segunda-feira, janeiro 8

A PROPÓSITO DO SINDICALISMO

Posted by Picasa Texto e Imagem do Divas & Contrabaixos

A questão que colocamos todos os dias é como ajustar as políticas sociais à nova realidade socio-económica, considerando situações como a permanência do desemprego estrutural, a flexibilidade do trabalho e, em consequência, a maior mobilidade e o menor compromisso das empresas em relação aos seus empregados. Por outro lado, vivemos tempos de reformas neoliberais. Em Portugal, poucos analistas se debruçaram sobre as transformações do trabalho, e menos ainda na perspectiva do sindicalismo. No domínio da sociologia do trabalho não encontrei nenhum trabalho recente.
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Como têm as centrais sindicais enfrentado esta situação adversa? Vivem num mundo muito distinto daquele que deu origem ao sindicalismo revolucionário, mesmo se a evolução social não eliminou o problema fundamental da exploração dos trabalhadores. CGTP-IN e UGT têm adoptado posições e estratégias similares, encontraram vias distintas de acção, convergem em que matérias? Confesso que me sinto incapaz de tal análise, que qualquer opinião seria apenas "impressionista" (como diz o Vasco Graça Moura). Por exemplo, parece-me que existe nas duas centrais sindicais a crença de que a qualificação profissional seria uma boa maneira de enfrentar o desemprego (mas até que ponto a qualificação formal, sendo requisito importante na contratação, impede a demissão?).
A verdade é que mesmo nos media, e em particular nas televisões, são raras as oportunidades de discussão desta e outras matérias mais qualitativas.
Modelos de negociação, relações entre sindicatos (no seio das duas confederações), o peso da organização de trabalhadores nos locais de trabalho; e problemas de fundo relativos a higiene e segurança no trabalho, a doenças profissionais, à situação (segregação) das mulheres no trabalho, etc. não merecem, pelo que se (não) vê, suscitar interesse e reflexão. Os responsáveis sindicais são chamados a dar o seu testemunho apenas em ocasiões de greve e na origem destas estão, normalmente, reivindicações quantitativas, isto é, questões salariais.
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Com a maior diversificação de actividades que tem caracterizado o dinamismo dos sistemas económicos pós-industriais, não posso deixar ainda de sentir que são cada vez mais aqueles que não fazem parte dos grupos sociais tradicionalmente "protegidos" pelos sindicatos. Ficamos com a impressão de que, não sendo funcionário público, médico, jurista, professor ou jornalista, se está bem! Enfim, os jogadores de futebol, encontraram agora motivos para fazer uma greve, mas alguém ouviu falar dos direitos dos empregados domésticos, operários de construção, agricultores, empregados do comércio e hotelaria, actores, desenhadores técnicos, técnicos de estudos de mercado, tradutores, caixas de supermercados, etc., etc..
Não me vou alongar, mas cada uma destas profissões merecia algumas medidas legislativas dirigidas. Por exemplo, a maior parte dos funcionários domésticos não declaram actividade. Em França este problema foi atenuado quando os casais com filhos, em que mãe e pai trabalham, passaram a poder deduzir no IRS esses mesmos gastos. Todos ficaram a ganhar, o Estado também.
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Por cá, os protagonistas actuais, governo, empresas, sindicatos, são poucos eficazes na defesa dos nossos direitos. Ponho em causa esta concentração do poder político e social. A "descentralização" ou "democratização" das decisões relativas ao trabalho será um conceito pouco operacional?

Falávamos de sindicatos. Mas na minha área - Estudos de mercado e de opinião, as expectativas no sentido da legitimação dos interesses da classe são mais dirigidas às associações profissionais. A luta de classes passou para segundo plano. O eco do apelo "Operários de todo o mundo, uni-vos!" não encontrou ainda uma caixa de ressonância. E não é por falta de "operários" com contratos de trabalho precários.

[Maria do Rosário Fardilha a propósito do artigo “A luta de classes segue dentro de momentos …”, tema a retomar e desenvolver mais tarde.]

LISBOA DAKAR - UM FENÓMENO MEDIÁTICO

Posted by Picasa Fotografia Daqui

Tenho dito que o rali Lisboa Dakar é um fenómeno mediático a nível mundial. Cada vitória de uma equipa portuguesa coloca o nome do país em destaque em todos os meios de comunicação à escala global. Assim, naturalmente, com todas as outras.

