Para mí corazón...
Para mi corazón basta tu pecho,
para tu libertad bastan mis alas.
Desde mi boca llegará hasta el cielo
lo que estaba dormido sobre tu alma.
Es en ti la ilusión de cada
día.
Llegas como el rocío a las corolas.
Socavas el horizonte con tu
ausencia.
Eternamente en fuga como la ola.
He dicho que cantabas en
el viento
como los pinos y como los mástiles.
Como ellos eres alta y
taciturna.
Y entristeces de pronto, como un viaje.
Acogedora como un
viejo camino.
Te pueblan ecos y voces nostálgicas.
Yo desperté y a veces
emigran y huyen
pájaros que dormían en tu alma.
......................
Para o meu coração...
Para meu coração basta o teu peito
para a tua liberdade as minhas
asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a sua alma.
És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência
Eternamente em fuga como a onda.
Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os
mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma
viagem.
Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes
nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam
na tua alma.
Pablo Neruda
“Vinte Poemas de
Amor e
Uma Canção Desesperada”
Tradução de Fernando Assis Pacheco
Publicações D. Quixote
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, janeiro 25
quarta-feira, janeiro 23
SONETO
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
... Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Pera tão longo amor tão curta a vida!
Luís de Camões
(Edição de Lobo Soropita, de 1595
In Obras Completas - Círculo de Leitores)
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
... Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Pera tão longo amor tão curta a vida!
Luís de Camões
(Edição de Lobo Soropita, de 1595
In Obras Completas - Círculo de Leitores)
terça-feira, janeiro 22
segunda-feira, janeiro 21
domingo, janeiro 20
JOSÉ BLANC DE PORTUGAL
“SUBMÚLTIPLOS”
Na escala convencional
Me vou microdividindo
Na velha base decimal.
Eis-me micro-eu
Nano-eu e pico-eu
Fento-eu e atto-eu…
Depois… acabou-se a convenção
Os eus mais pequenos
Já não têm nome…
Vou ver se lhes arranjo um pro-nome
Pois sim! Serão:
Nileus
Embora apercebíveis
E, sempre, até mais ver,
Sempre divisíveis.
Se nileus não é pronome
É lá com os gramáticos.
Mas, meus Senhores!
Sejamos práticos!!
“Descompasso”, Círculo de Poesia – Nova Série
Moraes Editores, Lisboa, 1986
---------------------------------------------------------------------------
JOSÉ BLANC DE PORTUGAL
(Lisboa, 1914 – 2000, Lisboa)
Licenciou-se em Ciências Geológicas pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo trabalhado, como meteorologista, no Serviço Meteorológico Nacional. A carreira científica levou-o de Lisboa às ilhas atlânticas (Açores, Madeira e Cabo Verde) e dali a Angola e Moçambique.
Poeta, ensaísta, crítico literário e musical, investigador. No campo da investigação científica, directamente relacionada com a profissão, publicou vários estudos, nomeadamente a monografia Introdução ao Estudo das Correntes de Jacto (1955). Como crítico musical, colaborou em diversas publicações, e foi crítico literário na Emissora Nacional.
Foi uma das figuras literárias portuguesas de mais vasta cultura (em vários domínios) tendo sido adido cultural no Rio de Janeiro (1973-78) e vice-presidente do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (1978-82).
Mas foi sobretudo como poeta que a sua personalidade mais se destacou. Foi fundador e co-director dos Cadernos de Poesia, em todas as séries, entre 1940 e 1953, tendo publicado ali alguns dos seus mais importantes poemas.
Estreou-se com o volume “Parva Naturalia” (1960, Prémio Fernando Pessoa), a que se seguiram “O Espaço Prometido” (1960), “Anticrítico” (1960, obra de reflexão ensaística), “Odes Pedestres” (1965, Prémio Casa da Imprensa), “Descompasso” (1987) e “Enéadas (1989).
Na escala convencional
Me vou microdividindo
Na velha base decimal.
Eis-me micro-eu
Nano-eu e pico-eu
Fento-eu e atto-eu…
Depois… acabou-se a convenção
Os eus mais pequenos
Já não têm nome…
Vou ver se lhes arranjo um pro-nome
Pois sim! Serão:
Nileus
Embora apercebíveis
E, sempre, até mais ver,
Sempre divisíveis.
Se nileus não é pronome
É lá com os gramáticos.
Mas, meus Senhores!
Sejamos práticos!!
