Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sábado, abril 18
quinta-feira, abril 16
16 de abril - 2015
Felizmente não sabemos tudo sobre todos e cada um dos que nos rodeiam e ainda menos sabemos acerca daqueles que adivinhamos viver longe do nosso estreito círculo; pior quando alguém se esforça mesmo que com sincero esforço por se convencer que entende o que determina cada opção daqueles que não conhece nem nunca conhecerá porque nunca de verdade seremos capazes de conhecer os outros; ainda pior quando nos convencemos que nos conhecemos a nós próprios dispensando o que os outros de nós pensam que conhecem; ainda pior, muito pior, quando todos se convencem que a verdade de alguém pode ser a nossa verdade e nos tornamos crentes numa verdade comum que nos transcende.
quarta-feira, abril 15
25 de abril (II)
A minha memória dos que viveram os acontecimentos: Victor Wengorovius (no jantar de extinção do MES).
terça-feira, abril 14
segunda-feira, abril 13
sábado, abril 11
Não há vida sem diálogo ...
" Não há vida sem diálogo. Mas o diálogo foi, hoje, na maior
parte do mundo, substituído pela polémica. O século XX é o século da polémica e
do insulto. Eles ocupam, entre as nações e os indivíduos, e mesmo ao nível das disciplinas outrora
desinteressadas, o lugar que tradicionalmente cabia ao diálogo reflectido. Dia
e noite, milhares de vozes, empenhadas, cada uma por seu lado, num tumultuoso monólogo,
lançam sobre os povos uma torrente de palavras mistificadoras, de ataques, de
defesas, de exaltações. Mas qual é o mecanismo da polémica? Consiste em
considerar o adversário como inimigo, por conseguinte a simplificá-lo e a
recusar vê-lo. Aquele que insulto, já não sei de que cor são os seus olhos, ou
se acaso sorri, e como o faz. Tornados quase cegos por obra e graça da
polémica, já não vivemos entre os homens, mas num mundo de sombras." (…)
Albert Camus – alocução feita na sala Pleyel em Novembro de
1948, in Actualidades - Contexto
quinta-feira, abril 9
dia 9 de abril - 2015
O romance das eleições presidenciais em Portugal - janeiro de 2016 - está no 1º capítulo, intróito ou prefácio que para alguns candidatos a candidatos será o último. Impressiona somente a voragem comunicacional em torno de algumas criaturas vagamanente irrelevantes. Mas é a lei da vida e a regra de uma sociedade livre em regime democrático. Se continuar a este ritmo a emergência pública de aspirantes a Belém lá para os idos do verão contar-se-ão por dezenas as irrelevâncias. Por mim não estando a pensar em anunciar candidatura, embora preencha os requisitos, espero pelo dia de reflexão para decidir o meu voto. Haja paciência!
sábado, abril 4
SALGUEIRO MAIA
Pelo 23º aniversário da morte de Salgueiro Maia
O tempo faz esquecer. O tempo é malicioso. O tempo mata a memória. Salgueiro Maia não era um oficial crente nos amanhãs que cantam, dizem até que era conservador mas, perdoem-me o plebeísmo, “tinha-os no sítio”, estão a compreender! Para dar lume a uma revolução mais vale um conservador com “eles no sítio” do que um revolucionário desertor da coragem no momento da verdade. Mas, na verdade, todos os testemunhos confirmam que não era um conservador.
O tempo faz esquecer. O tempo é malicioso. O tempo mata a memória. Salgueiro Maia não era um oficial crente nos amanhãs que cantam, dizem até que era conservador mas, perdoem-me o plebeísmo, “tinha-os no sítio”, estão a compreender! Para dar lume a uma revolução mais vale um conservador com “eles no sítio” do que um revolucionário desertor da coragem no momento da verdade. Mas, na verdade, todos os testemunhos confirmam que não era um conservador.
Quem fez triunfar a revolução não foi Ramalho Eanes, nem Spínola, nem Costa Gomes, não foi nenhum General estrelado pelo Antigo Regime, ou promovido administrativamente pelo novo, quem decidiu o triunfo da revolução foram os “capitães” e o povo, que alargaram à rua o posto de comando e que tomando a rua para si tudo decidiram.
