quinta-feira, março 30

A DEFESA DE FARO

Posted by Picasa Fotografia de "sissi"

Em apoio à A Defesa de Faro, pela prosseguimento dos objectivos que o seu título sintetiza, na perfeição, com pluralismo, cosmopolitismo, abertura ao conhecimento e divulgação da realidade de outras cidades e regiões.

Os blogues regionais têm o seu lugar e importância desde que se não deixem contaminar por querelas, bisbilhotices e instrumentalizações políticas estéreis.

quarta-feira, março 29

LUCAS, 21, 28

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

Quando o último pássaro morrer
na última oliveira a ocidente
opõe o peito ao que acontecer
e levanta a cabeça dignamente
(…)
Ruy Belo

LUCAS, 21, 28
Homem de Palavra[s]

INATEL- A VERDADE É SEMPRE O MELHOR CAMINHO PARA A FELICIDADE

Posted by PicasaScarlett Johansson

A actividade do INATEL, em particular, a do “turismo social” carecia de um modelo de gestão mais próximo do paradigma da gestão privada, diverso do modelo actual de Instituto Público, o qual, apesar de consagrar a autonomia administrativa, financeira e patrimonial da instituição, se vinha revelando claramente desajustado.

O projecto de reforma organizacional e estatutária foi alicerçado num estudo prévio encomendado, após realização dos adequados procedimentos de contratação pública, à “Price Waterhouse”, designado ”Plano de Desenvolvimento Organizacional para o INATEL”.

O estudo foi entregue à direcção a que presidi, na sua versão definitiva, em 22 de Julho de 1998 assim como um outro designado de “Caracterização Jurídico-Fiscal do INATEL”.

A primeira versão do projecto de reforma estatutária foi entretanto elaborada tendo sido entregue ao governo, no Gabinete do Ministro da tutela, em data anterior a 28 de Outubro de 1998.

Em 24 de Março de 1999 a Direcção do INATEL aprovou, formalmente, uma proposta contendo “a versão final dos Estatutos e do projecto do Decreto-Lei” que foi enviada ao Gabinete do Ministro da tutela nesse mesmo dia.

Para que não restem dúvidas transcrevo o Art. 1.º do referido projecto de Decreto-Lei contido na proposta:

“1. É criada a INATEL – Fundação para o Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores, designado abreviadamente INATEL, pessoa colectiva de direito privado e utilidade pública, cujos estatutos são aprovados em anexo ao presente diploma.

2. A INATEL rege-se pelo disposto nos estatutos e respectivos regulamentos, pelas normas que lhe sejam especialmente aplicáveis e, subsidiariamente, pelo regime das fundações de direito privado, quando este não contrarie o disposto nos Estatutos.”

O mais interessante é verificar que o aspecto central das mudanças preconizadas assentava na transformação da natureza jurídica de INATEL em “pessoa colectiva de direito privado e utilidade pública”, a exacta designação que tem vindo, nos últimos tempos, a ser referida na comunicação social.

Estão a ver o sorriso e as cores da protagonista que escolhi para ilustrar esta matéria árida, mais ou menos arqueológica, e podem imaginar como é difícil transformar a realidade sombria e triste numa realidade atraente e responsavelmente divertida.

E, desta forma, entender porque razão o Dr. Bagão Félix não entendeu nada, ou melhor, fingiu que não entendeu nada, do que se passou no decurso da minha gestão do INATEL para melhor a poder destruir. Ele há cristãos com uma tendência irreprimível para a infelicidade.

(“A Verdade de Uma Reforma” – 4 de 10)

terça-feira, março 28

FRANÇA - HOJE

Posted by Picasa Fotografia de El Pais

As leituras redutoras são perigosas, neste caso, e em todos os casos de manifestações da crise do estado social europeu.

O envelhecimento demográfico não vai dar tréguas à crise da segurança social, a crise económica não vai dar tréguas à crise da filosofia do emprego para toda a vida, a necessidade de mão-de-obra imigrante vai atiçar o lume da xenofobia e do racismo, a coesão social vai brigar com o alargamento das fronteiras e com a afirmação do princípio da livre circulação dos cidadãos.

A crise da Europa, seja qual for a solução política para a questão do tratado constitucional, é profunda. E se precisássemos de lhe medir a dimensão e profundidade bastava reparar que à sua frente está um pigmeu político: José Manuel Barroso.

