Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
terça-feira, novembro 30
Marcelo - Rio - Eutanásia
Não estou aqui para fazer a promoção de Rio, reincidente presidente do PSD, mas apetece-me sublinhar este detalhe. Marcelo vetou a Lei da Eutanásia que Rio ajudou a aprovar votando a favor dela no Parlamento, ao arrepio da maioria dos deputados da bancada do partido de que era presidente. E pouco tempo depois foi reeleito. Marcelo já não precisa, em próximas eleições presidenciais, dos votos dos portugueses pela simples razão de não pode apresentar-se a sufrágio. Habituemos-nos à dança dos presidentes em segundo mandato.
Sempre a partir, sempre a regressar
Em 29 de Novembro de 1807, após um dia chuvoso, o príncipe d. João, d. Carlota, seus filhos, a rainha d. Maria I, vários outros parentes partiram em meio ao outono lisboeta. Do rio Tejo saíram as embarcações. Seguiram, além da família real, nobres, funcionários da Corte, ministros e políticos do Reino. Cerca de 15 mil pessoas. Os franceses ao chegarem à capital portuguesa em 30/11 ficaram a ver navios, frustrados com a não captura dos governantes lusos. Tudo o que era necessário para permanecer governando foi transportado. Insistia, entrementes, uma sensação dúbia: covardia ou esperteza? D. João estava angustiado. Seu país sendo atacado, o povo morrendo e ele seguindo viagem. Desconfortos psicológicos e físicos. Tormentas nos pensamentos e nos vagalhões dos mares que chegou a atrapalhar a travessia. Escassearam os víveres. Natal, Ano Novo e Dia de Reis se passaram. Então, a terra firme finalmente chegou. Em 22 de Janeiro de 1808 os barcos atracaram na antiga primeira capital do Brasil, a ensolarada Salvador. Porém, o abatido e cheio de dúvidas d. João após 54 dias no mar pisou o solo brasileiro apenas 24 hs depois. Foi o primeiro rei europeu a fazê-lo. Revisões nos navios, um pouco de descanso. Seguiram a viagem em 26 de Fevereiro. Dia 7 de Março a família real chegava ao destino final, a cidade do Rio de Janeiro.
domingo, novembro 28
RIO
Rio ganhou as diretas no PSD. Seja qual for o entendimento dos adversários politicos do PSD, os sentimentos dos derrotados internos, as projeções dos analistas de resultados eleitorais futuros, as expetativas dos outros partidos concorrentes (em especial do PS), o que me parece é que ganhou o país. Pois na politica, ainda para mais no presente momento de crise pandémica, eivado de temores e incertezas, há dois valores muito relevantes:continuidade e previsibilidade. Rio, enquanto lider do PSD, pense-se o que se pensar das suas idiossincrasias pessoais, garante a preservação desses valores. Pode ser pouco excitante para uns tantos, mas é, certamente, o que suscita maior segurança para a maioria.
sexta-feira, novembro 26
Na hora da "despedida" de Ferro Rodrigues
Não gosto de despedidas sejam quais forem as circunstâncias das mesmas. Mas a vida está repleta delas e a sua desprendida aceitação é inevitável. Hoje, após anúncio anterior feito pelo próprio, Ferro Rodrigues, despediu-se do Parlamento o que, a meu ver, não significa ter-se despedido da politica. Neste dia a propósito deste acontecimento assinalável de homenagem em vida a um cidadãos que dedicou boa parte da sua vida à ação política, apeteceu-me republicar um texto antigo que cita outro ainda mais antigo que glosa a sitação oposta: o regresso à politica de Ferro Rodrigues. Que viva!
Em 30 de setembro de 2014 publiquei neste espaço pessoal um texto raro a respeito do regresso à "grande política" do Eduardo Ferro Rodrigues. Não tenho como regra fazer a louvaminha dos amigos e, ainda menos, dos amigos de longa data. Mas senti necessidade de escrever o que escrevi e sinto hoje necessidade de reeditar as palavras de saudação que aqui trouxe. Elas, para quem souber entender o seu sentido profundo, explicam as críticas, a meu ver injustas, de que tem sido alvo por estes dias. Multidões de virgens ofendidas clamam pela necessidade urgente de trazer para a política gente honrada, competente e com sentido de serviço público. Cidadãos que, sem prejuízo dos seus naturais defeitos, assumindo funções politicas de relevo, constituam uma barreira às derivas populistas e demagógicas que tanto têm desprestigiado, aos olhos dos cidadãos, a politica, os partidos e a democracia. Mas quando os cidadãos honrados assumem os pesados riscos de uma ativa e empenhada intervenção política aqui del rei que o bom senso é erigido em fraqueza, a competência em maçada e o sentido de serviço público, afinal, numa banalidade.
