Morreu Eusébio. Um herói e um símbolo para gerações de portugueses. O futebol é um jogo coletivo mas nele avultam alguns jogadores que o tornam mágico. Eusébio era um deles e desde criança me fez sonhar e acreditar que os mais fracos sempre podem vencer os mais fortes. Deixo em sua homenagem um texto que em tempos escrevi neste blogue em homenagem ao futebol. QUE VIVA!
Uma multidão no estádio, em nossa
casa, parece-nos sempre pequena. Amigável. Conhecemos muitos rostos. Mesmo as
vozes nos são familiares. Os ditos, as recriminações, “seu isto, seu aquilo …”.
Uma multidão que incentiva os ídolos de um tempo que é o nosso é como se fosse
alguém da nossa família. Os momentos de glória exigem uma multidão que aclame os
heróis. Vista de longe a multidão é anónima. Uma massa de gente que grita,
aclama, protesta e gesticula. Vista de perto é um mundo de paixões e afectos que
se partilham com fervor. As claques podem ser uma degenerescência das multidões
que aplaudem por puro prazer apoiando os seus à vitória. O tumulto pode
substituir a festa. Mas a essência do futebol é a festa. A partilha do prazer
entre pobres, remediados e ricos; homens e mulheres; crianças, jovens e velhos,
misturados na turba que ferve na crença na vitória que, tantas vezes, se
transforma na melancolia da derrota. A multidão que se manifesta mostra a alma de
um povo que aspira a libertar-se das rotinas do trabalho e das agruras da vida.
A história das multidões, para o bem e para o mal, é uma parte da própria
história das nações, cidades, associações e famílias. O futebol é o sol que
ilumina a vida da maioria nas comunidades.
1 comentário:
Brilhante. Um abraço,
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