segunda-feira, dezembro 1

PCP: FICO MAIS DESCANSADO

Erich Lessing - Poronin near Zakopane.

Ora aqui está um discurso político claro por parte do PCP. Não haverá alianças políticas do PCP com quaisquer outras forças. Para ser coerente o PCP concorrerá sozinho em todas as eleições: europeias, legislativas e autárquicas. Um dia quando o povo português, em eleições livres, através do voto universal e secreto, atribuir ao PCP a maioria dos votos ele aceitará ser poder. Ficam assim o PS e o BE (e os restantes partidos) sabendo, de fonte segura, que não vale a pena sonharem com a colaboração política do PCP para quaisquer acordos que digam respeito a questões de poder. Ora como a politica não é mais do que a questão do poder o PCP acaba de decretar o seu isolamento político. O PCP regressa, assim, aos tempos dos sonhos revolucionários que têm como epicentro do seu programa a destruição do capitalismo e a tomada do poder pela vanguarda da classe operária que o PCP encarnaria. Um partido com uma direcção de funcionários! É o regresso a um futuro que nunca se transformará em realidade. Fico mais descansado!
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MULHERES

Fotografia de família – a minha avó paterna

Ressonâncias de outros tempos com gente povoando os caminhos e as casas habitadas em comum com suas regras horários lugares marcados uma luta pela sobrevivência é assim que me soam as ressonâncias de outros tempos. Nela as mulheres ocupam no meu imaginário o centro do mundo. O ponto cardeal em torno do qual volteiam todos os devaneios. Desfilam pela minha memória os seus rostos, vozes e cheiros. Na família tradicional que era (e é) a minha, as mulheres parece que nunca desertam dos seus deveres, nunca morrem, permanecem no centro da vida, lugar da vida, origem da vida. Se tivesse sido iluminado pelo dom de uma qualquer arte dedicar-lhes-ia um monumento, uma obra-prima, um prolongado aplauso.

[24/2/2008]
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domingo, novembro 30

La libre opinión


A conjugação da oratória de Odete Santos, clamando contra a falta de liberdade, no exercício pleno da liberdade, com o “regresso a Marx” proclamado pelo representante do PC Cubano, no Congresso do PCP, leva-me e citar Yoani Sanchez en Generación Y referindo-se à questão da liberdade de opinião em Cuba:
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AS FLORES MORTAS DA SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL

Henri Cartier-Bresson - SOVIET UNION. Moscow. 1954.

O Projecto de Teses do XVIII Congresso do PCP é uma peça memorável de arqueologia ideológica. É um arquivo morto e, como tal, não susceptível de discussão mas tão-somente de registo. No plano internacional o ponto 1.3.14. tem sido sobejamente citado. Cada Partido é livre manifestar as suas simpatias e, no “quadro internacional”, o PCP explicita, de forma clara, o que entende como “países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista – Cuba, China, Vietname, Laos e R.D.P. da Coreia. (…)”

Mas o ponto 1.3.8., menos citado, “fia mais fino”. Não só pela afirmação do PCP, no contexto da “luta contra o imperialismo”, apoiando lutas nas quais tomam parte activa movimentos terroristas, sob a capa da “estabilidade nas respectivas regiões”, sem qualquer demarcação face aos “objectivos e formas de luta” desses movimentos, como pelo parágrafo final no qual rejeita, pura e simplesmente, a integração europeia.

"1.3.8. A luta contra o imperialismo conheceu um desenvolvimento particularmente importante nos últimos anos. A resistência à política de ingerência, agressão e guerra, em particular dos EUA, foi um traço marcante da luta dos povos em defesa da sua soberania e do direito inalienável a decidir dos seus destinos. No Iraque, no Afeganistão, na Palestina, no Líbano, em Cuba e na Venezuela, assim como na Síria, no Irão, na R.D.P. da Coreia, nos Balcãs, na Colômbia ou em Chipre, prosseguem batalhas decisivas para o futuro desses povos e para a estabilidade nas respectivas regiões que merecem a activa solidariedade dos comunistas portugueses. Nelas intervêm forças muito distintas na sua origem, objectivos e formas de luta, mas dispondo de real apoio de massas e convergindo na rejeição de arrogantes e humilhantes imposições externas e na defesa da cultura e soberania nacionais. A luta contra a integração capitalista europeia é parte integrante deste vasto movimento."

sábado, novembro 29

O TEMPO NÃO VOLTA PARA TRÁS

Henri Cartier-Bresson - SOVIET UNION. Russia. Leningrad. 1973.

