Esta história faz-me lembrar tanta coisa. Li e assustei-me. Não conhecesse as personagens e seria capaz de efabular.
José Manuel Barroso, em dificuldades, regressa a Lisboa para dirigir o DN.
Santana Lopes, em dificuldades no Governo, assume a direcção de informação da TVI, acumulando com os comentários de domingo à noite.
Portas, em dificuldades no governo, regressa ao Independente. E assim por aí adiante.
Desta forma ficaria garantido o controle da comunicação social. E o governo não duraria muito tempo sob o fogo cruzado dos mais violentos e implacáveis ataques da comunicação social. Até ir ao tapete.
Não estejam a pensar que desgraçado governo seria esse. Era este mesmo, que está em funções, ainda com mais legitimidade pois teria os seus mais ferozes inimigos e críticos lá dentro. Só assim a sua ânsia de protagonismo ficaria saciada... de ambos os lados da barricada.
Como dizia hoje Freitas do Amaral, citando uma frase de época, “de vitória em vitória até à derrota final…”
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, outubro 29
quinta-feira, outubro 28
Frank O´Hara
“The days lady deid” un poema de Frank O'Hara, representativo de su estilo, escrito en recuerdo de la muerte de la célebre cantante Billie Holliday.
(La traduccion es propiedad de Hartz.)
EL DIA EN QUE MURIO UNA DAMA
Son las 12:20 en Nueva york un viernes
tres días después del día de la Bastilla
en 1959 y voy a hacerme limpiar los zapatos
porque marcharé en el de las 4:19 para estar en Easthampton
a las 7:15, después voy derecho a cenar
y no conozco a la gente que me dará de comer
subo por la sofocante calle que empieza a asolearse
y tomo una hamburguesa, una cerveza negra y compro
un feo NEW WORLD WRITING para ver lo que hacen
actualmente los poetas de Ghana
continúo hacia el banco
donde Miss Stillwagon (de nombre de pila Linda según me he enterado)
ni siquiera comprueba mi saldo por una vez en su vida
y en el GOLDEN GRIFFIN compro un breve Verlaine
para Patsy con dibujos de Bonnard, aunque en verdad
pienso en Hesíodo, trad. de Richmond Lattimore,en
el nuevo drama de Brendan Behan, en Le Balcon o Les Nègres
de Genet, pero no, me quedo con Verlaine
después de casi dormirme en la indecisión
y por Mike deambulo hasta la Tienda de Licores
PARK LANE, pido una botella de Strega y
después vuelvo de donde vine a la Sexta Avenida
y al estanquero del Teatro Ziegfield y
pido distraído una caja de Gauloises, una caja
de Picayunes y un NEW YORK POST que trae la cara de ella
y sudo mucho ahora, recuerdo
haberme apoyado en la puerta del wáter en el 5 SPOT
mientras ella le susurraba una canción a lo largo del teclado
a Mel Waldron, y todo el mundo y yo suspendíamos la respiración
(Versão portuguesa)
The day lady died
São 12.20 em Nova Yorque uma sexta feira
três dias depois do dia da Bastilha, sim
é 1959 e vou engraxar os sapatos
porque sairei do das 4:19 em Easthampton
às 7:15 e depois vou direito ao jantar
e nem conheço as pessoas que me convidaram
caminho pela rua sufocante onde o sol começa a aparecer
e como um hamburguer e um malte e compro
um feio NEW WORLD WRITING para ver o que os poetas
do Gana escrevem por estes dias
entro no banco
e Miss Stillwagon (nome próprio Linda ouvi dizer)
nem sequer olha para o meu saldo por uma vez na vida
e no GOLDEN GRIFFIN compro um pequeno Verlaine
para Patsy com desenhos de Bonnard embora hesite
quanto ao Hesíodo, trad. Richond Lattimore ou
a nova peça de Brendan Behan ou Le Balcon ou Les Nègres
de Genet, mas não, permaneço com Verlaine
depois de quase adormecer de embaraço
e para Mike limito-me a passar pela Loja de Bebidas
de PARK LANE e compro uma garrafa de Strega e
então regresso por onde vim para a 6ª Avenida
e a tabacaria no Ziegfield Theatre e
distraidamente peço um maço de Gauloises e um maço
de Picayunes, e um NEW YORK POST que trás a cara dela
e agora já estou a suar muito e pensando em
encostar-me à porta da retrete do 5 SPOT
enquanto ela sussurava uma canção ao correr ao teclado
para Mal Waldron e eu e todos deixámos de respirar.
In “Vinte e cinco poemas à hora do almoço”, Assírio e Alvim,
Tradução de José Alberto Oliveira
(La traduccion es propiedad de Hartz.)
