Travessa do Ferreiro, a mesma casa onde ainda hoje habita, para o avisar de que alguma coisa (o golpe) se iria passar nessa noite. Era fim da tarde. A RTP transmitia um jogo do Sporting, com um clube da Alemanha de Leste, para uma eliminatória das competições europeias de futebol. Deixei o recado e pus-me a caminho.

O combinado era reunir um pequeno grupo de que faziam parte o João Mário Anjos, o António Milhomens (já falecido) e o António Dias, na casa deste, em Benfica, aguardando o sinal musical ("E depois do Adeus") que anunciaria o desencadear da operação, a nível nacional.

Era perto de minha casa e lá fui preparado para o que desse e viesse. Mas o sinal nunca mais surgia e adormeci deitado no chão.

(22 de 32 continua)

"COM QUE ENTÃO LIBERTOS, HEIN?..."


Com que então libertos, hein? Falemos de política,
discutamos de política, escrevamos de política,
vivamos quotidianamente o regressar da política à posse de cada um,
essa coisa de cada um que era tratada como propriedade do paizinho.
Tenhamos sempre presente que, em política, os paizinhos
tendem sempre a durar quase cinquenta anos pelo menos.
E aprendamos que, em política, a arte maior é a de exigir a lua
não para tê-la ou ficar numa fúria por não tê-la,
mas como ponto de partida para ganhar-se, do compromisso,
uma boa lâmpada de sala, que ilumine a todos.
Com o país dividido quase meio século entre os donos da verdade e do poder,
para um lado, os réprobos para o outro só porque não aceitavam que
não houvesse liberdade, e o povo todo no meio abandonado à sua solidão
silenciosa, sem poder falar nem poder ouvir mais que discursos de salamaleque,
há que aprender, re-aprender a falar política e a ouvir política.
Não apenas pelo prazer tão grande de poder falar livremente
e poder ouvir em liberdade o que os outros nos dizem,
mas para o trabalho mais duro e mais difícil de - parece incrível -
refazer Portugal sem que se dissipe ou se perca uma parcela só
da energia represa há tanto tempo. Porque é belo e é magnífico
o entusiasmo e é sinal esplêndido de estar viva uma nação inteira.
Mas a vida não é só correria e gritos de entusiasmo, é também
o desafio terrível do ter-se de repente nas mãos
os destinos de uma pátria e de um povo, suspensos sobre o abismo
em que se afundam os povos e as nações que deixaram fugir
a hora miraculosa que uma revolução lhes marcou. Há que caminhar
com cuidado, como quem leva ao colo uma criança:
uma pátria que renasce é como uma criança dormindo,
para quem preparamos tudo, sonhamos tudo, fazemos tudo,
até que ela possa em segurança ensaiar os primeiros passos.
De todo o coração, gritemos o nosso júbilo, aclamemos gratos
os que o fizeram possível. Mas, com toda a inteligência
que se deve exigir do amadurecimento doloroso desta liberdade
tão longamente esperada e desejada, trabalhemos cautelosamente,
politicamente, para conduzir a porto de salvamento esta pátria
por entre a floresta de armas e de interesses medonhos
que, de todos os cantos do mundo, nos espreitam e a ela.

Jorge de Sena

SB, 2/5/74

POEMAS "POLÍTICOS E AFINS" (1972-1977)
In "40 ANOS DE SERVIDÃO"


quarta-feira, abril 14

Correcção

De Branco Martins recebi a nota seguinte: "No seu post sobre três reportagens que viu na Sic, permita-lhe fazer uma correcção. A última sobre o culatrense não foi na SIC, mas sim na Sporttv, no programa Reportv."

Tem toda a razão, erro meu. Aqui fica reposta a verdade com as desculpas aos autores e à Sporttv.





Uma mistificação e um sinal errado

Todos nos enganamos e raramente temos certezas. Onde é que eu já ouvi isto?
Mas não resisto a comentar uma mistificação e um sinal errado lançados para a opinião pública portuguesa. Vindos de onde vêm são preocupantes.

Mistificação: "ABRIL É EVOLUÇÃO". O Governo quer fazer crer que, em Portugal, não ocorreu uma REVOLUÇÃO NO 25 DE ABRIL DE 1974. Pretende fazer passar a ideia de que a passagem da ditadura para a democracia foi parte de um processo de transição reformista e pacífico.

É uma mistificação que pretende suprimir ao imaginário colectivo um período da nossa história do Século XX. É uma mixórdia propagandística inqualificável. Uma vergonha própria de um Governo que mente e sabe que mente. Fernando Rosas aborda este assunto hoje no Público Concordemos com tudo, ou não, do que ele diz, tem toda a razão. O 25 de Abril foi uma revolução.