RUY CINATTI

Posted by Picasa Fastio

Quem me faz descer desta mansarda já,
onde me icei?

Farto estou já de estar sozinho
a caçar moscas,
como se minha fosse a voz irada
que assim me mantém
divinizado.

In "Casa"
"Tempo de Cidade", Editorial Presença

-------------------------------------------------------

RUY CINATTI

(Londres, 1915 – 1986, Lisboa)

Agrónomo de formação, nasceu em Londres e viveu em Lisboa, desde os dois anos de idade, cidade onde se licenciou (1941) tendo estudado Etnologia e Antropologia em Oxford. Desenvolveu actividade nessas áreas por todo o então império colonial português que percorreu e tratou poeticamente de forma singular.

Foi, nos anos 40, com Tomaz Kim e José Blanc de Portugal, um dos fundadores dos Cadernos de Poesia (1940-1953), que co-dirigiu nas suas três séries, sendo também o fundador da revista Aventura (1942-1944). Os seus dois livros mais emblemáticos são “O Livro do Nómada Meu Amigo”, de 1958 (1966, Prémio Antero de Quental) e “Sete Septetos”, de 1967.

A componente mais interessante da sua extensa obra poética reflecte os contactos com as experiências coloniais, desde “Crónica Cabo-Verdeana” (1967), prolongando-se nos livros de temática timorense (“Uma Sequência Timorense”, 1970; “Timor-Amor”, 1974; “Paisagens Timorenses com Vultos”, 1974) e, ainda, em “Os Poemas do Itinerário Angolano” (1974) ou em “Lembranças para S. Tomé e Príncipe”, 1972 (1979).

Guglielmo Ferrero

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

«Guglielmo Ferrero. Une civilisation comme la nôtre qui tend à augmenter toujours la quantité des objets et à en diminuer toujours la qualité, doit finir par une orgie énorme et brutale. Et c´est vrai. La fin de l´histoire dont parlent nos hommes de progrès c´est l´orgie».

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

segunda-feira, março 27

REGRESSO AO INFERNO


Freitas do Amaral vai ao Canadá na quarta-feira discutir caso de portugueses expulsos

Acho bem que a diplomacia intervenha. Acabei de chegar do lançamento do livro de Francisco Seixas da Costa, actual embaixador de Portugal no Brasil, intitulado “Uma Segunda Opinião”.

Fiquem sabendo, já agora, amigos brasileiros da vossa sorte em dispor, aí no Brasil, de um embaixador da qualidade, humana e profissional, de Seixas da Costa.

Mas o que mais me impressiona na questão da expulsão de emigrantes portugueses no Canadá é o seu discurso à chegada a Portugal. É como se tivessem sido expulsos do paraíso e chegado ao inferno. Parece que acabaram de entrar numa carruagem de terceira classe.

E nós portugueses, que vivemos e trabalhamos em Portugal, ainda conseguimos sentir uma pontinha de comoção!

sem título (XIV)

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

Nada acontece de novo desde o tempo luminoso
esboço a sépia quente o teu corpo simplesmente


24 de Março de 2006

"sissi"

Tinha acabado de descobrir a “sissi” uma fotógrafa que retrata, entre muitas realidades, a paisagem das terras do sul e, em particular de Faro e da Ria Formosa. Tanto e tão bem que me sensibilizou. De repente saiu desta cena.

domingo, março 26

HARTZ


Fóssil

A pedra
abriu
no flanco sombrio
o túmulo
e o céu
duma estrela-do-mar
para poder sonhar
a espuma
o vento
e me lembrar agora
que na pedra mais breve
do poema
a estrela
serei eu.

Carlos de Oliveira

In Ave Solar
Cantata

-------------------------------------------
Fósil

La piedra
abrió
en el flanco sombrío
el túmulo
y el cielo
de una de estrella de
mar
para poder soñar
la espuma
y el viento
y recordarme ahora
que en la piedra más
breve
del poema
la estrella
seré yo.

INATEL - REFRESCAR A MEMÓRIA

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

A nossa percepção inicial da situação do INATEL, nos inícios de 1996, foi confirmada por todos os estudos que demonstravam que a instituição carecia de ser dotada de um novo enquadramento estatutário que tomasse em consideração, entre outros aspectos, a nova realidade da prestação de serviços na área do “turismo social”, ou “turismo para todos”, a contratação de pessoal, a aquisição de bens e serviços e a gestão do património imobiliário e mobiliário.

