Freitas falou alguma coisa acerca do desvario desta direita mas sempre o podem acusar de prosseguir inconfessados interesses pessoais. Por mim acredito na sua honradez.
Pacheco Pereira sempre tem falado destes desvarios e abdicou, honra seja feita, de lugares e prebendas.
Na presente campanha eleitoral o que espanta é o espanto de alguns acerca dos métodos de Santana, Portas e Bagão.
Na política portuguesa o que espanta é o espanto de muitos acerca das perseguições movidas por esta maioria aos seus adversários políticos.
O que espanta é que alguns só agora tenham reparado como esta direita no poder tem orquestrado campanhas para liquidar, pessoal e politicamente, os seus adversários. Sem olhar a meios. À bruta ou, de preferência, dissimuladamente.
A verdade é que os que têm tido a coragem de afrontar as políticas e os métodos de Santana, Portas e Bagão têm sido, por diversas formas, perseguidos e humilhados.
Espero que, em breve, todos venhamos a saber a verdade acerca dos métodos e dos resultados para o país desta governação de direita para além do julgamento político que será feito democraticamente nas urnas.
Para compreender este fenómeno é que é muito recomendável ler José Gil (“Portugal, Hoje – O Medo de Existir”).
Os que dizem que não votam nos partidos da direita e, em “alternativa”, não votam mesmo, depois não se queixem.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, janeiro 31
domingo, janeiro 30
Dignidade
"O que vive em nós mesmo irrealizado precisa nestes tempos dúbios da rijeza da pedra. Orgulho autêntico. Recusa da conivência, do arranjo disfarçado. Dignidade. Elementos de que se faz a vagarosa teimosia dos sonhos. E então a partida está ganha. Pode perdê-la o escritor (por outras razões, aliás) mas o homem vence-a de certeza."
"O Aprendiz de Feiticeiro" de Carlos de Oliveira
Fragmentos - pág. 13 (1 de 3)
Fotografia de Helder Gonçalves
Roma - Janeiro de 2005
Isto sim, é doença grave!
É este mesmo o caso cuja imagem reveladora fui buscar ao barnabé. Consta-me que já estão várias juntas médicas a analisar o doente. O prognóstico parece ser grave.
sábado, janeiro 29
Santana e a Psicanálise
Vamos assistir, como previsto, a uma deriva populista pura a que Santana Lopes não é capaz de fugir. O primeiro-ministro e candidato a primeiro-ministro, Santana Lopes, entre mulheres, puxa o tema da homossexualidade. A ver se alguém lhe pega.
Já Loução tinha caído na tentação a propósito da questão do aborto no debate com Portas. O objectivo a atingir é de uma baixeza tão triste como os seus autores. A mensagem subliminar é óbvia: na campanha só existe um verdadeiro macho. E quem havia de ser? Santana. O puro macho latino, ou melhor, português, mesmo assim um macho latino de segunda.
Hoje vi o seu novo cartaz de propaganda mas sinceramente não me consigo lembrar da mensagem. Estava a ser colado. Diz qualquer coisa como: “Este sim, sabe quem é”. Ao lado da foto de Santana. (O meu filho deu-me uma ajuda). Terá alguma coisa a ver com o discurso do casamento entre homossexuais? Ou com psicanálise? Não se entende bem o alcance da coisa! Talvez a Clara Ferreira Alves, por exemplo, possa dar uma ajuda na interpretação da mensagem. Parece uma brincadeira. Cara.
O povo, coitado do povo!
Já Loução tinha caído na tentação a propósito da questão do aborto no debate com Portas. O objectivo a atingir é de uma baixeza tão triste como os seus autores. A mensagem subliminar é óbvia: na campanha só existe um verdadeiro macho. E quem havia de ser? Santana. O puro macho latino, ou melhor, português, mesmo assim um macho latino de segunda.