EL DIA EN QUE MURIO UNA DAMA
Son las 12:20 en Nueva york un viernes
tres días después del día de la Bastilla
en 1959 y voy a hacerme limpiar los zapatos
porque marcharé en el de las 4:19 para estar en Easthampton
a las 7:15, después voy derecho a cenar
y no conozco a la gente que me dará de comer
subo por la sofocante calle que empieza a asolearse
y tomo una hamburguesa, una cerveza negra y compro
un feo NEW WORLD WRITING para ver lo que hacen
actualmente los poetas de Ghana
continúo hacia el banco
donde Miss Stillwagon (de nombre de pila Linda según me he enterado)
ni siquiera comprueba mi saldo por una vez en su vida
y en el GOLDEN GRIFFIN compro un breve Verlaine
para Patsy con dibujos de Bonnard, aunque en verdad
pienso en Hesíodo, trad. de Richmond Lattimore,en
el nuevo drama de Brendan Behan, en Le Balcon o Les Nègres
de Genet, pero no, me quedo con Verlaine
después de casi dormirme en la indecisión
y por Mike deambulo hasta la Tienda de Licores
PARK LANE, pido una botella de Strega y
después vuelvo de donde vine a la Sexta Avenida
y al estanquero del Teatro Ziegfield y
pido distraído una caja de Gauloises, una caja
de Picayunes y un NEW YORK POST que trae la cara de ella
y sudo mucho ahora, recuerdo
haberme apoyado en la puerta del wáter en el 5 SPOT
mientras ella le susurraba una canción a lo largo del teclado
a Mel Waldron, y todo el mundo y yo suspendíamos la respiración
(Versão portuguesa)
The day lady died
São 12.20 em Nova Yorque uma sexta feira
três dias depois do dia da Bastilha, sim
é 1959 e vou engraxar os sapatos
porque sairei do das 4:19 em Easthampton
às 7:15 e depois vou direito ao jantar
e nem conheço as pessoas que me convidaram
caminho pela rua sufocante onde o sol começa a aparecer
e como um hamburguer e um malte e compro
um feio NEW WORLD WRITING para ver o que os poetas
do Gana escrevem por estes dias
entro no banco
e Miss Stillwagon (nome próprio Linda ouvi dizer)
nem sequer olha para o meu saldo por uma vez na vida
e no GOLDEN GRIFFIN compro um pequeno Verlaine
para Patsy com desenhos de Bonnard embora hesite
quanto ao Hesíodo, trad. Richond Lattimore ou
a nova peça de Brendan Behan ou Le Balcon ou Les Nègres
de Genet, mas não, permaneço com Verlaine
depois de quase adormecer de embaraço
e para Mike limito-me a passar pela Loja de Bebidas
de PARK LANE e compro uma garrafa de Strega e
então regresso por onde vim para a 6ª Avenida
e a tabacaria no Ziegfield Theatre e
distraidamente peço um maço de Gauloises e um maço
de Picayunes, e um NEW YORK POST que trás a cara dela
e agora já estou a suar muito e pensando em
encostar-me à porta da retrete do 5 SPOT
enquanto ela sussurava uma canção ao correr ao teclado
para Mal Waldron e eu e todos deixámos de respirar.
In “Vinte e cinco poemas à hora do almoço”, Assírio e Alvim,
Tradução de José Alberto Oliveira
Marcelo, outra vez
Não se passa nada. Tinha lido comentários acerca das declarações de Marcelo. Vi ontem ,finalmente, excertos mais alargados, das suas declarações. O assunto é político. Não é uma matéria cor de rosa. É a liberdade de opinião e informação que está em casa. Condicionar a liberdade é matá-la. Nunca repararam nisso? É grave. Esperam-se uns desabafos do PR. Gemidos. Desvanecidos ais. Mas não se passa nada. Como dizia Sena: “Liberdade, liberdade, tem cuidado que te matam...”
quarta-feira, outubro 27
Marcelo confirma pressões
A gravidade do "caso Marcelo" foi confirmada por Marcelo de viva voz. O modelo e o conteúdo dos comentários políticos que Marcelo realizava na TVI não eram bem aceites pelo Governo.
O governo se encarregou de pressionar a TVI que, por sua vez, pressionou Marcelo. Está tudo às claras. Só não entende quem não quiser entender.
O Comissário Delgado dirá que é tudo normal, não é? O Director do DN também se demitiu porque a administração convidou, sem o seu conhecimento, uma nova directora que entretanto resolveu não aceitar. O comissário Delgado dirá que é tudo normal, não?
O que virá a seguir?
Veja a qui a notícia da SIC on line Repensar os comentários
"Marcelo Rebelo de Sousa diz que foi convidado a mudar intervenções na TVI
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou hoje, perante a Alta Autoridade para a Comunicação Social, que foi convidado pelo presidente da TVI a repensar a orientação das suas intervenções de domingo no canal de Queluz."
