Na JANELA INDISCRETA o Pedro Rolo Duarte fez, ontem, dia 27, uma referência muito simpática ao Absorto. Obrigada.
Via FLISCORNO.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, junho 28
quarta-feira, junho 27
OS TEMPLÁRIOS
O Selo dos Templários
“Em Março de 1129, Afonso Henriques confirma a doação que D. Teresa, sua mãe, havia feito do castelo e do termo de Soure à Ordem Militar do Templo de Jerusalém, exactamente um ano antes”. É assim que José Mattoso abre o Capítulo 4, intitulado “O Apelo de Jerusalém”, da sua obra “D. Afonso Henriques”.
Mais à frente prossegue: “O acto a que nos referimos, isto é, a doação de D. Teresa e dos seus barões à Ordem do Templo, e, logo a seguir, a sua confirmação por Afonso Henriques, depois de ter assumido o poder, representam, de facto, a decidida participação do Condado Portucalense nesse amplo movimento de expansão europeia e de projecção da cristandade para fora do espaço onde, até então, tinha estado encerrada.”
(…)
“Trata-se, na verdade, de um acto surpreendente pela sua precocidade, visto que, em Março de 1128, os templários não tinham ainda sido aprovados como uma ordem religiosa, constituíam uma comunidade com pouco mais de uma dúzia de membros e eram desconhecidos na maior parte da Europa.”
E logo de seguida Mattoso faz uma distinção muito interessante: “Além disso, nunca ninguém tinha tido a ideia de criar um exército de monges nem um convento de soldados. O estado de vida religiosa opunha-se à profissão das armas. A função dos milites (os que combatem) considerava-se não só diferente da função dos oratores (os que rezam) mas era incompatível com ela. (…) “Unir num só “estado” cavaleiros e monges parecia uma inovação absurda”.
“Em Março de 1129, Afonso Henriques confirma a doação que D. Teresa, sua mãe, havia feito do castelo e do termo de Soure à Ordem Militar do Templo de Jerusalém, exactamente um ano antes”. É assim que José Mattoso abre o Capítulo 4, intitulado “O Apelo de Jerusalém”, da sua obra “D. Afonso Henriques”.
Mais à frente prossegue: “O acto a que nos referimos, isto é, a doação de D. Teresa e dos seus barões à Ordem do Templo, e, logo a seguir, a sua confirmação por Afonso Henriques, depois de ter assumido o poder, representam, de facto, a decidida participação do Condado Portucalense nesse amplo movimento de expansão europeia e de projecção da cristandade para fora do espaço onde, até então, tinha estado encerrada.”
(…)
“Trata-se, na verdade, de um acto surpreendente pela sua precocidade, visto que, em Março de 1128, os templários não tinham ainda sido aprovados como uma ordem religiosa, constituíam uma comunidade com pouco mais de uma dúzia de membros e eram desconhecidos na maior parte da Europa.”
E logo de seguida Mattoso faz uma distinção muito interessante: “Além disso, nunca ninguém tinha tido a ideia de criar um exército de monges nem um convento de soldados. O estado de vida religiosa opunha-se à profissão das armas. A função dos milites (os que combatem) considerava-se não só diferente da função dos oratores (os que rezam) mas era incompatível com ela. (…) “Unir num só “estado” cavaleiros e monges parecia uma inovação absurda”.
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In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”4. O Apelo de Jerusalém”, “Entre o oriente e o ocidente” e “Uma novidade no mundo cristão””, pgs. 58/59 (16).
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terça-feira, junho 26
CAMUS/CHAR - HUNGRIA 1956
Fotografia daqui
«Correspondência – 1946-1959" trocada entre Albert Camus /René Char. Uma carta curta, dirigida por Camus a Char, após ter recebido, enviada por este, a primeira página do France Soir, de 30 de Outubro de 1956, com a manchete: “Budapest: Staline Abattu”, ilustrada com uma fotografia mostrando o derrube de uma estátua de Staline, que Char anotara com diversas frases de regozijo. Acrescento uma nota do organizador da edição na qual descreve, abreviadamente, os acontecimentos da Revolução Húngara de 1956.
