Esta manhã, 3º soneto que me fez chegar ao meio -dia à repartição.
III
Que coisas sois? – se sois como que gente,
se as vozes imitais, se olhando olhais,
se os gestos de fingir com que adorais
os mesmos são de a vida estar presente?
Que coisas sois? – que o mundo humanamente
entre vós e vós próprios limitais?
Se é de outrem essa morte que matais
quando morreis temendo-a frente a frente?
Que coisas sois? – Menos que humanos, vis,
viscosos, fluidos e crustáceos, cães
paridos sem pecado pelas mães
que o súcubo emprenhou, sois de raiz
facas sem lâmina a que falta o cabo,
que a quem se abaixa se lhe vê o rabo.
13-2-1954
1 comentário:
Lindo! Adorei!
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