Uma escolha é uma escolha. No caso de Ferro Rodrigues é o regresso à "grande política" de quem nunca, na verdade, se afastou. Apenas se ausentou para recobrar forças. Sinto este ressurgimento como um ato de justiça. Vai ser duro para ele conjugar sentimento e razão. O seu regresso à ribalta não anuncia somente o regresso da política, que a vitória de Costa pronuncia, mas um sinal de abertura ao diálogo em todas as direcções. As soluções politicas de governo de futuro não se jogam na tradicional alternativa, pura e dura, esquerda/direita. Nem sequer num jogo de palavras em torno de alternativa versus alternância. É preciso ir mais longe. Fundar um novo modelo de alianças políticas em cuja matriz nem hajam excluídos à partida, nem escolhidos eternos. Um novo pacto social que viabilize uma verdadeira reforma do estado social. É difícil fazer POLITICA que nunca dispense a aceitação da diversidade, a superação das contradições e a busca dos consensos em torno de soluções que satisfaçam o maior número. A sociedade organizada - os cidadãos de todas as condições - espera por propostas nas quais acredite e lhes dêem alento para lutar por um futuro melhor para si e para a comunidade. Políticos são precisos. Por isso o regresso do Ferro Rodrigues é uma boa notícia para além da nossa velha e profunda amizade.
quinta-feira, novembro 25
As trágicas inundações de 25 novembro de 1967
No dia 25 de novembro de 1967, era sábado, lembro-me de sair, era já tarde/noite, do ISCEF, pouco mais de um ano após ter iniciado os estudos naquela escola. Teria ido, certamente, participar numa reunião ou, mais prosaicamente, jantar na cantina da Associação de Estudantes. Ao sair devo ter feito o caminho de casa, um quarto alugado, ao cimo da Calçada da Estrela.
Chovia muito, mas não estranhei porque, ao contrário de hoje, era normal chover nesta época do ano. Não levava qualquer resguardo para a chuva, que nem me pareceu excessiva, e caminhei colado às paredes até chegar ao destino. A minha perceção da chuva que caía naquela hora não me permitiu sequer imaginar as consequências que haveria de provocar. Chovia, simplesmente.
Na manhã do dia seguinte, domingo, devo ter feito o caminho oposto, corriam as notícias de inundações em diversos sítios de Lisboa e arredores, e devo ter-me dirigido ao Técnico para me juntar à gigantesca mobilização estudantil que se organizou para avançar para as zonas mais atingidas em socorro das vitimas e no apoio à reparação dos estragos.
O quartel general, que me lembre, havia sido montado no Técnico e deve ter sido a primeira vez que, à margem dos poderes instalados, com autonomia e mobilizando recursos próprios, se promoveu uma ação voluntária juvenil de grande envergadura à margem da politica oficial do regime. Foi um processo organizado que enquadrou a vontade espontânea de uma multidão de jovens estudantes ávidos de participação cívica e politica.
Fui numa brigada para Alhandra munidos de meios rudimentares e lembro-mo com nitidez de nos afadigarmos a limpar ruas no meio da maior destruição que se possa imaginar. Retenho na memória o ambiente de caos e de tensão pois, afinal, estávamos a participar numa ação voluntária não autorizada que, naquela época, comportava riscos pessoais. Não havia medo, mas necessidade, e vontade de ação.
Os meios para o socorro eram escassos, mas o que contava, de verdade, era participar, prestar solidariedade, ver com os próprios olhos in loco o que, de súbito, nos surgiu como uma calamidade de enormes proporções. Uma pá na lama, os destroços, uma palavra de conforto e incentivo, uma força coletiva que enfrentava sem medo a situação dramática de populações desprotegidas e, afinal, um regime decadente acobertado na ignorância, na censura e na repressão.
No que me respeita ficou uma experiência sem dissabores. Não poderia imaginar que estávamos nas vésperas da queda de Salazar e da emergência, em 27 de setembro de 1968, do governo de Marcelo Caetano, menos de um ano depois daquelas trágicas inundações. Afinal aquela gigantesca ação voluntária havia de contribuir, de forma relevante, para o início do processo politico que desembocou no 25 de abril de 1974.
Não foi a minha primeira participação num movimento cívico, com vocação politica, (havia participado antes nas “eleições” de 1965) mas foi a ação mais impressiva e intensa que jamais esqueci e que muito contribuiu para configurar uma vontade de participação cívica e politica que nunca mais me abandonou.
quarta-feira, novembro 24
Futebol
Curioso fenómeno o do futebol, as multidões exultam com as vitórias, as investigações revolvem os bastidores na perseguição do crime. Os dirigentes, os empresários, os intermediários, os agentes, porventura todos os intervenientes do futebol profissional (certamente com honrosas execeções) chafurdam na lama do negócio, as multidões enlevam-se com a glória das vitórias. Este ano pode acontecer que os "três grandes" alcancem os oitavos de final da competição milionária do futebol europeu. Curioso fenómeno o do futebol. Às multidões não interessam os meios que conduzem à glória. Um pouco como nas guerras. Ou talvez mesmo como na politica. É urgente que se agigantem as vozes e os gestos em defesa do regresso às origens do futebol, que contrariem o negócio multinacional no qual medram os males inerentes a todo e qualquer negócio que tem como objectivo vencer, quantas vezes, sem olhar a meios. (E, neste dia, viva o Sporting!)
segunda-feira, novembro 22
Ainda vai haver quem defenda adiar as eleições
"Partidos favoráveis à ideia de Marcelo adiar ao máximo a dissolução do Parlamento". (In Público")
Os frugais estão à rasca
"O chefe da polícia de Roterdão afirmou que a maior parte dos manifestantes dos últimos dias eram menores e que adeptos de futebol também participaram nos distúrbios, onde pelo menos 24 pessoas foram detidas". (In Expresso").
domingo, novembro 21
A procissão ainda não saiu do adro
Vou deixar aqui, por estes dias, algumas notas politicas a propósito da crise politica e das próximas eleições legislativas. É indecifrável a razão da presente crise permitindo todo o tipo de especulação, mas a realidade é cruel: quando mais de exigia um governo apoiado numa maioria plural mas forte, o desacordo predominou e as recriminações mútuas ganharam terreno. É cedo, seja para quer for, colocar as colchas à janela. A procissão ainda não saiu do adro.