«Correspondência – 1946-1959" trocada entre Albert Camus /René Char. Uma carta curta, dirigida por Camus a Char, após ter recebido, enviada por este, a primeira página do France Soir, de 30 de Outubro de 1956, com a manchete: “Budapest: Staline Abattu”, ilustrada com uma fotografia mostrando o derrube de uma estátua de Staline, que Char anotara com diversas frases de regozijo. Acrescento uma nota do organizador da edição na qual descreve, abreviadamente, os acontecimentos da Revolução Húngara de 1956.
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Albert Camus a René Char – 30 octobre 1956
Cher René:
«La terre tourne» a dit Chepilov.* Oui, elle tourne, et la liberté est le soleil levant. Je garde ce tyran débotté, ces moustaches pleines de sang, en souvenir de nous, de notre long combat, fraternel. Le monde a bon goût, soudain!
Votre ami
A.C.
[*“René Char découpe la une de France-Soir du 30 octobre 1956 et la met sous enveloppe pour Camus. Le 23 octobre, le soulèvement de la Hongrie fait reculer un temps l’URSS. Le 30 octobre, les troupes soviétiques se retirent de Budapest. Nagy annonce la fin du parti unique et la préparation d’élections libres. Mais après un revirement du gouvernement soviétique, le 1 novembre les troupes soviétiques, encerclent à nouveau Budapest. Le 3, le gouvernement demande l’aide de la communauté internationale, le 4 les troupes soviétiques attaquent à l’aube. Des milliers de réfugiés quittent le pays. La résistance hongroise se poursuivra malgré les déportations et les exécutions. Chepilov faisait partie de la vieille garde soviétique qui fut limogée par Khrouchtchev après que celui-ci eut condamné la bureaucratie et le culte de la personnalité sous Staline. Cependant Chepilov revint vite aux affaires. Il fut notamment envoyé à Budapest aux premiers temps de l’insurrection. Ce 30 octobre, Albert Camus prend la parole à un meeting organisé en l’honneur de Salvador de Mandariaga et fait aussi référence à l’héroïque et bouleversante insurrection des étudiants et des ouvrier de Hongrie”.]
Albert Camus a René Char – 30 octobre 1956
Cher René:
«La terre tourne» a dit Chepilov.* Oui, elle tourne, et la liberté est le soleil levant. Je garde ce tyran débotté, ces moustaches pleines de sang, en souvenir de nous, de notre long combat, fraternel. Le monde a bon goût, soudain!
Votre ami
A.C.
[*“René Char découpe la une de France-Soir du 30 octobre 1956 et la met sous enveloppe pour Camus. Le 23 octobre, le soulèvement de la Hongrie fait reculer un temps l’URSS. Le 30 octobre, les troupes soviétiques se retirent de Budapest. Nagy annonce la fin du parti unique et la préparation d’élections libres. Mais après un revirement du gouvernement soviétique, le 1 novembre les troupes soviétiques, encerclent à nouveau Budapest. Le 3, le gouvernement demande l’aide de la communauté internationale, le 4 les troupes soviétiques attaquent à l’aube. Des milliers de réfugiés quittent le pays. La résistance hongroise se poursuivra malgré les déportations et les exécutions. Chepilov faisait partie de la vieille garde soviétique qui fut limogée par Khrouchtchev après que celui-ci eut condamné la bureaucratie et le culte de la personnalité sous Staline. Cependant Chepilov revint vite aux affaires. Il fut notamment envoyé à Budapest aux premiers temps de l’insurrection. Ce 30 octobre, Albert Camus prend la parole à un meeting organisé en l’honneur de Salvador de Mandariaga et fait aussi référence à l’héroïque et bouleversante insurrection des étudiants et des ouvrier de Hongrie”.]
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ROLLING STONES
Imagem daqui
O tempo passa e deixa as suas marcas mas os Rolling Stones surpreendem pela vitalidade que persiste na sua prestação em palco. Acabei de os rever, dezasseis anos depois, e pensei para comigo o que todos nós pensamos: que pena teria sido perder esta oportunidade de os rever. Comovente a evocação de James Brown assim como a mistura de todos os públicos possíveis que, hoje, constitui o seu público. Além do mais uma lição de profissionalismo!
O tempo passa e deixa as suas marcas mas os Rolling Stones surpreendem pela vitalidade que persiste na sua prestação em palco. Acabei de os rever, dezasseis anos depois, e pensei para comigo o que todos nós pensamos: que pena teria sido perder esta oportunidade de os rever. Comovente a evocação de James Brown assim como a mistura de todos os públicos possíveis que, hoje, constitui o seu público. Além do mais uma lição de profissionalismo!
