Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, outubro 17
sexta-feira, outubro 14
ITÁLIA
Os fascistas chegaram ao poder em Itália, país de todas as experimentações, e já se digladiam em suas contradições. Os italianos vão sofrer as consequências, ainda mais os imigrantes, o projeto da União Europeia periga e os democratas têm que se pôr em guarda.
quinta-feira, outubro 13
Homenagem a Nuno Teotónio Pereira pelo centenário do seu nascimento
Prestar homenagem ao arquiteto Nuno Teotónio Pereira, ao qual estamos ligados
por um longo percurso de lutas pela justiça e liberdade, é mais do que um dever
através do qual nos perfilamos perante a sua memória, é o prazer de voltar à
companhia de um resistente cuja ação sempre foi pautada por princípios e valores
que partilhamos. O Nuno Teotónio Pereira é uma daquelas personalidades raras na
qual se juntam um notável curriculum profissional e uma intervenção cívica,
persistente e pertinente, assumida desde os tempos da oposição à ditadura. Ele
é, na verdade, um dos arquitetos portugueses do século XX português que foi
capaz, como poucos, de integrar, sem cedências à facilidade, as preocupações
sociais e a arte de «arquitetar». Há por esse país muitas obras de sua autoria,
ou coautoria, que testemunham esta simbiose. Participou de forma intensa e
desinteressada nos movimentos de oposição à ditadura, oriundo da corrente dos
católicos progressistas, que havia de confluir, nas vésperas do 25 de abril de
1974, com grupos de base operária e do movimento estudantil, no qual nós
próprios participávamos, no Movimento de Esquerda Socialista (MES).
Encontrámo-nos nas intermináveis sessões de debate que antecederam a criação
formal deste partido desalinhado das correntes políticas dominantes. O Nuno
Teotónio Pereira sempre foi uma das nossas referências enquanto personalidade
que assumiu, com coragem cívica e pessoal, os difíceis desafios de combater a
ditadura de forma aberta e frontal. Era, entre todos nós, um dos mais velhos,
experientes e respeitados dirigentes mantendo sempre a verticalidade face às
adversidades e uma autêntica capacidade de diálogo. Ao Nuno Teotónio Pereira
devemos todos, os jovens quadros dos anos 60 e 70, uma imensidade de
ensinamentos, gestos de desprendida solidariedade e humanidade que jamais
poderemos retribuir com a mesma intensidade e sentido de dádiva.
Que viva!
Eduardo Ferro Rodrigues e Eduardo Graça (Testemunhos – Nuno Teotónio Pereira (nunoteotoniopereira.pt)
quarta-feira, outubro 12
domingo, outubro 9
O ACORDO
"Primeiro-ministro apresentou acordo de rendimentos para a legislatura, assinado com patrões e UGT um dia antes da apresentação do Orçamento do Estado. Numa cerimónia inédita, sindicatos e patrões deixaram leves críticas à forma apressada com que o processo foi conduzido mas elogiaram ministros e prometeram “empenho” num “caminho” de quatro anos. Costa sai sorridente: eis a maioria absoluta dialogante." (In "Expresso")
O acordo de concertação social a médio prazo foi assinado pelo governo e os parceiros da Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) - integrando o que vulgarmente se designa por patrões e sindicatos - o que ao contrário do que dizem vários comentadores (notoriamente desorientados) não é inédito sempre com a ausência de assinatura da CGTP que nunca assina nada embora nos bastidores possa dizer que concorda mas que não pode assinar. Trata-se de uma grande vitória do governo de Costa digam o que disserem os criticos. As coisas são como são e neste momento crítico da vida nacional e internacional reunir forças criando consensos entre parceiros com interesses diversos e por vezes opostos é uma mais valia que qualquer governo muito gostaria de obter.(Os comentadores em cima do acontecimento mostram-se pouco preparados para as surpresas nem se tendo dado ao trabalho de ler o texto do acordo que foi tornado público e dizem disparates sem fim.) É a vida ...
sábado, outubro 8
A GUERRA
A guerra prossegue sem sinais de abrandamento antes pelo contrário parece alargar-se ameaçando ganhar novas formas. A incerteza está instalada sem poupar ninguém. O argumentário do regime de Putin justificando a guerra como parte de uma luta da Rússia contra o nazi fascismo é pura invenção propagandistica para consumo interno. Mas Putin tem aliados poderosos como a Arábia Saudita que levou a OPEP a reduzir a produção de petróleo tornando-o mais caro nos mercados. O que se trata nesta guerra diz-se em duas palavras hoje como sempre na história: totalitarismo versus democracia. A pior das democracias é sempre melhor do que qualquer totalitarismo.
quinta-feira, outubro 6
terça-feira, outubro 4
5 OUTUBRO DE 1910
Às 8,30 da manhã passava pela Rua do Ouro, em triunfo, a artilharia, que era delirantemente ovacionada pelo povo.
