sexta-feira, março 12

Um soneto de Camilo Pessanha



Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
¿Quem as esparze - quanta flor! -, do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?



quinta-feira, março 11

IMIGRAÇÃO, REALISMO E POPULISMO - III

A Igreja, em Portugal, tem abordado a questão da imigração com frontalidade e coragem. D. Januário Torgal Ferreira, face ao discurso que identifica "os imigrantes com o espectro do desemprego dos portugueses", diz o essencial: "essa lógica restritiva é de pessoas que não conhecem o terreno..." e crítica os que se intitulam de cristãos (nos partidos do governo) afirmando que "esperava que aparecessem igualmente com a capacidade de utopia e de exigência que faz parte dos critérios do Evangelho".
Por sua vez o Presidente da CIP, Francisco Van Zeller, em entrevista, ao Diário Económico, de 29 de Janeiro passado, referindo-se à quota de 6.500 imigrantes, que o Governo estabeleceu para 2004 deu uma resposta elucidativa: "Ninguém faz caso dela, porque os imigrantes vão continuar a entrar ilegalmente e as empresas a empregá-los."
O que os números revelam é que estamos perante uma questão estruturante que condiciona a viabilidade do desenvolvimento económico e social da União Europeia e dos países que a constituem.
Por outras palavras toda a gente compreende que esta é uma questão em que o realismo é inimigo do populismo cujo discurso radical encobre, e favorece, a imigração clandestina, abre as portas aos sentimentos xenófobos e ao enfraquecimento das políticas de integração social das comunidades imigrantes.


Madrid - 11 de Março de 2004

Pelas 8,30 da manhã de hoje, 7,30 de Espanha, senti uma sensação de forte angústia, ao tomar o pequeno-almoço, no sítio habitual. Senti-me mal. Há muito que não tinha a visita deste tipo de sensação. Certamente uma mera coincidência. Mas exactamente à mesma hora, pois consultei o relógio, estavam a rebentar as bombas em Madrid. O terrorismo não tem ideologia. É sempre um fenómeno que favorece a tirania. Resta saber, neste caso, ao certo, quem foram os autores. Se existem ligações directas com a "guerra santa" e o apoio de Espanha à intervenção norte americana no Iraque. Ou terá sido a ETA, como afirmam as autoridades espanholas? As palavras de condenação são unânimes. Ninguém pode ficar de fora do protesto e da condenação deste tipo de actos. Mas estão as forças da direita ultra-conservadora, no poder em muitos países, como os EUA e Espanha, na melhor posição para travar um combate bem sucedido ao terrorismo? Acendo uma vela para que Kerry vença nos EUA. Posso estar enganado mas tenho a intuição de que a segurança no mundo ia melhorar
A notícia na sua brutalidade diz tudo.
"Atentado em Madrid faz 186 mortos e mais de 1.000 feridos, aponta novo balanço

Pelo menos 186 pessoas morreram e mais de 1.000 ficaram feridas nos atentados bombistas perpetrados hoje em comboios de Madrid e atribuídos à ETA pelo Ministro do Interior espanhol, Angel Acebes.
Segundo Acebes, os explosivos - 13 no total - usados nos atentados são do tipo normalmente utilizado pela organização separatista basca."