E entre todos os heróis anónimos, foi a coragem serena de Salgueiro Maia naquele momento breve, na Rua do Arsenal, enfrentando o atirador do tanque da coluna de Junqueira dos Reis, fazendo-o desobedecer às ordens, que decidiu a sorte da revolução. É prudente que, para preservar a liberdade, a democracia - seguindo o exemplo de Salgueiro Maia - não vacile no combate aos seus inimigos.
E entre todos os heróis anónimos, foi a coragem serena de Salgueiro Maia naquele momento breve, na Rua do Arsenal, enfrentando o atirador do tanque da coluna de Junqueira dos Reis, fazendo-o desobedecer às ordens, que decidiu a sorte da revolução. É prudente que, para preservar a liberdade, a democracia - seguindo o exemplo de Salgueiro Maia - não vacile no combate aos seus inimigos.
quarta-feira, abril 1
ALOCUÇÃO AOS SOCIALISTAS
"Na política, como sabeis, o comportamento rectilíneo, sem argúcia alguma, - sincero, aberto, desartificioso, claro, - usa ser censurado, como sendo ingénuo: e, nessa sua qualidade de comportamento ingénuo, como prejudicial, ou pateta. Paciência. Seja. (…) Os essencialmente habilidosos (não faço empenho em negá-lo) alcançam a sua hora de simulacro e de vista. Mas é uma hora e nada mais; mas é simulacro, e só vista. Logo a seguir a esse instante, comunica-se-lhes o fogo da sua iluminação de artifício, e fica tudo em fumaça, que pouco depois não é nada."
"Aos nossos socialistas, quanto a mim, compete-lhes resistirem ao tradicional costume de se empregarem espertezas e competições de pessoas para apressar o momento em que há-de chegar ao poder…"
"Antes de tudo, buscai prestigiar-vos ante a nação inteira pelo timbre moral da vossa alma cívica; porque (como acreditais, creio eu) não é indispensável conquistar o poder para se influir de facto na orientação do estado."
"Não tenhais a ânsia de vos alcandorar no poleiro com prejuízo das qualidades a que se tem chamado "ingénuas". As habilidades dissipam-se; os caracteres mantêm-se."
"Não existam ciúmes e invejas recíprocas entre os vários componentes da vossa grei socialista: nem tampouco os ciúmes, nem tampouco as invejas, para com os homens que compõem as outras facções da esquerda. Seja vosso lema a unidade. Por mim, quero trabalhar pela unidade, pelo entendimento recíproco, pela existência de convivência amável entre os homens políticos de orientações discordes. Incorrigivelmente "ingénuo", fraterno, cordial."
António Sérgio, In "Alocução aos Socialistas", No Banquete do Primeiro de Maio de 1947.
Veja aqui
segunda-feira, março 30
30 de março - 2015
Voltando a um tema antigo: a polítca. Na Madeira (região autónoma - grande conquista do 25 de abril) tiveram lugar eleições. Os resultados deram expressão a uma mudança, com a peculariedade do protagonista que lidera pertencer ao mesmo Partido do antecessor. O que acontece na RA da Madeira é que não há espaço para mudanças senão pela rotação da liderança no Partido do poder. Simples. É um modelo de rotativismo de um só partido. Porquê? Os restantes partidos assumiram a subalternidade e não a alternativa. E, no caso particular do PS, uma subalternidade abdicando da identidade própria, ao contrário do CDS.