sábado, novembro 20
Notícias do progresso
"É um momento histórico no sistema elétrico português: a central a carvão do Pego, em Abrantes, produziu eletricidade pela última vez na manhã de sexta-feira, e, sem mais carvão para queimar, fecha um capítulo na história energética do país." (In Expresso").
sexta-feira, novembro 19
Pormenores que fazem toda a diferença
"Kamala Harris protagonizou esta sexta-feira um momento histórico ao tornar-se, ainda que por pouco mais de uma hora, a primeira mulher presidente dos Estados Unidos, após Joe Biden lhe ter transferido os poderes - o Presidente teve de se submeter a uma colonoscopia
A administração de Joe Biden, que na véspera de completar 79 anos é a pessoa mais velha a ocupar o cargo de Presidente, continua a estabelecer recordes e Kamala Harris, que já se havia tornado a primeira pessoa negra e descendente do sul da Ásia a ser vice-presidente, foi agora Presidente interina dos Estados Unidos durante uma hora e 25 minutos." (In "Expresso")
Albert Camus - biografia breve (23)
1960 - No dia 3 de janeiro, Camus parte da sua casa de Lourmarin, onde havia passado o fim de ano, de regresso a Paris, no Facel Vega conduzido por Michel Gallimard. Francine Camus fizera a viagem de comboio na qual deveria ter sido acompanhada por Camus; no dia seguinte, no prosseguimento da viagem, o carro despista-se, numa longa reta, em Villeblevin, perto de Montereau, embatendo num plátano, provocando a morte imediata de Camus e, cinco dias mais tarde, a de Michel Gallimard. Na pasta de couro de Camus, encontrava-se, além de diversos objetos pessoais, o manuscrito de Le Premier Homme, um romance inacabado, cento e quarenta e quatro páginas que sua mulher Francine haveria de dactilografar e sua filha, Catherine, fixaria em texto, publicado pela Gallimard, na primavera de 1994.
Albert Camus está sepultado em Lourmarin.
quinta-feira, novembro 18
O primeiro homem - Albert Camus - biografia breve (22)
1958-1959 - Com o dinheiro do Prémio Nobel compra uma casa em Lourmarin. Sua mãe recusa sair da Argélia e Camus decide abster-se de qualquer intervenção direta no conflito argelino. Em janeiro, publica, na Gallimard novamente, Discours de Suède e, em junho, Actuelles III, Chroniques algériennes (1939-1958). Em março/abril, visita a Argélia e, em junho, doente, regressa à Grécia. Trabalha na adaptação teatral de Os Possessos, de Dostoievski, que sobe à cena, em janeiro do ano de 1959, com encenação do próprio Camus.No mês de março de 1959, nova visita à Argélia, para ver a mãe, recentemente operada; começa a escrever, finalmente, Le Premier Homme, a que dedica todo o ano; apresentação de Possédés em Veneza, assim como em França e noutros países; a 14 de dezembro tem o seu derradeiro encontro público, com estudantes estrangeiros em Aix-en-Provence, no qual em resposta à pergunta: “Considera-se um intelectual de esquerda?”, responde: “Não estou certo de ser um intelectual. Quanto ao resto, sou pela esquerda, apesar de mim, e apesar dela”.
quarta-feira, novembro 17
O ano do Nobel - Albert Camus - biografia breve (21)
1957 - Em março, discursa na Sala Wagram contra a intervenção na Hungria (Kadar a eu son jour de peur) e publica, pela Gallimard, L´Exil et le Royaume. Mas este é o ano do Nobel da Literatura que lhe seria atribuído, em 16 de outubro, “pelo conjunto de uma obra que lança luz sobre os problemas que se colocam, nos nossos dias, à consciência do homem”. A reação de Camus à notícia ficou registada nos Cadernos, no dia 17 de outubro, com uma pungente referência à sua infância pobre, lembrando a mãe: “O Nobel. Estranho sentimento de abatimento e melancolia. Aos 20 anos, pobre e nu, conheci a verdadeira glória. A minha mãe.” Mas, logo no dia 19, nos mesmos Cadernos, o reverso da medalha: “Assustado com tudo o que me acontece e que eu não pedi. E para cúmulo ataques tão baixos que me deixam apertado o coração”. René Char, por sua vez, de coração aberto, exulta, numa carta dirigida a Camus: “Espero bem, creio que consta o que será certo. Assim, a certeza do que circula na imprensa incita-me sem reservas a regozijar-me e a achar que esta quinta-feira, dia 17 de outubro de 1957, é para mim o melhor, o mais esplendoroso, sim o melhor dia de há muito, entre tantos dias de desespero. Peço-lhe que aceite, para memória deste dia, esta pequena caixa que me salvou a vida quando combatia na resistência, e que eu desde então conservei como uma relíquia verdadeiramente íntima”. No outono, publicou, pela Calmann-Lévy, Réflexions sur la peine capitale, na Suécia, a partir de 9 de dezembro, proferia, além do discurso de aceitação do Prémio Nobel, duas conferências, em Estocolmo e Upsala; na primeira das quais, interpelado por um jovem argelino, profere uma célebre, e polémica, frase: ”Creio na justiça, mas defenderia a minha mãe antes da justiça”.
Em casa de ferreiro espeto de pau
Realidade aparentemente excêntrica, quando muitos clamam pelo comando do processo vacinal a um militar. Em casa de ferreiro espeto de pau.