É claro que as equipas e os pilotos de cada país são tratados pelos meios de comunicação respectivos com maior destaque. Nada de admirar. Deixo a título de exemplo um site português e os blogues do “El Pais” e do “Estado de S. Paulo”.

domingo, janeiro 7

Pela noite dentro

Posted by Picasa Fotografia Bartek Pogoda

Pela noite dentro meio dormida meio acordada
Torna-se presente o que não me interessa nada

6/12/2007

LISBOA DAKAR - 2ª ETAPA

Posted by Picasa Hélder Rodrigues

Helder Rodrigues estreia-se a vencer

Carlos Sainz vence segunda etapa

João Nazareth vence nos Quads

[No Lisboa Dakar, os portugueses saem na frente, em território nacional. É um feito que dá direito a sair em todas as primeiras páginas da imprensa internacional. Nada pouco!]

CONSUELO DE SAINT EXUPÉRY

Posted by Picasa Fotografia daqui

Comprei um belo livro intitulado “Antoine de Saint Exupéry e Consuelo, Um Amor Lendário”, edição portuguesa da Teorema. Usufruir das memórias de algumas figuras lendárias é um prazer que nos reconcilia com a vida.

JOÃO CRAVINHO

Posted by Picasa Fotografia Daqui

A política tem coisas do arco-da-velha. João Cravinho, deputado socialista, foi convidado para a administração do BERD e aceitou. Esse facto foi motivo para que o próprio, prevenido, tivesse que vir a público deixar claro que não vai embora do parlamento para que o pacote anti corrupção, pelo qual se tem batido, vá por água abaixo.

É certo que a maior parte dos cidadãos não conhecem o Eng. º João Cravinho senão como político e serão tentados a pensar que se trata de mais um daqueles “desempregados de longa duração” que entram no parlamento incógnitos e dele incógnitos saem.

Mas não é o caso. O Eng. º João Cravinho é uma personalidade do mais alto gabarito, no plano humano e moral, possuindo uma qualificação técnico-científica do mais alto nível. O Eng.º João Cravinho, com o qual já tive a honra de trabalhar, pertence ao escol dos homens públicos portugueses que não precisa do parlamento senão para defender princípios, projectos e ideias.

Era só o que mais faltava que, ao contrário de outros, que no cotejo com ele não passam de pigmeus, tenham sido glorificados quando abandonaram os mais altos cargos na política nacional para ocupar funções internacionais, e João Cravinho fosse hostilizado por aceitar um cargo internacional no exercício do qual prestigiará, certamente, o país.

Maria da Conceição Newparth

Posted by Picasa Mural pintado na Rua António Maria Cardoso em homenagem aos cidadãos assassinados pela PIDE no dia 25 de Abril de 1974 [Já desaparecido].

Só ontem tomei conhecimento da morte de Maria da Conceição Newparth. Tive oportunidade de a conhecer mas não me incluía entre os seus amigos íntimos. Sei que a sua acção política, antes e depois do 25 de Abril, foi discreta mas eficaz, como referem os testemunhos daqueles que a conheceram de perto.

Tive a oportunidade de conhecer, recentemente, na íntegra, a surpreendente colecção de fotografias dos “Murais de Abril” que legou ao “Centro de Documentação 25 de Abril” da Universidade de Coimbra, e de organizar uma homenagem à sua figura aquando da celebração do 25 de Abril de 2006.

Nesse contexto foi organizada, uma modesta, mas significativa, exposição de um fragmento daquela colecção de fotografias a que foi dado o título de “Murais Artísticos de Abril”. Algumas dessas fotografias já foram, aliás, aqui publicadas.

A que hoje publico, pela primeira vez, tem uma história particular na justa medida que se refere a um mural a cuja produção e execução eu próprio estive associado.

Aqui lhe rendo a minha homenagem.

