sexta-feira, setembro 23

Cá Vamos Andando, Graças a Deus ...


Fotografia de José Marafona

Alguns amigos manifestaram a sua perplexidade acerca do meu escrito sobre Fátima Felgueiras. Não fui porventura suficientemente irónico ou a minha ironia não surtiu o efeito desejado.

Suspeito que nunca será possível compreender a coincidência de tantos processos judiciais terem ganho asas no ano de 2002 mesmo que tivessem sido iniciados antes.

Foi esse exactamente o ano em que a direita ascendeu ao governo, através das eleições legislativas de Março de 2002, tendo Ferro Rodrigues como seu principal adversário enquanto líder do PS.

Nesse governo de direita a ministra da Justiça era a militante do PP, Celeste Cardona, sendo ministro da Defesa e Vice-primeiro-ministro o líder do PP, Paulo Portas.

Era ministro da segurança social, pelo PP, Bagão Félix, que sucedeu a Paulo Pedroso, nessa pasta, com a tutela da Casa Pia.

E por aí adiante … Hoje por hoje não se lhes ouve uma palavra. Estão calados como ratazanas...

Tudo o que aconteceu, a partir de uma determinada data, em 2002, nas relações entre algumas instâncias do poder político, judicial e mediático exigia uma mega-investigação que ninguém se atreve a propor quanto mais a concretizar.

Tudo o que está a acontecer agora são as sequelas de algo de muito grave, envolvendo a direita e a extrema-direita, de que há indícios, factos e provas que já vieram a público mas que, aparentemente, ninguém está a investigar a sério. Oxalá me engane ...

Acerca de todos esses acontecimentos, e suas sequelas, acompanho a dor das vítimas inocentes e estou solidário com os caluniados e proscritos de que, eu próprio, ironicamente, faço parte.

Aguardo, ao mesmo tempo, com serenidade, que seja feita justiça embora acompanhado sempre pela lembrança de uma reflexão perturbadora de Camus, que pode ajudar os meus amigos a decifrar a minha amarga ironia acerca do regresso triunfal de Fátima Felgueiras.

Escreveu Camus, citando Flaubert: “Um homem julgando outro homem é um espectáculo que me faria rir à gargalhada se não despertasse, antes, a minha piedade.”

Entretanto quando me falam indagando do meu estado de espírito e, às vezes, da saúde, sempre me apetece dizer: cá vamos andando, graças a Deus …

Há coisas belas para olhar no mundo que nos rodeia e a esperança de um novo dia nunca morre no coração dos homens de boa vontade.

quinta-feira, setembro 22

Nostalgia da vida dos outros.


“Nostalgia da vida dos outros. É que, vista do exterior, forma um todo. Enquanto que a nossa, vista do interior, parece dispersa. Corremos atrás de uma ilusão de unidade.”

Albert Camus


Caderno n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil”. (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

Elsa Martinelli


Elsa Martinelli (1956)

Na nossa digressão de verão pelas memórias das actrizes italianas ninguém se lembrou de Elsa Martinelli.

Almocreve das Petas


Jorge de Sena no Almocreve das Petas

Não sei, só sei


Buscando el Silêncio de Cecilio Colón Guzmán

Não sei se vos vou encontrar todos
Pois não encontro ninguém disposto
A ir além do desencontro esperado

Não sei se vos interessa olhar o lado
Oculto, o gemido da morte iminente
A perda do próprio ser desesperado

Não sei se vos interessa a surpresa
Dos sentidos que se não encomenda
No supermercado mas que se sente

Não sei se sou capaz de sobreviver
Muito mais tempo sem vos acariciar
Os seios imaginários erectos sempre

Não sei mesmo nada de mim enfim
Só a minha voz silenciada e muda
Que oiço no fundo do firmamento

Não sei não, não sei se me entendo
Se me entendem os silêncios nus
Os silêncios musicados de palavras

Só sei o que me palpita no corpo
Que trago a enroupar os sentidos
E que vagamente me surpreende

Lisboa, 23 de Abril de 2005

(Imagem e Poema para o JPN e o seu Dicionário do Silêncio, in Respirar o Mesmo Ar)

quarta-feira, setembro 21

Fátima Felgueiras


Fotografia - Lusa

Apetecia-me dizer que isto não tem nada a ver com política. Mas a verdade é que tem a ver e vai mais além. É uma questão que põe em evidência a maneira portuguesa de viver. Tocata e Fuga. Regresso e Entrega. Candidatura e Afrontamento. Xeque a todos os poderes!

Não digam que é ridículo pois é muito sério. Um caso exemplar. Uma alegoria à acção dos representantes do povo e das instituições do Estado. Uma homenagem aos caricaturistas. Um hino à imaginação. E porque não reconhecê-lo um acto de coragem.