"Exército e Marinha têm mais de 1500 militares que não estão vacinados
Na passada semana a Marinha anunciou um novo surto de covid-19 na fragata Corte Real, com pelo menos 35 dos 182 elementos que constituem a guarnição infectados." (In Público")
Inevitabilidades
A inevitável e nefasta tentação para mais do que politizar, partidarizar, o processo de combate à pandemia. Não seria de esperar outra coisa fazendo coincidir uma crise politica, eleições gerais, disputas por lideranção de partidos, crise sanitária (pandemia), vacinação e tutti quanti. Repugnante. "O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel acusou esta quarta-feira o Governo de "alguma incompetência e ineficácia" na administração da terceira dose da vacina contra a covid-19, mostrando-se preocupado com as consequências do atraso."
terça-feira, novembro 16
Albert Camus - biografia breve (20)
1956 - Numa última tentativa de conciliação no conflito argelino, que se agravava dia a dia, Camus viaja para a Argélia, onde lança, perante uma assembleia tensa e conturbada, um dramático apelo em prol de uma trégua que poupasse os civis: “ (…) porque mesmo o mais decidido entre vós conserva no meio da confusão da luta um recanto do seu coração, no qual, eu sei bem, não se conforma com o assassínio e o ódio e sonha com uma Argélia feliz. É a esse recanto em cada um de vós, franceses e árabes, que nós apelamos”. Olivier Todd, no final da sua biografia, Albert Camus, une Vie, (Gallimard, 1996), escreverá depois que “face ao problema argelino, Camus foi legalista e moralista (...) ele queria para a Argélia o que alguns, com Nadine Gordimer à cabeça, sonharam para a África do Sul: a coexistência na igualdade de direitos; dois povos numa só nação e um estado de direito multirracial”. Mas tal sonho tornara-se irrealizável na Argélia. Em maio, a Gallimard publica La Chute; em 2 de julho, Camus assina um texto de protesto contra a repressão em Poznan (Polónia); em 4 de novembro, as tropas soviéticas entram em Budapeste, esmagando a insurreição húngara; responde ao apelo dos escritores húngaros e pede à ONU que mande retirar as tropas da URSS da Hungria: Pour une démarche commune à l´ONU des intellectuels européens” (Franc-Tireur).
segunda-feira, novembro 15
Albert Camus - biografia breve (19)
1955 - Em fevereiro, viaja para a Argélia, visitando as regiões atingidas por um violento tremor de terra no ano anterior enquanto a crise política argelina se agrava, tendo sido instaurado, por Edgar Faure, Presidente do Conselho, o “estado de emergência”; em abril/maio, realiza um sonho antigo: a viagem à Grécia, onde profere uma série de conferências. Em julho/agosto, visita, de novo, a Itália; em Julho escreveu, no L´Express, dois longos artigos - Terrorisme et Répression e L´Avenir Algérien - acerca da situação argelina, apelando à realização de uma conferência com vista a alcançar uma solução política, uma “espécie de nação mista, na qual franceses e árabes viveriam livremente e em igualdade de direitos em solo argelino”; entretanto, a situação política agrava-se na Argélia e, no 1º de outubro, escreve Lettre à un Militant Algérien e outros artigos acerca da situação argelina, nos quais defende uma conciliação entre os interesses em presença, afirmando que “a Argélia não é a França” mas que nela vivem um milhão de franceses; a escalada da guerra na Argélia tornara-se insuportável para Camus que viveu a “infelicidade argelina como uma tragédia pessoal “. Apoia a Frente Republicana e o programa eleitoral de Mendes-France. Em novembro, publica, no Le Monde libertaire, L´Espagne et le Donquichottisme.
domingo, novembro 14
A Alemanha
Acerca da nova vaga por cá reina o otimismo de feição não alarmista, mas ...quando, muito em breve, o Parlamento for dissolvido como, em caso de necessidade, declarar o estado de emergência? Dia 30 de janeiro vamos às urnas, a ver em que condições! "A Alemanha está a preparar o regresso maciço ao teletrabalho, segundo um projeto de lei do Governo para deter uma nova vaga da pandemia covid-19, depois de o ter levantado em julho deste ano, noticia este domingo a agência France-Presse.
A reintrodução da norma do trabalho no domicílio surge na sequência do aumento "inquietante" dos números de novos casos diários e de mortes, desde meados de outubro, num país em que a taxa de vacinação atinge apenas 67%." (In Lusa).
Albert Camus - biografia breve (18)
1953-1954 Camus desenvolve intensa atividade no campo teatral e toma posições públicas de protesto contra a prisão, na Argentina, de Victoria Ocampo, contra a intervenção da União Soviética em Berlim Leste e contra a repressão, pela polícia de Paris, de manifestantes da África do Norte; a Gallimard publica o volume Actuelles II (1948-1953); surge nos Cadernos a primeira referência ao esboço do que viria a ser a sua última obra, Le Premier Homme. Sua mulher Francine dá sinais de uma grave depressão. O estado depressivo de Francine agrava-se e Camus vive um período de grande cansaço e desilusão; a Gallimard publica L´Été, na coleção Les Essais; profere intervenções públicas a favor de sete tunisinos condenados à morte; a 7 de maio, escreve nos Cadernos: “Queda de Dien Bien Phu. Como em 40, sentimento partilhado de vergonha e de fúria”; em setembro, Francine apresenta melhoras; viagens à Holanda e a Itália, para uma série de conferências, enquanto eclode, na Argélia, a luta armada de libertação.