Hoje vi o seu novo cartaz de propaganda mas sinceramente não me consigo lembrar da mensagem. Estava a ser colado. Diz qualquer coisa como: “Este sim, sabe quem é”. Ao lado da foto de Santana. (O meu filho deu-me uma ajuda). Terá alguma coisa a ver com o discurso do casamento entre homossexuais? Ou com psicanálise? Não se entende bem o alcance da coisa! Talvez a Clara Ferreira Alves, por exemplo, possa dar uma ajuda na interpretação da mensagem. Parece uma brincadeira. Cara.
O povo, coitado do povo!
sexta-feira, janeiro 28
Carlos de Oliveira
Carlos de Oliveira[Portugal] 1921–1981
The son of Portuguese emigrants to Brazil,
Carlos de Oliveira was born in Belém do
Pará in 1921. Two years later the family
returned to Portugal, settling in a rural
district northwest of Coimbra. It was in
Coimbra that the writer went to high
school and then on to university,
graduating in History and Philosophy
with a thesis titled Contribution to a
Neo-Realist Aesthetics. That was in 1947,
the fifteenth year of the by then firmly
entrenched Salazar dictatorship.
"Santana admite dívidas"
Pois é! Pode acontecer a qualquer um, menos ao primeiro-ministro! Eu recebi, como relatei há pouco tempo, uma cartinha das finanças com a ameaça de penhora de bens por uma “divida” de 88 euros!
Pode parecer estranho ao Dr. Santana Lopes mas o primeiro-ministro não é um cidadão como outro qualquer! O Dr. Santana Lopes se ainda não percebeu que é primeiro-ministro não vai chegar a ter tempo para o perceber.
Mas o senhor ministro das finanças, Bagão Félix, não conhecia a situação fiscal do primeiro-ministro? Eu acho que muita gente sabia! Porque não pediu a demissão do primeiro-ministro? Não faria sentido, não é? Então porque não se demitiu ele próprio?
Finalmente qual a sua “ética” para pedir a demissão de Freitas do Amaral? Faltam 22 dias…
“O primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, admitiu hoje que teve dívidas às Finanças relativas a juros e justificou que isso pode acontecer a qualquer cidadão que vive do seu salário.
«Às vezes pode haver uma questão de juros, como com todos os cidadãos que vivem dos seus salários», disse Santana Lopes depois de ter sido questionado sobre quando é que regularizou as dívidas ao fisco hoje noticiadas por um jornal.”
Expresso on line
Pode parecer estranho ao Dr. Santana Lopes mas o primeiro-ministro não é um cidadão como outro qualquer! O Dr. Santana Lopes se ainda não percebeu que é primeiro-ministro não vai chegar a ter tempo para o perceber.
Mas o senhor ministro das finanças, Bagão Félix, não conhecia a situação fiscal do primeiro-ministro? Eu acho que muita gente sabia! Porque não pediu a demissão do primeiro-ministro? Não faria sentido, não é? Então porque não se demitiu ele próprio?
Finalmente qual a sua “ética” para pedir a demissão de Freitas do Amaral? Faltam 22 dias…
“O primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, admitiu hoje que teve dívidas às Finanças relativas a juros e justificou que isso pode acontecer a qualquer cidadão que vive do seu salário.
«Às vezes pode haver uma questão de juros, como com todos os cidadãos que vivem dos seus salários», disse Santana Lopes depois de ter sido questionado sobre quando é que regularizou as dívidas ao fisco hoje noticiadas por um jornal.”
Expresso on line
Com Freitas contra a política do medo
Sei do que fala Freitas do Amaral. Bagão Félix gosta de se apresentar como o “guru” da ética, sob cuja fina capa se esconde a continuação da política do medo que, sob outras formas, se perpectua desde a ditadura de Salazar. (Ver anteriores citações de José Gil).
Bagão Félix é o soprano dessa hipocrisia de proclamar a ética e praticar o seu contrário. Conheço os seus truques. A festa está a acabar. Perseguição política, é isso! Até aos limites da insanidade mental. As faces que, ontem, apresentavam os dirigentes do PP, atacando Freitas, tresandavam a ódio e Bagão Félix é o seu mensageiro mais refinado.
