domingo, novembro 15

CAMUS - O MARXISMO



















Pelo contrário, (Camus) pensa que o marxismo não resiste à reflexão, e contradiz-se quando é posto em prática. Os seus adeptos parecem viver do seu servilismo inconsciente, mal informados sobre a ideologia que professam tão vigorosamente, vivendo somente da sedução:

“Contar-se-iam pelos dedos da mão os comunistas que chegaram à revolução pelo estudo do marxismo. Convertem-se primeiro e só depois lêem as Escrituras". (“O Homem Revoltado”)

São os participantes ideais de um estado baseado no anonimato e na alegada eficiência dos seus funcionários. A burocracia inunda toda a forma de totalitarismo mesmo a que se diz democrática. É a Secretária da Peste que em Estado de Sítio se assume como revolucionariamente justa – e, na verdade, que haveria mais justo que a morte que a todos abraça? – e assim fala sobre a revolução:

“As revoluções não falam de insurrectos. A polícia, hoje, serve para tudo, mesmo para derrubar o governo. E não será melhor assim, de resto? O povo pode descansar enquanto os bons espíritos pensam por ele e decidem em seu lugar sobre a quantidade de felicidade que lhe é favorável”

In CAMUS, M. Luiza Borralho – Rés, 1984 (Um livro raro acerca de Camus, editado em Portugal, que encontrei, por acaso, numa livraria de Lisboa – muito interessante.)

Para A Regra do Jogo


sábado, novembro 14

UMA PEQUENA LUZ ...


Para além desta pertinente observação tenho a certeza que hoje, pelo menos durante noventa minutos, ninguém falará nas escutas …
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quarta-feira, novembro 11

ANA VIDIGAL


ANA VIDIGAL - Matar o Tempo 
INAUGURAÇÃO: 12 Novembro - 19:00

Na ocasião será lançado o livro/catálogo ANA VIDIGAL pela Galeria 111.
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segunda-feira, novembro 9

MES - 28 ANOS
















Há 28 anos o 7 de Novembro também foi um sábado


O António Pais não se esqueceu do 28º aniversário do jantar que celebrou a extinção do MES (Movimento de Esquerda Socialista). Eu também não me esqueci mas deixei passar ainda para mais porque uns dias atrás, no aniversário do Ferro Rodrigues, revisitei a memória desse tempo. Mas tantas fotografias juntas, imagens únicas desse acontecimento original, não podiam passar em claro.

O TORNOZELO DE RONALDO


Não sei se Ronaldo (Cristiano) está lesionado ou não, é provável que esteja, mas apetece-me saudar a sua convocatória para os jogos decisivos que a selecção nacional de futebol vai disputar na presente/próxima semana. Perdi o entusiasmo pelo futebol de clubes, tanto se me dá que o clube da minha predilecção ganhe ou perca, mas não perdi o entusiasmo pelos jogos da selecção. É talvez aquela réstia de nacionalismo sadio que guardamos connosco no tempo de todas as globalizações. Simplifico, claro está, aproveitando tratar-se de um assunto banal … mas que mexe com o fundo das nossas memórias (pelo menos das minhas). Na verdade, talvez não me sejam assim tão indiferentes os resultados dos clubes mas não sofro tanto com eles como sofro com os da selecção. É bem provável que Ronaldo (Cristiano) esteja lesionado o que na sua profissão, quer se queira, quer não, o impede de subir ao palco. Mas pode dar-se o caso de, pelo contrário, ter sido, simplesmente, escondido pelos investidores, para não se expor ao risco de se lesionar ao serviço de uma selecção de um pequeno país. Ora não jogando estes dois jogos com a Bósnia (Lisboa/Sarajevo, bonito!) e caso Portugal ganhe, apurando-se para a fase final do mundial da África do Sul, será que Ronaldo (Cristiano) estará disponível, e os que o mantêm sequestrado, o libertarão para a grande montra do futebol mundial? É que se Portugal ganha sempre que Ronaldo não joga pela selecção, o que todos perguntam, sem o dizer, é se ele faz falta à selecção! Talvez esta convocatória/provocação, como os espanhóis lhe chamam, e a sua mais que provável falta à chamada, faça os homens de negócios que condicionam o desporto-rei entender que os pequenos países não se medem aos Ronaldos….