Albert Camus - biografia breve (17)
1952 - Alguns dias antes da saída do livro, Camus dissera a Oliver Todd, seu biógrafo: “Apertemos as mãos. Porque daqui a alguns dias não haverá muita gente para me apertar a mão”. Camus sabia que a liberdade de pensamento nem sempre é bem aceite. Em L´Homme Révolté, Camus realiza um esforço sério para compreender o seu tempo, ousando condenar não só a barbárie nazi, mas também o Goulag, contra a opinião dos seus amigos da esquerda sob a hegemonia do Partido Comunista Francês. Em maio, na revista Temps Modernes, Francis Jeanson, a mando de Sartre, publica um artigo violento, e insultuoso, contra o ensaio de Camus, que responde dirigindo-se ao diretor da revista, ou seja, ao próprio Sartre, levando ao corte de relações entre ambos. Em dezembro, Camus publica Post-sciptum, texto no qual procura explicar as razões que o tinham levado a escrever L´Homme Révolté. Recusa-se a colaborar com a UNESCO, em protesto contra a admissão da Espanha franquista na organização.
sábado, novembro 13
Albert Camus - biografia breve (16)
1948-1951 – Em janeiro, termina a redação de L´État de Siège, no qual trabalhará ainda em julho; em outubro, esta peça sobe à cena, com encenação de Jean-Louis Barrault, tendo constituído um tremendo fracasso, tanto para a crítica como para o público. Em julho/agosto de 1949, Camus realiza uma longa viagem à América do Sul, para proferir uma série de Conferências; regressa gravemente doente; durante a viagem, concluira a peça Les Justes que, em dezembro, sobe à cena, com encenação de Paul Oettly, tendo Serge Reggiani e Maria Casarés nos principais papéis. Segundo as suas próprias palavras, tratou-se de um semi-sucesso. No ano de 1950, além da publicação de Actuelles, Chroniques 1944-1948, Camus recupera da doença. Em 1951, termina a redação de L´Homme Révolté, publicado em outubro, pela Gallimard, desencadeando então uma forte polémica que ganhará sobretudo expressão no ano seguinte. Camus aborda, de forma desassombrada, para o seu tempo, a questão dos totalitarismos: “o fascismo é a glorificação do carrasco por ele próprio; o comunismo, mais dramático, a glorificação do carrasco pelas vítimas”.
Es el comienzo de algo que va a ser maravilloso, dizem elas.
Um movimento de mulheres lideres de esquerda em Espanha que pode mudar a geografia politico-partidária no país vizinho. Atenção a todos os imobilismos da nosssa esquerda em véspera de eleições.
"No era el lanzamiento de una plataforma preelectoral para aglutinar a las fuerzas políticas a la izquierda del PSOE, pero las primeras palabras de Yolanda Díaz este sábado en Valencia han anunciado al inicio de un proceso de unión. “Es el comienzo de algo que va a ser maravilloso, pero no somos nosotras, sois vosotras”, ha afirmado la vicepresidenta dirigiéndose al público y en referencia a las expectativas despertadas por el acto que había organizado la líder de Compromís Mónica Oltra, para reunir también a la alcaldesa de Barcelona, Ada Colau, la portavoz de la Asamblea de Madrid, Mónica García, y la política ceutí Fátima Hamed Hossain. Todo un escaparate de los nuevos liderazgos en la izquierda capitaneados por mujeres y una prueba para testar posibles afinidades de cara a una futura alianza entre ellas en la que han reivindicado “caminar juntas” desde la diferencia para hacer posibles otras políticas. Los guiños a un plan colectivo han sido constantes a lo largo de las dos horas de charla. “Aquí tenemos un proyecto de país”, ha defendido la líder de Unidas Podemos en el Gobierno, aunque para el anuncio oficial, si se produce, habrá que esperar." (in El Pais")
A insinuante comunicação vacinal
"Natal com terceira dose não vai ser cumprido." ( In Expresso")
Eis uma manchete insinuante no sentido em que afirma uma situação inevitável como se fosse um não cumprimento de metas. Basta referir o meu caso pessoal: tendo tomado a segunda dose a 28 de junho só poderei tomar o reforço a partir de 28 de dezembro. As metas nas atuais circunstâncias são meros incentivos à mobilização para a toma das vacinas, num contexto em que a crise politica ajuda muito às derivas populistas ainda para mais quando não é dificil estimar um agravamento da situação pandémica em coincidência com a campanha eleitoral.
sexta-feira, novembro 12
Albert Camus - biografia breve (15)
1947 - A 3 de junho, Camus abandona o jornal Combat, cuja redação se havia dividido a propósito da criação por De Gaulle do RPF (Rassemblement du Peuple Français); no dia 10 do mesmo mês, é publicado La Peste, edição da Gallimard: é o seu primeiro grande sucesso editorial tendo sido vendidos, entre julho e setembro, 96.000 exemplares, e com ele obterá o “Prémio dos Críticos”.