O governo se encarregou de pressionar a TVI que, por sua vez, pressionou Marcelo. Está tudo às claras. Só não entende quem não quiser entender.
O Comissário Delgado dirá que é tudo normal, não é? O Director do DN também se demitiu porque a administração convidou, sem o seu conhecimento, uma nova directora que entretanto resolveu não aceitar. O comissário Delgado dirá que é tudo normal, não?
O que virá a seguir?
Veja a qui a notícia da SIC on line Repensar os comentários
"Marcelo Rebelo de Sousa diz que foi convidado a mudar intervenções na TVI
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou hoje, perante a Alta Autoridade para a Comunicação Social, que foi convidado pelo presidente da TVI a repensar a orientação das suas intervenções de domingo no canal de Queluz."
Crise política na UE
A Manchete do "El País" - tal como de todos os órgãos de comunicação da Europa e do munndo - é dedicada à acção de José Manuel Barroso à frente dos destinos da UE. O impacto negativo da notícia é, como se calcula, brutal. Promissor...
Barroso retira su equipo de Gobierno y pide aplazar la votación en el Parlamento
Lo más probable es que el equipo de Prodi siga en funciones hasta que el portugués presente una nueva propuesta.
El presidente electo de la Comisión Europea, Durão Barroso, ha abierto una crisis política sin precedentes en el seno de la UE. Momentos antes de la sesión de investidura, Barroso ha retirado la propuesta de su polémico equipo de Gobierno y ha solicitado un aplazamiento. La legislación europea no recoge una situación como ésta y es previsible que por el momento, el Ejecutivo de Romando Prodi siga en funciones.
Barroso retira su equipo de Gobierno y pide aplazar la votación en el Parlamento
Lo más probable es que el equipo de Prodi siga en funciones hasta que el portugués presente una nueva propuesta.
El presidente electo de la Comisión Europea, Durão Barroso, ha abierto una crisis política sin precedentes en el seno de la UE. Momentos antes de la sesión de investidura, Barroso ha retirado la propuesta de su polémico equipo de Gobierno y ha solicitado un aplazamiento. La legislación europea no recoge una situación como ésta y es previsible que por el momento, el Ejecutivo de Romando Prodi siga en funciones.
Os Avisos de Cavaco Silva
A crise política aberta na direita tem muitos protagonistas: o PR, Santana, Cavaco, Marcelo, Portas, Bagão ... No horizonte estão as eleições presidenciais ainda antes das legislativas.
A pouco mais de um ano de vista as forças e as personalidades políticas alinham-se e medem forças. Quase todos os episódios fazem parte da novela presidencial a exibir a partir de finais deste ano com o último episódio previsto para Janeiro de 2006.
É a esta luz que se deve ler esta tomada de posição crítica de Cavaco face ao projecto de orçamento de Estado para 2005, eleborado sob a influência dominante do PP e obedecendo à sua ideologia e calendário:
"Análise pessimista da economia portuguesa"
Cavaco Silva não acredita nas previsões do Governo para o crescimento da economia portuguesa. O ex-primeiro-ministro fez hoje uma análise muito pessimista e deixou o aviso de que uma nova crise de finanças públicas levará Portugal a mais quatro anos de divergência com Espanha e a União Europeia).”
terça-feira, outubro 26
Diário de Notícias - o declínio inevitável
Desde há muito tempo, vai para mais de dois anos, que o DN é um instrumento de propaganda do governo. Certamente que nenhum dos seus responsáveis (Direcção e jornalistas) desconhecem essa situação que o comunicado do "conselho de redacção" denuncia com factos concretos. Muitos outros haveria, certamente, para revelar mas que se mantêm reservados por razões que só os próprios responsáveis e jornalistas poderão explicar. O declínio irreversível do DN não é nada que se não pusesse prever. Esse declínio corresponde a uma orientação editorial continuada e persistente de subserviência aos interesses dos poderes economicos e políticos dominantes. A liberdade de informação deixou há muito de morar no DN.
DN: conselho de redacção alerta para o descrédito "irreversível" do jornal
Reproduz-se o primeiro ponto do "Comunicado dos membros eleitos do Conselho de Redacção" que pode ser lido, na íntegra, no link que se disponibiliza.
1. Os membros eleitos do Conselho de Redacção, confrontados com a inacreditável sucessão de acontecimentos que têm posto o Diário de Notícias na primeira linha da actualidade informativa, pelos piores motivos, manifestam por este meio a sua extrema preocupação pela situação do jornal, que tende a desacreditar-se irreversivelmente perante a opinião pública por razões alheias à vontade, à intervenção e à actuação dos seus jornalistas.
DN: conselho de redacção alerta para o descrédito "irreversível" do jornal
Reproduz-se o primeiro ponto do "Comunicado dos membros eleitos do Conselho de Redacção" que pode ser lido, na íntegra, no link que se disponibiliza.
