Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, setembro 5
setembro - dia 5
Em muitos dias, mais noites, quando quero escrever mudo-me para o meu velho computador, uma espécie de Cadillac dos anos 50, daqueles que circulam com abundância em Cuba, porque gosto do seu ronronar e do ruído do bater das teclas mais próximo do compasso do andar quotidiano. É uma deriva através da qual suponho que busco fazer coisa diferente, fazendo o mesmo que faço todo o dia. Escrever para mim próprio, alimentando um diálogo entre o trabalho do dia a dia e o outro lado, o lugar do dia a dia dos outros. Um regresso a uma utópica reconciliação com o lado desconhecido do mundo e o desespero dos homens que o habitam abandonados à sua sorte. Hoje é tanto o afastamento entre as imagens projectadas da realidade e a própria realidade que as pequenas extravagâncias me aquietam o espírito. O meu velho computador sendo ainda uma máquina humaniza a minha relação com ela. E os ruídos que emite aproximam-me, sem que saiba explicar a razão, do mundo real onde não existem imagens mas a realidade que as imagens em regra distorcem.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário