Um mundo de violência, dividido pela posse da riqueza, como sempre ao longo da história, pela posse das matérias primas, das rotas, dos territórios, disputas pelo domínio da terra, do mar, do espaço vital, com guerra sempre à vista mesmo quando predomina a paz, cegueira ideológica, idolatria por chefes, desprestígio do sagrado, sedução e culto pelo dinheiro, sempre com novas formas, escalas e artes de cativar a maioria. A tirania espreita na esquina da intolerância. É preciso que se ergam vozes e luzam rostos capazes de, com realismo e coragem, enfrentarem, uma vez mais, o totalitarismo que, sob diversas vestes, se insinua por entre os povos que trabalham e aspiram à paz e à liberdade.
Fotografia de Hélder Gonçalves
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, janeiro 15
terça-feira, janeiro 12
Presidenciais - take 11
Cada vez mais próximos do voto nas presidenciais (12 dias) sem um rasgão criador no tecido já gasto do nosso modelo eleitoral. Marcelo ensaia algumas deambulações pela "esquerda da direita" - a velha questão do centro - anunciando o que todos sabem: ninguém ganha eleições presidenciais contra a esquerda. O seu problema, ou melhor, o nosso problema é aquele velho defeito que os mais atentos lhe atribuem: é verdade tudo o que Marcelo afirma, com exceção do que conhecemos. Mas, afinal, este defeito na politica é somente um detalhe quando não mesmo uma virtude.
segunda-feira, janeiro 11
domingo, janeiro 10
Presidenciais - take 10
Começou hoje a campanha eleitoral para as presidenciais. Os debates já lá foram e deles resultou, na minha perceção, a exposição de algumas fragilidades de Marcelo e a confirmação da plena divisão da esquerda. A ver vamos se as fragilidades de Marcelo, a principal das quais já Passos havia identificado, sem nomear o destinatário, como o "catavento", são, em conjunto com a abstenção, suficientes para impedir a sua vitória à primeira volta. Marcelo tem vindo a colocar-se numa posição de vencedor antecipado à primeira o que tornará a simples existência de uma 2ª volta numa derrota pessoal criando-se, a partir de 24 de janeiro, a expetativa de que tudo poderá a acontecer se a esquerda tiver a capacidade de se unir concentrando os votos. Como se diz no futebol: "prognósticos só no fim do jogo".
quarta-feira, janeiro 6
Presidenciais - take 9
A dezoito dias das eleições presidenciais, mais debate menos debate, venho dizer da minha rejeição dos discursos populistas seja qual for o candidato que os profira. Aí está incluído Paulo Morais que nunca recolherá o meu voto. Um dos maiores perigos do nosso tempo para a liberdade e a democracia, hoje mais do que ontem, é o discurso do “são todos iguais”, “todos corruptos”, carregado com variadas manifestações de racismo e xenofobia, que se espalham como fogo em palha seca pela nossa sociedade.
segunda-feira, janeiro 4
Pelo 56º aniversário da morte de Albert Camus
Camus publicou em vida dezanove obras, de 1937 a 1959, entre as quais se destacam os romances (“L’Étranger” em 1942, “La Peste” em 1947), as novelas (“La Chute” em 1956, “L’Exil et le Royaume” em 1957) as peças de teatro (“Caligula” e “Le Malentendu" em 1944, “L’État de siège" em 1948, “Les Justes” em 1950), e os ensaios (“L’Envers et l’Endroit" em 1937, “Noces” em 1939, “Le Mythe de Sisyphe” em 1942, “Les lettres à un ami allemand” em 1945, “L´Homme révolté” em 1951 e”LÊté” em 1954). É necessário ainda juntar três recolhas de ensaios políticos (“Les Actuelles”), “Les deux Discours de Suède” (pronunciados aquando da atribuição do Nobel) e a contribuição para a obra de Arthur Koestler intitulada “Réflexions sur la peine capitale”.
Outras obras foram editadas após a sua morte entre as quais se contam o “diário” dos seus pensamentos e leituras, assim como notas de trabalho, publicado sob o título “Carnets”; o diploma de estudos superiores de 1936: “Métaphysique chrétienne et néoplatonisme”, publicado pela “La Pléiade”; o romance inédito, “La Morte heureuse”, cuja redacção data de 1937; o manuscrito inacabado, encontrado na pasta de Camus depois do acidente de viação que o vitimou:“Le Premier Homme”, esboço do que viria a tornar-se o seu grande romance quasi autobiográfico e ainda a sua correspondência com o amigo Jean Grenier.