1. Os membros eleitos do Conselho de Redacção, confrontados com a inacreditável sucessão de acontecimentos que têm posto o Diário de Notícias na primeira linha da actualidade informativa, pelos piores motivos, manifestam por este meio a sua extrema preocupação pela situação do jornal, que tende a desacreditar-se irreversivelmente perante a opinião pública por razões alheias à vontade, à intervenção e à actuação dos seus jornalistas.
14 anos, tanto tempo e tão pouco...
O meu filho Manuel faz amanhã 14 anos. Estou proibido de falar nele neste blog. Mas estas palavras não falam dele mas numa data que representa o início da sua emancipação.
Além do mais a data fez-me lembrar, além de muitas coisas que não são para aqui chamadas, duas citações que só aparentemente nada têm a ver com ela.
"A espessura das nuvens diminuiu. Logo que o sol se libertou, as terras começaram a fumegar."
"Esse vento singular que corre sempre à borda da floresta. Curioso ideal do homem: no próprio seio da natureza, possuir uma casa."
A ele as dedico neste aniversário em homenagem ao seu interesse pela natureza e à defesa intransigente dos animais.
As citações são de Albert Camus, in Cadernos.
Além do mais a data fez-me lembrar, além de muitas coisas que não são para aqui chamadas, duas citações que só aparentemente nada têm a ver com ela.
"A espessura das nuvens diminuiu. Logo que o sol se libertou, as terras começaram a fumegar."
"Esse vento singular que corre sempre à borda da floresta. Curioso ideal do homem: no próprio seio da natureza, possuir uma casa."
A ele as dedico neste aniversário em homenagem ao seu interesse pela natureza e à defesa intransigente dos animais.
As citações são de Albert Camus, in Cadernos.
A Morte dos Velhos Ditadores e os Valores da Democracia
Não é que a notícia me tenha passado despercebida. Como diz um amigo meu as notícias são tantas, e tão desconcertantes, que, muitas vezes, não sabemos por onde lhes pegar. A política atinge o seu mais baixo nível quando se proclama a morte dos adversários ou, mesmo, inimigos. O desejo mal disfarçado de vingança através da eliminação física, seja lá de quem for, não é próprio dos democratas, ou mais prosaicamente, das pessoas de bem.
Eu sei que os políticos lidam, mais do que os seus ingénuos eleitores pensam, com a morte dos outros. A morte política está bem de ver. Mas quando uma alta responsável da UE proclama, sob diversos disfarces mal alinhavados, a morte como solução final para um problema da democracia, estamos no fim da linha.
Se Fidel Castro é um ditador e não foi derrubado pelo seu povo, qual a razão? Se Fidel Castro é um ditador e não foi derrubado por uma intervenção armada dos EUA, qual a razão? Se em Cuba vigora, há decénios, uma ditadura, às portas dos EUA, só se pode dever às fraquezas da democracia americana e não à força dessa ditadura. Se o império da liberdade tolera, à sua porta, uma tirania algo está mal. Se em Cuba o império da liberdade mantém uma prisão na qual não se respeitam os mais elementares direitos humanos, “algo está mal no reino da Dinamarca”.
Defendo a liberdade e repugna-me a tirania. Mas nem por isso os amantes da liberdade podem aceitar que se proclame como um valor aceitável a humilhação e a morte física de um velho ditador. Esta é uma longa história mas existe um precedente que devia dar que pensar aos dirigentes das sábias democracias contemporâneas: em Portugal, Salazar morreu mas nem por isso a ditadura morreu com ele.
É preciso ser implacável na condenação política das ditaduras e prudente no julgamento dos velhos ditadores. É uma diferença subtil? Mas tem jurisprudência. Basta atentar no caso de Pinochet, um velho ditador, apoiado pelo império da liberdade que, contra todos os vaticínios, tem escapado ao julgamento, proclama a sua inocência, está vivo e em liberdade.
Não me parece que a ex-Comissário De Palácio tenha valorizado a cultura democrática e os valores da liberdade e da tolerância ao fazer as declarações que se transcrevem a seguir. Deus nos guarde destes dirigentes conservadores para conceber e executar os programas políticos das democracias.
“A vice-presidente cessante da Comissão Europeia, a espanhola Loyola de Palácio, afirmou hoje que está à "espera que (Fidel) Castro morra", porque a morte do presidente cubano é "a única solução para a democratização de Cuba.
"Todos estamos à espera que Castro morra", afirmou De Palácio numa conversa informal com um grupo de jornalistas, defendendo que a morte do histórico líder cubano é a única forma de mudar a situação e de a democracia chegar à Ilha.
"Esperamos, mas não desejamos" o falecimento de Castro, ressalvou.