A nova vaga
"Las restricciones más severas vuelven a Europa: confinamiento para no vacunados, toque de queda y cierre de hostelería
Las cifras de contagios y de ocupación de las UCI obligan a dar marcha atrás a quienes creían haber alcanzado la ‘nueva normalidad’. Países Bajos anuncia nuevas medidas y Austria quiere evitar que los no inmunizados salgan a la calle salvo para lo más necesario." (In "El País")
Nós por cá todos bem
"UE confirma “informações inquietantes” de manobras militares russas junto à Ucrânia
Com cerca de 90 mil tropas perto da fronteira, Rússia garante que não invadirá a Ucrânia “a não ser sob provocação”." (in Público)
quinta-feira, novembro 11
Albert Camus - biografia breve (14)
1946 - Em março/junho, viaja para os Estados Unidos e Canadá; pelo outono nasce uma mútua, e profunda, amizade com René Char (“Char que eu amo como a um irmão”- dirá a Pierre Berger), que, para Camus, era mais do que um poeta, um resistente, o Capitão Alexandre da Resistência, chefe do “maquis”; em novembro, escreveu uma série de oito artigos para o Combat, reunidos sob o título Nem vítimas nem carrascos. Reescreve La Peste.
quarta-feira, novembro 10
Albert Camus - biografia breve (13)
1945 - No pós-guerra, Camus desenvolveu uma intensa atividade jornalística e política; uma das suas mais relevantes tomadas de posição refere-se ao lançamento da primeira bomba atómica sobre Hiroshima, a 6 de agosto, tendo, dois dias depois, publicado um editorial referindo “as terríveis perspetivas que se abrem à humanidade”; a 5 de setembro, nascem os seus filhos gémeos, Catherine e Jean. Representação de Calígula no teatro Hébertot e publicação, pela Gallimard, de Lettres à un Ami Allemand, em memória de René Leynaud.
Albert Camus - biografia breve (12)
1943-1944 - Estabelece contacto com o movimento clandestino da Resistência Combat; em junho de 1943 conhece Sartre, em Paris, aquando da estreia da peça As Moscas; encontra-se com Claude Bourdet, do Comité Nacional da Resistência, assumindo funções, cada vez mais importantes, no jornal Combat que o levaram a assumir, no início de 1944, a direção do jornal; a 6 de junho, as tropas aliadas desembarcam na Normandia; em junho, Le Malentendu sobe à cena, sob a direção de Marcel Herrand. O seu empenhamento no teatro, de que tanto gostava, propicia a paixão pela atriz Maria Casarès, com a qual manterá um longo relacionamento amoroso; em 21 de agosto, é editado o primeiro número legal do jornal Combat com um editorial assinado, pela primeira vez, com o nome de Camus, intitulado: Le Combat continue …; 25 de Agosto é o dia da libertação de Paris e Camus intitula o seu editorial La Nuit de la Vérité; a partir de 31 de agosto escreve no Combat uma série de notáveis artigos acerca da liberdade de imprensa.
terça-feira, novembro 9
Populismos vacinais
Rangel será a voz do populismo na campanha eleitoral já em curso: "Paulo Rangel desafiou o Governo, esta terça-feira, a convidar o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo a coordenar, novamente, o processo de vacinação contra a covid-19."(Dos jornais). Está bastante bem identificado o fenómeno de politização pelos populistas de todos os matizes da vacinação contra a covid19. É uma fatalidade. Mas nem por isso deve deixar de ser veementemente condenada. Ora veja-se o meu caso pessoal: hoje fui ao portal do SNS consultar a minha ficha no que respeita ao registo de vacinas. A segunda toma da vacina contra a covid19 ocorreu a 28 de junho passado. Logo a dose de reforço só pode ser inoculada a partir de 28 de dezembro (seis meses depois). Mas entretanto já fui vacinado contra a gripe (na farmácia, mas já consta no portal do SNS). Este é um processo de vacinação sequencial de muito menor dimensão mas mais complexo do que o anterior que, no entanto, no periodo inicial (mesmo com o Vice Almirante) se confrontou com dificuldades da mesma natureza. Deixem o Vice Almirante em paz.
Albert Camus - Biografia breve (11)
1942 - Sofre uma recaída da tuberculose e, a meio de agosto, muda-se para as terras altas de Auvergne; em maio, é publicado pela Gallimard, L´Étranger, acabado de imprimir em 21 de abril, que continua a ser o livro mais vendido das edições Gallimard, a que se segue, em outubro, a publicação, pela mesma editora, de Le Mythe de Sisyphe. Escreve La Peste; a 8 de novembro, as tropas aliadas desembarcam em Marrocos e na Argélia, separando-o da mulher, que havia regressado à Argélia no mês anterior; reencontrar-se-ão somente após a Libertação.
Albert Camus - biografia breve (10)
1941 - Este regresso forçado à Argélia, para junto dos familiares da mulher, em Orão, cidade que detestava, coincidiu com uma época de dificuldades materiais; a 21 de fevereiro, escreve nos Cadernos: “Acabei Sísifo. Os três Absurdos estão terminados”. Faz circular o manuscrito de O Estrangeiro; em abril, regressa a Argel e, em novembro, O Estrangeiro é aceite pela equipa de leitura da editora Gallimard.
segunda-feira, novembro 8
Albert Camus - biografia breve (9)
1940 - Camus parte, em 14 de março, para Paris, onde se junta a Pascal Pia, assumindo funções no secretariado da redação do Paris-Soir. No dia 1º de Maio, escreve numa carta a Francine: “Acabei o meu romance […] Sem dúvida, não terminei o meu trabalho”. Tratava-se de L´Étranger. Nos inícios de junho, face à iminência da ocupação de Paris pelos alemães, Camus acompanha a redação do Paris-Soir para Clermont-Ferrand, instalando-se, em setembro, na cidade de Lyon; em novembro, junta-se-lhe Francine Faure e, a 3 de Dezembro, casam em Lyon, tendo como testemunhas Pascal Pia e três tipógrafos do jornal; logo de seguida, no final do ano, é despedido, regressando à Argélia, Orão.
