terça-feira, junho 21

Yellow Rose


Yellow Rose [oil on canvas 30 x 30 in]

George Xiong was born in 1948, China. 1970 he graduated from The Central Academy of Design With B.A. degree. 1989, he graduated from The City University of New York, with M.A. degree. Now he lives and works in New York.

(Série - Artistas Chineses)

In Tao Water Art Gallery

segunda-feira, junho 20

TO HELENA


In Sabor a Sal

Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
A maneira mais triste de se estar contente
a de estar mais sozinho em meio de mais gente
de mais tarde saber alguma coisa antecipadamente
Emotiva atitude de quem age friamente
inalterável forma de se ser sempre diferente
maneira mais complexa de viver mais simplesmente
de ser-se o mesmo sempre e ser surpreendente
de estar num sítio tanto mais se mais ausente
e mais ausente estar se mais presente
de mais perto se estar se mais distante
de sentir mais o frio em tempo quente
O modo mais saudável de se estar doente
de se ser verdadeiro e revelar-se que se mente
de mentir muito verdadeiramente
de dizer a verdade falsamente
de se mostrar profundo superficialmente
de ser-se o mais real sendo aparente
de menos agredir mais agressivamente
de ser-se singular se mais corrente
e mais contraditório quanto mais coerente
A via enviesada para ir-se em frente
a treda actuação de quem actua lealmente
e é tão impassível como comovente
O modo mais precário de ser mais permanente
de tentar tanto mais quanto menos se tente
de ser pacífico e ao mesmo tempo combatente
de estar mais no passado se mais no presente
de não se ter ninguém e ter em cada homem um parente
de ser tão insensível como quem mais sente
de melhor se curvar se altivamente
de perder a cabeça mas serenamente
de tudo perdoar e todos justiçar dente por dente
de tanto desistir e de ser tão constante
de articular melhor sendo menos fluente
e fazer maior mal quando se está mais inocente
É sob aspecto frágil revelar-se resistente
é para interessar-se ser indiferente
Quando helena recusa é que consente
se tão pouco perdoa é por ser indulgente
baixa os olhos se quer ser insolente
Ninguém é tão inconscientemente consciente
tão inconsequentemente consequente
Se em tantos dons abunda é por ser indigente
e só convence assim por não ser muito convincente
e melhor fundamenta o mais insubsistente
Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
O mar a terra o fumo a pedra simultaneamente

Ruy Belo

Transporte no Tempo
Editorial Presença (1997 - 4 ª edição)

Os Pescadores-China (Fuzhou)


Fotografia de MR - Junho de 2005

Em Fuzhou, no meio do lago sereno, um barco de pesca. Sempre um único barco. Talvez sempre o mesmo barco.

domingo, junho 19

"Bukharine, Minha Paixão" e Ludgero Pinto Basto


Capa da Edição Russa. Edição Portuguesa da Terramar

Abateu-se um calor de chumbo sobre Lisboa. Queria comprar o livro "Bukharine, Minha Paixão", escrito pela mulher de Bukharine, Anna Larina Bukharina. Sabia que tinha surgido nas bancas mas só me decidi quando este sábado li, no “Expresso”, uma entrevista, antiga, mas inédita, com o médico comunista Ludgero Pinto Basto cuja mística sempre me seduziu, além do mais, por ser amigo do seu filho Ludgero.

Foi o “velho militante comunista” que fez a tradução do livro para português. Morreu o mês passado com 96 anos sem o ter visto no mercado. A sua morte mereceu algumas referências esparsas e breves apesar da importância do seu legado ao PCP tendo sido, inclusive, com Álvaro Cunhal e Francisco Miguel membro do Secretariado do partido no final dos anos 30.

Não deixa de ser assinalável que, mantendo-se fiel ao PCP, tenha sido um crítico do Estalinismo como decorre, explicitamente, do teor da entrevista publicada no Expresso e do seu interesse pelo extraordinário testemunho histórico de Anna Larina.

Mais espanta que, quer a entrevista, quer o livro, só tenham surgido a público após a morte de Ludgero Pinto Basto. Mistérios... .

Ler ainda Água Lisa (2)

A HORA


Fotografia de M.R.

Estão gastas as palavras do elogio fúnebre mesmo que a palavra elogio se demarque da palavra fúnebre. Tantos heróis que morreram e não lhes lembramos os nomes nem a gesta. Os heróis desconhecidos. E os nossos heróis do quotidiano? As pessoas vulgares que conhecemos e que ninguém mais, na realidade, conhece. A maioria das quais nunca ninguém lhes ouviu o nome. E os nossos amigos que nunca revelaram fora de si um gesto heróico.

Um simples olhar reconfortante.
Uma mão que segura outra mão.
Um corpo que aquece outro corpo.
Uma palavra no momento certo.
Uma decisão a tempo.
Uma pergunta omitida.
O silêncio no meio da algazarra.
O braço que se levanta a custo.
A hora que já não se alcança ver.
Ouvir a palavra baça dita antes do fim.
Um passo em frente na tragédia da morte.

Os heróis do nosso desespero sobrevivem em nós depois da partida.

Faz hoje um mês que a Carla morreu.
Passou tempo.
Cá fora a luz é a mesma.
O relógio marca a hora.
Deixemos passar o tempo.
Afinal também estamos sós.

sábado, junho 18

O Mundo da Pesca na Cabeça do Meu Filho e as Azenhas do Mar


Desenho de MM em Fevereiro de 99 (com 8 anos).