sábado, janeiro 6

LISBOA DAKAR - VITÓRIAS PORTUGUESAS

O SER PORTUGUÊS

Posted by Picasa Fotografia de Hélder Gonçalves

É extraordinária a capacidade destruidora da inércia. Mais extraordinária ainda é a eficácia das mensagens negativas lançadas contra os que ousam contrariar a inércia. O Estado não tem o monopólio da inércia. Onde a inércia atinge a sua máxima capacidade destruidora é no plano individual. Quando a inércia se casa com a manha atinge-se a perfeição. Um inerte manhoso é um ser talhado para os mais altos voos ou as mais inenarráveis desgraças. O problema do combate à inércia das instituições em geral, e das públicas em particular, é que elas, regra geral, estão pejadas, de alto a baixo, de seres inertes manhosos. Para contrariar a força gerada pela inércia manhosa é preciso aplicar uma força contrária brutal o que, em democracia, está ao alcance de poucos. Além do mais se o poder democrático vacila e o líder falha a inércia consagra-se como virtude e a manha eleva-se à categoria suprema da arte de bem viver. A opinião pública rejubila pois a tradição histórica portuguesa está repleta de inertes manhosos, desde reis a presidentes, de meretrizes a pederastas, de religiosos a laicos, de onzeneiros a pobretanas. Todos os dias somos confrontados com fragmentos desta luta que, em Portugal, não é um acontecimento da história mas a própria história. Uma das tragédias mais pungente do ser português.

sexta-feira, janeiro 5

DANIELA

A LUTA DE CLASSES SEGUE DENTRO DE MOMENTOS ...

Posted by Picasa Fotografia de Hélder Gonçalves

Ao abrir um novo ano verifico que vivemos um tempo em que o estado social está no centro de todas as atenções e todas as reformas são inadiáveis. Neste contexto apetece-me perguntar se, por acaso, a reforma dos sindicatos não deverá ser também considerada inadiável.

O papel dos sindicatos corresponde às exigências de uma sociedade em mutação? O programa de acção dos sindicatos corresponde aos anseios dos trabalhadores, em particular, dos trabalhadores “por conta de outrem”?


Estes são os dois primeiros parágrafos do artigo, com o título em epígrafe, que está disponível, na íntegra, no site do “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR.

quinta-feira, janeiro 4

SIM

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM. SIM.

CAMUS - O DIA DA SUA MORTE

Posted by Picasa “Albert Camus – Une Vie”, Olivier Todd.

Albert Camus morreu no dia 4 de Janeiro de 1960.

“Camus trabalhou assiduamente em O Primeiro Homem durante todo o ano de 1959. Em Novembro foi para Lourmarin para aí permanecer ate à passagem do ano; depois, em Paris, queria ficar com um teatro próprio e considerou também a hipótese de desempenhar o papel principal masculino no filme Moderato Cantabile baseado no conto de Marguerite Duras. O Natal passou-o com a família na casa da Provença e a família Gallimard passou com eles a festa do Ano Novo. A 2 de Janeiro a mulher de Camus teve de regressar a Paris com as crianças por causa do recomeço das aulas. Os Gallimard propuseram a Camus regressar de carro com eles no dia seguinte. Queriam ir calmamente e aproveitar para comer bem, pelo que previram dois dias para o regresso. A 4 de Janeiro o grupo em viagem almoçou em Sens, a cerca de cem quilómetros de Paris. Depois prosseguiram viagem pela estrada nacional, passando por uma série de pequenas aldeias. Próximo de Villeblevin, o carro derrapou sem razão aparente e chocou frontalmente contra uma árvore. À excepção de Camus, que ia sentado ao lado do condutor, foram todos cuspidos do carro: Michel Gallimard ficou gravemente ferido e foi levado para o hospital com a mulher e a filha que não mostravam ferimentos visíveis. Morreu poucos dias depois.

Camus fracturou o crânio e a coluna vertebral. Foi um tipo de morte violenta com que já tinha sonhado, uma morte, como Camus escrevera em 1951 nos Carnets, … em que se nos desculpem os gritos contra a dilaceração da alma. A isso contrapõe um fim longo e constantemente lúcido para que ao menos não se dissesse que eu fora colhido de surpresa.

O corpo de Camus foi depositado em câmara-ardente no salão da Câmara de Villeblevin e na manhã seguinte transladado para Lourmarin. Dois dias após o acidente realizou-se o funeral. Na frente do cortejo funerário iam Francine Camus, o irmão de Camus e René Char. Não levaram o caixão para a igreja, mas directamente para o cemitério que ficava a alguma distância, frente à casa de Camus. Aí tem Camus a sua campa entre as dos aldeões, de igual tamanho e com uma simples pedra.”

In Camus, de Brigitte Sändig
Circulo de Leitores

Bibliografia Completa.

RALI LISBOA DAKAR

Posted by Picasa Imagem Daqui

O Rali Lisboa Dakar é a maior e mais mediática competição automobilística mundial. Arranca no próximo dia 6 (sábado), de Lisboa, em direcção ao sul de Portugal. Assegurando a partida e duas etapas, nos dias 6 e 7 de Janeiro, em solo português a organização do Rali Lisboa Dakar permite uma notável promoção da imagem de Portugal no mundo.

Conheça as zonas de espectáculo nas etapas em Portugal

quarta-feira, janeiro 3

ENFORCAMENTO DE SADDAM (3)

Posted by Picasa Fotografia daqui

Este é a minha última referência à execução de Saddam sem esquecer que outras se seguirão, sem o mesmo impacto mediático, no contexto da guerra civil no Iraque.

Algumas notas finais:

- Publico fotografias, que poderia não publicar, porque acho que não vale a pena “esconder o sol com a peneira”; o enforcamento de Saddam é um acontecimento marcante do nosso tempo, com forte significado político e impacto mediático. Poderemos sempre virar a cara para o lado mas são estes momentos que permitem revelar a natureza dos homens e a orientação dos governos;

- Posso estar enganado mas não ouvi qualquer declaração de José Manuel Barroso, ele próprio em pessoa, condenando a pena de morte; ficou escondido por detrás da tomada de posição institucional da Presidência da UE não dando a cara – a UE tomou posição mas José Manuel Barroso, não!

- Bush conseguiu fazer o pleno da incompetência política mostrando ao mundo um enforcamento, quase em directo, a que se seguiu a burlesca detenção de um guarda: Detienen a un guardia por la grabación con un móvil de la ejecución de Sadam;

- O Secretário-geral da ONU, no primeiro dia do seu mandato, mostrou a sua reverência face aos USA não condenando o enforcamento de Saddam – um mau sinal para a comunidade internacional;

- O governo português cumpriu com os mínimos da decência política exigível honrando o pioneirismo de Portugal na abolição da pena de morte:
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Un « mythe incarné »

Posted by Picasa Albert Camus

Sublinhados de Leitura das Obras Completas – Introdução (1)

« Plus de soixante ans après sa publication, L´Étranger n’a rien perdu de sa singularité, ni de son caractère novateur et énigmatique. Ce texte dont le vocabulaire et la syntaxe sont si clairs résiste à toute interprétation simplificatrice, comme Meursault lui-même échappe à toute définition réductrice.

L’Étranger, publié en 1942, n’est pas le premier roman fondé sur la représentation de l’absurdité de la vie ; il suffit de rappeler ceux de
Malraux, Les Conquérants (1928) et La Voie royale (1930), romans d’aventures, mais aussi romans de l’absurde : « la conduite de l’aventurier voudrait être une réaction à l’absurdité du monde », note Pierre Brunel ; les termes d’ « absurde » et d’ « absurdité » reviennent souvent dans la bouche de Garine, et du narrateur de son histoire, ou dans les propos de Claude Vannec ou de Perken, et leur commentaire ; Camus, qui admirait Malraux, connaissait évidemment cet livres, et il est possible que la manière dont est évoqué le procès de Garine ait influencé la façon dont Meursault relate le sien. »

(1) In “Oeuvres complètes” – I (1931-1944) Gallimard, Introduction par Jacqueline Lévi-Valensi.
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terça-feira, janeiro 2

RENOVADOS VOTOS DE BOM ANO

Posted by Picasa [Mensagem ilustrada enviada por um amigo daqueles que pouco se vêem mas muito se sentem com os inevitáveis augúrios de bom ano. Em substituição de um post que tinha pensado publicar acerca das declarações do Papa comparando o aborto ao terrorismo.]

CAROS AMIGOS

INFELIZMENTE, A VIDA NÃO É IGUAL PARA TODOS.

NESTE INÍCIO DE ANO, PERMITAM-ME QUE FAÇA UM APELO SINGELO: QUANDO PASSEARMOS PELAS RUAS, PAREMOS UM POUCO E OLHEMOS, COM MAIOR ATENÇÃO E ALGUM DESVELO, SEM INDIFERENÇA, PARA QUANTOS CAMINHAM AO NOSSO LADO, ESFARRAPADOS, QUASE SEM ROUPA A PROTEGÊ-LOS, MUITAS VEZES APENAS COM UM MERO SACO DE PLÁSTICO NA MÃO, ONDE TRANSPORTAM OS SEUS PARCOS HAVERES.

NUNCA É TARDE PARA LHES DARMOS UMA MÃO, PARA TERMOS UM GESTO DE CARINHO, QUE SEGURAMENTE SERÁ RETRIBUÍDO.

LARGUEM O VOSSO EGOÍSMO E PENSEM NISTO!

BOM ANO

SADAM - A CRIAÇÃO DE UM MITO

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POSSE DE LULA

segunda-feira, janeiro 1

qual a cor da vida sem medos?