“Freitas do Amaral recusa demitir-se da presidência da assembleia geral da Caixa Geral de Depósitos (CGD), como sugeriu o ministro das Finanças, por ter feito um parecer contra a transferência do fundo de pensões do banco para o Estado.
"Não renuncio ao cargo, como é óbvio", garante Diogo Freitas do Amaral, em comunicado hoje divulgado.
"Se o senhor ministro quiser demitir-me, ele que assuma a responsabilidade", acrescenta.
"Não será a primeira vez, nem provavelmente a última, que este Governo faz perseguição política aos seus adversários", insinua.
No comunicado, Freitas do Amaral questiona o facto de o ministro das Finanças, António Bagão Félix, só ter reagido hoje, três dias depois de divulgado o parecer.
"Lamento e estranho que o senhor ministro das Finanças só tenha reagido contra mim, não quando o meu parecer foi tornado público (terça-feira, dia 25 de Janeiro), mas apenas hoje (sexta-feira, dia 28 de Janeiro), logo que foi conhecido o meu apoio público ao PS nas próximas eleições", afirma o jurista.
(…)
"Dificilmente se percebe como é que Freitas do Amaral não renuncia ao lugar de presidente [da mesa da assembleia geral da CGD] depois de discordar tão frontalmente da posição do accionista que o nomeou e representa", acrescentou (Bagão Félix).
Na resposta a estas declarações, Freitas do Amaral afirma que é um jurisconsulto independente, diz que não existe qualquer incompatibilidade entre ter feito o parecer e presidir à assembleia geral da CGD e garante que não renuncia ao cargo.
"Sou um jurisconsulto independente e, para dar os meus pareceres, não falo com ninguém antes, como a pedir licença, e muito menos ao Governo", aponta Freitas do Amaral, defendendo a inexistência de qualquer incompatibilidade.
"Eu não dei um parecer contra a Caixa, mas sim a favor dos seus trabalhadores e, portanto, a favor da própria Caixa", sustenta.
Lusa
Bagão Félix é o soprano dessa hipocrisia de proclamar a ética e praticar o seu contrário. Conheço os seus truques. A festa está a acabar. Perseguição política, é isso! Até aos limites da insanidade mental. As faces que, ontem, apresentavam os dirigentes do PP, atacando Freitas, tresandavam a ódio e Bagão Félix é o seu mensageiro mais refinado.
“Freitas do Amaral recusa demitir-se da presidência da assembleia geral da Caixa Geral de Depósitos (CGD), como sugeriu o ministro das Finanças, por ter feito um parecer contra a transferência do fundo de pensões do banco para o Estado.
"Não renuncio ao cargo, como é óbvio", garante Diogo Freitas do Amaral, em comunicado hoje divulgado.
"Se o senhor ministro quiser demitir-me, ele que assuma a responsabilidade", acrescenta.
"Não será a primeira vez, nem provavelmente a última, que este Governo faz perseguição política aos seus adversários", insinua.
No comunicado, Freitas do Amaral questiona o facto de o ministro das Finanças, António Bagão Félix, só ter reagido hoje, três dias depois de divulgado o parecer.
"Lamento e estranho que o senhor ministro das Finanças só tenha reagido contra mim, não quando o meu parecer foi tornado público (terça-feira, dia 25 de Janeiro), mas apenas hoje (sexta-feira, dia 28 de Janeiro), logo que foi conhecido o meu apoio público ao PS nas próximas eleições", afirma o jurista.
(…)
"Dificilmente se percebe como é que Freitas do Amaral não renuncia ao lugar de presidente [da mesa da assembleia geral da CGD] depois de discordar tão frontalmente da posição do accionista que o nomeou e representa", acrescentou (Bagão Félix).
Na resposta a estas declarações, Freitas do Amaral afirma que é um jurisconsulto independente, diz que não existe qualquer incompatibilidade entre ter feito o parecer e presidir à assembleia geral da CGD e garante que não renuncia ao cargo.