Sempre me quis parecer que Fátima Felgueiras havia de regressar e participar na campanha eleitoral. Na prisão ou em liberdade. Ainda bem que, como tudo leva a crer, não fará a campanha na prisão. Caso se confirme a sua candidatura as TV têm à mão de semear um tema inesgotável, um “reality show”de audiências incomensuráveis. Esperem pelos debates.

O major, o Isaltino, o labrego, o Professor, o Eng.º, vão ser eclipsados por Fátima Felgueiras. São todos candidatos polémicos, mas banais, à vista da nossa Evita. Uma Evita à Portuguesa!

O nosso povo sempre disse, nos momentos de amargura, que temos que estar preparados para tudo! Mas a verdade é que o caso “vende”, os poderes tremem e o povo delira com estas aventuras.

O espectáculo vai começar ...

Abrangente


Apresentando Abrangente

MILESTONE - Quatro anos após o derrube do regime taliban, o povo afgão foi às urnas votar nas eleições para o Parlamento de Cabul. As últimas eleições realizadas naquele país, foram há 36 anos, ainda o Afganistão era um reino.

A afluência às urnas foi baixa, na ordem dos 50 por cento, mas tendo em conta as ameaças da Al-Qaeda e os ataques feitos pelos taliban nas últimas semanas, os 50 por centos de eleitores que votaram, é um número significativo e um desafio aos mentores do terrorismo naquele país.

Porque nas listas, 25 por cento dos candidatos, eram mulheres... e algumas sempre se apresentaram sem burka! Deram a cara pelo futuro... E o futuro agora, é a reconstrução do país arrasado.

As Vozes


Fotografia de José Marafona

As vozes na noite quente
e os passos lá fora,
uma aragem corta o calor
intenso do verão ardente,
ouço o meu tempo passado
ao luar escoar-se
e lembro os rostos gretados
do sol, os braços nus
as veias e o suor salgado
a gotejar na terra seca,
ressequída, revolta
a golpes de enxada

As vozes na noite quente
estou nelas inteiro
e nelas ouço a minha gente.

Faro, 15 de Julho de 2004

terça-feira, setembro 20

Esquecimento


Fotografia de Margarida Delgado

“Este ruído das nascentes ao longo dos meus dias. Correm em volta de mim, através dos prados ensoalhados, depois mais perto de mim ainda e em breve terei este ruído dentro de mim, esta nascente no coração e este ruído de fonte acompanhará todos os meus pensamentos. É o esquecimento.”

Albert Camus

Caderno n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil”. (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

Manuais Escolares em Espanha

O "El País", de ontem, 19 de Setembro de 2005, realiza um balanço da situação do processo de introdução da gratuidade dos manuais escolares nos primeiros anos de escolaridade em Espanha. Trancrevo, na íntegra, a notícia. Ver a notícia no IR AO FUNDO E VOLTAR.

segunda-feira, setembro 19

Em Luta


Erotismo na Cidade

Aprendi a usar as palavras
Como defesa e em desafio.
Armas de arremesso
Trocas de tiros verbais.
Hoje
Tento suavizá-las.
Mas saem sempre em luta
Mesmo
Quando a palavra é paz
Mesmo
Quando a palavra é amor.

Foto:Renya Jozwik

Ann-Margret


Ann-Margret, in Discos Antigos

As Eleições na Alemanha


Fotografia in a mega fauna

Deu tudo errado com as sondagens nas eleições na Alemanha. Deu tudo errado com a cobertura das televisões portuguesas daquelas eleições. Deu tudo errado para as expectativas da direita europeia e dos EUA.

Quando em eleições dá tudo errado, face às expectativas criadas, e os votos estão bem contados, o que dizer? Desembrulhem-se! Reequilibrem-se! Ponham-se de acordo no essencial! E já agora: dá para entender as vantagens de uma maioria absoluta?

domingo, setembro 18

Napoleão


Napoleão Bonaparte – Imagem e Breve Biografia

As grandes frases de Napoleão. “A felicidade é o maior desenvolvimento das minhas faculdades.”

Antes da ilha de Elba: “Um malandro vivo vale mais do que um imperador morto”.

“Um homem realmente grande colocar-se-á sempre acima dos acontecimentos que originou.”

“É necessário querer viver e saber morrer.”

Albert Camus

Caderno n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil”. (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

Comment te dire adieu


Na foto Françoise Hardy in La Vie en blues

Comment te dire adieu

além de ontem
- azul de ladrilhos -
espectra a manhã
num relance:
página em branco,
grito de galo, fogo perpétuo
- despertar é áspero,
poroso
golpe de luz
a frio – alarde de cristais.

Língua dos Versos


E Viva o Porto – Fotografia de Hélder Gonçalves

Língua;
língua da fala;
língua recebida lábio
a lábio; beijo
ou sílaba;
clara, leve, limpa;
língua
da água, da terra, da cal;
materna casa da alegria
e da mágoa;
dança do sol e do sal;
língua em que escrevo;
ou antes: falo.