Por todo o mundo sopra um vento gelado na economia e nas finanças com dramáticas incidências na via quotidiana de milhões de cidadãos. Portugal não escapa à crise sem fim anunciado. Fecham fábricas ou reduzem-se os dias de trabalho, a produção contrai-se por quebra da procura, a deflação e o desemprego ameaçam tornar-se um flagelo. Para falar somente de Portugal é extraordinário que as classes com rendimentos mais baixos, seja qual for a sua origem, se mantenham na expectativa, aguentem o embate da crise, alheias aos apelos dos sindicatos. Nas fábricas buscam-se acordos para aguentar a tormenta. Quem se manifesta são funcionários públicos aos quais o estado paga religiosamente, pouco ou muito, por volta do dia 23 de cada mês. Não sei se dá para perceber que quem paga os ordenados aos manifestantes são aqueles que mais sofrem com a crise. Os grandes sacrificados pela crise que não esperem, do Congresso do PCP, palavras inspiradoras que venham ao encontro da concretização dos seus desejos e paixões.

quinta-feira, novembro 27

É PRECISO QUE ALGO ACONTEÇA ...

Gary Auerbach

A propósito do que Marina Costa Lobo escreveu em A Democracia é uma jangada apeteceu-me ir buscar uma frase que pode ter muitas leituras. E fui tentado a fazer o exercício de a aplicar ao “caso” Dias Loureiro. A solução para o “caso” Dias Loureiro parece simples. Mas, ao mesmo tempo, parece que não é! Quanto mais tempo o "caso" Dias Loureiro passar sem solução mais vai ter que arregaçar as calças o “supremo magistrado da nação”. E a jangada da democracia balouça! Balouça! Balouça!

É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte. Vivam, pois, os enterros!
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quarta-feira, novembro 26

BUSQUEMOS O EQUILÍBRIO PARA NÃO PERDERMOS A RAZÃO

Um líder marxista* disse, um dia, qualquer coisa como: “devemos evitar os sacrifícios inúteis”. Esse lema pode aplicar-se, nos nossos dias, na perfeição, à salvação do próprio marxismo. Não enquanto filosofia, repleta de ensinamentos válidos, mas enquanto doutrina politica. O marxismo, e os seus subprodutos, estão mortos pelo menos para aqueles que prezam, acima de qualquer outro valor, a liberdade. O que poderá suscitar espanto, para os que se interessam, e aderem às causas dos partidos que se reclamam do marxismo como o PCP. Quando utilizei a fórmula da “esperança morta” aplicada aos crentes assumidos, ou não, nos “amanhãs que cantam” não estava, ao contrário do que afirma o meu amigo Joaquim, a subestimar a crítica, qualquer que ela seja, seja qual for o seu destinatário. O problema é que os partidos que corporizam, no terreno da política, à esquerda da esquerda, a critica à política do PS, e ao seu governo, não a admitem no seu próprio seio. Não são, consabidamente, praticantes dos princípios que advogam para os outros. O PCP e o BE, cada um com a sua história, e seus métodos próprios, rejeitam a verdadeira discordância, eliminando os seus críticos como se elimina uma nódoa mesmo que seja à custa da integridade do pano. A concepção totalitária que explora a “fraqueza” da democracia politica, em favor da tirania, como a história ensina, não é monopólio da direita. Os exemplos domésticos, à esquerda, não faltam. Em época de crise todos os cuidados são poucos na apreciação dos méritos da política do “quero, posso e mando”, quer dos críticos radicais dessa política. O que eu digo é: busquemos o equilíbrio para não perdermos a razão.

* Talvez Antonio Gramsci, fundador do partido Comunista Italiano, que a Igreja Católica, por este dias, revelou ter-se convertido no leito de morte. Porque não?
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terça-feira, novembro 25

DINHEIRO SUJO


Revolvem-se-me as tripas com o desprezo votado ao carácter, verticalidade e hombridade dos homens públicos. Nada que seja fenómeno novo mas tomou o lugar cativo em tudo o que cheira a dinheiro e comunicação que atribui notoriedade. Não sei se verei o dia em que se inverta este estado de coisas ou, ao menos, se atenue o desdém face à parte fraca da sociedade. Não sei se algum dia, na história do homem em sociedade, se atingiu um tão alto grau de desprezo pelos valores da solidariedade individual. Todas as ideias solidárias morrem por não ser possível sequer tentar levantar um dedo sem que por detrás dele se não vislumbre a sombra do interesse material. Ardemos às mãos do império do dinheiro sujo e das leis que permitem esconder e disfarçar os mandantes dos crimes mais hediondos contra a humanidade. E não se sabe da missa a metade.

[2/5/2008]
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segunda-feira, novembro 24

UMA ESPERANÇA MORTA

O problema dos nossos intelectuais críticos da governação, qualquer que seja, é não serem capazes de entender que a governação não se situa no terreno do ideal absoluto mas na capacidade de atender ao relativo possível. O problema dos nossos intelectuais de esquerda críticos da governação de (centro) esquerda, é não entenderem que a esquerda, à esquerda, fundada nos puros valores, herdados da revolução francesa, já se finou. [Ver um caso em chaga viva!] O problema da esquerda, face a face com o poder, é recorrente: compromisso ou radicalidade? A insistência na radicalidade, herdeira dos vários esquerdismos, é a via mais segura para entregar, numa bandeja de prata, o poder à direita. A esquerda da esquerda não acredita na democracia politica como um regime político virtuoso mas tão-somente como um regime transitório, a derrubar por dentro, em favor de uma democracia popular, de um poder popular, ou seja, o regresso a uma discussão estafada que desemboca numa esperança morta. Para pior já basta assim …
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domingo, novembro 23

A CRISE

Bartek Pogoda

A crise do capitalismo financeiro agudiza-se. A chamada economia de casino parece nas últimas e tudo isto na véspera das eleições presidenciais americanas. Qual a solução? Uma guerra? Uma entrada do Estado na economia? Um reforço drástico do seu papel regulador? Mas como alimentar de recursos financeiros uma economia que deixou de se alimentar, na sua maior fatia, dos chamados bens transaccionáveis?