Presidenciais - take 8
Já vi alguns excertos dos "debates presidenciais" e quero dizer que não me parece que se deva diminuir a sua importância no contexto em que ocorrem. Por vezes paira a tentação de diminuir o valor das eleições democráticas, do debate livre, da diversidade, e pluralidade, das opiniões, ao invés de o incensar. Pelo que pude observar, incluindo a ingenuidade e megalomania que, por vezes, afloram nas palavras e posturas de alguns candidatos, nada desabona esta disputa eleitoral aos olhos da opinião pública, a não ser que se pensasse que o eleitorado a que se destina a campanha fosse constituído por uma plateia de sábios. Resta saber se a falta de vibração e entusiasmo que inunda a nossa vida pública, por razões de todo alheias às eleições, pode ser revertida por um ato eleitoral. É claro que não pode, mas nunca poderia ser diferente fossem quais fossem as candidatas, ou candidatos, presidenciais. Como diria um putativo candidato que não chegou a sê-lo (e foi pena): é a vida!
sábado, janeiro 2
Presidenciais - take 7
Não por falta de interesse, mas por razões de logística, não vi qualquer dos "debates presidenciais". Pelo que tenho lido acerca dos mesmos, realizados até ao momento, não fiquei mais pobre intelectualmente, nem mais esclarecido politicamente. Uma das classificações acerca do perfil dos candidatos, após esta primeira amostra dos debates nas TV s, parece-me interessante: três candidatos, dois propagandistas, dois snipers e três animadores (mais palavra menos palavra). Todos merecem o mesmo respeito, e tratamento, mas estas eleições presidenciais confirmam, mais do que anunciam, o fim de um ciclo politico. O que vale é que o povo é mais esclarecido do que parece.
quarta-feira, dezembro 30
Presidenciais - take 6
No próximo dia 1, de ano novo, sexta-feira, ficam a faltar 23 dias para a eleição presidencial. Nada de novo na frente politica presidencial exceto sabermos dos candidatos, em numero de 10, e do lugar que ocupam no boletim de voto. Sei que vou votar mas ainda não sei em quem. Não votarei Henrique Neto, o 1º do boletim de voto, não pela sua idade, pois até já votei em Soares, (a idade para mim não conta) mas porque não acredito naquela componente do seu discurso providencial, com boas ideias, com uma pitada anti partidos. Sou favorável, sem reservas, ao regime democrático fundado em partidos. Assim mesmo sem prejuízo da reforma dos partidos e do regime, que se não fará sem os partidos e muito menos contra eles. Faltam ainda os debates entre os candidatos, os "grandes" no prime time das TV generalistas, e os "pequenos" nos canais cabo, porventura alguns deles em canal nenhum. Num tempo em que se discutem na praça pública somente dois assuntos: os negócios dos 3 grandes, na área futebolística, e as resoluções, na área da banca e redondezas, atenta a grandeza das nossas misérias, estimo que vai sobrar pouco espaço para os candidatos e muito para a abstenção.
segunda-feira, dezembro 28
Presidenciais - take 5
No sentido contrário da decisão do voto nas presidenciais, que só tomarei na véspera do dia do voto, posso dizer em quem não votarei. Não votarei em Marcelo não tanto por ser o candidato do centro/direita mas por querer parecer o candidato de todos, que a todos representa. Sou contra a União Nacional (de que já poucos se lembram!) assim como contra a supressão das diferenças ideológicas e o pragmatismo na indiferença geral. Haja saúde.
domingo, dezembro 27
Presidenciais - take 4
Fotografia de Hélder Gonçalves
A menos de um mês das eleições presidenciais - 24 de janeiro - ouvem-se algumas declarações de candidatos em ações de campanha sendo certo que o nº de candidatos não ultrapassará a dezena. O ambiente politico desta disputa eleitoral é o mais cinzento e falto de entusiamo de sempre. Parece cumprir-se um ritual obrigatório sem chispa. Com a entrada em cena dos debates nas TV s será possível dar-mo-nos conta da existência politica das eleições presidenciais no ano da graça de 2016. Mas nem por isso se elevará o tom nem se tornará mais espesso o debate. O centro do debate politico, em Portugal, deslocou-se para a Assembleia da República por força dos resultados eleitorais das legislativas e, após 10 anos da magistratura presidencial pseudo apolítica de Cavaco, a função desvalorizou-se a tal ponto que poucos lhe dão a importância que de facto tem. Ainda sem o meu voto definido. No dia 22 tomo a decisão com a única certeza de que votarei nestas eleições como sempre aconteceu em todas as que se realizaram no pós 25 de abril.