"Não digo que o matem, digo é que morra, porque duvido que mude enquanto viver", acrescentou a vice-presidente da Comissão numa reunião de despedida com os jornalistas espanhóis em Bruxelas antes de finalizar o seu mandato, no próximo dia 31 de Outubro.”
Eu sei que os políticos lidam, mais do que os seus ingénuos eleitores pensam, com a morte dos outros. A morte política está bem de ver. Mas quando uma alta responsável da UE proclama, sob diversos disfarces mal alinhavados, a morte como solução final para um problema da democracia, estamos no fim da linha.
Se Fidel Castro é um ditador e não foi derrubado pelo seu povo, qual a razão? Se Fidel Castro é um ditador e não foi derrubado por uma intervenção armada dos EUA, qual a razão? Se em Cuba vigora, há decénios, uma ditadura, às portas dos EUA, só se pode dever às fraquezas da democracia americana e não à força dessa ditadura. Se o império da liberdade tolera, à sua porta, uma tirania algo está mal. Se em Cuba o império da liberdade mantém uma prisão na qual não se respeitam os mais elementares direitos humanos, “algo está mal no reino da Dinamarca”.
Defendo a liberdade e repugna-me a tirania. Mas nem por isso os amantes da liberdade podem aceitar que se proclame como um valor aceitável a humilhação e a morte física de um velho ditador. Esta é uma longa história mas existe um precedente que devia dar que pensar aos dirigentes das sábias democracias contemporâneas: em Portugal, Salazar morreu mas nem por isso a ditadura morreu com ele.
É preciso ser implacável na condenação política das ditaduras e prudente no julgamento dos velhos ditadores. É uma diferença subtil? Mas tem jurisprudência. Basta atentar no caso de Pinochet, um velho ditador, apoiado pelo império da liberdade que, contra todos os vaticínios, tem escapado ao julgamento, proclama a sua inocência, está vivo e em liberdade.
Não me parece que a ex-Comissário De Palácio tenha valorizado a cultura democrática e os valores da liberdade e da tolerância ao fazer as declarações que se transcrevem a seguir. Deus nos guarde destes dirigentes conservadores para conceber e executar os programas políticos das democracias.
“A vice-presidente cessante da Comissão Europeia, a espanhola Loyola de Palácio, afirmou hoje que está à "espera que (Fidel) Castro morra", porque a morte do presidente cubano é "a única solução para a democratização de Cuba.
"Todos estamos à espera que Castro morra", afirmou De Palácio numa conversa informal com um grupo de jornalistas, defendendo que a morte do histórico líder cubano é a única forma de mudar a situação e de a democracia chegar à Ilha.
"Esperamos, mas não desejamos" o falecimento de Castro, ressalvou.
"Não digo que o matem, digo é que morra, porque duvido que mude enquanto viver", acrescentou a vice-presidente da Comissão numa reunião de despedida com os jornalistas espanhóis em Bruxelas antes de finalizar o seu mandato, no próximo dia 31 de Outubro.”
Lusa
Desemprego cai em Espanha
O "El País" dá notícias acerca do desemprego em Espanha. Os socialistas desenvolvem estranhas políticas que deviam ser estudadas ou, quem sabe, investigadas. À consideração superior.
"El paro cae al 10,54% en el tercer trimestre, la tasa más baja en tres años La EPA comunica 61.300 parados menos de julio a septiembre - Las mujeres se benefician de la mayor parte del empleo creado, aunque el paro femenino duplica al masculino.
El paro se redujo en 61.300 personas durante el tercer trimestre del año, un periodo en el que se crearon 190.400 puestos de trabajo. Con ello se redujo el número total de parados a 2.031.300, el 10,54% del total de personas en disposición de trabajar.
Según la Encuesta de Población Activa (EPA) difundida hoy por el Instituto Nacional de Estadística (INE), el empleo generado ha llevado la cifra de ocupados a rebasar los 17,24 millones de personas aunque aumenta fuertemente la precariedad laboral: de los casi 200.000 nuevos asalariados, 179.600 son temporales."
El País
"El paro cae al 10,54% en el tercer trimestre, la tasa más baja en tres años La EPA comunica 61.300 parados menos de julio a septiembre - Las mujeres se benefician de la mayor parte del empleo creado, aunque el paro femenino duplica al masculino.
El paro se redujo en 61.300 personas durante el tercer trimestre del año, un periodo en el que se crearon 190.400 puestos de trabajo. Con ello se redujo el número total de parados a 2.031.300, el 10,54% del total de personas en disposición de trabajar.
Según la Encuesta de Población Activa (EPA) difundida hoy por el Instituto Nacional de Estadística (INE), el empleo generado ha llevado la cifra de ocupados a rebasar los 17,24 millones de personas aunque aumenta fuertemente la precariedad laboral: de los casi 200.000 nuevos asalariados, 179.600 son temporales."