Uma das perplexidades da situação herdada, aquando da minha assumpção de funções, 10 anos atrás(!), foi o facto de os estatutos, ainda hoje em vigor, não conterem uma única referência ao termo “turismo social” que é, no entanto, a actividade mais importante, em termos físicos e financeiros, do INATEL.

Se considerarmos os programas “Turismo Sénior”, criado em finais de 1995 e de “Saúde e Termalismo Sénior”, criado a partir de 1997, além de todos os restantes, tradicionalmente geridos pelo INATEL, estamos perante uma entidade pública que assume, de facto, natureza empresarial e que, no contexto nacional, ocupa um dos primeiros lugares entre os promotores, públicos e privados, de actividades de lazer e turismo.

Os programas de férias para idosos, só por si, cresceram, entre 1996 e 2002, de forma assinalável e o seu impacto socio-económico na sociedade portuguesa, comprovado por um estudo encomendado pelo INATEL, eram (e são) suficientemente relevante para aconselhar a profunda reforma institucional da entidade à qual o estado cometeu a sua gestão.

A natureza desta actividade e a sua importância foi relevada inúmeras vezes como, por exemplo, na intervenção que proferi aquando da apresentação do “Estudo de Impacto Sócio Económico dos Programas de Turismo Sénior e Saúde e Termalismo Sénior” (1995/2000) que, para benefício de estudiosos e interessados, assim como para refrescar a memória dos responsáveis do governo actual pela tutela do INATEL, reproduzo no IR AO FUNDO E VOLTAR.

(“A Verdade de Uma Reforma” - 3 de 10.)

sábado, março 25

PALAVRAS DE JACOB DEPOIS DO SONHO

Posted by Picasa Jacob's Dream - Loggia di Raffaello

Amei a mulher amei a terra amei o mar
amei muitas coisas que hoje me é difícil enumerar
De muitas delas de resto falei
(…)

Ruy Belo

PALAVRAS DE JACOB DEPOIS DO SONHO
Homem de Palavra[s]

CARRAPATOSO AO PODER, JÁ!

Posted by Picasa Também já fiz, pelo menos, uma “reclamação graciosa”, para reaver uns dinheiros que o fisco me obrigou a pagar, apesar de não ter recebido os respectivos rendimentos, cujo reembolso só seria possível através da dita “graciosa”. Mas, no meu caso, o despacho da mesma, e o respectivo reembolso, demorou aí uns dois anos.

No caso em apreço o “esquema” é tão explícito que até faz impressão. Acho sinceramente que o António Carrapatoso que, ao que consta, é um gestor competente, tem o perfil mais que indicado para Director Geral das Contribuições e Impostos.

Ele já provou que sabe da matéria, pode auferir a mesma remuneração da privada, escusa de estar sujeito a estes incómodos e reforça o combate à ideia, sempre latente, do governo socialista nomear para cargos de confiança política gestores que possam ser suspeitos de professarem ideais socialistas.

Quando os gestores públicos forem todos competentes, como o Dr. Carrapatoso, e exclusivamente recrutados nas fileiras da oposição, o governo socialista pode gabar-se de não favorecer os amigos, e morrer em paz!

SABOR A SAL

sexta-feira, março 24

sem título (XIII)

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

Enroscada ao côncavo do corpo a solidão
incendeia o desejo no alvor da primavera


21 de Março de 2006

"À partir de Colomb..."

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

«À partir de Colomb, la civilisation horizontale, celle de l´espace et de la quantité, remplace la civilisation verticale de la qualité. Colomb tue la civilisation méditerranéenne.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

O FENÓMENO MAIS DEPRIMENTE


Uma vantagem do primeiro-ministro Sócrates – além de todos os inevitáveis defeitos – é que sabe colocar o acento tónico, com merediana clareza, nas questões verdadeiramente relevantes.
Pode ler aqui a notícia intitulada pela Lusa: “UE/Cimeira: Abandono escolar é o fenómeno mais deprimente em Portugal – Sócrates”, que revela essa faceta da sua liderança.

A IDEIA QUE PRESIDIU À REFORMA DO INATEL

Posted by Picasa Ron Mueck

Na sequência do que antes afirmei, enquanto Presidente da Direcção do INATEL, entre 21 de Fevereiro de 1996 a 4 de Fevereiro de 2003, sempre considerei prioritária, nas opções de gestão, o processo de elaboração do que designamos por “Plano de Desenvolvimento Organizacional” e da “Reforma Estatutária”.