Eugénio de Andrade


Lengua de los versos

Lengua;
lengua del habla;
lengua recibida labio
a labio; beso
o sílaba;
clara, leve, limpia;
lengua
del agua, de la tierra, de la cal;
materna casa de la alegria
y la amargura;
danza del sol y de la sal;
lengua en que escribo;
o antes: hablo.

Rente ao Dizer/Próximo al Decir
Tradução de José Luís Puerto
Amarú Ediciones

sexta-feira, setembro 16

UM CORPO


Fotografia de Margarida Delgado, in Sabor a Sal

Um corpo desejável envolto em pose despojada
Ser tocado e fazer-se mais desejado entreaberto
Na espera do inesperado sem horas nem tempo
O corpo somente o corpo pontiagudo se derrete
E escorre ao longo dos meus lábios lentamente.


21 de Dezembro de 2004

"Panorama da Educação Nos Países da OCDE"


Serralves – Fotografia de Hélder Gonçalves

Foi divulgada a edição de 2005 do “Panorama da Educação nos países da OCDE”. Este “panorama” consiste, em síntese, num conjunto de indicadores, comparáveis e actualizados, acerca do desempenho do sistemas educativo em 30 países.

Comecemos por assinalar, por via dos equívocos, que os progressos realizados nos últimos anos em muitos países, incluindo Portugal, são assinaláveis. O interesse do relatório concentra-se, no entanto, na apreciação da posição relativa de cada país no que respeita ao desempenho da respectiva política educativa.

E, naturalmente, no enunciado dos indicadores nos quais Portugal surge, em termos comparativos, numa posição desvantajosa.

Eis um enunciado sintético de três desses indicadores que podem ser consultados, na íntegra, através do link que surge no final deste post.

- Portugal surge no último lugar no indicador de frequência do ensino formal, com 8,2 anos, considerando os cidadãos dos 25 aos 64 anos. Quer dizer que cada português adulto frequentou a escola, em média, 8,2 anos.

Nos últimos lugares, neste indicador, surgem também a Itália (10 anos), Turquia e México (menos de 10, mas mais de 8,2 anos). Os primeiros lugares são ocupados pelos EUA, Noruega, Dinamarca e Luxemburgo, com cerca de 14 anos.

Este indicador é, certamente, um dos mais objectivos e o reverso de outro tipo de indicadores, conhecidos, como o que se refere ao “abandono escolar precoce” em que Portugal ocupa o último lugar entre os países da UE.

- Nalguns países os professores (“a meio da carreira”) têm salários mais do que duas vezes superiores ao PIB per capita do respectivo país, casos da Coreia e do México, ocupando Portugal o lugar imediatamente a seguir, usufruindo os professores portugueses de salários semelhantes aos da Alemanha e da Suíça.

Mesmo considerando que os professores trabalham em contextos diferentes, integrados em processos organizacionais diversos, de país para país, este é um indicador bastante surpreendente que ainda mais se torna impressivo quando se lhe junta o indicador do tempo líquido, em “horas por ano”, passado pelos professores em actividades lectivas na escola.

- Neste indicador Portugal apresenta uma situação que indicia uma relativamente fraca permanência dos professores na escola com um valor ligeiramente superior às 600 horas/ano face à média do conjunto dos países que é de 701 horas/ano, sendo que este valor atinge mais de 1000 horas nos EUA e no México e um valor mínimo de 535 horas no Japão.

Os indicadores disponibilizados por este relatório da OCDE têm o valor que têm, mas, no seu conjunto, representam uma fotografia bastante negativa do estado da educação em Portugal.

A sua leitura por mais benévola que seja face a factores de diferenciação do “caso português” dão uma forte caução às medidas que o governo socialista tem vindo a aplicar na reforma do sistema, em particular, na promoção de um mais extenso e atento acompanhamento pelos professores das actividades lectivas dentro das escolas.

De facto a conjugação, em Portugal, de salários relativamente elevados dos professores com o tempo da sua permanência na escola, em actividades lectivas, abaixo da média do conjunto dos 30 países considerados, deve querer dizer alguma coisa, não é?

Veja aqui o “Panorama da Educação nos países da OCDE”.

Aqui uma notícia a propósito do mesmo assunto.

quinta-feira, setembro 15

A França e a Inglaterra


Fotografia de José Marafona

“Há muitas razões para a hostilidade oficial contra a Inglaterra (boas ou más, políticas ou não). Mas não se fala de um dos piores motivos: a raiva e o desejo mesquinho de vermos sucumbir quem ousou resistir à força que nos esmagou.”

Albert Camus

Caderno n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil”. (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

Ocupada ou partilhada?


Nicosia, ocupada ou partilhada? - Fotografia de Hélder Gonçalves

(Alterei o título.)

quarta-feira, setembro 14

Câmara Corporativa

De grande utilidade e oportunidade.

VERSOS DESENCONTRADOS


Fernando Pessoa no Martinho da Arcada com Raul Leal, António Botto e Augusto Ferreira Gomes.