Albert Camus - biografia breve (8)
1939 - Publicou, em Argel, Noces, nas edições Charlot; a França e a Inglaterra declaram, a 3 de setembro, guerra à Alemanha; o seu alistamento voluntário no exército é recusado por razões de doença. Proibição do Soir Républicain que havia sucedido ao Alger Républicain.
Portugal no pódio
Aguardam-se destaques nos OCS para esta notícia, comentários e debates em prime time!!!
"A primeira edição do Índice Global de Políticas de Drogas coloca Portugal no terceiro posto, com 70 pontos em 100 possíveis, atrás da Noruega (74 pontos) e da Nova Zelândia (71)". (in Expresso)
Albert Camus - biografia breve (7)
1938 - Concluindo Noces, toma notas para Calígula e trabalha, intensamente, na atividade teatral, destacando-se uma adaptação de Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, na qual interpretará o papel de Ivan Karamazov. Conhece Pascal Pia, redator-chefe do novo jornal Alger Républicain, do qual se torna redator. Faz a apresentação do primeiro número da revista Rivages.
domingo, novembro 7
Albert Camus - breve biografia (6)
1937 - Edita, em Argel, com uma tiragem reduzida, L´Envers et l´Endroit; elabora o projeto para La Mort heureuse e trabalha na redação de Noces; doente, parte para Paris, Marselha e visita o norte de Itália, deixando nos Cadernos notáveis apontamentos desta visita; de regresso à Argélia, recusa o lugar de professor em Sibi-bel-Abbès (Orão); o Teatro do Trabalho passa a chamar-se Teatro da Equipa. Em agosto de 1937, é excluído do Partido Comunista, acusado de “trotskista”. Encontra, pela primeira vez, Francine Faure, sua futura mulher.
Albert Camus - breve biografia (5)
1936 - Em abril, é proibida a representação de Revolta nas Astúrias, mas a peça é publicada pela editora Charlot; em maio, Camus obtém o Diploma de Estudos Superiores em Filosofia com uma tese intitulada Metafísica Cristã e Neoplatónica: Plotino e Santo Agostinho; nesse mesmo mês, a Frente Popular vence as eleições em França; a 17 de julho, tem início a Guerra Civil Espanhola que o marcou profundamente e na qual toma, declaradamente, o partido dos republicanos. Mais tarde será condecorado pelo governo espanhol republicano, no exílio, numa peculiar cerimónia, em que comparece sozinho; realizou uma viagem, marcante, à Europa Central e separou-se de Simone Hié.
Pelo 40º aniversário do jantar de extinção do MES
Em 7 novembro de 1981 realizou-se um evento improvável: a celebração da extinção de um partido politico, o Movimento de Esquerda Socialista (MES).
É notável como, invariavelmente, nessa celebração os rostos ostentam um sorriso de serena felicidade e alegria. O encerramento de uma experiência fascinante poderia ser celebrado com melancolia ou crispação mas, no caso do jantar de extinção do MES, aconteceu o contrário.
Muitos anos passados, cada um de nós, ainda se revê, com prazer, nas imagens daquele momento simbólico de renúncia à continuidade de um projecto político. Porque nos libertamos? Porque fomos capazes de assumir o fracasso? Porque sabíamos que éramos, individualmente, capazes de prosseguir novos caminhos e abraçar novos desafios? Porque, afinal, nos reconciliávamos connosco próprios, reconstruindo os nossos sonhos utópicos?
Como disse Camus: “Ir até ao fim, não é apenas resistir mas também não resistir.”
(Fotografias de António Pais.)
Albert Camus - biografia breve (4)
1932-1935 - Prepara a sua licenciatura em filosofia na Universidade de Argel. Publica alguns artigos na revista Sud. Jean Grenier publica As Ilhas. Em 1933 Camus perfaz 20 anos e Hitler sobe ao poder. Em 16 de junho de 1934, Camus casa-se, pelo civil, com Simone Hié. Nesse mês, obtém o certificado de Psicologia e, em novembro de 1934, o Certificado de Estudos Literários Clássicos. O ano de 1935 revela-se fecundo: obtém o certificado de Filosofia Geral e História da Filosofia. Começa a escrever L´Envers et l´Endroit e, em maio, inicia a escrita dos Cadernos e funda o Teatro do Trabalho. Compõe, “em coletivo”, a peça Revolta nas Astúrias e, por influência de Jean Grenier, no outono de 1935, adere ao Partido Comunista Argelino.
Albert Camus - biografia breve (3)
1924-1931 - Frequenta o curso liceal nunca tendo esquecido o seu mestre Louis Germain a quem dedicará os Discursos da Suécia, pronunciados em dezembro de 1957, por ocasião da entrega do Prémio Nobel da Literatura. Segue Filosofia, tendo como professor Jean Grenier, um notável escritor, cuja influência se revelará decisiva na formação intelectual e humana de Camus. Pelos seus 17 anos, em 1930, atingido pela tuberculose, é acolhido em casa de seu tio Gustave Acault, dono de um talho, franco-mação, homem de uma cultura invejável, em cuja vasta e eclética biblioteca, Camus toma contacto com os clássicos e lê obras de Balzac, Victor Hugo, Émile Zola, Anatole France e de outros autores. Quando, em 1946, lhe anunciam a morte do tio Gustave confia a Jean Grenier: “Foi o único homem que me fez imaginar o que poderia ser um pai.” Em 1931, é obrigado a abandonar a paixão pelo futebol, de que chegou a ser praticante numa equipa da Universidade de Argel, devido aos primeiros sinais da tuberculose, doença que o impedirá naquele ano de fazer as provas de acesso à Faculdade.