As ruas acham-se repletas de gente, que se abraça. O júbilo é indescritível!
A essa hora, no Castelo de S. Jorge, que tinha a bandeira azul e branca, foi içada a bandeira republicana.
O povo dirigiu-se para a Câmara Municipal, dando muitos vivas à REPÚBLICA, içando também a bandeira republicana.
(…)
Vê-se muita gente no castelo de S. Jorge acenando com lenços para o povo que anda na baixa. Os membros do directório foram às 8,40 para a Câmara Municipal, onde proclamaram a República com as aclamações entusiásticas do povo.
O governo provisório consta será assim constituído: presidente, Teófilo Braga; interior, António José de Almeida; guerra, Coronel Barreto; marinha, Azevedo Gomes; obras públicas, António Luís Gomes, fazenda, Basílio Telles; justiça, Afonso Costa; estrangeiros, Bernardino Machado.
Governador Civil, Eusébio Leão.
Em quase todos os edifícios públicos estão tremulando bandeiras republicanas. A polícia faz causa comum com o povo, que percorre as ruas conduzindo bandeiras e dando vivas à República.
(Transcrito de O Século, quarta feira, 5 de Outubro de 1910, publicação de última hora.)
Raúl Brandão, in Memórias “O meu diário” – Volume II
Perspectivas & Realidades
domingo, outubro 2
Edgar Morin
Edgar Morin. Em louvor da longevidade.
"A 101 ans, le théoricien de la complexité revient sur un siècle de vie, traversé par la guerre et la résistance, le communisme, la fraternité et l’amour, la recherche et l’écriture, mais aussi la mort, vécue enfant, d’une mère infiniment aimée.
Le sociologue et philosophe, Edgar Morin, directeur de recherche émérite au CNRS et docteur honoris causa dans de nombreuses universités de par le monde, vient de publier Réveillons-nous (Denoël, 80 pages, 12 euros). A 101 ans, le théoricien de la complexité revient sur un siècle de vie, traversé par la guerre et la résistance, le communisme, la fraternité et l’amour, la recherche et l’écriture, mais aussi la mort, vécue enfant, d’une mère infiniment aimée." (In "Le Monde")
sexta-feira, setembro 30
CAVACO O AMORFOCRATA DÁ SINAL DE VIDA
Uma vez mais Cavaco sinaliza que está vivo.
Quando Cavaco fala ou escreve algo para o público é sinal de que temos a esquerda no poder, no caso português, pasme-se, os socialistas a solo, caso raro, mesmo único, na Europa. Logo me apetece, conhecendo a criatura, escrever também algo pois a conheço de tempos idos, e de todos os tempos, mesmo de muito antes de ter emergido na politica. Assim tendo ele escrito hoje, como faz com periodicidade mais ou menos anual, um artigo no Público reproduzo um pequeno escrito de 2021.
"Cavaco Silva enquanto vivo nunca perdoará à esquerda e aos socialistas a ousadia de ser governo (eleito). Mais ainda quando está em causa gerir recursos financeiros que se estimam abundantes. Não admira assim que uma vez mais venha a terreiro escrever contra o "perigo vermelho", quando na Europa e não só a esquerda recupera posições desde a Alemanha à Itália, dos USA ao Brasil. Haja paciência. Como escrevi faz anos Cavaco Silva é um “amorfocrata”: um democrata com ausência de forma definida. Tolera os partidos e aceita a constituição."
A TRAGÉDIA
Hoje, sexta feira, 30 de setembro de 2022, "a Rússia vai anexar formalmente quatro regiões da Ucrânia que estão actualmente sob ocupação militar russa ou são controladas por forças separatistas." (In "Público").