Em nada ou em ninguém
Eu deveria acreditar!
Nem no amor, nem na vida. - As ilusões,
Mesmo até quando vêm disfarçadas
E já conhecem o cliente, hesitam,
E chegam a partir envergonhadas...
As ilusões -
Também têm os seus mais preferidos;
E àqueles que ficaram na ruína
Do pensamento, e são - por graça de conquista
Os pálidos mortais desiludidos,
A esses já não correm muito afoitas
Na mentira das grandes fantasias!
- É por isso que eu hoje ainda vivo
À margem das ridículas tragédias
Que lemos nos jornais todos os dias.

Atulham-se os presídios; no degredo,
Atados à saudade, vão ficando,
- Como lesmas ao luar, esses que matam,
E pelo amor tombaram na desgraça:
- Um sonho, um beijo, uma mulher que passa!
Só a guitarra os lembra ao triste fado
Nos ecos diluídos e chorosos
E fundos do lusíada, coitado!
Eu olho para tudo que enxameia
Nesta viela escura da existência
Como quem se debruça num abismo
E fica revolvendo a consciência
Na tristeza infinita de um olhar!...
- A humanidade é vil e o seu egoísmo
Tem base na vileza de vexar.

Sim;
Por qualquer coisa os homens tudo vendem:
Palavra, dignidade, a própria vida,
Só porque desconhecem a doutrina
Bendita de Jesus; - esse tesoiro,
Essa fonte de luz onde aprendi
A ser leal e amigo e a respeitar
Aquela que nos risos do meu lar
Desembaraça os fios de uma queixa
No mistério que cinge o verbo amar.

Mas quando um ano acaba e outro vem,
Embora a minha fronte e os meus cabelos
Envelheçam na marcha para o fim
E um sabor de renúncia e de cansaço
Vibre, cantando, aqui, dentro de mim,
Rebenta-me no peito uma esperança
Tão lúcida, tão viva, e tão ungida
Na fé que ponho erguendo a minha prece -
Que peço a Deus do fundo da minha alma
Que a todos os que sofrem neste mundo
Dê o conforto de uma vida calma.

António Botto

Aves de Um Parque Real
As Canções de António Botto
Editorial Presença
1999

segunda-feira, setembro 12

NA MORTE DE MARILYN


Fotografia de Marilyn Monroe - Playboy (1953)

Morreu a mais bela mulher do mundo
tão bela que não só era assim bela
como mais que chamar-lhe marilyn
devíamos mas era reservar apenas para ela
o seco sóbrio simples nome de mulher
em vez de marilyn dizer mulher
Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher
mas ingeriu demasiados barbitúricos
uma noite ao deitar-se quando se sentiu sozinha
ou suspeitou que tinha errado a vida
ela de quem a vida a bem dizer não era digna
e que exibia vida mesmo quando a suprimia
Não havia no mundo uma mulher mais bela mas
essa mulher um dia dispôs do direito
ao uso e ao abuso de ser bela
e decidiu de vez não mais o ser
nem doravante ser sequer mulher
O último dos rostos que mostrou era um rosto de dor
um rosto sem regresso mais que rosto mar
e toda a confusão e convulsão que nele possa caber
e toda a violência e voz que num restrito rosto
possa o máximo mar intensamente condensar
Tomou todos os tubos que tinha e não tinha
e disse à governanta não me acorde amanhã
estou cansada e necessito de dormir
estou cansada e é preciso eu descansar
Nunca ninguém foi tão amado como ela
nunca ninguém se viu envolto em semelhante escuridão
Era mulher era a mulher mais bela
mas não há coisa alguma que fazer se certo dia
a mão da solidão é pedra em nosso peito
Perto de marilyn havia aqueles comprimidos
seriam solução sentiu na mão a mãe
estava tão sozinha que pensou que a não amavam
que todos afinal a utilizavam
que viam por trás dela a mais comum imagem dela
a cara o corpo de mulher que urge adjectivar
mesmo que seja bela o adjectivo a empregar
que em vez de ver um todo se decida dissecar
analisar partir multiplicar em partes
Toda a mulher que era se sentiu toda sozinha
julgou que a não amavam todo o tempo como que parou
quis ser atá ao fim coisa que mexe coisa viva
um segundo bastou foi só estender a mão
e então o tempo sim foi coisa que passou.

Ruy Belo

Transporte No Tempo
Editorial Presença


Marilyn Monroe veja biografia aqui

domingo, setembro 11

11 DE SETEMBRO


Fotografia de Margarida Delgado, in Sabor a Sal

Retenho na memória os corpos filmados num ângulo estranho e os ritos de espanto e pavor que se estampavam nos rostos. As correrias desgovernadas e os nomes dos desaparecidos escritos em papéis. As velas acesas e as preces. As vozes roucas de surpresa e de medo.