"Sou um jurisconsulto independente e, para dar os meus pareceres, não falo com ninguém antes, como a pedir licença, e muito menos ao Governo", aponta Freitas do Amaral, defendendo a inexistência de qualquer incompatibilidade.
"Eu não dei um parecer contra a Caixa, mas sim a favor dos seus trabalhadores e, portanto, a favor da própria Caixa", sustenta.
Lusa
Sondagens - e não se pode exterminá-las?
Santana Lopes, derrotado em todas as sondagens, ameaça com os tribunais. Nunca se tinha visto uma iniciativa política que evidenciasse tanto desespero.
As sondagens podem estar erradas mas apontam todas no mesmo sentido: a vitória dos socialistas. O indicador mais eloquente é o que respeita à convicção esmagadora de que o PS vai ganhar. Depois resta somente a dúvida acerca da dimensão da vitória do PS que depende do sentido de voto dos indecisos.
Breve síntese do dia:
Correio da Manhã
Sondagem: diferença do PS para o PSD aumentaMaioria na mão dos indecisos
Diário de Notícias
PSD com mínimo histórico, socialistas menos absolutos...
Público
PS com maioria absoluta mas há um terço de indecisos
As sondagens podem estar erradas mas apontam todas no mesmo sentido: a vitória dos socialistas. O indicador mais eloquente é o que respeita à convicção esmagadora de que o PS vai ganhar. Depois resta somente a dúvida acerca da dimensão da vitória do PS que depende do sentido de voto dos indecisos.
Breve síntese do dia:
Correio da Manhã
Sondagem: diferença do PS para o PSD aumentaMaioria na mão dos indecisos
Diário de Notícias
PSD com mínimo histórico, socialistas menos absolutos...
Público
PS com maioria absoluta mas há um terço de indecisos
Ser Livre
"Dentro mandamos nós. Se não podemos expandir-nos livremente podemos recusar, fechar a porta às intrusões, manter a casa limpa. Difícil e duro, eu sei. Custa momentos de grande solidão. Mas pagando esse preço as pessoas dormem em paz consigo mesmo."
"O Aprendiz de Feiticeiro" de Carlos de Oliveira
Fragmentos - pag. 12 (3 de 3)
quinta-feira, janeiro 27
O Bom Senso e o Reino do Medo
“A democracia tornou-se uma questão de bom senso. É a única via. Impõe-se universalmente e impõe-se em Portugal, misturando-se com o mais fino tecido das mentalidades que querem o consenso e fogem dos conflitos, valorizando acima de tudo a paz da mediania, o equilíbrio do justo meio – numa palavra, o bom senso.”
“Ausência de excessos, mediania em tudo, limitações legitimadas pelos “costumes”, quer dizer, pela própria coesão da sociedade civil – tudo isto que era sustentado pelo regime de Salazar é hoje suportado pela norma única invisível do bom senso. Não há outra via. O medo, de perder todos os benefícios materiais que a entrada na União Europeia proporcionou, enxertou-se no sedimento de temor que já existia, transformando-o. Nasceu um novo objecto em que se investiu, inconscientemente, o medo do medo, o pequeno terror, a exclusão, o próprio terror de ser excluído, ou de vir a ser objecto de conflito (que comporta a ameaça de exclusão). Ameaça que existe disseminada no interior do real, sem que se saiba quem é o responsável, sem que o real se desrealize. É pois sempre mais conveniente continuarmos a não assumir responsabilidades, a não afrontar opiniões contrárias, a fugir aos problemas e a não pensar mais além das soluções que entram no quadro de todas as integrações. Sobretudo, recusar os conflitos.”
