sexta-feira, abril 9

EURO 2004

Direito à opinião?

Texto enviado por R. L.

Que tipo de pessoa serei se afirmar que muitas vezes o mal de certas resoluções em algumas áreas fulcrais para o país será a possibilidade de todos nós termos direito à opinião?

Numa primeira leitura admito que a frase se torne demasiado extremista. Claro que como qualquer cidadão, também eu tenho direito a uma opinião sobre este ou aquele assunto, embora fosse essencial definir o território da terminologia da palavra. E como bom passatempo que o é, poder opinar sem qualquer limite sobre tudo dá-nos a sensação de utilidade e de preocupação sobre o respectivo assunto.

Mas será que todos nós deveremos opinar na melhor forma de recuperar o défice orçamental? E sobre a política na saúde? Ou sobre os métodos de ensino? Ou se foi benéfico ter ganho a organização do Euro 2004? Ou a melhor táctica para a selecção nacional?

Parece-me que em determinados assuntos, por vezes bem mais importantes, ninguém se preocupa ou opina! Concordo que dar uma opinião não faz mal e não será essa mesma opinião que irá mudar o rumo, mas concordarão que na grande maioria das vezes a opinião não é somente uma opinião! É principalmente uma crítica devastadora e destruidora, em que sofre uma mutação tão rápida como a necessidade de a alterar somente para continuar a criticá-la! Aí a "verdade" altera-se constantemente, nem que seja para nos apoiarmos na tese de Churchil que afirmou "prognósticos só no fim (...)".

A conclusão é tão simples como o ovo de Colombo, é verdade! A história faz-se de factos e não de opiniões. Não devíamos então primeiro parar, escutar e olhar (como as placas de sinalização que se encontram nas passagens de linhas férreas)? Dar a oportunidade?

No meu caso, quero fazer o meu prognóstico antes e não no fim, com todos riscos que corro. Quero afirmar, e tendo consciência que existem várias e importantes prioridades para o desenvolvimento do país, que concordo com a candidatura portuguesa ao Euro 2004!

Como profissional na área, na possível distinção entre a excitação e a razão, fico muito satisfeito que tenhamos vencido. Que não estou à espera das falhas ou das derrotas para dizer mal da organização e do seleccionador! Que a organização de tal evento, proporciona a renovação de muitos equipamentos desportivos e de equipamentos secundários (hotelaria, estradas, acessibilidades, hospitais, aspectos cívicos, etc.). Que dos 25 % fornecido pelo Estado para a concretização de cada estádio, 19 % é recuperado logo à partida e 19 % dos outros 75 % também vai para os nossos cofres, ou seja, num simples raciocínio, num estádio que custou 10 milhões de euros, o Estado suportou 2,5 milhões de euros, mas recuperou 760 mil euros mais 19 % dos restantes 7,5 milhões, perfazendo um total de 2,185 milhões de euros.

Sim, é verdade que esse dinheiro podia ser investido em outras áreas se calhar bem mais importantes para o país, mas deixo isso para quem tem a responsabilidade de decidir e de governar.

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