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segunda-feira, junho 25
POLÍTICOS E CIDADÃOS
Bart Pogoda
Quando um político se considera atingido na sua honra e dignidade pessoal está, pelos deveres da função, inibido de se defender tal como qualquer cidadão? Dizem alguns que ser insultado faz parte dos “ossos do ofício” de um político que se preze.
Caso acontecesse que os detentores de cargos políticos – eleitos ou não eleitos – abdicassem da defesa da sua honra e dignidade, enquanto cidadãos, estaríamos a admitir que a política é uma actividade destinada a ser exercida por heróis ou por crápulas.
Os primeiros, pelas suas qualidades de excepção, sairiam sempre incólumes de todos os ataques, os segundos, sairiam, igualmente, incólumes, por serem protegidos pelas regras da indignidade de que seriam eles próprios os mentores e os gestores.
Mas como a democracia é um regime de cidadãos que respondem em igualdade, de direitos e deveres, perante a lei, os políticos são, regra geral, cidadãos comuns, embora empossados, pelo voto da comunidade, em funções executivas ou de representação.
Por esse facto não perdem os seus direitos de cidadania e mal seria se abdicassem de os exercer da mesma forma que a comunicação social é livre de criticar a acção dos políticos, mas não pode, impunemente, manipular e mentir, pondo em causa a sua honra e dignidade, enquanto cidadãos.
É bom não esquecer que estão a correr nas instâncias judiciais muitos processos, além deste, mais recente, resultante de uma acção de José Sócrates, e que reportam a acontecimentos anteriores nos quais foram envolvidos diversos dirigentes políticos socialistas! Ou já se esqueceram?
[A propósito desta citação de António Barreto feita pelo Tomas Vasques.]
Quando um político se considera atingido na sua honra e dignidade pessoal está, pelos deveres da função, inibido de se defender tal como qualquer cidadão? Dizem alguns que ser insultado faz parte dos “ossos do ofício” de um político que se preze.
Caso acontecesse que os detentores de cargos políticos – eleitos ou não eleitos – abdicassem da defesa da sua honra e dignidade, enquanto cidadãos, estaríamos a admitir que a política é uma actividade destinada a ser exercida por heróis ou por crápulas.
Os primeiros, pelas suas qualidades de excepção, sairiam sempre incólumes de todos os ataques, os segundos, sairiam, igualmente, incólumes, por serem protegidos pelas regras da indignidade de que seriam eles próprios os mentores e os gestores.
Mas como a democracia é um regime de cidadãos que respondem em igualdade, de direitos e deveres, perante a lei, os políticos são, regra geral, cidadãos comuns, embora empossados, pelo voto da comunidade, em funções executivas ou de representação.
Por esse facto não perdem os seus direitos de cidadania e mal seria se abdicassem de os exercer da mesma forma que a comunicação social é livre de criticar a acção dos políticos, mas não pode, impunemente, manipular e mentir, pondo em causa a sua honra e dignidade, enquanto cidadãos.
É bom não esquecer que estão a correr nas instâncias judiciais muitos processos, além deste, mais recente, resultante de uma acção de José Sócrates, e que reportam a acontecimentos anteriores nos quais foram envolvidos diversos dirigentes políticos socialistas! Ou já se esqueceram?
[A propósito desta citação de António Barreto feita pelo Tomas Vasques.]
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domingo, junho 24
BATALHA DE SÃO MAMEDE - UMA EFEMÉRIDE ANTIGA
Imagem daqui
Há exactamente 879 anos, no dia 24 de Junho de 1128, travou-se a batalha de São Mamede que é tomada como tendo sido o início do reinado de Afonso Henriques. Diz a lenda que, ao primeiro embate, com as forças do conde de Trava, seu padrasto, Afonso Henriques teria fugido. O relato mais conhecido acerca do começo do reinado de Afonso Henriques atribuía a vitória de São Mamede aos nobres e não ao Infante:
É este o relato na versão mais antiga da IV Crónica Breve de Santa Cruz em texto que data do princípio do século XIV:
“A fazenda foi feita, e foi arrincado Afonso Anriques e foi mui maltreito. E el, indo a ua légua de Guimarães, achou-se com Soeiro Meedes Mãos d’Água, que o viinha ajudar em a fazenda, e disse-lhe: “como viides, senhor, assi?” Respondeu Afonso Henriques: “Venho mui mal, ca me arrincou meu padrasto e minha madre, que está na fazenda com ele.” E Soeiro Meedes lhe disse: “Nom fezeste siso, que aa batalha fostes sem mim, mas tornade-vos comigo e prenderemos vosso padrasto e vossa madre co ele”. E el disse: “Deus aguise que seja assi,” E Soeiro Mendes lhe disse: “ vós verêes que assi seerá.” E tornou-se entonces com el a batalha, e venceu-a e prendeu seu padrasto e sua madre.” (Simplifiquei alguma pontuação.)