16/9/2008
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sábado, novembro 22

CACOS


Ontem o PS gaulês afundou-se ainda mais no caos. Que, ao menos, sirva de lição para os socialistas portugueses. Ao conferir as notícias nacionais a minha atenção foi atraída para a data do encontro de Dias Loureiro com o administrador do Banco de Portugal?! Abril de 2002! Mas se a reunião, conforme outra notícia, se realizou em Abril de 2005 não deixa de ser, igualmente, interessante.
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sexta-feira, novembro 21

OBAMA - TODAS AS ESPERANÇAS E RISCOS


Paolo Pellegrin - Obama's election night rally in Grant park, Chicago. USA

Paira por toda a Europa um ambiente de crise – na economia e nos valores – que pronuncia um futuro pouco radioso para a democracia, para a paz e a liberdade. Os sinais são muito fortes e não se circunscrevem às questões do regime democrático e da crise dos partidos que são a sua razão de ser. Voltaram as perseguições a minorias étnicas – como a cigana – eclodem fenómenos de racismo que já ultrapassam o pitoresco da anedota para se erguerem ao nível do discurso político oficial. Os próximos tempos são decisivos para saber até que ponto esta é uma situação reversível ou se vai crescer em espiral com o avanço da direita e extrema-direita. Uma boa notícia poderá ser a vitória de Obama nas presidenciais americanas. Tornaria, além do mais, embaraçosa a situação de muitos líderes políticos europeus nas recepções ao Presidente americano. O líder da maior potência mundial, pela primeira vez na história, seria um negro e aquela parte da Europa xenófoba e racista, que alcançou o poder, ter-lhe-ia que prestar honras de estado. Suprema ironia! A ver se não o assassinam antes que essa lição possa ser ministrada!

18/5/2008

Ségolène Royal

SEGUNDA VOLTA NAS ELEIÇÕES PARA A ESCOLHA DA 1ª SECRETÁRIA DO PS EM FRANÇA. Ségolène Royal venceu, hoje, na primeira volta e é favorita. Em qualquer caso é certo que os socialistas franceses terão, nos próximos tempos, uma mulher como primeira figura.
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quinta-feira, novembro 20

DEMOCRACIA OU DITADURA

Há quem se afadigue no campo socialista a fazer o combate pedagógico pela destrinça entre o programa, e as políticas, dos socialistas e o programa, e as politicas, dos partidos ditos à sua esquerda. É uma perda de tempo. Essa destrinça já está feita há muito tempo pela história e qualquer cidadão de bom senso a entende. Mas se querem uma achega acho que a raiz da destrinça foi exposta, de forma brutal, pela Dra. Manuela Ferreira Leite: DEMOCRACIA OU DITADURA?
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terça-feira, novembro 18

PÉROLAS DA DRA. MANUELA

Defendendo a ideia de que não se deve tentar fazer reformas contra as classes profissionais, Manuela Ferreira Leite declarou: "Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia...".

Toda a gente vai glosar (gozar) esta tirada de Manuela Ferreira Leite, que tem a seu favor a interpretação de tentar fazer ironia com uma certa falta de jeito. Mas o problemas dos líderes políticos é serem líderes políticos e, nessa condição, as suas declarações assumirem um alcance que ultrapassa a mera conversa de circunstância à mesa do café.

Olhem no que acabei de receber da Guida depois de ouvir a senhora:

Santa Madonna per Carita…A Manuela F Leite é mesmo a Gertrudes, filha de Marcelo Caetano. ah ah ah Agora pede seis meses sem democracia para se fazerem reformas. Ahahahah Volta Ex líder do PSD (não me lembro o nome) tu estás perdoado. Aí Aí Aí …. Hihihihi Não dá para acreditar, mas é verdade. Mas o que é que se passará com o PSD? Andam a consumir as drogas comercializadas pela clak do Benfica ahahhha. Eu não acredito mas eu ouvi. [Há aqui um pequeno engano: A dona Gertrudes Thomaz começou por ser a esposa do ministro da Marinha, mais tarde, Presidente da República Américo Thomaz, o que para o caso tanto dá!]

Hoje a Dra. Manuela já não se poderá queixar de ser 14ª notícia no telejornal, ah, ah, ah …
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Sem margem para dúvidas ... Pois, também me parece ...
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