Sinal Errado: Foi noticiado que o Presidente da República disse que "O debate sobre o futuro da Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN) é necessário, mas o país não pode ser uma reserva total de Norte a Sul do país que inviabilize a presença dos cidadãos e o seu próprio desenvolvimento". Uma dessas notícias pode SER LIDA AQUI.

É um sinal errado dado pelo PR à sociedade. Os obstáculos à concretização de uma estratégia nacional de desenvolvimento sustentável, coerente e realista, não vêm do lado dos defensores da preservação da natureza (mesmo os mais radicais) mas do lado dos grandes interesses que se movem em torno da exploração desenfreada - e sem lei - do território e dos recursos naturais.

Todos nos enganamos e raramente temos certezas. "Portugal aguenta!"

25 de Abril - notas pessoais

Os camaradas de armas


Os militares, oficiais do quadro, que preparavam a revolta tinham a consciência da inevitabilidade do confronto militar. E os milicianos também. Era um confronto que havia que preparar com todo o cuidado. Fiz uns contactos discretos com os amigos que colaboravam no que havia de vir a ser o MES.

Deixei mensagens e recados mais ou menos enigmáticos. Muitos dos avisados fizeram vigília no dia errado ou foram surpreendidos no dia certo. Nada disse à família.

Mas alguém tinha de ser avisado para que na minha unidade militar, o 2º GCAM, se pudesse apoiar, com eficácia, a tomada do poder. Avisei o João Mário Anjos e o António Dias, meus camaradas de armas. Acertamos, entre nós, os passos a dar naqueles dias.

(21 de 32 continua)

terça-feira, abril 13

CANTIGA DE ABRIL


Às Forças Armadas e ao Povo de Portugal
"Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade"

J. de S.


Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
reinaram neste país,
a conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até á raiz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Tantos morreram ser ver
o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essa paz de cemitério
toda prisão ou censura,
e o poder feito galdério,
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por política demente.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Jorge de Sena

26-28(?)/4/74

POEMAS "POLÍTICOS E AFINS" (1972-1977)
In "40 ANOS DE SERVIDÃO"
.



O Público e o Iraque

O Editorial de José Manuel Fernandes no Público de hoje corrige os editoriais antecedentes de autoria de outros editores. O Público pascal foi crítico da intervenção americana no Iraque. O Público pós pascal volta à crença natural, com o regresso de férias do seu director: faz a defesa da intervenção americana no Iraque. O pluralismo sempre é uma vantagem.

A questão é complexa. Os defensores da política externa da Administração Bush enrolam-se em explicações e justificações. Ainda haverá muito por explicar, concordo. E, certamente, um dia voltará a normalidade ao Iraque.

Mas quais os custos desta intervenção para a paz na região e no mundo? A paz não interessa? Pois é! Pelo sim pelo não o nosso Primeiro-ministro mandou retirar os portugueses do Iraque. Menos a GNR e o Dr. Lamego. Suponho.

Ainda bem. A coisa está preta!


25 de Abril - notas pessoais

Na expectativa do combate


Os dias de finais de Março e princípios de Abril de 1974 foram de expectativa e tensão crescentes. Sabia que alguma coisa iria acontecer. Os contactos multiplicavam-se e os boatos inundavam as conversas.

Soube, em meados de Abril, após o contacto do Capitão Teófilo Bento, mas não por ele, que o golpe seria para os finais de Abril. A informação havia chegado pela via política e não pela via militar.

Teriam que ser tomados os cuidados próprios de uma situação de confronto armado em que poderia correr sangue. Ninguém acreditava que o regime cairia sem oferecer resistência feroz. Seria mais que provável o confronto militar pelo que o mais prudente era estarmos preparados para essa situação.

(20 de 32 continua)

Aldina Duarte

Acabei de ver a entrevista de Aldina Duarte por Ana Sousa Dias, na Dois (RTP). Extraordinário exercício de autenticidade e de cultura. A fadista Aldina Duarte, que não conheço enquanto fadista, é uma personagem fascinante. Demonstração, ao vivo, de como é possível fazer coexistir o talento e a capacidade de comunicação

segunda-feira, abril 12

POEMAS "POLÍTICOS E AFINS" (1972-1977)
In "40 ANOS DE SERVIDÃO"


"NUNCA PENSEI VIVER..."


Nunca pensei viver para ver isto:
a liberdade - (e as promessas de liberdade)
restauradas. Não, na verdade, eu não pensava
- no negro desespero sem esperança viva -
que isto acontecesse realmente. Aconteceu.
E agora, meu general?

Tantos morreram de opressão ou de amargura,
tantos se exilaram ou foram exilados,
tantos viveram um dia-a-dia cínico e magoado,
tantos se calaram, tantos deixaram de escrever,
tantos desaprenderam que a liberdade existe-
E agora, povo português?

Essas promessas - há que fazer depressa
que o povo as entenda, creia mais em si mesmo
do que nelas, porque elas só nele se realizam
e por ele. Há que, por todos os meios,
abrir as portas e as janelas cerradas quase cinquenta anos -
E agora, meu general?

E tu povo, em nome de quem sempre se falou,
ouvir-se-á a tua voz firme por sobre os clamores
com que saúdas as promessas de liberdade ?
Tomarás nas tuas mãos, com serenidade e coragem,
aquilo que, numa hora única, te prometem ?
E agora, povo português?

Jorge de Sena

SB, 27/4/74





PÁSCOA DE CRISE

Nas viagens aprendemos a geografia dos lugares. Por vezes ficamos a conhecer melhor a alma das suas gentes. A minha viagem de Páscoa foi ao lugar ancestral das minhas origens. Dele sabemos mais do que julgamos. E menos do que queremos.

Esta viagem deu para perceber que a descrença dos portugueses no seu futuro é mais profunda do que pensávamos. A descrença alastrou e aprofundou-se. Não vale a pena disfarçar. Este não é um problema de esquerda ou de direita. É um problema nacional. Mas o governo que adubou o terreno da descrença foi este. O governo da direita.

Os social-democratas autênticos que se cuidem. Semearam ventos vão colher tempestades. Aliaram-se com os seus predadores. O divórcio vai ser litigioso. Um dos membros do "casal coligado" não olha a meios para atingir os seus fins. Já todos percebemos isso.

A não ser que haja um milagre económico, que todas as previsões negam, as melhorias, nos próximos tempos, serão pouco animadoras. As famílias e as empresas estão exaustas. Ninguém é capaz de prever a dimensão da crise que foi aberta com a gestão radical de combate ao déficit. Pode ser uma pequena e quase silenciosa convulsão económica, financeira e social, superável a breve prazo. Ou uma profunda e violenta crise de consequências difíceis de prever.

O António Barreto faz uma profissão de fé nas suas convicções de esquerda no Público...eis mais um sinal da gravidade da crise!

25 de Abril - notas pessoais

Capitão Teófilo Bento


Foi o Capitão Teófilo Bento que me contactou no início de 1974. Não sei já através de quem chegou até mim. Talvez tenha sido depois da tentativa frustada do golpe das Caldas da Rainha, em 16 de Março.

Falamos num carro estacionado próximo do 2º GCAM, no Campo Grande, onde cumpria o serviço militar como oficial miliciano. Ele queria saber se havia algum oficial miliciano de confiança no Quartel-General em Lisboa.

Tratava-se de um ponto fraco na rede de oficiais que preparavam o golpe. Não havia ninguém que eu conhecesse. Mas, após este encontro, fiquei com a certeza acerca da inevitabilidade do golpe o que, até esse dia, era uma mera convicção.

Estava, de facto, em marcha uma acção de envergadura para derrubar o regime. Desta vez era mesmo a sério.

Mantive a maior descrição. Não falei a ninguém acerca desse encontro. Mas tomei as minhas providências. O ambiente era de medir forças dentro dos quartéis.

Após o fracassado "Golpe das Caldas" todos os movimentos eram observados e o ar que se respirava estava povoado de ameaças.

(19 de 32 continua)

sexta-feira, abril 9

EURO 2004

Direito à opinião?

Texto enviado por R. L.

Que tipo de pessoa serei se afirmar que muitas vezes o mal de certas resoluções em algumas áreas fulcrais para o país será a possibilidade de todos nós termos direito à opinião?

Numa primeira leitura admito que a frase se torne demasiado extremista. Claro que como qualquer cidadão, também eu tenho direito a uma opinião sobre este ou aquele assunto, embora fosse essencial definir o território da terminologia da palavra. E como bom passatempo que o é, poder opinar sem qualquer limite sobre tudo dá-nos a sensação de utilidade e de preocupação sobre o respectivo assunto.

Mas será que todos nós deveremos opinar na melhor forma de recuperar o défice orçamental? E sobre a política na saúde? Ou sobre os métodos de ensino? Ou se foi benéfico ter ganho a organização do Euro 2004? Ou a melhor táctica para a selecção nacional?

Parece-me que em determinados assuntos, por vezes bem mais importantes, ninguém se preocupa ou opina! Concordo que dar uma opinião não faz mal e não será essa mesma opinião que irá mudar o rumo, mas concordarão que na grande maioria das vezes a opinião não é somente uma opinião! É principalmente uma crítica devastadora e destruidora, em que sofre uma mutação tão rápida como a necessidade de a alterar somente para continuar a criticá-la! Aí a "verdade" altera-se constantemente, nem que seja para nos apoiarmos na tese de Churchil que afirmou "prognósticos só no fim (...)".