A menos de um mês das eleições presidenciais - 24 de janeiro - ouvem-se algumas declarações de candidatos em ações de campanha sendo certo que o nº de candidatos não ultrapassará a dezena. O ambiente politico desta disputa eleitoral é o mais cinzento e falto de entusiamo de sempre. Parece cumprir-se um ritual obrigatório sem chispa. Com a entrada em cena dos debates nas TV s será possível dar-mo-nos conta da existência politica das eleições presidenciais no ano da graça de 2016. Mas nem por isso se elevará o tom nem se tornará mais espesso o debate. O centro do debate politico, em Portugal, deslocou-se para a Assembleia da República por força dos resultados eleitorais das legislativas e, após 10 anos da magistratura presidencial pseudo apolítica de Cavaco, a função desvalorizou-se a tal ponto que poucos lhe dão a importância que de facto tem. Ainda sem o meu voto definido. No dia 22 tomo a decisão com a única certeza de que votarei nestas eleições como sempre aconteceu em todas as que se realizaram no pós 25 de abril.
sexta-feira, dezembro 25
NATAL
NATAL DE 1971
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem trás às costas
as cinzas de milhões?
Natal de paz agora
nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
em ser-se concebido,
em de um ventre nascer-se,
em por de amor sofrer-se,
em de morte morrer-se,
e de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé,
com gente que é traição,
vil ódio, mesquinhez,
e até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm,
ou dos que olhando ao longe
sonham de humana vida
um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
e torturados são
na crença de que os homems
devem estender-se a mão?
Novembro 71
Jorge de Sena
In “Poesia III” – “Exorcismos - 1972”
Fotografia de Kate Breakey
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem trás às costas
as cinzas de milhões?
Natal de paz agora
nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
em ser-se concebido,
em de um ventre nascer-se,
em por de amor sofrer-se,
em de morte morrer-se,
e de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé,
com gente que é traição,
vil ódio, mesquinhez,
e até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm,
ou dos que olhando ao longe
sonham de humana vida
um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
e torturados são
na crença de que os homems
devem estender-se a mão?
Novembro 71
Jorge de Sena
In “Poesia III” – “Exorcismos - 1972”
Fotografia de Kate Breakey
segunda-feira, dezembro 21
BANIF
Não é muito estimulante escrever acerca de Bancos, finanças e assim...e logo a minha formação académica de base, sem passagens administrativas, é de finanças, tendo tido como profs algumas proeminentes figuras ainda no ativo ... aborrecidas que sempre foram... Não vou falar delas....Lembro-me de um dia o meu saudoso irmão, homem de negócios, sério e honrado que mais se não podia ser, dizer-me que estava enojado com os bancos (no tempo em que os bancos sorriam de felicidade), com suas exigências absurdas; e mais perto no tempo fui levado de visita a casa apalaçada de um amigo administrador de um banco (destes que se diz estarem de saúde...) e fiquei eu próprio mal disposto pelo que vi e ouvi,... adiante; embora saiba que a banca é necessária para a vida das nossas economias e sociedades, ela a banca, e seus administradores e gerentes, podia e devia ser obrigada a maior transparência pela comunidade, ou seja, pelo Estado, através de entidades ditas reguladoras, sabendo nós que, não podendo evitar todas as irregularidades e crimes, deveriam ser suficientemente fortes para a dissuasão dos mesmos, como mandam as regras que obrigam as entidades da regulação.. de outra forma sopra-se o lume da indignação que hoje, (digo hoje mesmo), varre as ruas de Portugal como um vendaval ... e um dia vai pegar fogo na pradaria e pagam os justos pelos pecadores... O que andou por cá a fazer a troika mais de 4 anos ... e os seus filhotes o que andaram a fazer? Os socialistas, esquerdistas e revolucionários, de todos os matizes, são um perigo, não é verdade? Apaguem o fogo e esperem por serem acusados de incendiários!
domingo, dezembro 20
Espanha - eleições 20D
O governo de Espanha vai mudar a partir das eleições legislativas de hoje. Como se pode ler nas mais diversas folhas informativas os resultados são imprevisíveis. Oh sublime verdade! O que se quer dizer é que não vão ganhar os mesmos que sempre ganharam as eleições nas últimas décadas (as vitórias em democracia medem-se pela maioria que for possível constituir nos parlamentos). O que está para acontecer, se formos à história, em democracia, em Espanha, é a retomada de uma tradição antiga no que respeita ao desenho partidário. Fala-se pouco, apesar de tudo, das mudanças politicas no que respeita ao modelo de constituição de maiorias de governo, quero crer por força da subjugação, ou captura, da politica pela economia. Ou pela distorção da vontade dos eleitores por forças organizadas, em grupos de pressão (e de poder) que, a nível global, põem e dispõem ("elegem e "depõem") governos e os mais diversos órgãos de soberania nacional, a todos os níveis, apesar e além do sufrágio popular. Ao que se assiste no presente é ao regresso da politica - o que já não seria pouco - associado à emergência dos nacionalismos (sob as mais diversas formas, com as mais diversas ideologias). A globalização ferve no fogo dos nacionalismos que se encarniçam cada vez mais tendendo a extremar os campos. Se os democratas, de todos os quadrantes politico-ideológicos, não assumirem a liderança deste processo imparável vamos ter problemas com esses bens preciosos que se chamam LIBERDADE e PAZ. Uma boa reflexão para a presente época natalícia.
sábado, dezembro 19
12º ANIVERSÁRIO
Deixar uma marca
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez,
atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam,
observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem,
louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida,
guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular,
incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista,
ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres,
admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.