MUROS




















Após o Muro de Berlim, agora o da Palestina
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domingo, novembro 8

USA - REFORMA DO SISTEMA DE SAÚDE VAI EM FRENTE















Sweeping Health Care Plan Passes House


Algo importante se passou na América. A reforma do sistema de saúde de Obama, vencendo obstáculos, faz o seu caminho. Ainda há quem diga que não diferenças entre a direita e a esquerda!


sexta-feira, novembro 6

EDGAR MORIN



A propósito de uma notícia e das tentativas de agendar um encontro (físico) entre os fazedores do blogue A Regra do Jogo.


A vida é, portanto, um processo de desordem permanente, de desorganização, de desintegração, inseparável da reintegração. A sociedade não é um rochedo num mar de desordem. É antes feita de esforços sempre recomeçados, por parte de indivíduos que, eles próprios, se reorganizam incessantemente. Tudo o que existe deve viver no risco permanente, no limiar da sua própria morte. Devemos adquirir uma concepção pela qual assumamos muito mais o risco, as potencialidades da existência. É esta uma concepção que deve romper totalmente com a visão burocrática e a falsa ideia de segurança contra todos os riscos. Isto não quer dizer que seja preciso suprimir os seguros, a segurança social … É preciso, antes pelo contrário, ter seguranças materiais, mas a nossa vida mental, psíquica, é uma vida decorrida no risco profundo. A criatividade constitui-se nas fronteiras da loucura e da morte. É preciso mudar de visão. Aceitar na vida o risco, o inevitável, porque isso é a oportunidade de criar, de se expandir, de comunicar e de amar.

Edgar Morin In “Pensar o Milénio com Edgar Morin” (excerto de uma entrevista de João Fatela.)
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quinta-feira, novembro 5

DEMOCRACIA, LIBERDADE, DEBATE ...


                                        Deborah Luster


A Assembleia da República debate o programa do governo – após a intervenção inicial do 1º Ministroum debate puro e duro dando início a uma longa batalha política da qual, espero, não saiamos todos vencidos. A grande vantagem da democracia parlamentar é acolher as mais diversas opiniões organizadas, mais ou menos virulentas, mais ou menos assertivas, mais ou menos coloridas, mais ou menos cínicas; a grande vantagem da democracia é servir de palco à liberdade, através da livre expressão de opiniões diversas, que se confrontam, e da afirmação dos espíritos críticos que, sem reserva mental, criam espaços de confluência mesmo quando no ruído imediato tudo parece ser divergência. É um labirinto que cada um de nós pode entender melhor se for capaz de reflectir um tempinho acerca da sua experiência pessoal, profissional ou familiar. Tudo se ganha, e nada se perde, com o exercício da liberdade. Essa liberdade que os mais jovens consideram natural e os mais velhos ostentam como uma conquista. Mas mesmo na democracia é preciso exercitá-la pois a democracia é um lugar que, por ausência do exercício da liberdade, se pode tornar a antecâmara da tirania. A história ensina-nos, com abundantes ilustrações de eventos trágicos, que não vale a pena citar, como a democracia é delicada.  Por isso, neste debate, como noutros, compreendo bem, e aprecio, a energia, e a plasticidade discursiva, aliás notáveis, do 1º ministro, e as réplicas não menos notáveis, e tenazes, de alguns dos tenores da actual oposição parlamentar. O debate político exige uma forte capacidade de argumentação, fundadas convicções, conhecimento dos detalhes, fina sensibilidade para passar no crivo do julgamento público, instantâneo, que a mediatização absoluta dos nossos dias,  impõe, de forma implacável, como uma espécie de ditadura que, paradoxalmente é, ao mesmo tempo, a última salvaguarda da liberdade.

quarta-feira, novembro 4

terça-feira, novembro 3

VAI COMEÇAR O JOGO!


                                      Rania Matar

Já li o suficiente do Programa do XVIII Governo, ontem entregue na Assembleia da República, para perceber que corresponde ao programa de governo do PS apresentado a sufrágio nas últimas eleições legislativas. Onde está o espanto? Como muitos outros já escreveram o contrário é que seria de espantar. A um governo de um só partido corresponde o programa apresentado a sufrágio por esse partido. Haveria lugar a negociação prévia do programa no caso de se tratar de um governo de coligação ou, de um só partido, resultante de acordo político com incidência parlamentar. Não é o caso. No entanto não está escrito nas estrelas, antes pelo contrário, que não venham a celebrar-se acordos parlamentares destinados a viabilizar o programa de governo. Não pode ser, aliás, de outra maneira. Chegou a hora das oposições “mostrarem a sua raça”. Estabilidade ou instabilidade? Governabilidade ou ingovernabilidade? Oposição de esquerda, oposição de direita. Iguais? Diferentes? … O governo tem um programa que ocupa o vértice de um triângulo: governo, oposições, presidente. Vai começar o jogo! A regra do jogo: a democracia! O lugar do jogo: o Parlamento!

segunda-feira, novembro 2

ESTÓRIA

David Torcoletti

SENA, JORGE


A minha homenagem a Jorge de Sena que, se fosse vivo, celebraria hoje o seu 90º aniversário.


Mais longe, o que é mais longe?
Ficar no lugar, que é ficar perto?

Sena, Jorge, o homem de letras
esse mesmo que a marinha expulsou,
pai de muitos filhos, emigrante, poeta
quase eterno, amante de várias
Pátrias, morreu longe da sua,
mas nunca a esqueceu, antes quis
ser amado por ela
e ela, ingrata, o renegou.

Este é o último dos “20 Poemas de Cuba”, manuscritos a lápis, entre 23 e 27 de Julho de 2007, nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.

domingo, novembro 1

Marcelo: o silêncio eterno dos sonhos adiados!
























O que é mais assinalável, e chocante, na luta de facções no PSD, como hoje lhe chamou Marcelo, é um dos protagonistas ser ele próprio tendo ao dispôs, como tribuna, o canal público de televisão. Ao que assistimos é a uma refrega partidária e, suponho, Marcelo recebe cachet! Queira-se, ou não, Marcelo promove-se à custa de um debate acerca da futura liderança do seu partido, gera expectativas, frustra expectativas, impulsiona a luta de facções e condena a luta de facções, encena a política espectáculo de que ele próprio é actor principal. O desfecho da trama é a própria incerteza do desfecho da trama. Fascinante mas, como dizem os mais entendidos, conhecedores dos bastidores e do personagem, Marcelo nunca virá a ser, de novo, líder do PSD. Marcelo nem chegará a ser candidato pois sabe que só sairia vencedor através de uma entronização. E os partidos, em regime democrático, escolhem os seus líderes por via de eleições internas que exigem o que Marcelo insiste em recusar: “ringue”, ou seja, o debate miúdo e o voto viscoso das bases que, no PSD, ele sabe que não mobiliza. O candidato que defrontará Passos Coelho afinal será outro! Então ao que vem Marcelo? Alimenta as luzes da ribalta para alumiar uma eventual futura candidatura presidencial. Mas para tornar esse sonho realidade, para as próximas presidenciais, teria que retirar Cavaco do caminho, ou beneficiar da sua falta de comparência, pois nas seguintes já tem Durão Barroso na fila de espera. Depois seguir-se-á o silêncio eterno dos sonhos adiados!

COM CAMUS



















A propósito da série “sublinhados de leitura” recomendo para uma iniciação a Albert Camus a edição portuguesa, recentemente lançada, de “Avec Camus” (“Com Camus”), de Jean Daniel.