“Descompasso”, Círculo de Poesia – Nova Série
Moraes Editores, Lisboa, 1986
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JOSÉ BLANC DE PORTUGAL
(Lisboa, 1914 – 2000, Lisboa)
Licenciou-se em Ciências Geológicas pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo trabalhado, como meteorologista, no Serviço Meteorológico Nacional. A carreira científica levou-o de Lisboa às ilhas atlânticas (Açores, Madeira e Cabo Verde) e dali a Angola e Moçambique.
Poeta, ensaísta, crítico literário e musical, investigador. No campo da investigação científica, directamente relacionada com a profissão, publicou vários estudos, nomeadamente a monografia Introdução ao Estudo das Correntes de Jacto (1955). Como crítico musical, colaborou em diversas publicações, e foi crítico literário na Emissora Nacional.
Foi uma das figuras literárias portuguesas de mais vasta cultura (em vários domínios) tendo sido adido cultural no Rio de Janeiro (1973-78) e vice-presidente do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (1978-82).
Mas foi sobretudo como poeta que a sua personalidade mais se destacou. Foi fundador e co-director dos Cadernos de Poesia, em todas as séries, entre 1940 e 1953, tendo publicado ali alguns dos seus mais importantes poemas.
Estreou-se com o volume “Parva Naturalia” (1960, Prémio Fernando Pessoa), a que se seguiram “O Espaço Prometido” (1960), “Anticrítico” (1960, obra de reflexão ensaística), “Odes Pedestres” (1965, Prémio Casa da Imprensa), “Descompasso” (1987) e “Enéadas (1989).
sábado, janeiro 19
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do téu sal
São lâgrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valéu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo déu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
sexta-feira, janeiro 18
quinta-feira, janeiro 17
terça-feira, janeiro 15
segunda-feira, janeiro 14
sábado, janeiro 12
UMA APOSENTAÇÃO EXEMPLAR
Faz tempo que não escrevia directamente na tela branca do absorto como tantas vezes no passado. São ciclos que se cumprem conforme a disponibilidade, e vontade, da cada um em intervir no espaço público. Hoje o que me suscita a vontade de contrariar essa tendência é a notícia da passagem à aposentação da actual presidente da Câmara Municipal de Palmela por quem tenho a maior simpatia pessoal além do mais por ser uma autarca que conhece bem, por experiência profissional, o sector cooperativo ao qual tenho dedicado, no contexto da economia social, estes últimos anos da minha vida.
O que quero dizer neste espaço, reafirmando o que já tenho escrito, é que não há volta a dar à tendência para aumentar a idade de aposentação que resulta da chamado envelhecimento demográfico versus sistema de providência baseado no modelo de redistribuição. Toda esta matéria, sem prejuízo de pontos de vista diferente acerca das políticas a adoptar, está muito bem estudada tendo sido objecto de consensos alargados.
A minha posição acerca da questão em apreço é até bastante heterodoxa pois sou favorável a que, num enquadramento legal adequado, cada cidadão deverá ser livre de escolher a idade da aposentação, não existindo limite máximo de idade, mas que os valores das pensões deveriam ter um tecto (como acontece em alguns países) e ser atribuídas, conforme o tempo de trabalho, de forma equitativa.
Esta situação de aposentação e um titular de um cargo político com menos de 50 anos de idade com contagem de tempo a dobrar - no que respeita ao exercício da função política - só contribui para descredibilizar o sistema actual mostrando a ponta do icebergue das injustiças do modelo do designado "Estado Social".
Serve este episódio ( a meu ver infeliz) para alertar da necessidade, e urgência, de todas as forças politicas e sociais, sem excepção, encontrarem dentro de si próprias a capacidade de tolerância, participação e abertura ao diálogo para, nas sedes próprias, encontrarem as melhores soluções, em primeira linha, para que o "Estado Social" se mantenha e fortaleça - sim, fortaleça!, o que só poderá ser assegurado por mecanismos que assegurem, aos olhos de todos, mais justiça e equidade nas contribuições (receitas) e nas prestações (despesas) com o equilíbrio que o tempo presente reclama.
Se não formos capazes, como comunidade democrática e livre, de encontrar modelos de gestão dos recursos públicos ( de todos) resultantes do mais amplo consenso, não nos admiremos que ressurjam os mais desvairados populismos que, em última análise, tenderão a pôr em causa o próprio regime democrático. O assunto é sério!
O que quero dizer neste espaço, reafirmando o que já tenho escrito, é que não há volta a dar à tendência para aumentar a idade de aposentação que resulta da chamado envelhecimento demográfico versus sistema de providência baseado no modelo de redistribuição. Toda esta matéria, sem prejuízo de pontos de vista diferente acerca das políticas a adoptar, está muito bem estudada tendo sido objecto de consensos alargados.