Tinha sido dado início aos quatro anos mais terríveis da minha (nossa) vida. Coincidência? As cinzas que cobriram os sobreviventes também nos cobriram a nós. Ainda nos estamos a erguer do chão para reiniciar a caminhada.

Os fundamentalistas de todas as religiões hão-de ser isolados e vencidos. Mas continuam nos postos de comando. As comunidades que os geraram hão-de destruí-los. Como? Através da livre escolha ou pela força da violência? Vencerá a liberdade ou a tirania? A paz ou a guerra? O bom senso da maioria dos povos triunfará?

É absolutamente necessário que as instituições multinacionais – ONU, UE, … – se não desprestigiem e, pelo contrário, se fortaleçam. É essa a única esperança que resta aos homens e mulheres de boa vontade.

SALVADOR ALLENDE


EM MEMÓRIA DE SALVADOR ALLENDE

"(...) Trabajadores de mi Patria, tengo fe en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo en el que la traición pretende imponerse. Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor. ¡Viva Chile! ¡Viva el pueblo! ¡Vivan los trabajadores! Estas son mis últimas palabras y tengo la certeza de que mi sacrificio no será en vano, tengo la certeza de que, por lo menos, será una lección moral que castigará la felonía, la cobardía y la traición."

Salvador Allende, 11 de septiembre de 1973, del mensaje a los ciudadanos transmitido por Radio Magallanes a las 9,03 de la mañana.

Excepção Fatal


Fotografia in New York on Time

““Retz: “Com excepção da coragem, o Senhor Duque de Orlèans tem tudo quanto é necessário a um homem honesto””

Albert Camus

Caderno” n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

sábado, setembro 10

FARO - Telhados


Telhados - Faro Velha

Veja aqui uma imensidade de fotografias de Faro (e não só) que assinalam lugares das minhas memórias mais felizes. In Click Portugal! - Opinião e troca de Ideias. (De Platero)

Emigrar à Força


As imagens da tragédia americana que têm passado, repetidas até à náusea, fazem-me lembrar intensamente a odisseia dos emigrantes. Fascina-me, desde criança, a viagem do homem buscando outras terras.

A minha família, do lado paterno, foi emigrante no Brasil e nos EUA. Admiro a coragem daqueles que partem buscando a sorte da fortuna noutras paragens sem, a mais das vezes, conhecerem nada das terras que demandam, nem a geografia, nem a língua, nem a cultura.

O que estamos a assistir nos EUA é a um fenómeno extraordinário de emigração interna. Uma deslocação sem precedentes, em tempo de paz, de uma multidão que muda de cidade, de estado, abandonando as suas raízes originárias, porventura, para sempre.

Estamos assistindo a uma verdadeira odisseia de recriação da demografia de uma vasta região dos EUA, equivalente à península ibérica, que exige uma imensa capacidade de integrar criando uma nova vida para centenas de milhares de americanos.

Ao contrário do que muitos possam pensar os EUA vão sair mais fortes desta crise enquanto a administração BUSH entra definitivamente no ocaso político.

As Nações não se confundem com os seus governos mas os povos podem ser penalizados pela política dos governantes que ignoram, cinicamente, a força “irresponsável” da natureza.

Mas a vida continua e, para além do debate político e das suas consequência, neste caso, impressiona o desprezo pela prevenção da catástrofe anunciada e o fenómeno da uma imprevista emigração em massa.

sexta-feira, setembro 9

CAMUS - CADERNO Nº 4


Fotografia de Pela Lente

“Janeiro – Fevereiro (1942)

“Tudo o que não me mate torna-me mais forte.” Sim, mas … E como é duro pensar na felicidade. O peso esmagador de tudo isto. O melhor é calarmo-nos para sempre e voltarmo-nos para o resto.”

Albert Camus

Caderno” n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

(Citação inaugural do Caderno nº 4)

Colin Powell


Powell admite que prestação na ONU manchou a sua reputação
O antigo secretário de Estado norte-americano Colin Powell admitiu quinta-feira que a sua apresentação em 2003 perante a ONU sobre as armas de destruição maciça (ADM) que o Iraque alegadamente tinha foi uma «mancha» na sua reputação.

(Por lembrança da MAB)

quinta-feira, setembro 8

Nova Orleães por Luís Costa Ribas


Imagem da SIC on line

Nova Orleães por Luís Costa Ribas – um repórter “sem abrigo”. Os relatos de Luís Costa Ribas, enviado da SIC a Nova Orleães, sob o título Impressões, são um caso exemplar de abnegação de um jornalista que não tem medo de enfrentar a realidade nem poupa palavras para relatar, simplesmente, a verdade.

Contradições


Um Olhar da Inês – Fotografia de Hélder Gonçalves

“”Antisthène : “É verdadeiramente real fazer o bem e ouvir dizer mal de nós.”

“Cf. Marco Aurélio: “Seja onde for que se possa viver, pode viver-se bem.”