quarta-feira, março 10

IMIGRAÇÃO, REALISMO E POPULISMO - II

A imigração é efectivamente responsável pelos saldos demográficos positivos em todos os países. A posição destacada da Irlanda explica-se pelo facto deste país apresentar um indicador de "crescimento natural" muito elevado ao contrário de Portugal (0,9) e de Espanha (1,7).
A Irlanda é, aliás, o país da EU que apresenta indicadores de crescimento da população mais encorajadores para uma estratégia de desenvolvimento sustentada adoptando, ao mesmo tempo, políticas de imigração menos restritivas.
O estudo "CONTRIBUTOS DOS IMIGRANTES NA DEMOGRAFIA PORTUGUESA" é explícito: "Para que o número de pessoas em idade activa por pessoa idosa mantivesse níveis idênticos aos observados em 2001, (...) seria necessário observar-se, de 2001 a 2021, um saldo migratório anual em Portugal de +188.000 efectivos".
Um saldo migratório tão elevado é um sinal de que não é realista pensar que o envelhecimento possa ser travado exclusivamente à custa de saldos migratórios positivos.
Mas as políticas de imigração têm de ser flexíveis, de modo a que afastando o modelo de "portas abertas", que ninguém de bom senso defende, permitam que os países beneficiem das vantagens da imigração, em particular, favorecendo a inversão da tendência de diminuição dos efectivos nas idades jovens e activas.
De facto, em todos os países, os estudos contrariam as orientações políticas restritivas, facto para o qual veio hoje chamar a atenção o Comissário Europeu António Vitorino.
UM ESTUDO RECENTE, divulgado na Irlanda, assinala, por exemplo, que a Irlanda necessitará de cerca de 300.000 licenciados, entre 2001 e 2010, dos quais 100.000 serão imigrantes dos países do leste. Tal situação deve-se ao facto de ser previsível, na Irlanda, até 2010, uma diminuição de 15% no número de jovens entre os 15 e os 24 anos.
(continua)


terça-feira, março 9

PORTO

Grande Porto! Os Ingleses receberam uma lição que bem mereceram. A sua arrogância é insuportável e foi-lhes fatal. O FC Porto é uma preciosidade na promoção de Portugal na Europa e no Mundo. Vencedores, não é?

IMIGRAÇÃO, REALISMO E POPULISMO - I

Portugal já foi um país de emigração mas hoje é um país de imigração e será, no futuro, um país de imigração. A imigração não é uma questão de opção ideológica, de modelo económico ou de estratégia política. É uma realidade objectiva que resulta do envelhecimento demográfico. O que não quer dizer que acerca desta realidade não se perfilem diversas opções ideológicas, económicas ou políticas. Este é um assunto, aliás, onde se exercitam as tendências populistas dos partidos ultraconservadores. O EUROSTAT aponta para Portugal, em estimativa, uma população, em Janeiro de 2004, de 10.840.000, comparável com 10.408.000, em Janeiro de 2003. Observa-se um saldo demográfico positivo mas que se fica a dever à imigração. Esse saldo é o resultado da relação entre o crescimento natural em 2003 (diferença entre o n.º de nascimento e o n.º de mortes) que foi de 0,9 p/ mil habitantes e a migração líquida (diferença entre o n.º de imigrantes e o n.º de emigrantes) que foi de 6,1 p/ mil habitantes.
É interessante assinalar que, em 2003, a média do crescimento total da população, na EU, foi de 3,4 p/mil habitantes. A Irlanda é o país que apresenta o crescimento da população mais elevado, com 15,3 p/ mil habitantes, seguido da Espanha (7,2) e de Portugal (6,9).
(Continua)

25 de Abril - Comemorações

A notícia foi dada por um responsável governamental. O 30º Aniversário do 25 de Abril terá como lema a palavra "EVOLUÇÃO". Vejam como o prestigiado "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", da Academia das Ciências de Lisboa, define "EVOLUÇÃO" e "REVOLUÇÃO":

EVOLUÇÃO

"Processo de transformação gradual que se opera ao longo de determinado período de tempo."

REVOLUÇÃO

"1. Acção de realizar mudanças profundas; acto ou efeito de revolucionar. (...) 2. Levantamento armado contra a autoridade, a ordem estabelecida. (...) 3. Movimento de caracter insurreccional, com o objectivo de instaurar uma alteração profunda no quadro político e institucional que pode conduzir à queda do regime."

Está claro que o 25 de Abril foi uma "EVOLUÇÂO"!

segunda-feira, março 8

Fecho de telejornal

Hoje, 2ª feira, o pivot do Telejornal da RTP, das 20 horas, anuncia uma reportagem com a chegada a Portugal dos medalhados dos Mundiais de Atletismo de Pista Coberta. Era a última notícia. A reportagem não entra e o pivot fecha, apressadamente, o Telejornal. A seguir entra o programa diário acerca do Euro 2004. Uma omissão vergonhosa…

