XII
Uma outra vida espera em vosso peito.
Dentro do meu que em gestos se condensa
a carne fala e vibra, a carne pensa
por vós como por mim, que não aceito
mais que a linguagem de ter sido eleito
igual aos outros: tão igual, que sou
a identidade vária com que vou
sendo a diferença dolorosa – o jeito
de uma pura perda celebrar o amor,
sagrando-vos humanos e lembrados
na plena luz a que viveis os fados.
Beijemo-nos então. Língua na língua,
essa outra vida que trazeis, distingo-a,
e como liberdade aceito a dor.
Jorge de Sena
6-3-1954
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