“Aquilo que detém uma obra projectada transforma-se na própria obra”

Aquilo que barra o caminho faz avançar.

Terminado em Fevereiro de 1942.””

Albert Camus

Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

(Camus assinala que o “Caderno" n.º 3 termina aqui. No início de 1942 tem uma recaída da tuberculose e viaja de Orão, acompanhado da mulher, para o sul de França – Le Panelier, próximo de Saint-Etiénne.)

São Sebastião


São Sebastião no New York on Time

Pode ver um extraordinário ficheiro de imagens aqui.

Na minha terra a sul


Giovani Santarelli

Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol. Uma vez caiu neve mas já ninguém se lembra. Quando ameaçava chuva o meu pai, pela manhã, assomava à janela e proclamava “está nuvrado”. Mas, quase sempre, a ameaça não se derramava.

Nos dias de chuva ouvir a água correr nos algerozes era um encantamento e o seu gotejar no parapeito da janela fazia amanhecer a imaginação. Andar ao sol era perigoso mas andar à chuva não me lembro.

A água valia ouro. Os poços eram fundos e abertos a dinamite no sítio onde o vedor “adivinhava” a água. A horta era regada com parcimónia. A água deslizava por gravidade tomando o caminho dos mimos em levadas abertas a golpes de enxada. Os mouros ainda andavam por ali.

A vista das melancias grandes, no fim da época, quando ficavam maduras era sublime. Via nelas o resultado da fecundação da terra pela água e os seus castelos vermelhos eram um sinal de vida.

Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol.

quarta-feira, setembro 7

BRASIL


Fotografia de António José Alegria in Amistad

Hoje celebra-se o dia da Independência do Brasil.

O Sofrimento Humano


Na esquina de um olhar – Fotografia de Hélder Gonçalves

“É necessário pagar e impregnar-se do abjecto sofrimento humano. O sujo, repugnante e viscoso universo da dor.”

“Setembro. (1941)
Organiza-se tudo: É simples e evidente. Mas o sofrimento humano intervém, e altera todos os planos.”

Albert Camus

Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

terça-feira, setembro 6

HARLEM


Harlem, Agosto de 2005 – Fotografia de Isabel Ramos

Acabada de receber da própria com o seguinte comentário: “a propósito do teu post acerca de Martin Luther King”.

Educação, nada mal!


Fotografia de Margarida Delgado

No discurso de tomada de posse do governo socialista, segundo o “Jornal de Negócios”, “Sócrates avançou com as suas prioridades para esta legislatura. A aposta na educação, na ciência e na qualificação serão as «prioridades decisivas», já que «a melhor política económica é a política de educação».

Ontem, Nicolau Santos, no “Expresso online”, titula a sua coluna de opinião com a frase: Bons ventos na Educação.

Lembremos, a propósito, que o governo, em funções, resultou do resultado de eleições legislativas realizadas em 20 de Fevereiro de 2005. Considerando o dia do voto passaram 100 dias até ao final de Maio e passam mais 100 até ao próximo dia 8 de Setembro. Mas como o governo tomou posse no dia 12 de Março há que descontar 20 dias.

Assim, no dia de hoje, considerando a data da tomada de posse, o governo Sócrates perfaz 178 dias, ou seja, menos de meio ano.

Convenhamos que, para uma legislatura de mais de 4 anos, é pouco tempo. Balanceando hesitações, iniciativas, omissões, erros e sucessos os resultados, pelo menos na área da educação, são encorajantes.

Nada mau face aos 3 anos de “pânico e pavor” que decorreram desde Março de 2002 a Março de 2005. De vez em quando é saudável exercitar a memória, não é Prof.ª Maria do Carmo Seabra?

Martin Luther King


Fotografia e texto do Portal da História

Por estes dias têm-me assomado à memória diversas figuras da história americana. Não me sai da cabeça este discurso de MARTIN LUTHER KING JR., proferido em Washington, D.C., no dia 28 de Agosto de 1963, após a Marcha para Washington, que pode ser lido, na íntegra, aqui.

"O discurso de Martin Luther King, pronunciado na escadaria do Monumento a Lincoln, em Washington, foi ouvido por mais de 250.000 pessoas de todas as etnias, reunidas na capital dos Estados Unidos da América, após a «Marcha para Washington por Emprego e Liberdade».

A manifestação foi pensada como uma maneira de divulgar de uma forma dramática as condições de vida desesperadas dos negros no Sul dos Estados Unidos, e exigir ao poder federal um maior comprometimento na segurança física dos negros e dos defensores dos direitos civis, sobretudo no Sul.

Realizado num clima muito tenso, a manifestação foi um estrondoso sucesso, e o discurso conhecido sobretudo pela frase permanentemente repetida no meio do discurso «I have a Dream» (Eu tenho um sonho), mas também pela frase que é repetida no fim - «That Liberty Ring» (Que a Liberdade ressoe), que retoma o poema patriótico «América», tornou-se, com o discurso de Lincoln em Gettysburg, um dos mais importantes da oratória americana.