(um programa para o absorto)
Pelo 12º aniversário da criação deste blog deixo, além do "programa para o absorto", algumas das imagens que acompanham os posts com o maior número de visitas contadas.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez,
atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam,
observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem,
louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida,
guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular,
incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista,
ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres,
admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.
(um programa para o absorto)
Pelo 12º aniversário da criação deste blog deixo, além do "programa para o absorto", algumas das imagens que acompanham os posts com o maior número de visitas contadas.
quinta-feira, dezembro 17
Presidenciais - take 3
Começam a densificar-lhe as notícias, testemunhos e reportagens acerca dos candidatos presidenciais sempre com o favorecimento daqueles que, conforme costumam afirmar os meios de comunicação, estão à frente nas sondagens. Se este favorecimento pelos meios de comunicação social já é lamentável nas eleições legislativas quanto mais nas presidenciais que se destinam a eleger uma pessoa que, após eleita, se torna num órgão de soberania. Num estado democrático maduro, com respeito pelas regras da igualdade, todos os candidatos, desde que devidamente acautelada a sua idoneidade pessoal, ainda antes de cumpridas todas as formalidades legais, deveriam merecer igual tratamento, em particular, o mesmo tempo de exposição mediática, em especial, pelos canais de televisão. Qualquer cidadão maior de 35 anos, em Portugal, é livre de apresentar candidatura presidencial. Esta minha questão não é nenhuma brincadeira, nem ingénua aspiração à perfeição do regime democrático. As regras do mercado não deveriam sobrepor-se às regras da democracia. No que me toca continuo a achar que as regras do mercado podem contribuir para matar a democracia. Pelo menos a televisão pública, chamada de RTP (e a rádio pública chamada de RDP) deveriam dar o exemplo seja na pré campanha, seja no período da campanha eleitoral.
terça-feira, dezembro 15
Presidenciais - take 2
Tudo na mesma, sem réstia de vibração. Estas eleições presidenciais não atraem mais do que os círculos restritos dos indefetíveis apoiantes dos candidatos. Os cidadãos eleitores estão mais do nunca afastados da campanha, e parecem não reconhecer nela mais do que um pró forma. Está a assistir-se - espero estar enganado - a uma formalidade exigida pelas regras do jogo do nosso sistema politico democrático. Não se vislumbra entusiasmo, e mobilização, em torno das candidaturas, restando esperar pelos debates nas TV s que, ao que parece, serão muitos, a ver se bons. O que está em curso é um processo eleitoral que deverá acabar com uma abstenção mais elevado do que nunca. Salvo qualquer acontecimento inesperado reinará o conformismo, mais ou menos disfarçado pela pluralidade das escolhas, no sentido da vitória da "evolução na continuidade" presidencial.
sábado, dezembro 12
Presidenciais - take 1
Começaram a aparecer uns sinais (tardios) que anunciam as eleições presidenciais. Data: 24 de janeiro de 2016. Deixemos-nos de conversas moles assumindo que, pensemos o que quisermos pensar de Marcelo, este é um daqueles jogos com o resultado, praticamente, marcado antes do próprio jogo. Não tanto pelos méritos políticos de Marcelo mas pela expetativa criada na sua antecipada vitória. Porquê? Porque se trata de um jogo ao qual a esquerda acabou por se apresentar fragmentada no maior número de fragmentos possíveis contra um único candidato de centro/direita. O único cenário que tornaria estas presidenciais numa batalha eleitoral renhida, e ideologicamente interessante, seria a que permitisse uma disputa entre Marcelo e Guterres. A ausência deste, por vontade própria, esvaziou uma alternativa credível de centro/esquerda, socialmente mobilizadora, culturalmente esperançosa e potencialmente vencedora. A partir do presente xadrez de candidatos à esquerda resta esperar pelo desgaste provocado pelo triunfalismo de Marcelo que o obrigue a disputar uma segunda volta para a qual partiria fragilizado pelas expetativas frustradas de uma vitória à primeira e pela nefasta tradição da derrota dos candidatos apoiados pela direita à segunda. Não votarei em Marcelo mas desta vez o meu voto será decidido de véspera, o que antes nunca aconteceu.
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