quarta-feira, março 3

Assoprando o lume do populismo

Sousa Franco

não presta para candidato às europeias pelo PS porque tem passado. É o que deixam no ar algumas opiniões publicadas. Por enquanto aludem, ao de leve, aos males de um passado que, pelo simples facto de existir, é em si mesmo um perigo. A "pesada herança" volta sempre à tona. Mais tarde virão, em força, as notícias desses males. O passado, em democracia, tornou-se um cutelo sobre a cabeça dos cidadãos que aspirem à participação cívica e política. O passado do primeiro governo do PS começa a ser um bocado longínquo. Governante ou gestor, público, semi-público ou privado, com experiência, desde que tenha passado, não presta. Mas será possível encontrar algum candidato, cidadão experiente, que não tenha passado? O PSD arrisca embarcar nesta dança perigosa. O populismo empurra a opinião pública para a depreciação ou excomunhão dos políticos experientes ("são todos iguais!") e estimula a veneração dos "impolutos salvadores da Pátria". No posicionamento dos partidos acerca do

"aborto"

avulta, pelo avesso, a mesma questão. Desta vez não é a opinião publicada mas alguns deputados do PSD que votam ao contrário das suas declaradas convicções políticas. "Estou de acordo, por isso voto contra!", ou seja, colocam a democracia no fio da navalha. Abrem o caminho à volúpia populista que tudo faz para minar a credibilidade das instituições democráticas. A direita radical exulta e a confiança do povo na democracia esmorece.

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