União Europeia precisa de imigrantes

"A maioria dos europeus considera que os imigrantes são necessários em alguns sectores da economia, revela um eurobarómetro, publicado hoje pela Comissão Europeia. A sondagem mostra que 62 por cento dos portugueses considera que os imigrantes são necessários e 81 por cento admite que os que estão legalizados deviam ter os mesmos direitos que os cidadãos nacionais.
Os inquiridos apoiam as políticas europeias de asilo existentes e defendem que estas deviam ser iguais em todo o espaço comunitário. Nove em cada 10 europeus gostariam que houvesse uma cooperação judicial em matéria civil e familiar, ou seja, que questões relacionadas com o divórcio ou a custódia dos filhos fossem reconhecidas em toda a União Europeia. A sondagem foi realizada entre 8 e 16 de Dezembro e ouviu 7500 pessoas em todo o espaço comunitário".

Luís Salgado de Matos,

hoje no PÚBLICO, deixa cair esta frase: "Nos últimos anos adquirimos os hábitos dos ricos e conservámos os recursos dos pobres. Ganhámos vícios sociais demasiado caros para a nossa bolsa. Símbolo deste desequilíbrio é o aumento paralelo do desemprego e da imigração: os nossos desempregados acham que os postos de trabalho disponíveis estão abaixo deles". Há uma relação directa entre o aumento da imigração e o aumento do desemprego? Não está provado. Há um efeito perverso das regalias sociais na disponibilidade para aceitar ofertas de trabalho? Nalguns casos certamente. Mas será essa a regra? Não parece que estejamos à beira de constituir os desempregados como delinquentes potenciais. A tese das correntes da direita ultraconservadora associa desemprego com imigração e imigração com insegurança. Mas a maior parte dos estudos sérios não confirmam as teses da direita ultraconservadora. O ocidente precisa dos imigrantes na justa medida em que não consegue promover a reposição das gerações: é a questão demográfica; o ocidente não consegue dispor de uma massa crítica de mão de obra disponível capaz de assegurar o funcionamento da economia: é a questão económica. As sondagens podem ser discutíveis mas os estudos disponíveis, dos quais indiquei ontem alguns, são elucidativos do erro das posições radicais em matéria de imigração.

domingo, março 7

Imigração - para compreender a questão

Para os interessados na questão da imigração é útil ver uma notícia de hoje, domingo, no PÚBLICO referente à estratégia da extrema-direita face ás políticas de imigração na EU; reflectir acerca de um ESTUDO IRLANDÊS acerca das necessidades de licenciados, até 2010, naquele país e reflectir também nas conclusões do ESTUDO PORTUGUÊS: "Contributos dos Imigrantes para a Demografia Portuguesa".

Naide

Tenho acompanhado o seu percurso desportivo. Naide Gomes pareceu-me logo estar destinada a grandes feitos. Mas tudo podiam não passar de falsas expectativas. Ás vezes acontece não se confirmarem os talentos quando a competição começa a ser muito exigente. Mas neste caso temos seguramente uma campeã. Isto sim é uma bênção para qualquer país. Ainda por cima encanta o seu sorriso. Os seus gestos técnicos parecem perfeitos. A alta competição não a intimida. O seu corpo jovem promete estar muito longe de ter atingido a maturidade. Campeã do mundo do pentatlo é mais do que ser uma campeã qualquer. O pentatlo é uma prova que exige muita capacidade técnica. É diferente de uma maratona ou de uma corrida de fundo. Deveria ter enchido com a sua imagem as primeiras páginas dos jornais e preenchido longamente as aberturas dos telejornais. Mas não é muito popular! Ainda se fosse o Avelino…ou uma denúncia escandalosa.