El País
segunda-feira, outubro 25
O IRS para os pobres
Sou um contribuinte vulgar e cumpridor. Julgo eu. Estou à espera que me seja enviada a “via verde” do Dr. Bagão Félix. Também pertenço àquela minoria de ricos do PS que não estão representados pelo partido dos pobres do Dr. Paulo Portas.
Mas, como se sabe, os pobres são mal agradecidos como ficou provado pelos recentes resultados eleitorais nos Açores e na Madeira. Os pobres na expectativa de ficarem ricos, com as benesses do governo do Dr.Portas, começam a preparar-se para votar no Partido dos ricos. Antecipam, simplesmente, uma expectativa. Vem nos livros. O Dr. Sócrates rejubila.
O Dr. Portas e o Dr. Bagão com os seus anúncios de combate aos ricos e remediados acabarão por não satisfazer ninguém. A minha experiência diz-me que os pobres são uns ingratos. Dá-se-lhes uma sopa, daquelas suculentas, e começam logo a reclamar pelo bife e a encontrar defeitos na sopa, que está aguada, que está requentada, quente, azeda...vejam o caso dos ex-combatentes.
Mas, hoje, preocupa-me, como contribuinte, a comezinha questão do calendário. Recebi, um destes dias, a “nota de liquidação” do IRS referente a 2003. Hoje, dia 25 de Outubro, é o último dia do prazo de pagamento desse IRS do meu agregado familiar. Pelo sim pelo não paguei ontem. Tudo bem. Está pago.
Vejamos o que se vai passar a partir de 2005 deixando de lado esses detalhes menores que preocupam os economistas e comentadores, tais como a coerência da política económica no decurso do tempo, a utilização repetida de receitas extraordinárias para cumprir o déficit, a criação da “polícia fiscal” ou os critérios para a formação da nova super estrutura dirigente da administração fiscal.
O IRS, referente a 2005, é apresentado como beneficiando todos os contribuintes com excepção de uma minoria estimada, hoje no Público”, em 165.000. São os tais ricos que o PP diz que o PS defende. Não vou discutir os méritos ou deméritos da política fiscal em sede de IRS pois não conheço senão anúncios. Interessa-me, neste momento, a questão do calendário.
Ora o calendário das cobranças e notificações do IRS é determinado pelo Governo. No caso do IRS, referente ao ano fiscal de 2005, essas notificações, naturalmente, ocorrerão no ano de 2006. As “notas de liquidação” chegarão, pois, às mãos dos contribuintes no decurso de 2006. O segredo está na determinação do momento exacto mas essa decisão ficará nas mãos do governo. Dir-se-á sempre que calendário é calendário.
Mas sempre se poderá dizer, sem risco de errar, que, para além de outras medidas emblemáticas em "benefício dos pobres" que, a seu tempo, virão a lume, os contribuintes a reembolsar receberão o cheque no tempo oportuno e os que tiverem que pagar receberão a conta no tempo certo. É que as eleições legislativas, em calendário normal, terão lugar exactamente em Outubro de 2006.
Aqui está a política económica, neste caso, na sua vertente fiscal, reduzida a uma mera operação de propaganda eleitoral. Tudo ao contrário do programa anunciado pelo Dr. José Manuel Barroso que foi em quem os portugueses, por uma maioria escassa, votaram para ser governo. Tudo preparado com antecedência e requinte. E a procissão ainda vai no adro.
Mas, como se sabe, os pobres são mal agradecidos como ficou provado pelos recentes resultados eleitorais nos Açores e na Madeira. Os pobres na expectativa de ficarem ricos, com as benesses do governo do Dr.Portas, começam a preparar-se para votar no Partido dos ricos. Antecipam, simplesmente, uma expectativa. Vem nos livros. O Dr. Sócrates rejubila.
O Dr. Portas e o Dr. Bagão com os seus anúncios de combate aos ricos e remediados acabarão por não satisfazer ninguém. A minha experiência diz-me que os pobres são uns ingratos. Dá-se-lhes uma sopa, daquelas suculentas, e começam logo a reclamar pelo bife e a encontrar defeitos na sopa, que está aguada, que está requentada, quente, azeda...vejam o caso dos ex-combatentes.
Mas, hoje, preocupa-me, como contribuinte, a comezinha questão do calendário. Recebi, um destes dias, a “nota de liquidação” do IRS referente a 2003. Hoje, dia 25 de Outubro, é o último dia do prazo de pagamento desse IRS do meu agregado familiar. Pelo sim pelo não paguei ontem. Tudo bem. Está pago.
Vejamos o que se vai passar a partir de 2005 deixando de lado esses detalhes menores que preocupam os economistas e comentadores, tais como a coerência da política económica no decurso do tempo, a utilização repetida de receitas extraordinárias para cumprir o déficit, a criação da “polícia fiscal” ou os critérios para a formação da nova super estrutura dirigente da administração fiscal.