Eis o relato que concede à lenda o seu lugar na história da batalha de São Mamede e aos nobres o papel decisivo na vitória de Afonso Henriques que, assim, teria ficado na sua dependência.
José Mattoso, de cuja biografia de Afonso Henriques retiro os elementos que aqui vos deixo, remata o capítulo 3 da sua obra, intitulado: “Os primeiros passos de um jovem príncipe”, com as seguintes palavras:
“ (…) Tomando como fundamento a evolução dos sinais de validação usados na chancelaria régia, dir-se-ia que só mais tarde, a partir dos anos 1150-1160, se atribuiria à autoridade do fundador da monarquia o carácter de um carisma pessoal. Estes indícios devem relacionar-se com o papel que os barões portucalenses desempenharam na “revolução” que expulsou os Travas e deu o poder a Afonso Henriques, deixando-o, todavia, dependente da nobreza nortenha até ele se emancipar da sua influência, à medida que foi assumindo um papel cada vez mais decisivo na condução da guerra santa.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”3. Os primeiros passos de um jovem príncipe”, pgs. 47 e 57 (15).
Há exactamente 879 anos, no dia 24 de Junho de 1128, travou-se a batalha de São Mamede que é tomada como tendo sido o início do reinado de Afonso Henriques. Diz a lenda que, ao primeiro embate, com as forças do conde de Trava, seu padrasto, Afonso Henriques teria fugido. O relato mais conhecido acerca do começo do reinado de Afonso Henriques atribuía a vitória de São Mamede aos nobres e não ao Infante:
É este o relato na versão mais antiga da IV Crónica Breve de Santa Cruz em texto que data do princípio do século XIV:
“A fazenda foi feita, e foi arrincado Afonso Anriques e foi mui maltreito. E el, indo a ua légua de Guimarães, achou-se com Soeiro Meedes Mãos d’Água, que o viinha ajudar em a fazenda, e disse-lhe: “como viides, senhor, assi?” Respondeu Afonso Henriques: “Venho mui mal, ca me arrincou meu padrasto e minha madre, que está na fazenda com ele.” E Soeiro Meedes lhe disse: “Nom fezeste siso, que aa batalha fostes sem mim, mas tornade-vos comigo e prenderemos vosso padrasto e vossa madre co ele”. E el disse: “Deus aguise que seja assi,” E Soeiro Mendes lhe disse: “ vós verêes que assi seerá.” E tornou-se entonces com el a batalha, e venceu-a e prendeu seu padrasto e sua madre.” (Simplifiquei alguma pontuação.)
Eis o relato que concede à lenda o seu lugar na história da batalha de São Mamede e aos nobres o papel decisivo na vitória de Afonso Henriques que, assim, teria ficado na sua dependência.
José Mattoso, de cuja biografia de Afonso Henriques retiro os elementos que aqui vos deixo, remata o capítulo 3 da sua obra, intitulado: “Os primeiros passos de um jovem príncipe”, com as seguintes palavras:
“ (…) Tomando como fundamento a evolução dos sinais de validação usados na chancelaria régia, dir-se-ia que só mais tarde, a partir dos anos 1150-1160, se atribuiria à autoridade do fundador da monarquia o carácter de um carisma pessoal. Estes indícios devem relacionar-se com o papel que os barões portucalenses desempenharam na “revolução” que expulsou os Travas e deu o poder a Afonso Henriques, deixando-o, todavia, dependente da nobreza nortenha até ele se emancipar da sua influência, à medida que foi assumindo um papel cada vez mais decisivo na condução da guerra santa.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”3. Os primeiros passos de um jovem príncipe”, pgs. 47 e 57 (15).