Albert Camus - biografia breve (2)
1918-1923 - Camus frequenta a escola comunal de Belcourt tendo chamado a atenção de Louis Germain, seu professor, que admirando as qualidades do seu jovem aluno e apercebendo-se da vontade da família para que abandonasse os estudos por motivos económicos, intercedeu junto da avó de Camus (a verdadeira matriarca da família) para que lhe fosse permitido prosseguir. A diligência foi bem-sucedida e, em 1923, Camus ingressa, como bolseiro, no liceu Bugeaud, em Argel.
Albert Camus - biografia breve (1)
1913-1917- Albert Camus argelino, pelo nascimento, filho de emigrantes, nasceu pobre. A sua mãe, Catherine Sintès, era de ascendência espanhola (Baleares) e seu pai, Lucien Camus, de ascendência francesa. O pai morreu em 11 de outubro de 1914, no hospital militar de Saint-Brieuc, depois de ter sido gravemente ferido na Batalha de Marne. A família muda-se para o bairro Belcout, em Argel.
Albert Camus - no dia do seu aniversário
Albert Camus nasceu a 7 de novembro de 1913. Paul Valéry, desdenhando das biografias, escreveu um dia: “Ainda que pouco saibamos sobre Homero, permanece para nós intacta a beleza marítima da Odisseia”. Mas o exemplo de Homero, talvez rapsodo de textos alheios, não parece adequar-se à vida e obra de Albert Camus. Sabida a vida de Albert Camus nos damos conta de que alguns autores fazem também da vida uma obra. Quase nada na sua vida é provável, quase tudo é a demonstração de uma alargada coerência estilística que vai do pensamento ao gesto, do gesto à palavra, e da forma da palavra ao conteúdo da palavra. E por isso quanto mais sabemos sobre a vida de Albert Camus mais ela nos persuade da verdade da obra. E da urgência de a lermos, se andamos sedentos de verdade.
quinta-feira, novembro 4
Eleições
Abriu-se formalmente a crise politica com a antecipação das eleições legislativas. Temos data: 30 janeiro 2022. Apetece-me fazer um único comentário: é sempre melhor dirimir os conflitos de interesses, divergências ideológicas, em suma, a luta pelo poder pela via pacífica que o voto em liberdade propicia, uma extraordinária vantagem da democracia política. (Gosto muito de eleições!)
Batidas
"O Marcelo bateu com o carro à saida do Conselho de Estado, definindo o tom para os meses que se avizinham". (Mensagem recebida hoje do meu filho.)
terça-feira, novembro 2
Prazos, datas, congressos e lideranças ...
Até quinta feira próxima os cidadãos sem acesso a fontes de informação priviligeadas não ficarão a saber a data de eventuais eleições antecipadas que acontecem por ter, pela primeira vez na história da democracia pós 25 de abril, ter sido reprovada pela AR uma proposta de orçamento de estado. Mas o cerne das presentes discussões públicas a propósito da crise politica é a da data das eleições a decidir pelo PR/versus congressos partidários nos quais se disputam as respetivas lideranças (CDS/PP e PSD). Uma semana para a frente ou quinzena ou mês ... Na verdade a democracia representativa funda-se em partidos politicos que têm vida própria, órgãos, eleições internas tal como acontece com qualquer outra associação pois, afinal, os partdos politicos são associações embora, por ironia, a realidade associativa no seu conjunto seja pouco valorizada politicamente pelos partidos. Mas voltando à presente discussão acerca da data das eleições ainda não ouvi ninguém sequer sussurar acerca da hipótese de o PS resolver convocar um congresso extraordinário antes das eleições, nem ouvi falar na convocatória dos seus órgãoes próprios entre Congressos, atenta a presente crise politica. É no minimo estranho ...
segunda-feira, novembro 1
Oremos!
Por estes dias correm por diversos países europeus notícias de politicos que preconizam a administração da chamada dose de reforço (a 3ª dose). É o caso, por exemplo, da Alemanha e da Áustria. Os numeros de infetados com covid 19 disparam nesses paises com o consequente aumento de todos os indicadores negativos. Sabem qual é a diferença entre a situação desses países (incluindo Rússia e países de leste) e Portugal? É que nesses países a taxa de vacinação completa da população no melhor dos casos não ultrapassa os 65% enquanto em Portugal já ultrapassou os 85%. O discurso corrente em Portugal é curiosamente que tal se deve ao Almirante Gouveia e Melo e aos portugueses como se não existisse o SNS, ao mesmo tempo carregado negativamente com casos noticiados todos os dias. É um processo de contrainformação habitual visando atacar o SNS aproveitando as suas fraquezas e omitindo as suas qualidades que permitiram o sucesso do processo vacinal. Não tarda surgirão no caso mais que provável de eleições antecipadas os programas dos partidos de direita e quero ver o que preconizam para o sistema de saúde nacional e aposto que no meio de toda a retórica esses programas terão no centro uma só palavra: privatização. Entretanto a própria OMS dá como exemplo ao mundo o caso de Portugal. E estimo que a evolução da pandemia em Portugal, neste inverno, seja mutissimo menos preocupante que na maioria desses paises que incluem os chamados países ricos. Neste contexto criar as condições para desencadear eleições legislativas antecipadas será um das maiores erros politicos da história da democracia politica portuguesa. Oremos!
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