sexta-feira, março 27
27 de março - 2015
Teresa Dias Coelho
Não se sabe ao certo o que aconteceu pois nunca nada que não se tenha vivido se sabe ao certo. Despenhou-se um avião de um modelo conhecido, dizem que em fim de vida, de uma companhia alemã - alemã - dessas "baratas", negócio de uma das "caras" - voando nos céus da Europa. As primeiras notícias, como quase sempre neste tipo de tragédias, eram confusas pois o que se sabia é que o avião se havia despenhado numa zona de difícil acesso nos Alpes franceses. Todos os mais altos dirigentes políticos dos países, mais directamente atingidos, apareceram à boca de cena declarando o seu pesar o que parece normal. A esta hora ainda decorrem as investigações mas correu mundo a notícia que o copiloto - um jovem alemão - alemão - havia feito despenhar o avião arrastando para a morte todos os que nele viajavam. Alerta geral. Pensava eu que face à ameaça terrorista que, muito compreensivelmente, a todos preocupa, tinham sido tomadas as mais rigorosas medidas de segurança que, aliás, os passageiros sentem na pele - mais nuns aeroportos que noutros - quase sendo despidos naqueles momentos que antecedem o acesso à zona do embarque. Mas não! As medidas de segurança, pelo menos algumas, são inimigas de si próprias. A porta que se fecha a sete chaves para impedir o assalto do inimigo externo pode ser uma arma letal nas mãos do "inimigo" interno. Finalmente torna-se necessário recorrer à mais humana das medidas de segurança: a garantia, e exigência, de uma permanente direcção colectiva, neste caso, na cabine de pilotagem da aeronave. Peritos e técnicas sofisticadas para quê?
Não se sabe ao certo o que aconteceu pois nunca nada que não se tenha vivido se sabe ao certo. Despenhou-se um avião de um modelo conhecido, dizem que em fim de vida, de uma companhia alemã - alemã - dessas "baratas", negócio de uma das "caras" - voando nos céus da Europa. As primeiras notícias, como quase sempre neste tipo de tragédias, eram confusas pois o que se sabia é que o avião se havia despenhado numa zona de difícil acesso nos Alpes franceses. Todos os mais altos dirigentes políticos dos países, mais directamente atingidos, apareceram à boca de cena declarando o seu pesar o que parece normal. A esta hora ainda decorrem as investigações mas correu mundo a notícia que o copiloto - um jovem alemão - alemão - havia feito despenhar o avião arrastando para a morte todos os que nele viajavam. Alerta geral. Pensava eu que face à ameaça terrorista que, muito compreensivelmente, a todos preocupa, tinham sido tomadas as mais rigorosas medidas de segurança que, aliás, os passageiros sentem na pele - mais nuns aeroportos que noutros - quase sendo despidos naqueles momentos que antecedem o acesso à zona do embarque. Mas não! As medidas de segurança, pelo menos algumas, são inimigas de si próprias. A porta que se fecha a sete chaves para impedir o assalto do inimigo externo pode ser uma arma letal nas mãos do "inimigo" interno. Finalmente torna-se necessário recorrer à mais humana das medidas de segurança: a garantia, e exigência, de uma permanente direcção colectiva, neste caso, na cabine de pilotagem da aeronave. Peritos e técnicas sofisticadas para quê?
terça-feira, março 24
HERBERTO HELDER
ERA UMA VEZ UM PEQUENO INFERNO E UM PEQUENO PARAÍSO ...
"Era uma vez um pequeno inferno e um pequeno paraíso, e as pessoas andavam de um lado para outro, e encontravam-nos, a eles, ao inferno a ao paraíso, e tomavam-nos como seus, e eles eram seus de verdade. As pessoas eram pequenas, mas faziam muito ruído. E diziam: é o meu inferno, é o meu paraíso. E não devemos malquerer às mitologias assim, porque são das pessoas, e neste assunto de pessoas, amá-l...as é que é bom. E então a gente ama as mitologias delas. A parte isso o lugar era execrável. As pessoas chiavam como ratos, e pegavam nas coisas e largavam-nas, e pegavam umas nas outras e largavam-se. Diziam: boa tarde, boa noite. E agarravam-se, e iam para a cama umas com as outras, e acordavam. Às vezes acordavam no meio da noite e agarravam-se freneticamente. Tenho medo - diziam. E depois amavam-se depressa, e lavavam-se, e diziam: boa noite, boa noite. Isto era uma parte da vida delas, e era uma das regiões (comovedoras) da sua humanidade, e o que é humano é terrível e possui uma espécie de palpitante e ambígua beleza.”