(Citações de “Portugal, hoje – O medo de existir” de José Gil - Editora Relógio d´Água)
“Ausência de excessos, mediania em tudo, limitações legitimadas pelos “costumes”, quer dizer, pela própria coesão da sociedade civil – tudo isto que era sustentado pelo regime de Salazar é hoje suportado pela norma única invisível do bom senso. Não há outra via. O medo, de perder todos os benefícios materiais que a entrada na União Europeia proporcionou, enxertou-se no sedimento de temor que já existia, transformando-o. Nasceu um novo objecto em que se investiu, inconscientemente, o medo do medo, o pequeno terror, a exclusão, o próprio terror de ser excluído, ou de vir a ser objecto de conflito (que comporta a ameaça de exclusão). Ameaça que existe disseminada no interior do real, sem que se saiba quem é o responsável, sem que o real se desrealize. É pois sempre mais conveniente continuarmos a não assumir responsabilidades, a não afrontar opiniões contrárias, a fugir aos problemas e a não pensar mais além das soluções que entram no quadro de todas as integrações. Sobretudo, recusar os conflitos.”
(Citações de “Portugal, hoje – O medo de existir” de José Gil - Editora Relógio d´Água)
Votar ou não votar, eis a questão!
Freitas do Amaral vota PS
O problema destas eleições é que a tomada de posição de Freitas do Amaral não é surpreendente. Surpreendentes serão as tomadas de posição de figuras notáveis da sociedade portuguesa a apelar ao voto no PSD.
O apelo ao voto é algo de natural em regime democrático. Ou, não é? Votar é a posição mais natural em regime democrático. Ou, não é!
Está na moda escarnecer os políticos, cavar a desilusão, enegrecer o quadro da descrença. Mas as eleições vão ditar vencedores e vencidos. Se nós não votarmos, alguém vai "votar por nós".
Se não votarmos o "buraco negro" do não dito, ou do "não inscrito", vai crescer. É a via indolor para a autocracia mediática. Mais vale prevenir que remediar. Mais vale que as sondagens sejam menos promissoras para o PS. Para estimular o voto no PS.
O problema destas eleições é que a tomada de posição de Freitas do Amaral não é surpreendente. Surpreendentes serão as tomadas de posição de figuras notáveis da sociedade portuguesa a apelar ao voto no PSD.
O apelo ao voto é algo de natural em regime democrático. Ou, não é? Votar é a posição mais natural em regime democrático. Ou, não é!
Está na moda escarnecer os políticos, cavar a desilusão, enegrecer o quadro da descrença. Mas as eleições vão ditar vencedores e vencidos. Se nós não votarmos, alguém vai "votar por nós".
Se não votarmos o "buraco negro" do não dito, ou do "não inscrito", vai crescer. É a via indolor para a autocracia mediática. Mais vale prevenir que remediar. Mais vale que as sondagens sejam menos promissoras para o PS. Para estimular o voto no PS.
"Que Fazer Então?"
"Que fazer então? Pensarmos, já se vê. Ou (melhor ainda) pedir a Fausto que pense por nós o medo da velhice, o amor perdido, a juventude lá para trás, e tente sem descanso o negócio ilusório pensando esta última coisa:
- Que pena o Diabo não existir.
Enquanto repetimos melancolicamente:
- De facto, que pena."
"O Aprendiz de Feiticeiro" de Carlos de Oliveira
Fragmentos - pág. 12 (2 de 3)
quarta-feira, janeiro 26
Posso escrever os versos...
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe."
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a, e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a nos meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi já.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, e ela não está comigo.
A mesma noite faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que eu a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta a tive nos meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora esta seja a última dor que ela me causa
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda
Poema 20 de
“Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada”
Tradução de Fernando Assis Pacheco
Publicações D. Quixote
Pode ouvir o poema dito aqui.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe."
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a, e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a nos meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi já.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, e ela não está comigo.
A mesma noite faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que eu a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta a tive nos meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora esta seja a última dor que ela me causa
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda
Poema 20 de
“Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada”
Tradução de Fernando Assis Pacheco
Publicações D. Quixote
Pode ouvir o poema dito aqui.
José Gil
O livro é pequeno. Barato. Em formato popular. Paradoxal para um livro de filosofia. Assim como a sua actualidade crítica (violenta) do poder e da própria situação política em Portugal.