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CAMUS/CHAR - CORRESPONDÊNCIA
René Char
Finalizada a leitura da “Correspondance – 1946-1959”, entre Albert Camus e René Char (e Anexos). Este tipo de literatura é, para muitos, nos quais me incluo, fascinante tanto mais quanto melhor conhecemos a biografia e a obra das personagens em presença o que, no meu caso, acontece com Camus.
Nesta “Correspondência”, além de uma amizade, profunda e sincera, entre dois homens, que atingindo notoriedade pública não perderam a capacidade de viver a vida em pleno, transparece a consonância ideológica e a partilha de causas comuns, tanto no plano da literatura, e da intervenção artística, como no plano político.
Não esqueçamos que ambos foram membros activos da Resistência e que, em circunstâncias que Char descreve num belo texto intitulado “Naissance et jour levant d’une amitié”, de Janeiro de 1965, se tornaram amigos e confidentes desde o Outono de 1946 (ou 47) até à morte de Camus, em 4 de Janeiro de 1960. Esta é uma daquelas amizades que vai além das circunstâncias da vida tornando-se num caso de fidelidade que, além do mais, é consciente e merecedora da própria reflexão de ambos.
Mais alguns dos meus sublinhados de leitura:
Albert Camus a René Char – 29 de Junho 1953
(…) “Je comprends votre fatigue. Je l’éprouve en ce moment. Ou le monde est fou, ou nous le sommes. Lequel est supportable? Finalement, l’âme est recuite, on vit contre un mur. Mais il faut durer, vous le savez comme moi. Durer seulement, et un jour peut-être … (…)»
René Char a Albert Camus – 13 de Julho de 1953
“On ne se trempe pas deux fois dans la même forêt …Oui peut-être, mais on ne l’apprend que plus tard. Je ne vous envoie pas «une carte postale» mais ma pensée très affectueuse qui peut vous venir de partout où je me trouve.»
E em 20 de Outubro de 1953
(…) “Je me suis souvent entendu demander par des gens au sentiment incrédule: Comment commencer une amitié? Par le vide qui la précède?
«Dans une mains où je me lis et dans un cœur où je me sens», etc. (…)
Finalizada a leitura da “Correspondance – 1946-1959”, entre Albert Camus e René Char (e Anexos). Este tipo de literatura é, para muitos, nos quais me incluo, fascinante tanto mais quanto melhor conhecemos a biografia e a obra das personagens em presença o que, no meu caso, acontece com Camus.
Nesta “Correspondência”, além de uma amizade, profunda e sincera, entre dois homens, que atingindo notoriedade pública não perderam a capacidade de viver a vida em pleno, transparece a consonância ideológica e a partilha de causas comuns, tanto no plano da literatura, e da intervenção artística, como no plano político.
Não esqueçamos que ambos foram membros activos da Resistência e que, em circunstâncias que Char descreve num belo texto intitulado “Naissance et jour levant d’une amitié”, de Janeiro de 1965, se tornaram amigos e confidentes desde o Outono de 1946 (ou 47) até à morte de Camus, em 4 de Janeiro de 1960. Esta é uma daquelas amizades que vai além das circunstâncias da vida tornando-se num caso de fidelidade que, além do mais, é consciente e merecedora da própria reflexão de ambos.
Mais alguns dos meus sublinhados de leitura:
Albert Camus a René Char – 29 de Junho 1953
(…) “Je comprends votre fatigue. Je l’éprouve en ce moment. Ou le monde est fou, ou nous le sommes. Lequel est supportable? Finalement, l’âme est recuite, on vit contre un mur. Mais il faut durer, vous le savez comme moi. Durer seulement, et un jour peut-être … (…)»
René Char a Albert Camus – 13 de Julho de 1953
“On ne se trempe pas deux fois dans la même forêt …Oui peut-être, mais on ne l’apprend que plus tard. Je ne vous envoie pas «une carte postale» mais ma pensée très affectueuse qui peut vous venir de partout où je me trouve.»
E em 20 de Outubro de 1953
(…) “Je me suis souvent entendu demander par des gens au sentiment incrédule: Comment commencer une amitié? Par le vide qui la précède?
«Dans une mains où je me lis et dans un cœur où je me sens», etc. (…)
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sábado, junho 23
UM PEQUENO DETALHE ...
O caminho para a adopção do novo tratado da UE foi difícil. Portugal dispõe da oportunidade de baptizar o tratado de Lisboa. Um pequeno detalhe de um grande desafio.