sábado, março 6

A lista PS e a sua cabeça

Vejam este caso singular. Desta vez, com invejável distância e profissional rigor, o PS escolheu a sua lista às eleições europeias. Tudo foi feito e apresentado publicamente nos conformes. O Dr. Sousa Franco nem sequer é militante do PS. Até o director do Expresso que, nos últimos tempos, mais parece um "valium 10" fora de prazo, vem hoje reconhecer que o homem escolhido para encabeçar esta batalha pelo PS é de alta categoria, uma mais valia para o PS e, deduz-se, um contributo válido para a qualidade do debate político em Portugal. Mas nota-se uma reacção na opinião publicada de perplexidade pelo facto, imagine-se! de a lista escolhida ser boa demais. Assim os bons dirigentes do PS, participando nas eleições europeias, estariam a abandonar o barco. Por outro lado, dizem que o líder elevou a fasquia demais quando anunciou que quer ganhá-las. Ora para ganhar um "campeonato" tem de se ter uma boa equipa e, no PS, ninguém perdoaria ao líder se não entrasse para o ganhar. E ganhando-o, está bem de ver, ninguém estará em condições de pedir a cabeça do líder. Para "tramar" o líder teria de ter acontecido tudo ao contrário: Sousa Franco não ter aceite ser cabeça de lista e os melhores dirigentes do PS serem afastados de a integrar gerando profundas divisões internas. Nada disso aconteceu e o PS pode, além do mais, apresentar-se ao povo português como um partido que valoriza a questão europeia. O mesmo não poderá dizer o PSD ao ser "obrigado" ao embaraço de fazer uma coligação com o PP.

sexta-feira, março 5

SONETO POR OCASIÃO DA ASCENSÃO
DOS DOIS AERONAUTAS
MR POITEVIN E UM JUMENTO
NO PORTO, A 23 DE AGOSTO DE 1857


Intrépido francês! - Bem mal conheces
A terra onde aumentar tentas a glória!
Não deixarás aqui longa memória,
Nem aplausos terás - que os não mereces!

Se, um burro ao ar erguendo, te engrandeces,
Lá na França, onde tens fama notória,
Basta que esse país te dê na história
O lugar que te deve, e que apeteces:

Embora um asno aqui suba contigo,
Só porque vais com ele, exposto aos ventos,
Entre essas multidões achas abrigo:

Vai mais longe mostrar os teus inventos,
Que é costume, no Porto, muito antigo,
Subirem, mais que os homens, os jumentos.

epigrama


Um sujeito, em mim atento,
ver um mau homem, dizia.
- Reflectiam, como espelhos,
certos botões que eu trazia.

outro epigrama


Certo adorador de Baco
mandou fazer seu retrato
por afamado pintor.
para adorno de uma casa
de que ele era benfeitor.

"Percebo - lhe diz o artista
com afectados carinhos -
"Quer colocá-lo na sala
da Companhia dos Vinhos!"

de:
SÁTIRAS, de Faustino Xavier de Novais. Organização e prefácio de José Viale Moutnho. Lisboa: Ulmeiro, 1998.

(Poemas gentilmente enviados por José Viale Moutinho)






quinta-feira, março 4

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


FLORBELA ESPANCA (1894-1930)


Envelhecimento activo

O envelhecimento activo é um dos grandes desafios do mundo ocidental para os próximos decénios. Uma utopia que assumiu a forma de objectivo colocado pela "Estratégia de Lisboa" sendo uma das primeiras prioridades da EU. O objectivo é atingir 50% de taxa de emprego, até 2010, para as pessoas do grupo etário dos 55 aos 64 anos. A taxa actual é de 40,1%. Este é um assunto politicamente relevante. Trabalhar até mais tarde, em boas condições físicas e mentais, é um sinal de progresso. Não é um objectivo conservador. Tem coerência social e económica num contexto de forte envelhecimento demográfico. Este é, nos nossos tempos, um dos maiores desafios de qualquer política progressista. Quem trata desta questão a sério no nosso País?


quarta-feira, março 3

Assoprando o lume do populismo

Sousa Franco

não presta para candidato às europeias pelo PS porque tem passado. É o que deixam no ar algumas opiniões publicadas. Por enquanto aludem, ao de leve, aos males de um passado que, pelo simples facto de existir, é em si mesmo um perigo. A "pesada herança" volta sempre à tona. Mais tarde virão, em força, as notícias desses males. O passado, em democracia, tornou-se um cutelo sobre a cabeça dos cidadãos que aspirem à participação cívica e política. O passado do primeiro governo do PS começa a ser um bocado longínquo. Governante ou gestor, público, semi-público ou privado, com experiência, desde que tenha passado, não presta. Mas será possível encontrar algum candidato, cidadão experiente, que não tenha passado? O PSD arrisca embarcar nesta dança perigosa. O populismo empurra a opinião pública para a depreciação ou excomunhão dos políticos experientes ("são todos iguais!") e estimula a veneração dos "impolutos salvadores da Pátria". No posicionamento dos partidos acerca do