A conclusão é tão simples como o ovo de Colombo, é verdade! A história faz-se de factos e não de opiniões. Não devíamos então primeiro parar, escutar e olhar (como as placas de sinalização que se encontram nas passagens de linhas férreas)? Dar a oportunidade?

No meu caso, quero fazer o meu prognóstico antes e não no fim, com todos riscos que corro. Quero afirmar, e tendo consciência que existem várias e importantes prioridades para o desenvolvimento do país, que concordo com a candidatura portuguesa ao Euro 2004!

Como profissional na área, na possível distinção entre a excitação e a razão, fico muito satisfeito que tenhamos vencido. Que não estou à espera das falhas ou das derrotas para dizer mal da organização e do seleccionador! Que a organização de tal evento, proporciona a renovação de muitos equipamentos desportivos e de equipamentos secundários (hotelaria, estradas, acessibilidades, hospitais, aspectos cívicos, etc.). Que dos 25 % fornecido pelo Estado para a concretização de cada estádio, 19 % é recuperado logo à partida e 19 % dos outros 75 % também vai para os nossos cofres, ou seja, num simples raciocínio, num estádio que custou 10 milhões de euros, o Estado suportou 2,5 milhões de euros, mas recuperou 760 mil euros mais 19 % dos restantes 7,5 milhões, perfazendo um total de 2,185 milhões de euros.

Sim, é verdade que esse dinheiro podia ser investido em outras áreas se calhar bem mais importantes para o país, mas deixo isso para quem tem a responsabilidade de decidir e de governar.

Sebastião da Gama - Aniversário


Sebastião Artur Cardoso da Gama nasceu em Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal, em 10 de Abril de 1924 e faleceu em Lisboa em 1952. Licenciou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, tendo sido professor. Desde a juventude atingido pela tuberculose, foi, por prescrição médica, viver para a Arrábida.

Obras: Serra-Mãe (1945), Loas a Nossa Senhora da Arrábida (1946), Cabo da Boa Esperança (1947), Campo Aberto (1951), Pelo Sonho é que Vamos (1953), Diário (1958), Itinerário Paralelo (1967 - compilação de David Mourão-Ferreira), O Segredo é Amar (1969).

O Sonho


Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

- Partimos. Vamos. Somos.




quinta-feira, abril 8

JORGE DE SENA

A propósito dos 30 anos do 25 de Abril encontrei nas minhas pesquisas, em papéis antigos, um pequeno "livro" policopiado com 5 poemas de Jorge de Sena e 5 poemas da minha autoria. Uma nota esclarece a modéstia da empresa: "5 pares de poemas para alguns amigos sem ofensa para Jorge de Sena. Deste são os cinco retirados de "Poesia I" e de "40 Anos de Servidão" e o último solto de que gosto muito e é o pai dos meus. Natal de 1980."

Não os vou divulgar aqui mas este último de Sena já antes o divulguei e por ser curto e "pai dos meus" o divulgo de novo:

"QUISERA ADORMECER"

Quisera adormecer
como a criança acorda
à beira de outro tempo, que é o nosso.

Só quero o que não posso.

O que vou fazer, nos próximos tempos, é divulgar alguns dos poemas "Políticos e afins" (1972-1977), publicados no livro "40 ANOS DE SERVIDÃO", ou seja, aqueles datados do período coincidente, com o próprio 25 de Abril de 1974.

A iniciar em breve.

"A Segunda Guerra Iraquiana"

O Público muda de orientação editorial conforme o editorialista. O director, José Manuel Fernandes, deve estar de férias. O Público, nas férias do director, muda de posição acerca da questão do Iraque. Não é uma questão de pormenor. Senão leiam o editorial de hoje Por EDUARDO DÂMASO

"Os combates que se travam no Iraque entre as forças da coligação e grupos armados sunitas e xiitas, fiéis ao líder religioso Moqtada al-Sadr, demonstram a cada dia o erro norte-americano de ter instrumentalizado a luta global contra o terrorismo na diabolização de Saddan Hussein, tendo em vista o seu derrube e a ocupação do Iraque num contexto de reconstrução assente quase exclusivamente nos interesses económicos norte-americanos. "Ler editorial aqui

quarta-feira, abril 7

25 de Abril - notas pessoais

Terminada a componente dedicada ao MES a publicação prossegue na próxima 2ª feira. Os restantes posts são exclusivamente dedicados à componente militar da minha participação, como oficial miliciano, no 25 de Abril. Para a fixação de alguns detalhes, contidos no conjunto das notas que se vão seguir, foi preciosa a colaboração do meu "companheiro de armas" António Cavalheiro Dias. Para ele os meus agradecimentos antecipados.