O IRS, referente a 2005, é apresentado como beneficiando todos os contribuintes com excepção de uma minoria estimada, hoje no Público”, em 165.000. São os tais ricos que o PP diz que o PS defende. Não vou discutir os méritos ou deméritos da política fiscal em sede de IRS pois não conheço senão anúncios. Interessa-me, neste momento, a questão do calendário.
Ora o calendário das cobranças e notificações do IRS é determinado pelo Governo. No caso do IRS, referente ao ano fiscal de 2005, essas notificações, naturalmente, ocorrerão no ano de 2006. As “notas de liquidação” chegarão, pois, às mãos dos contribuintes no decurso de 2006. O segredo está na determinação do momento exacto mas essa decisão ficará nas mãos do governo. Dir-se-á sempre que calendário é calendário.
Mas sempre se poderá dizer, sem risco de errar, que, para além de outras medidas emblemáticas em "benefício dos pobres" que, a seu tempo, virão a lume, os contribuintes a reembolsar receberão o cheque no tempo oportuno e os que tiverem que pagar receberão a conta no tempo certo. É que as eleições legislativas, em calendário normal, terão lugar exactamente em Outubro de 2006.
Aqui está a política económica, neste caso, na sua vertente fiscal, reduzida a uma mera operação de propaganda eleitoral. Tudo ao contrário do programa anunciado pelo Dr. José Manuel Barroso que foi em quem os portugueses, por uma maioria escassa, votaram para ser governo. Tudo preparado com antecedência e requinte. E a procissão ainda vai no adro.
Guerra Junqueiro
Aproveitando para apresentar o blog Ilhas um texto magnífico de Guerra Junqueiro.
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta(...)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;
Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"
Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta(...)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;
Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"
Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896
Germana Tânger e o poema "Aniversário" de Álvaro de Campos
Acabo de ver e ouvir, por acaso, na “SIC Mulher”, uma entrevista com Germana Tânger. Grande declamadora de poesia, como me apetece dizer, agora com 84 anos e muitas histórias para contar.
Mora numa casa ao lado daquela onde nasceu Pessoa. Pessoa e os poetas do Orfeu foram os que mais disse na sua longa vida de divulgadora infatigável da poesia. Vai ser agora editado um “audio-livro”, pela Assírio e Alvim, com poemas de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário Sá Carneiro ditos por ela.
O programa acabou com Germana Tânger dizendo o poema de Álvaro de Campos, “Aniversário”.
Recusou o livro para o dizer de cor. O que na televisão pode ser uma tragédia para um artista vulgar não o foi para ela. Esqueceu-se de um verso e, provavelmente, enganou-se noutros. Mas disse o poema de cor. E o essencial estava lá. Aqui está o poema com as desculpas por algum erro pois é tarde e não tenho tempo de o rever em todo o seu detalhe.
Aniversário
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Álvaro de Campos
Mora numa casa ao lado daquela onde nasceu Pessoa. Pessoa e os poetas do Orfeu foram os que mais disse na sua longa vida de divulgadora infatigável da poesia. Vai ser agora editado um “audio-livro”, pela Assírio e Alvim, com poemas de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário Sá Carneiro ditos por ela.
O programa acabou com Germana Tânger dizendo o poema de Álvaro de Campos, “Aniversário”.
Recusou o livro para o dizer de cor. O que na televisão pode ser uma tragédia para um artista vulgar não o foi para ela. Esqueceu-se de um verso e, provavelmente, enganou-se noutros. Mas disse o poema de cor. E o essencial estava lá. Aqui está o poema com as desculpas por algum erro pois é tarde e não tenho tempo de o rever em todo o seu detalhe.
Aniversário
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Álvaro de Campos
domingo, outubro 24
Centro Integrado de Lazer do Alamal - Gavião
As pesquisas, buscando informação acerca deste Centro, têm sido sempre muito abundantes desde a publicação de um post anterior referindo o seu projecto de arquitectura e os autores do mesmo.
Correspondendo a essa curiosidade disponibilizo no IR AO FUNDO E VOLTAR o texto da minha intervenção aquando da sua inauguração.
Nesse texto são definidos os contornos do conceito subjacente à realização daquele projecto que se mantem plenamente actual e é um contributo concreto para uma estratégia de desenvolvimento sustentável muito "badalada", no nosso país, mas muito pouco praticada.
Correspondendo a essa curiosidade disponibilizo no IR AO FUNDO E VOLTAR o texto da minha intervenção aquando da sua inauguração.
Nesse texto são definidos os contornos do conceito subjacente à realização daquele projecto que se mantem plenamente actual e é um contributo concreto para uma estratégia de desenvolvimento sustentável muito "badalada", no nosso país, mas muito pouco praticada.