Acabei de o ler. Não vou sequer entrar no comentário. Se fosse há vinte e cinco anos atrás faria, com fragmentos dele, um livro artesanal. Como fiz de outros que mais me impressionaram.
Agora, depois de tantas experiências, o que posso dizer é que vi neste livro um retrato, a preto e branco, do “ser português”. Conheço, à minha maneira, esta história de algum lado. Também me cabe uma parte dela. Como a todos nós. O mais que posso fazer é recomendar vivamente a sua leitura.
“Portugal, Hoje – O Medo de Existir”, autor: José Gil; Editora: Relógio de Água.
Acabei de o ler. Não vou sequer entrar no comentário. Se fosse há vinte e cinco anos atrás faria, com fragmentos dele, um livro artesanal. Como fiz de outros que mais me impressionaram.
Agora, depois de tantas experiências, o que posso dizer é que vi neste livro um retrato, a preto e branco, do “ser português”. Conheço, à minha maneira, esta história de algum lado. Também me cabe uma parte dela. Como a todos nós. O mais que posso fazer é recomendar vivamente a sua leitura.
“Portugal, Hoje – O Medo de Existir”, autor: José Gil; Editora: Relógio de Água.
As Contas Públicas
Défice orçamental de 2004 agravou-se 10,1 por cento face a 2003
A divulgação pela DGO (Direcção Geral do Orçamento) destes números só pode ter sido autorizada pela tutela: Ministro das Finanças. Se os números estão errados há que demitir quem os autorizou, se estão certos (o mais certo) é um atestado de incompetência política à gestão do Ministro Bagão Félix.
Afinal, apesar de todas as cosméticas, Bagão Félix é um gastador ou, pelo menos, não foi capaz de controlar a despesa pública. Austero, mas pouco! Quando passar a pasta espero que se fiquem a conhecer os “cadáveres” que o Ministro Bagão Félix guarda no armário – Ministério por Ministério – incluindo o da Defesa.
A divulgação pela DGO (Direcção Geral do Orçamento) destes números só pode ter sido autorizada pela tutela: Ministro das Finanças. Se os números estão errados há que demitir quem os autorizou, se estão certos (o mais certo) é um atestado de incompetência política à gestão do Ministro Bagão Félix.
Afinal, apesar de todas as cosméticas, Bagão Félix é um gastador ou, pelo menos, não foi capaz de controlar a despesa pública. Austero, mas pouco! Quando passar a pasta espero que se fiquem a conhecer os “cadáveres” que o Ministro Bagão Félix guarda no armário – Ministério por Ministério – incluindo o da Defesa.
"Até ao Fim"
“Ora, se não podemos empenhá-la, a juventude herdada pelos filhos apesar de viável resolve mal (não resolve) o problema. Evidentemente, ninguém é o próprio filho, por mais enredadas e complexas que nos pareçam as relações ascendência-descendência, por maior que seja a carga biológica, afectiva, social, histórica, detectável nelas. Não se transmite a individualidade mas apenas alguns cromossomas. O indivíduo (leia-se tudo o que a palavra condensa de insubstituível, irrepetível) continua prisioneiro da sua pele, do seu limite, até ao fim.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 12 (1 de 3)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 12 (1 de 3)
terça-feira, janeiro 25
Livro Verde da Imigração
A “Comissão Europeia” decidiu recentemente relançar o debate acerca da imigração económica na Europa. Um tema que, como já afirmei, deveria, no debate eleitoral, em Portugal, separar as águas entre a direita e a esquerda.
Antes de abordar a questão nos programas eleitorais dos partidos portugueses, quando todos os tiverem divulgado, assinalo a publicação do “Livro verde – uma abordagem comunitária da gestão das migrações económicas”, que pode ser lido aqui.
Antes de abordar a questão nos programas eleitorais dos partidos portugueses, quando todos os tiverem divulgado, assinalo a publicação do “Livro verde – uma abordagem comunitária da gestão das migrações económicas”, que pode ser lido aqui.
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