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

No ar plano atravesso uma cortina de segredos
Sopro devagar, separo os amarelos dos verdes
No ser reflicto: qual a cor da vida sem medos?

15/12/2006

sábado, dezembro 30

PORTUGAL NO BRASIL

Posted by Picasa Cavalcanti

O novo blogue da Embaixada de Portugal no Brasil. O embaixador Francisco Seixas da Costa, sempre na frente, promove a modernização da imagem de Portugal no Brasil. Parabéns.

O ENFORCAMENTO DE SADAM (2)

Posted by Picasa Fotografia Daqui

Uma descrição dos últimos momentos de Sadam: “El consejero de la Seguridad Nacional de Irak, Muafaq al Rubai, que estaba presente durante la ejecución, afirmó que el ex dictador "parecía sólido y no se resistió a la muerte".

"No, no temía la muerte. Cuando se acercó al lugar donde está la horca me miró y me pidió a mí que no tuviera miedo", dijo Rubai en declaraciones a la televisión estatal iraquí 'Al Iraquiya'. Señaló que la única petición del ex dictador fue que su copia del Corán "fuera entregada a un hombre que se llama Bandar".
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O ENFORCAMENTO DE SADAM

Posted by Picasa Fotografia Daqui

Não é a primeira nem será a última execução de um homem à mão de outros homens. Em tempo de paz ou em tempo de guerra. Todos sabemos que o tema é difícil. Como lidar com os crimes de guerra e os criminosos que são içados ao exercício supremo do poder?

Todos sabemos que Hitler foi eleito e nem por isso deixou de ser o mentor do holocausto que o presidente iraniano nega. No entanto o Irão, que Bush hostiliza, aplaude o enforcamento de Sadam que os USA, noutro tempo, apoiaram.

A hipocrisia na política em geral e, em particular, na política internacional, alcançou, esta madrugada, o mais alto grau da indignidade humana. Eu sei que o tema é difícil.

Mas a justiça dos vencedores não deveria ser confundida com o despotismo dos ditadores. A morte do vencido às mãos da justiça do vencedor não deveria servir para proclamar o triunfo da democracia.

FIM DE ANO

Posted by Picasa Fotografia de Hélder Gonçalves

Como sempre, nos últimos anos, à vista do mar nas proximidades do ponto mais ocidental da Europa. O oceano atlântico, em toda a sua plenitude, à nossa vista. O cheiro intenso a maresia.

O mar nestas costas é forte quando batido pelo vento. Não havemos de olhar demasiado para trás. Faltam alguns amigos mas juntaram-se outros novos. A vida é feita de mudança. E a olhar o futuro o mundo avança.

Eduardo Lourenço fala numa entrevista recente que os portugueses se preocupam mais com parecer bem e menos com fazer obra. Têm medo de tomar posição. Arriscar nas empreitadas do progresso. Esperam que a obra surja feita. As palavras são minhas. Não tenho a entrevista na minha frente.

Lourenço não diz, mas digo eu, que fazer obra para os portugueses é algo estranho e potencialmente perigoso. Pode pôr em causa o equilíbrio necessário ao triunfo do espírito conservador. Esta filosofia de vida está devidamente documentada pela nossa história – salvo em raros períodos – e pela pena dos nossos maiores: Camões (Luís), Pessoa (Fernando), Sena (Jorge de) …

Os governos querem-se modestos nos grandes desígnios e sem vistas largas não vá o engrandecimento do País ferir as cordatas relações de poder com as grandes famílias instaladas e fazer perigar as dependências face aos interesses estrangeiros.

Dizem os tecnocratas, mais cultos, que falta músculo ao capital e massa crítica à inteligência. Dito do ponto de vista do humanismo o que falta, em regra, é decência aos dirigentes, civismo, educação e cultura ao povo.

Certamente se encontrarão formas originais e renovadas de trilhar, no futuro, um novo caminho de progresso. Mas este simples blog confirma, como tantas outras formas de expressão, em finais de 2003, um princípio que convém preservar, a todo o custo, que Camus sintetizou numa frase que nunca mais esqueci:

“Finalmente, escolho a liberdade. Pois que, mesmo se a justiça não for realizada, a liberdade preserva o poder de protesto contra a injustiça e salva a comunidade”.


[Ressonância de 30 de Dezembro de 2003. Tudo o que escrevi
mantém, para o mal e para o bem, a maior actualidade.]