Em 1964 a Lei dos Direitos Civis foi votada e promulgada por Lyndon B. Johnson e em 1965 a Lei sobre o Direito de Votar foi aprovada.

Martin Luther King, Jr. foi escolhido como Prémio Nobel da Paz no ano seguinte, em 1964."

segunda-feira, setembro 5

VENTO


Fotografia de Margarida Delgado

“O vento, uma das raras coisas próprias do mundo.”

Albert Camus

Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

domingo, setembro 4

Passeio Alegre


As Palmeiras do Passeio Alegre, in Dias com árvores

PASSEIO ALEGRE

Chegaram tarde à minha vida
as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
que Ulisses teria comparado
a Nausicaa, mas só
no jardim do Passeio Alegre
comecei a amá-las. São altas
como os marinheiros de Homero.
Diante do mar desafiam os ventos
vindos do norte e do sul,
do leste e do oeste,
para as dobrar pela cintura.
Invulneráveis — assim nuas.

Eugénio de Andrade
"Rente ao Dizer" (1992)


Paseo alegre

Llegaron tarde a mi vida
las palmeras. Em Marrakesh vi una
que Ulisses hubiera comparado
a Nausicaa, mas sólo
en el jardín del Paseo Alegre
comencé a amarlas. Son altas
como los marineros de Homero.
Ante el mar desafían a los vientos
venidos del norte y del sur,
del este y del oeste,
para doblegarlas por la cintura.
Invulnerables – así desnudas.

“Próximo al decir”
Amarú Ediciones
Traducción de José Luís Puerto

A CASA (LA CASA)


Fotografia de família. Hoje seria o dia de aniversário de meu pai.

A casa
(Glosa a um verso do poema “A Casa” de Gabriela Mistral)

Meu filho, a mesa já está posta,

Subi a rua toquei na soleira da porta.
Vi-me na janela em que, olhos espantados,
Observei o cair da neve naquela manhã

(ou seria tarde?)

Tornei ao largo da Feira do Carmo.
Vi-me no lugar dos cheiros acres e alados
Caminhei ao longo do cós da infância

(ou seria a liberdade?)

Gastei o tempo da minha vida olhando.
Vi-me, súbito, face a minha mãe:
Meu filho, a mesa já está posta,

(ou seria a saudade?)

Faro, 4 de Setembro de 2004



LA CASA

La mesas, hijo, está tendida,
en blancura quieta de nata,
y en cuatro muros azulea,
dando relumbres, la cerámica.
Ésta es la sal, éste el aceite
y al centro el Pan que casi habla.
Oro más lindo que oro del Pan
no está ni en fruta ni en retama,
y da su olor de espiga y horno
una dicha que nunca sacia.
Lo partimos, hijito, juntos,
con dedos puros y palma blanda,
y tú lo miras asombrado
de tierra negra que da flor blanca.

Baja la mano de comer,
que tu madre también la baja.
Los trigos, hijo, son del aire,
y son del sol y de la azada;
pero este Pan"'cara de Dios"*
no llega a mesas de las casas.
Y si otros niños no lo tienen,
mejor, mi hijo, no lo tocaras,
y no tomarlo mejor sería
con mano y mano avergonzadas.

Hijo, el Hambre, cara de mueca,
en remolino gira las parvas,
y se buscan y no se encuentra
nel pan y el Hambre corcobada.
Para que lo halle, si ahora entra,
el Pan dejemos hasta mañana;
el fuego ardiendo marque la puerta,
que el indio quechua nunca cerraba,
y miremos comer al Hambre,
para dormir con cuerpo y alma.

Gabriela Mistral

Nota
* En Chile, el Pueblo llama al pan "cara de Dios".

sábado, setembro 3

"O que governa um coração?"


Fotografia de Margarida Delgado

“O que governa um coração? O amor? Nada é menos certo. Não se pode saber o que é o sofrimento de amor, não se sabe o que é o amor. Ele é aqui privação, saudade, mãos vazias. Não terei o entusiasmo; resta-me a angústia. Um inferno onde tudo faz supor o paraíso. Apesar de tudo é um inferno. Eu chamo vida e amor ao que me deixa vazio. Partida, obrigação, ruptura, este coração sem luz disperso em mim, o gosto salgado das lágrimas e do amor.”

Albert Camus


Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

(Na primavera de 1941, em Orão, Camus manifesta em diversos fragmentos a sua infelicidade.)

A IMORTALIDADE É UMA IDEIA SEM FUTURO


Timão

“Renunciar a essa servidão que é o atractivo feminino”

“Privado daquilo que é pecado, o homem não poderia viver; mas viveria perfeitamente privado do que é são.” – A imortalidade é uma ideia sem futuro.

Albert Camus

Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

sexta-feira, setembro 2

E Agora, Senhor Bush?