"aborto"

avulta, pelo avesso, a mesma questão. Desta vez não é a opinião publicada mas alguns deputados do PSD que votam ao contrário das suas declaradas convicções políticas. "Estou de acordo, por isso voto contra!", ou seja, colocam a democracia no fio da navalha. Abrem o caminho à volúpia populista que tudo faz para minar a credibilidade das instituições democráticas. A direita radical exulta e a confiança do povo na democracia esmorece.

terça-feira, março 2

ESTRATÉGIA DE LISBOA

Teresa de Sousa escreveu hoje no Público um importante artigo sob o título: "Um Relatório aterrador e uma sala quase vazia". Já abordei, diversas vezes, este mesmo tema.
Não posso estar mais de acordo.

IMIGRAÇÃO

Estudo da UE

Um Estudo da União Europeia aponta para que, mesmo em caso de adopção de um modelo de plena livre circulação, os fluxos migratórios provenientes do conjunto dos 10 novos Estados aderentes para o conjunto dos 15 Estados membros actuais, ao longo dos próximos 5 anos, representariam cerca de 1% da população activa dos novos Estados da EU, ou seja, 220.000 pessoas, por ano, num universo de 450 milhões de habitantes da EU. Mostra-se assim como são infundados os receios de que venha a ocorrer uma "invasão" dos 15 actuais Estados membros por imigrantes provenientes dos 10 novos países aderentes.

Serra da Estrela

O post "Venha a Portugal" inserido hoje no blog da Direcção da Associação de Estudantes de Direito da Nova, cujo tema me interessa, suscita-me um comentário.

A Serra da Estrela tem sido um lugar de equívocos no que respeita à sua vocação turística. Desde há anos que alguns responsáveis da Região de Turismo e de outras entidades querem tornar a Serra da Estrela um destino turístico "de neve". Essa estratégia tem tido múltiplos desenvolvimentos e diversas associações de interesses. Mas há um pequeno problema: a Serra da Estrela não tem neve com abundância, previsibilidade e durabilidade. Para tornar a estratégia "destino neve" ainda mais absurda os pontos mais altos da Serra não são dotados de acessos que correspondam às expectativas dos visitantes nos poucos dias em que neva. Os autênticos destinos de neve, atraentes para os portugueses, estão fora de Portugal. Estão, para não ir mais longe, em Espanha. São destinos previsíveis, pois há sempre neve, e acessível em termos de distância e de preços. A Serra da Estrela, no contexto da Beira Interior, pode ser um magnífico destino turístico de Inverno no qual a neve é um factor complementar de atracção. O que existe, em permanência, na Serra da Estrela são a paisagem, as gentes e a gastronomia. A única estratégia turística, com viabilidade e rentabilidade, a desenvolver na Serra da Estrela, é a que assentar na natureza - "turismo em espaço rural", com alojamento qualificado e diferenciado, caminhos e "rotas", homologadas e seguras, para percorrer a pé, de bicicleta e em veículos todo-o-terreno, desporto aventura, termalismo, gastronomia...O desenvolvimento de uma estratégia de promoção da Serra da Estrela, a nível nacional e internacional, por outro lado, só será viável no contexto de uma região mais vasta: a Beira Interior. Em síntese: a Serra da Estrela não tem "massa crítica" para ser um "destino de neve" mas, no contexto da região da Beira Interior, é um destino de Inverno com imenso potencial.

segunda-feira, março 1

PRESIDENTE EUROPEISTA
A intervenção do Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, a que me referi num post anterior, foi proferida na Sessão de Abertura do Seminário: "QUE PORTUGAL NA NOVA EUROPA ?", organizado pelo Conselho Económico e Social, na Assembleia da República, em 27 de Fevereiro de 2004. Agora disponível, na íntegra, no site oficial da Presidência da República.