"Nous venons de nous mettre d'accord sur un mandat très précis confié à une conférence intergouvernementale qui devra avoir fini de travailler avant la fin de l'année 2007 pour l'adoption d'un traité simplifié", a déclaré le président français devant la presse, tôt samedi matin. "C'est une très bonne nouvelle pour l'Europe, pour la France."Le Portugal, qui succède le 1er juillet à l'Allemagne à la présidence de l'Union européenne, ouvrira dès le 23 juillet la Conférence intergouvernementale (CIG), a annoncé samedi le Premier ministre, José Socrates, qui souhaite que le traité soit adopté en octobre à Lisbonne.
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O calendário e a determinação portuguesa, face às exigências da adopção do novo tratado, na imprensa de Espanha; uma nota de espanto pelo facto de Sócrates ter convocado a imprensa para as 6 da manhã e, certamente, um amargo de boca pelo calendário ter colocado Portugal na hora das grandes decisões. Por cá à esquerda e à direita do PS, à falta de melhor, clama-se pelo referendo. A ver vamos ...
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"Nous venons de nous mettre d'accord sur un mandat très précis confié à une conférence intergouvernementale qui devra avoir fini de travailler avant la fin de l'année 2007 pour l'adoption d'un traité simplifié", a déclaré le président français devant la presse, tôt samedi matin. "C'est une très bonne nouvelle pour l'Europe, pour la France."Le Portugal, qui succède le 1er juillet à l'Allemagne à la présidence de l'Union européenne, ouvrira dès le 23 juillet la Conférence intergouvernementale (CIG), a annoncé samedi le Premier ministre, José Socrates, qui souhaite que le traité soit adopté en octobre à Lisbonne.
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O calendário e a determinação portuguesa, face às exigências da adopção do novo tratado, na imprensa de Espanha; uma nota de espanto pelo facto de Sócrates ter convocado a imprensa para as 6 da manhã e, certamente, um amargo de boca pelo calendário ter colocado Portugal na hora das grandes decisões. Por cá à esquerda e à direita do PS, à falta de melhor, clama-se pelo referendo. A ver vamos ...
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sexta-feira, junho 22
CHAR/CAMUS - CORRESPONDÊNCIA
René Char
René Char à Albert Camus (6 de Maio 53):
(…) Vous êtes un des rares hommes, Albert, que j’aime et que j’admire d’instinct et de connaissances à la fois (les deux si souvent se détruisent), ces hommes que le temps, le souci, l’espoir, la fatigue puis l’allégresse de vivre font grandir chaque jour dans notre cœur dont ils occupent et dessinent le sommet que la nature ne nous a point donné et qui n’est dû qu’à nous et à cet infime nombres de frères que nous chérissons et qui nous éclairent à tout moment là-haut.» (…)
Albert Camus à René Char (13 de Maio 53):
(…) C’est une bonne, une grande chose, que de pouvoir vous lire en ce moment, spécialement, et, en tout temps, je pourrai revenir vers votre poésie, la seul avec laquelle je vive, depuis des années maintenant.» (…) Tant que je n’aurais pas trouvé un ordre acceptable, ma vie continuera d’être une exténuante tension. Par bonheur ma santé est bonne – et j’ai mon travail, où je peux rire et pleurer à mon aise.» (…)
René Char à Albert Camus (6 de Maio 53):
(…) Vous êtes un des rares hommes, Albert, que j’aime et que j’admire d’instinct et de connaissances à la fois (les deux si souvent se détruisent), ces hommes que le temps, le souci, l’espoir, la fatigue puis l’allégresse de vivre font grandir chaque jour dans notre cœur dont ils occupent et dessinent le sommet que la nature ne nous a point donné et qui n’est dû qu’à nous et à cet infime nombres de frères que nous chérissons et qui nous éclairent à tout moment là-haut.» (…)
Albert Camus à René Char (13 de Maio 53):
(…) C’est une bonne, une grande chose, que de pouvoir vous lire en ce moment, spécialement, et, en tout temps, je pourrai revenir vers votre poésie, la seul avec laquelle je vive, depuis des années maintenant.» (…) Tant que je n’aurais pas trouvé un ordre acceptable, ma vie continuera d’être une exténuante tension. Par bonheur ma santé est bonne – et j’ai mon travail, où je peux rire et pleurer à mon aise.» (…)
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