Fotografia in Público

Bush admite fracasso da resposta à crise humanitária provocada pelo "Katrina"

É um paradoxo que embaraça mesmo o mais radical dos opositores da política do Senhor Bush. Não vale a pena esquecer as vítimas nem o fracasso da resposta da “protecção civil” interna de um país que “protege” povos inteiros das mais variadas “desgraças”.

É um paradoxo dramático observar que a população dos USA, em particular, a mais pobre, não encontra melhor sorte nas desgraças do que a mais pobre população de um país dos mais pobres do planeta. Há diferenças, certamente que as há. Mas fica a ideia de uma administração americana à deriva face às exigências mínimas na resposta a uma catástrofe natural anunciada.

O senhor Bush deve ter acabado, politicamente, por estes dias. Afinal não foi nenhuma intervenção externa que o fez cair. Mas é preciso ter cuidado pois quando as coisas correm mal, na frente interna, os presidentes americanos, acossados, lançam uma confrontação externa. Qual será ela?

O SEU A SEU DONO

“Presidi aos destinos do INATEL durante 7 anos. Devo ser, pois, o cidadão português, vivo, que durante mais tempo exerceu aquelas funções.”

Já está disponível no site do “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo de opinião sob o título em epígrafe.

PEDRO PEDROSA


O Pedro Pedrosa é um velho conhecido meu das lides do processo de modernização do INATEL. Assumiu muitas e variadas responsabilidades de que destaco a coordenação da equipa de projecto que concebeu e executou a “Carta do Lazer das Aldeias Históricas”.

Soube agora que vai finalmente fazer a defesa da Tese de Mestrado no próximo dia 6 de Setembro, terça-feira, pelas 14h30, na Sala de Actos (edifício IV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL), situada no Monte da Caparica.

A tese é subordinada ao tema: "Redes Integradas de Percursos Turísticos assistidas por Tecnologias de Localização". Um tema, certamente, muito interessante abordando o papel das modernas tecnologias aplicadas ao desenvolvimento e modernização da actividade turística.

O Júri será constituído por Maria do Rosário Partidário (FCT/UNL), António Câmara (FCT/UNL) e Carlos Costa (Univ. Aveiro).

Boa Sorte!

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Sumário da Dissertação

«O trabalho realizado parte da premissa de que existem regiões do território em busca de desenvolvimento económico-social e que este se deve pautar pelos princípios do desenvolvimento sustentável. Algumas das áreas de Portugal enquadráveis nestas condições encontram-se no interior do país, onde projectos como as redes de aldeias iniciaram um caminho nessa via.

Defende-se o fomento de processos de Desenvolvimento Turístico Sustentável e apresentam-se as suas características e formas de implementação. Têm-se em conta tipos oferta e procura, utilizando modelos de turismo alternativo ao turismo de massas, sendo proposto o recurso ao turismo de natureza e à utilização de percursos e suas redes como forma preferencial de organizar e dar a conhecer todo o tipo de recursos turísticos de uma região.


Afirma-se ainda que a utilização de tecnologias de informação e comunicação sem fios traz vantagens para o Desenvolvimento Turístico Sustentável e seu ordenamento e planeamento como parte de um sistema de informação turística de nova geração. Estas tecnologias podem ser utilizadas tanto pelo gestor do território como pelo turista.

Da análise da realidade nacional, observam-se as potencialidades do país para modelos de turismo alternativo, transformando a ameaças de desertificação de áreas de baixa densidade em oportunidades de desenvolvimento turístico, capazes de afirmar Portugal enquanto destino de primeira escolha no mercado turístico mundial.»

NICÓSIA


Cidade Velha de Nicósia - Fotografia de Hélder Gonçalves

Prosseguindo uma série de olhares sobre fragmentos de “cidades velhas” do sul, porque me encantam.

Obviamente, Mário Soares!


Ler no Almocreve das Petas

Obviamente, Mário Soares!

quinta-feira, setembro 1

LISBOA


Lisboa a P&B - Fotografia de JCNero
In Olhares

A imagem de uma rua de Lisboa. A luz, as marcas do tempo, a calçada, os carris, os remendos, a memória na qual nos reconhecemos.

ARGEL


Argel, vista de terra, antes de 1954

“18 de Março de 41.

Os montes por cima de Argel transbordam de flores na primavera. O aroma a mel das flores derrama-se pelas ruazinhas. Enormes ciprestes negros deixam jorrar dos seus cumes reflexos de glicínias e de espinheiros cujo percurso se mantém dissimulado no interior. Um vento suave, o golfo imenso e plano. Um desejo forte e simples – e o absurdo de abandonar tudo isto.”


Albert Camus

Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).


(A pensar no Dias com árvores. Camus, no final de 1940, casa com Francine Faure, estudante de uma família abastada de Orão. Este fragmento deixa antever a época que antecedeu a sua partida para Orão onde viverá em casa da família da mulher até aos inícios de 42.)