Herberto Helder
Herberto Helder
sábado, março 21
DIA MUNDIAL DA POESIA
Em memória do meu irmão Dimas |
I
nas minhas mãos sinto
o que não tenho
10 de Fevereiro de 2006
II
o raio de luz estilhaça o espaço
do meu silêncio
11 de Fevereiro de 2006
III
no fim do tempo as cores belas do poente
12 de Fevereiro de 2006
IV
as cidades ocupam o lugar dos campos abandonados
mas é neles que me revejo
17 de Fevereiro de 2006
V
subindo a montanha do tempo descubro
as mãos vazias de nada
19 de Fevereiro de 2006
VI
o tempo corre desvairado e na poeira de seus passos
meu filho se fez homem
21 de Fevereiro de 2006
VII
não me digas não pois mesmo no teu silêncio alisado
eu descubro uma voz que sempre fala e me descobre
23 de Fevereiro de 2006
VIII
Sinto as ruas da infância as pedras gotas de água
ângulos gritos silêncios de dorida e surda mágoa
9 de Março de 2006
IX
Sulcava um ar lavrado de indefinível espessura
o prazer do jogo das palavras não ditas perdura
10 de Março de 2006
X
Pode ser este o último poema a que mais nenhum suceda
como antes do princípio: a palavra recortada no silêncio
10 de Março de 2006
XI
Numa manhã de um dia qualquer subi olhei
do ponto mais alto procurei não vi ninguém
15 de Março de 2006
XII
Sofre-se devagar lentamente as palavras malditas
dos lamentos ecoam nos vagos silêncios do destino
21 de Março de 2006
XIII
Enroscada ao côncavo do corpo a solidão
incendeia o desejo no alvor da primavera
21 de Março de 2006
XIV
XIV
Nada acontece de novo desde o tempo luminoso
esboço a sépia quente o teu corpo simplesmente
24 de Março de 2006
XV
Ouço o insuportável zumbido das mágoas
vozes do meu sangue que o tempo apagou
30 de Março de 2006
XVI
Vejo a criação como o lugar dos silêncios
templo vazio prenhe do tempo imaginado
1 de Abril de 2006
XVII
O sol quente irradia primavera à vista do mar
flores saúdam o vento a única força do mundo
3 de Abril de 2006
XVIII
A terra quente a meus pés o pó do carvão ardendo
o frio da manhã fumos soltos o vento sol nascente
4 de Abril de 2006
XIX
No calor da sombra a terra quente subiu
em fúria desordenada rompeu o silêncio
7 de Abril de 2006
XX
Inóspito caminho, o sangue quente latejou
na cavalgada o prazer no dorso da espada
8 de Abril de 2006
XXI
A noite alisando a pele dos sentidos os floria
soletrando silêncios a madrugada amanhecia
10 de Abril de 2006
XXII
Olhei as mãos de seus sulcos emergiam desenhos
inacabados preces sonhos regressos imaginados
12 de Abril de 2006
XXIII
O dia desce sobre a cidade as ruas fumegam
os passos ecoam como corpos vestidos de dor
16 de Abril de 2006
*
XXIV
Um brado difuso me percorre no fio do silêncio
desesperada ausência o rosto na voz esquecida
18 de Abril de 2006
XXV
Se fosse noite ver-te-ia correr em mim
longa carícia colorida, sonho sem fim
20 de Abril de 2006
XXVI
Sabemos de nós tudo através do olhar dos outros
21 de Abril de 2006
XXVII
No cimo a luz branca pontiaguda ilumina
as mãos que tendem o pão da minha vida
3 de Maio de 2006
XXVIII
Como as palavras as imagens, que tomamos como nossas, são um
bocado do imaginário que sobrevive à decapitação dos sonhos. Caminhamos por
entre escombros.
Quando minha mãe morreu nos meus braços não chorei. Só
chorei quando, velando o seu corpo, me surgiu pela frente uma vizinha que
frequentava a minha infância. O imaginário, naquele breve momento, tomou de
assalto as minhas defesas que ruíram com estrondo.