Kerry avança
POST EDITORIAL
John F. Kerry for President
The Washington Post endorses Sen. John F. Kerry for president.
EUA: Washington Post anuncia apoio a John Kerry
Washington, 24 Out (Lusa) - O Washington Post, um dos mais importantes e influentes jornais norte-americanos, anunciou hoje o seu apoio à eleição de John Kerry para presidente dos Estados Unidos.
O Post, que segue o exemplo de jornais igualmente influentes com o New York Times e o Chicago Tribune, faz uma análise aos pontos fortes e fracos de cada um dos dois candidatos para concluir que a melhor opção de voto é no senador democrata do Masachusetts.
"Acreditamos que John Kerry, com a sua promessa de decisão, temperada por sabedoria e abertura de espírito, é o que dá mais garantias em termos de confiança do país para o liderar nos próximos quatro anos", escreve o jornal, em editorial.
John F. Kerry for President
The Washington Post endorses Sen. John F. Kerry for president.
EUA: Washington Post anuncia apoio a John Kerry
Washington, 24 Out (Lusa) - O Washington Post, um dos mais importantes e influentes jornais norte-americanos, anunciou hoje o seu apoio à eleição de John Kerry para presidente dos Estados Unidos.
O Post, que segue o exemplo de jornais igualmente influentes com o New York Times e o Chicago Tribune, faz uma análise aos pontos fortes e fracos de cada um dos dois candidatos para concluir que a melhor opção de voto é no senador democrata do Masachusetts.
"Acreditamos que John Kerry, com a sua promessa de decisão, temperada por sabedoria e abertura de espírito, é o que dá mais garantias em termos de confiança do país para o liderar nos próximos quatro anos", escreve o jornal, em editorial.
sábado, outubro 23
Abandono Escolar em Espanha
"El 26% de los alumnos no logra acabar la enseñanza obligatoria
Asturias, País Vasco y Navarra obtienen los mejores resultados frente a Canarias y Extremadura
Finalizado el desarrollo de la educación secundaria obligatoria (ESO) como único sistema educativo de los 12 a los 16 años, el fracaso escolar no ha disminuido. Los chicos que abandonan las aulas sin conseguir el título oficial rondan el 26% (la media europeo es del 20%), según un estudio presentado ayer. El fracaso escolar sube hasta un 32% en Canarias y baja casi al 14% en Asturias. Entre una y otra comunidad discurren todas las demás con resultados dispares que responden a la inversión pública en educación, a la renta per cápita y la cultura de las familias o al gasto por alumno."
El País
Segundo este estudo em Espanha não se tem verificado uma evolução positiva no que respeita ao "abandono escolar". Qual terá sido a evolução mais recente em Portugal? Num trabalho que publiquei, tempos atrás, disponível no IR AO FUNDO E VOLTAR, Portugal apresentava, segundo as últimas estatísticas da UE, uma taxa de abandono escolar mais que dupla da média da UE.
Asturias, País Vasco y Navarra obtienen los mejores resultados frente a Canarias y Extremadura
Finalizado el desarrollo de la educación secundaria obligatoria (ESO) como único sistema educativo de los 12 a los 16 años, el fracaso escolar no ha disminuido. Los chicos que abandonan las aulas sin conseguir el título oficial rondan el 26% (la media europeo es del 20%), según un estudio presentado ayer. El fracaso escolar sube hasta un 32% en Canarias y baja casi al 14% en Asturias. Entre una y otra comunidad discurren todas las demás con resultados dispares que responden a la inversión pública en educación, a la renta per cápita y la cultura de las familias o al gasto por alumno."
El País
Segundo este estudo em Espanha não se tem verificado uma evolução positiva no que respeita ao "abandono escolar". Qual terá sido a evolução mais recente em Portugal? Num trabalho que publiquei, tempos atrás, disponível no IR AO FUNDO E VOLTAR, Portugal apresentava, segundo as últimas estatísticas da UE, uma taxa de abandono escolar mais que dupla da média da UE.
Preocupações para quê?
Não vale a pena estarem preocupados. A liberdade não está em risco. Um dia um insígne dirigente político do continente, afecto à maioria de direita, disse que Portugal ainda se iria transformar numa imensa Madeira. A liberdade não está em risco. Mas vamos a caminho da Madeira em marchas forçadas. Resta o problema dos conceitos de liberdade, justiça e democracia. Quem cuida de assegurar que as práticas dos governantes correspondem aos conceitos e princípios consagrados na Constituição e nas leis? Alguém, hoje, tem a certeza de saber responder?
sexta-feira, outubro 22
O Nobel de Economia, o Orçamento e o Fórum
O artigo, com o título em epígrafe, publicado na edição de hoje do "Semanário Económico" está disponível no IR AO FUNDO E VOLTAR.
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