Qualquer destes processos ficou concluído ainda antes do fim do primeiro mandato que se concluiu em Fevereiro de 1999.

A importância daquela reforma institucional radicava (e radica), em síntese, na necessidade imperiosa de adequar a actual organização e regime jurídico do INATEL (Decreto-lei n.º 61/89, de 23 de Fevereiro) às profundas mudanças económicas e sociais que, desde 1989, ocorreram na sociedade portuguesa.

Numa breve síntese, que pode ser suportada por vasta documentação, a reforma dos estatutos do INATEL, foi alicerçada na ideia de promover o melhor aproveitamento dos recursos materiais e imateriais do INATEL, consolidando, progressivamente, a sua autonomia financeira, através do incremento das receitas próprias, dinamizando, em simultâneo, a modernização do INATEL assumindo a sua vocação de entidade pública empresarial.

Ao contrário do que muitos pensaram, escreveram e disseram, logo no primeiro dia da minha tomada de posse, assim como da equipa que me acompanhou, não se tratou de uma operação de “jobs for the boys”.

Tais acusações radicavam, como sempre, na ignorância ou má fé de gente da oposição ao governo socialista da época mas também, como se veio a tornar evidente com o passar do tempo, de alguns sectores socialistas que nunca se revêem na acção daqueles que, com transparência, autonomia e independência, assumem a gestão das instituição públicas no cumprimento estrito dos princípios republicanos do nosso regime democrático.

Ora aconteceu no INATEL que a gestão de rotina, que havia sido a regra nos anos anteriores a 1996, (a “política da enxovia”) que polvilhava, aqui e ali, a inércia com uns favores político-partidários (que deram origem a alguns investimentos ruinosos), foi substituída por uma política de modernização e revigoramento da instituição para cuja concretização plena a transformação do INATEL em fundação era, para nós, um pilar absolutamente essencial.

(“A Verdade de Uma Reforma” - 2 de 10.)

quinta-feira, março 23

JOSÉ BLANC DE PORTUGAL

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

“SUBMÚLTIPLOS”

Na escala convencional
Me vou microdividindo
Na velha base decimal.
Eis-me micro-eu
Nano-eu e pico-eu
Fento-eu e atto-eu…
Depois… acabou-se a convenção
Os eus mais pequenos
Já não têm nome…
Vou ver se lhes arranjo um pro-nome
Pois sim! Serão:
Nileus
Embora apercebíveis
E, sempre, até mais ver,
Sempre divisíveis.
Se nileus não é pronome
É lá com os gramáticos.
Mas, meus Senhores!
Sejamos práticos!!


“Descompasso”, Círculo de Poesia – Nova Série
Moraes Editores, Lisboa, 1986


---------------------------------------------------------------------------

JOSÉ BLANC DE PORTUGAL
(Lisboa, 1914 – 2000, Lisboa)

Licenciou-se em Ciências Geológicas pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo trabalhado, como meteorologista, no Serviço Meteorológico Nacional. A carreira científica levou-o de Lisboa às ilhas atlânticas (Açores, Madeira e Cabo Verde) e dali a Angola e Moçambique.

Poeta, ensaísta, crítico literário e musical, investigador. No campo da investigação científica, directamente relacionada com a profissão, publicou vários estudos, nomeadamente a monografia Introdução ao Estudo das Correntes de Jacto (1955). Como crítico musical, colaborou em diversas publicações, e foi crítico literário na Emissora Nacional.

Foi uma das figuras literárias portuguesas de mais vasta cultura (em vários domínios) tendo sido adido cultural no Rio de Janeiro (1973-78) e vice-presidente do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (1978-82).

Mas foi sobretudo como poeta que a sua personalidade mais se destacou. Foi fundador e co-director dos Cadernos de Poesia, em todas as séries, entre 1940 e 1953, tendo publicado ali alguns dos seus mais importantes poemas.

Estreou-se com o volume “Parva Naturalia” (1960, Prémio Fernando Pessoa), a que se seguiram “O Espaço Prometido” (1960), “Anticrítico” (1960, obra de reflexão ensaística), “Odes Pedestres” (1965, Prémio Casa da Imprensa), “Descompasso” (1987) e “Enéadas (1989).

ROSTO