Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
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terça-feira, fevereiro 18
segunda-feira, agosto 26
Praia do Barril (Tavira)
Por momentos, quando se percorre a velha estrada que
serpenteia por alfarrobeiras e oliveiras (algumas delas milenares) e que nos
leva até Pedras del Rei, parece que somos devolvidos à ideia de Algarve como
segredo mais bem guardado do nosso litoral. O contraste com o Algarve dos
nossos dias é muito marcado. O aldeamento de Pedras del Rei – um dos primeiros
da região – preserva um arejamento visual, com casas devidamente espaçadas,
formando uma combinação agradável entre domínio público e privado. Por este
Algarve, as construções mantêm uma integração perfeita na paisagem, e isso não
ocorre à custa da vivência familiar, nem através da promoção de condomínios
exclusivos. Não podemos deixar de imaginar o que teria sido o desenvolvimento
sustentado e regrado do turismo se este exemplo tivesse sido replicado.
Para se alcançar a Praia do Barril é preciso tomar o
pitoresco comboio que segue por cima do sapal durante um quilómetro, através de
uma via única – que antes servia a armação de pesca do atum e tem agora como
fim único transportar banhistas. No verão, o comboio é uma atração turística,
mas está, sobretudo, ao serviço das famílias regulares, que ano após ano se
voltam a encontrar nas pequenas carruagens do trem, para logo se dispersarem ao
longo do extenso areal. O comboio é uma autêntica festa colorida, assente na
combinação das vestes garridas dos veraneantes com o vermelho da automotora e o
verde da ria. Esta mistura ganha um tom próprio quando a ela se juntam o cheiro
incomparável do óleo diesel queimado e o som do motor do engenho.
Depois chega-se a uma praia que aparenta ser infinita: a
poente o areal perde-se até à praia do Homem Nu; a nascente, até à Terra
Estreita; e por fim até à Ilha de Tavira. As famílias habituais têm lugar
cativo nos toldos junto do “jardim das âncoras”, uma perfeita “instalação
artística” do que ficou da armação de pesca do atum que encerrou em meados dos
anos sessenta, constituindo agora um cenário verdadeiramente curioso e
emblemático desta praia. A longa extensão dos areais convida a grandes passeios
na maré vazia até que as pegadas humanas se percam e abram espaço ao rasto das
numerosas aves aquáticas que habitam o Parque Natural da Ria Formosa. (…)
In Tanto Mar, de Pedro Adão e Silva e João Catarino
[Último texto do último capítulo que se intitula: “Dez
praias onde não pode deixar de mergulhar antes de morrer”. Não me dou ao trabalho
de o transcrever, quase na íntegra, só por ser frequentador habitual do espaço
descrito, mas também por ter sido esta a praia que primeiro frequentei ainda na
barriga de minha mãe. Esta - assim como outras praias de Tavira a Vila Real de
Santo António - era, uma vez por ano, onde a gente do campo visitava o mar na
celebração do fim das colheitas. O languido mar azul dava aos pés descalços dos
camponeses, por um dia, o sabor a sal, a outra face da frescura dos frutos –
secos e verdes – que a terra quente gerava ano após ano.]
segunda-feira, maio 13
PARA A MINHA TIA LUCÍLIA
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