Sucedem-se os acontecimentos que ameaçam a paz na europa e no mundo. Além dos atos de guerra (hibida, como agora se diz), Putin e a nomenclamatura que lhe é fiel (pelo menos por enquanto) executam "números" politicos ridiculos, quiçá trágicos, como o dos referendus seguidos de anexão de territórios que pertençem a outro país. A chantagem do nuclear parece resultar até o dia em que vira tragédia. Somente a queda por dentro do atual regime politico russo pode estancar esta caminhada para o inferno.
terça-feira, setembro 27
LULA
Um dia destes numa conversa com um dirigente de uma grande organização da sociedade civil brasileira, dizia-me ele que Bolsonaro ia ganhar as presidenciais; eu não conheço a realidade política do Brasil, somente o que se diz e escreve acerca dela, retorqui que me parecia que não, Lula desde que pudesse ser candidato, bastava pôr um pé no chão, logo ganharia; a minha convição advém do carisma da sua figura junto dos mais pobres e desprotegidos - a maioria dos brasileiros, da política seguida por Bolsonaro perante a pandemia de Covid 19, desprezível, e o alinhamento de Lula na corrente que tem levado a que na América do Sul nos últimos tempos em sucessivas eleições nessa região do mundo as forças de esquerda tenham ganho. Lula está velho, verdade, a voz gasta, o gesto mais lento, verdade, o radicalismo de direita ou de esqurda é um perigo, mas como dizia uns anos atrás Fernando Henrique Cardoso, Lula é um conservador... o mais conservador possível dos radicais, digo eu!
segunda-feira, setembro 26
ITÁLIA
Não sou capaz de usar meias palavras para comentar o resultado das eleições em Itália. Após avanços e recuos, ao longo dos últimos anos, a extrema direita ganha as eleições em Itália. É a vitória do neo fascismo na época atual, com bastantes semelhanças com os anos 30 do século passado. Não há que ter contemplações na condenação do que será uma politica anti valores democráticos europeus, racista e xenófoba do governo que vier a formar-se. A UE entrou numa zona de perigo real para a sua própria sobrevivência como projeto de afirmação de uma Europa democrática defensora das liberdades.
domingo, setembro 25
DALOT
Ainda não tinha chegado ao Dalot nestas incursões futebolisticas, mas hoje tenho que o puxar para a ribalta. O Eng.º Santos safou-se à larga e limpou o terreno até 3ª feira quando a Espanha nos confrontar com dificuldades de outro nível. Fez-se mais uma vez a prova que Portugal é um viveiro de jogadores de futebol (de treinadores e gestores também). Dalot é um jovem de 23 anos, formado no FC Porto,"exportado" para Inglaterra com 18. Todos os jogadores titulares que pisaram hoje a relva na República Checa (à antiga) jogam fora de Portugal com exceção do guarda redes que não tarda também sairá. Uma seleção de emigrantes de luxo e ricos que aceitam vestir a camisola da seleção como, aliás, em todos os países... Uma coisa antiga que espero se mantenha.
© Getty Images
sábado, setembro 24
TOLENTINO
"O cardeal português José Tolentino Mendonça, atual arquivista e bibliotecário da Santa Sé, vai ser responsável pelo novo Dicastério para a Cultura e a Educação do Vaticano, o que pode ser equiparado a um ministério. A informação foi avançada pelo jornal “Sete Margens”, que cita fontes eclesiásticas." In "Expresso" - O que tenho vindo a dizer em conversas com amigo: cada vez mais próximo de suceder a Franciso. A ver vamos ...
quinta-feira, setembro 22
SOLIDÃO
"23 de Setembro.
Solidão, luxo dos ricos.” - Albert Camus, in “Caderno” n.º 2 (Setembro de 1937/Abril de 1939) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).
terça-feira, setembro 20
GONÇALO RAMOS
Gonçalo Ramos, moço de Olhão, ilustra-se com os golos de avançado, por entre tarefas de carregador de piano, sobe na hierarquia da comunicação e acaba na seleção aos 21 anos. O Eng.º Santos atreve-se a ousar e ainda pode ir mais além.
domingo, setembro 18
quinta-feira, setembro 15
"Sinto-me com forças extremas e profundas."
15 de Set. (1937).
(...)
“Lamber a vida como um rebuçado, formá-la, estimulá-la, enfim, como se procura a palavra, a imagem, a frase definitiva, aquele ou aquela que conclui, que detém, com quem partiremos e que de futuro fará a cor do nosso olhar.”
(...)
“Quanto a mim, sinto-me numa curva da minha vida, não devido àquilo que adquiri, mas àquilo que perdi. Sinto-me com forças extremas e profundas. É graças a elas que devo viver como desejo. Se hoje me encontro tão longe de tudo, é que não tenho outro desejo senão amar e admirar. Vida com rosto de lágrimas e de sol, vida sem o sal e a pedra quente, vida como a amo e a entendo, parece-me que ao acariciá-la, todas as minhas forças de desespero e de amor se conjugarão.”
(...)
“É como se recomeçasse a partida; nem mais feliz nem mais infeliz. Mas com a consciência das minhas forças, o desprezo pelas minhas vaidades, e esta febre, lúcida, que me preocupa em face do meu destino.”
Albert Camus in “Caderno” n.º 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).
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