A minha posição acerca da questão em apreço é até bastante heterodoxa pois sou favorável a que, num enquadramento legal adequado, cada cidadão deverá ser livre de escolher a idade da aposentação, não existindo limite máximo de idade, mas que os valores das pensões deveriam ter um tecto (como acontece em alguns países) e ser atribuídas, conforme o tempo de trabalho, de forma equitativa.
Esta situação de aposentação e um titular de um cargo político com menos de 50 anos de idade com contagem de tempo a dobrar - no que respeita ao exercício da função política - só contribui para descredibilizar o sistema actual mostrando a ponta do icebergue das injustiças do modelo do designado "Estado Social".
Serve este episódio ( a meu ver infeliz) para alertar da necessidade, e urgência, de todas as forças politicas e sociais, sem excepção, encontrarem dentro de si próprias a capacidade de tolerância, participação e abertura ao diálogo para, nas sedes próprias, encontrarem as melhores soluções, em primeira linha, para que o "Estado Social" se mantenha e fortaleça - sim, fortaleça!, o que só poderá ser assegurado por mecanismos que assegurem, aos olhos de todos, mais justiça e equidade nas contribuições (receitas) e nas prestações (despesas) com o equilíbrio que o tempo presente reclama.
Se não formos capazes, como comunidade democrática e livre, de encontrar modelos de gestão dos recursos públicos ( de todos) resultantes do mais amplo consenso, não nos admiremos que ressurjam os mais desvairados populismos que, em última análise, tenderão a pôr em causa o próprio regime democrático. O assunto é sério!
sexta-feira, janeiro 11
quinta-feira, janeiro 10
A BOLEIA PERDIDA
Nas férias de verão, em finais dos anos 60, costumava ir à
boleia de Faro a Armação de Pêra. Era uma boleia certa. Ida e volta. Eu ia
namorar. Mas um dia a boleia de volta falhou. Fiquei pendurado no sítio
combinado. À beira da estrada. E nada. Fez-se noite e as minhas esperanças
desvaneceram-se. Sem dinheiro, que só havia pouco, regressei a pé, à vila.
A namorada já estava longe e perto. Em casa de seus pais e eu lá não ia.
Na época não havia telemóveis e na casa de meus pais nem telefone fixo. Só na
loja mas tinha encerrado. Não os pude avisar da minha ausência para o jantar.
Havia que tomar medidas de emergência. Encontrar alguém amigo, ou
conhecido, para pedir algum emprestado. A minha decisão, inevitável, tinha sido
a de pernoitar em Armação de Pêra. Por sorte, à primeira volta pela vila,
apareceu uma mão amiga. Procurei uma pensão. Havia quartos disponíveis apesar de
ser verão. Sei que estávamos em 1968 pois retenho na memória as imagens dos
Jogos Olímpicos, desse ano, que passavam na TV.
Dormi e de manhã
regressei ao ponto de encontro habitual na praia. O meu surgimento, cedo, foi
uma surpresa. Breves explicações e o resto foram as carícias de um verão
promissor. Águas límpidas e areias finas, beber a vida de um trago, a
reencarnação da própria beleza...
Nesse dia regressei a casa o mais
depressa possível e, desta vez, sujeito ao horário do autocarro. Os meus pais
não me pediram qualquer explicação, nem disseram uma palavra. Sofreram, em
silêncio, a minha ausência inesperada. Imagino os seus receios e medos.
Fiquei a admira-los ainda mais. A sua confiança em mim era
ilimitada. Nunca os esquecia e eles sempre me perdoavam.