Percebi a leveza insustentável dos corpos depois de mortos e
a infinita fraqueza que se esconde por detrás da nossa aparente normalidade.
S/data
XXIX
Nas pedras irregulares do chão da infância
luminosas as sombras que acolhem os corpos
15 de Maio de 2006
XXX
Fosse meu tudo o que não tem medida certa
seria feliz por possuir o mundo
Tomaria em mãos as diversas artes
sendo múltiplo fingir-me-ia uno
uno por dentro e por fora repartido em partes
19 de Maio de 2006
XXXI
Gosto de iniciar o caminho pelo princípio
Onde não se encontra nada o que abraçar
Inventar tudo desde o começo mesmo sem
A ideia clara do caminho que hei-de rasgar
Buscar a luz que alumia a vida na revolta
Da palavra e na surpresa de afinal confiar
Gosto de sentir o frio na testa desabrigada
Cavar fendas na memória e nelas recordar
O meu mundo secreto único e indivisível
Separado de todos os mundos é outro mar
Gosto de ouvir ao longe sons esquecidos
E nos largos vazios o silêncio a esvoaçar
4 de Junho de 2006
XXXII
Passar o tempo ver passar o passado no presente
Sonhar com as longínquas memórias nas doridas
Noites anoitecidas a ver passar o tempo sedento
De nos devorar o corpo ainda quente dos afagos
Esquecidos de mãos que vagamente escorregam
Pelo esquecimento como todas as mãos milhões
De sinais passaram e deles já todos esqueceram
Os ensinamentos, o toque, a música, o desespero
Passar o tempo deixar em herança esquecimento
Sabendo que mais nada restará senão só o tempo
18 de Junho de 2006
XXXIII
Olhar ao longe por entre a neblina
O mar de verão que acalma a vida
15 de Julho de 2006
XXXIV
Este mar é a luz da minha memória
16 de Julho de 2006
XXXV
Sempre o som do mar ao fundo
No silêncio da noite se agiganta
Encosta acima mais nítido puro
21 de Julho de 2006
XXXVI
Branca como sombra reflectida no chão
terra mãe percorrida ao som do silêncio
S/data
XXXVII
Estendo a memória até onde a mão alcança
o tempo submerso resplandece de sabedoria
23 de Novembro de 2006
21 de março - ano de 2015
Tempos conturbados - todos os tempos, afinal, o são cada um a seu modo - mas neste assoma o cheiro acre a fim de regime. Deverei estar enganado pelo menos na medida em que as afirmações de fé radicais quase sempre são desmentidas. Digo quase, pois nos períodos anteriores ao advento dos totalitarismos poucos são os que se atrevem a vaticiná-los. E mesmo, para não ir mais longe, já no pleno exercício dos crimes de regimes totalitários a maioria se acobarda, e os aceita, pois de outra forma não medrariam. Assim ao alcance da nossa memória aconteceu com o nazi fascismo, de várias estirpes, e o estalinismo que duraram muitos anos, produziram guerras de uma crueldade inimaginável e praticaram crimes inomináveis. Venho preencher o espaço branco do ecran porque por essa Europa fora ganham adeptos os lideres de extrema direita, ameaçando ganhar pelo voto, senão o poder, pelo menos o direito a partilhá-lo. E não tenhamos ilusões que se tal acontecer teremos o toque de finados da União Europeia e o advento de uma guerra. E quais serão os efeitos de uma guerra no nosso tempo?
quarta-feira, março 18
AS EVIDÊNCIAS
XVIII
Deixai que a vida sobre nós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse
erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.
Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.
Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,
a que é do tempo a ideia da formosura,
a que se encontra se se não procura.
26-3-1954
Jorge de Sena
domingo, março 15
HÉLDER GONÇALVES - uma prenda
As primeiras fotografias que postei neste blogue são de autoria do meu amigo Hélder Gonçalves. É um grande fotógrafo amador, pois a sua profissão é outra na qual, aliás, são elevados os seus méritos. Ontem enviou-me uma fotografia captada no dia 1 de março passado que aqui deixo com os desejos de melhoras e um abraço.
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