quarta-feira, março 25

Superavite

No epicentro de uma crise sanitária sem precedentes que provocará um terramoto económico de consequências imprevisíveis o INE anunciou hoje um superavit nas contas do estado. É a primeira vez, em democracia, que tal acontece. No presente contexto este resultado é submerso pela crise atual mas não deixa de corresponder à realidade. Trata-se de um acontecimento da máxima importância em si mesmo pelo que contribui para a credibilidade do país no contexto internacional e pelo contributo para atenuar as consequências económicas e financeira da presente crise sanitária global. Ganhamos todos com este resultado e, seja qual for o destino que lhe esteja reservado, coloca Mário Centeno (e o governo socialista), na história por este cometimento ainda para mais de autoria de um governo de centro esquerda.

sábado, março 21

Dia Mundial da Poesia

Os dias evocativos valem o que valem. Foi em 2004 a primeira vez que publiquei neste blog um poema evocando o Dia Mundial da Poesia. Escolhi um poema que muito me marcou aquando da leitura inicial da obra poética de Jorge de Sena. Republico.

UMA PEQUENINA LUZ

Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una piccola ... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não iluminam também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui.
no meio de nós.
Brilha.

1950

Jorge de Sena
In Fidelidade (1958)

domingo, março 15

Anti vírus

Ao contrário da maioria dos países Portugal tem somente uma fronteira terrestre sendo a outra o Atlântico. Somos o país mais a ocidente, com as ilhas, sem conflitos fronteiriços. Tudo que respeita às fronteiras tem que ser negociado para manter a paz e o relacionamento de parceiros com a Espanha e com os aliados atlânticos. Somos apesar da dimensão uma potência marítima e, em nenhum caso, devemos tomar medidas unilaterais nem face a Espanha, nem a Inglaterra nem aos USA. O governo seja qual for não toma decisões sem ponderar todas as consequências. Deixem para o Trump a loucura de todos os possíveis sem olhar aos outros que será por aí que vai morrer politicamente.