quarta-feira, janeiro 9
UM PEQUENO DETALHE (2ª EDIÇÃO)
Hoje na véspera da tomada de posse de Chávez, após ter ganho as eleições, sabemos que o acto não terá lugar. Chávez, a crer nos seus próprios correligionários, não está em condições de comparecer por razões de saúde. Neste contexto veio-me à memória o que escrevi em setembro de 2007 e que a presente situação, de forma dramática, confirma:
Não vale a pena ter contemplações com este tipo de projecto de poder. Não há ditaduras a prazo. Não há ditaduras democráticas. O que Chávez quer toda a gente entende muito bem. Quer o bem dos pobres. Todos os ditadores querem o bem dos pobres. É um caminho conhecido que acaba sempre mal. Ainda pior quando os ditadores são levados ao poder através de eleições. Um dia destes Chávez deu-se ao luxo de apresentar o seu projecto de poder comparando-o com o das democracias liberais nas quais, para ele, os políticos também se perpetuam no poder. Pura aldrabice! Salvo o caso das monarquias nas quais o poder do monarca é simbólico, ou de representação, todos os regimes democrático, nos países da UE, e não só, integram mecanismos que inviabilizam a perpetuação no exercício do poder de qualquer partido ou personalidade. Os modelos são diversos mas o princípio é o da livre escolha, através de eleições democráticas, regulares, dos presidentes e dos governos. Existe até, nalguns casos, limitação do número de mandatos. É o caso do presidente da República, em Portugal, que não pode exercer o cargo por mais do que dois mandatos seguidos. É claro que sempre nos podemos colocar naquela posição de pessimismo absoluto, à beira do niilismo, de considerar todos os regimes políticos e respectivos protagonistas desprezíveis. “São todos iguais!” diz o povo amiudadas vezes. Os seres pensantes têm por obrigação contrariar este populismo de pacotilha. Essa é mesmo uma condição essencial para que os que pensam da democracia o pior possível possam continuar a dispor da liberdade de dizer mal dela. Um pequeno detalhe na fronteira entre a liberdade e a tirania.
Não vale a pena ter contemplações com este tipo de projecto de poder. Não há ditaduras a prazo. Não há ditaduras democráticas. O que Chávez quer toda a gente entende muito bem. Quer o bem dos pobres. Todos os ditadores querem o bem dos pobres. É um caminho conhecido que acaba sempre mal. Ainda pior quando os ditadores são levados ao poder através de eleições. Um dia destes Chávez deu-se ao luxo de apresentar o seu projecto de poder comparando-o com o das democracias liberais nas quais, para ele, os políticos também se perpetuam no poder. Pura aldrabice! Salvo o caso das monarquias nas quais o poder do monarca é simbólico, ou de representação, todos os regimes democrático, nos países da UE, e não só, integram mecanismos que inviabilizam a perpetuação no exercício do poder de qualquer partido ou personalidade. Os modelos são diversos mas o princípio é o da livre escolha, através de eleições democráticas, regulares, dos presidentes e dos governos. Existe até, nalguns casos, limitação do número de mandatos. É o caso do presidente da República, em Portugal, que não pode exercer o cargo por mais do que dois mandatos seguidos. É claro que sempre nos podemos colocar naquela posição de pessimismo absoluto, à beira do niilismo, de considerar todos os regimes políticos e respectivos protagonistas desprezíveis. “São todos iguais!” diz o povo amiudadas vezes. Os seres pensantes têm por obrigação contrariar este populismo de pacotilha. Essa é mesmo uma condição essencial para que os que pensam da democracia o pior possível possam continuar a dispor da liberdade de dizer mal dela. Um pequeno detalhe na fronteira entre a liberdade e a tirania.
segunda-feira, janeiro 7
domingo, janeiro 6
O FUNERAL DE ALBERT CAMUS - 6 de JANEIRO DE 1960
Le 6 janvier
1960, une foule d´anonymes et quelques amis se retrouvent devant la grande
maison de Lourmarin où le corps d´Albert Camus a été transporté dans la nuit.
Quatre villageois portent le cercueil que suivent son épouse, son frère Lucien,
René Char, Jules Roy, Emmanuel Roblès, Louis Guilloux, Gaston Gallimard et
quelques amis moins connu, parmi lesquels les jeunes footballeurs du village.
Le cortège avance lentement dans cette journée un peut froide et atone de ce
« pays solennel et austère – malgré
sa beauté bouleversante ».
Devant le caveau,
Francine Camus jette une rose sur le cercueil. Le maire prononce une courte
allocution et le silence n´est troublé que par le bruit de la terre sue le bois
de la bière.
L´heure est de
recueillement. Les communiqués officiels, les télégrammes affluent. Tous
unanimes dans l´hommage et l´affliction conjugués.
Les temps ont
changé, et ils sont nombreux, les détracteurs d´hier qui saluent aujourd´hui la
disparition de celui aux côtés duquel ils avaient obstinément refusé de
marcher. Celui qui, au terme de tant d´attaques et de malveillance, avait choisi
de s´enfermer dans un douloureux silence.
Les premiers tirs
étaient venus de gauche, et plus particulièrement du parti communiste qui ne
pardonnait pas à cet ex-compagnon de route de prendre du recul, de regarder en
face certaines réalités. De dire l´intolérable :
le stalinisme, les camps, les idéaux mis au pas par des tyrans de
l´histoire.
In Les Derniers
Jours de la vie d´Albert Camus, José Lenzini, Actes Sud
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