O mar, os peixes e a pesca são paixões antigas do meu filho que sempre representou sob as mais diversas formas.

Um dia estávamos no muro da piscina de mar das azenhas à pesca quando se aproximou uma senhora, muito aflita, perguntando se tínhamos ouvido falar na “onda gigante” que aí vinha. Disse-lhe que não tinha ouvido nada e continuamos mas reparei que muita gente se afastou.

Outra vez, no mesmo sítio, perdemos um belo e enorme peixe que não tivemos força, engenho e arte para libertar das pedras da babugem.

Mas o pior foi um dia em que se aproximou de nós uma jovem espanhola, de guia turístico em punho, perguntando se aquele era mesmo o sítio que ela julgava estar a visitar. Era mesmo mas, em ruínas, não correspondia em nada à imagem resplandecente da fotografia que a tinha atraído ao lugar.

Hoje aquele sítio magnífico – azenhas do mar – está melhor tratado e apresentado. Muito por influência dos autores e gestores do projecto de recuperação do restaurante que ocupa um lugar central naquele lugar. Bem hajam e não desistam.

Ver azenhas do mar aqui e aqui.

sexta-feira, junho 17

Legend of Beauty II


Legend of Beauty II [48 x 64 in Chinese ink and color on rice paper]

Gu Ying Qing was born in 1959, China and graduated from China Academy of Fine Arts with B.A. degree on Chinese painting in 1988. Now he works as a professor of Chinese painting in China. He tried to transform realistic ink painting into something new by combining western modern art with Chinese ink painting.

It is obvious that he was influenced by Matisse, Gaughin, and Modigliani. He manipulated his paintings by mixing oil pastel, wax, pigments colors, making them look thicker, modern and colorful. He is one of the pioneer in Chinese modern ink painting.

(Série - Artistas Chineses)

In Tao Water Art Gallery

IGNORÂNCIA


Foto da Catedral

É triste ler, ver e ouvir tantos jornalistas, repórteres e comentaristas, ignorantes da história e dos mistérios da vida, debruçarem-se, gastando as palavras, acerca de Álvaro Cunhal. O maior tributo que poderiam prestar à inteligência e à sensibilidade de um povo era estarem calados ou falarem só após estudarem, ao menos um pouco, a biografia e a história do PCP e do Movimento Comunista. Ao menos evitavam expor publicamente a sua ignorância. Mas precisam de ganhar a vida!

(Escrito durante o funeral de Cunhal mas postado só agora por influência da série
NOTAS BREVES SOBRE OS ÚLTIMOS DIAS, no Abrupto)
.

Eugénio de Andrade por Marcelo Moutinho


Imagem interior da Casa das Azenhas do Mar - fotografia de M.R.

Marcelo Moutinho, no Pentimento, publica muita (e boa) poesia de autores portugueses. Desta vez ficou irritado com a ausência de referências, na imprensa do Brasil, à morte de Eugénio de Andrade e publicou um trabalho no “Jornal do Brasil”. Obrigado.

Bicicleta ao Sol Nascente em Fuzhou


Junho de 2005. Fotografia de M.R.

A bicicleta ao sol nascente. De manhã cedo – 6,30 h. - ouve-se a música. Depois do pequeno almoço o passeio em torno do lago. As pessoas juntam-se e, em comunhão com a natureza, preparam-se para exercitar o corpo e o espírito antes de mais um dia de trabalho.

(A minha mulher, M.R., é a autora da série de fotografias que, a partir de hoje, vou postar. A sua visão da China não é a de uma turista mas a visão de alguém que trabalha em contacto directo com a sociedade e a produção, a chamada “China real” ).

quinta-feira, junho 16

Introdução à Inglaterra


A ler no Dias com Àrvores

(…)

“Em Portugal, é diferente: tudo se perde, e nada se transforma. Aqui, perto de mim, nesta aldeia do Buckinghamshire de onde escrevo(*), para além destas árvores magníficas onde há pássaros e passeiam esquilos, está o velho cemitério acerca do qual Gray escreveu um dos mais belos poemas do século XVIII (**). Toda a gente aqui sabe disto, e é difícil distinguir quem está em dívida, se o velho cemitério à volta da igrejinha, se o sábio e catedrático Gray.»

Jorge de Sena, Sobre Literatura e Cultura Britânicas (ed. Relógio D'Água, 2005)(*)

Stoke Poges(**)

Elegy Written in a Country Church-Yard de Thomas Gray (1716-71)

FUNERAL DE ÁLVARO CUNHAL


Foto da Catedral

“Há uma única fatalidade que é a morte e fora da qual não há fatalidade. No espaço de tempo que vai do nascimento à morte, nada está fixado: pode alterar-se tudo e mesmo suspender a guerra e mesmo manter a paz, se o desejamos verdadeiramente, muito e durante muito tempo.”

Camus, in “Cadernos”

Red Roof Cottage


Red Roof Cottage [ oil on canvas 36 x 36 in]

Huang Duo Ling was born in 1950 China. In 1976, she graduated from Tianjing Academy of Fine Arts with B.A. degree on oil painting. In 1988, she graduated from Brooklyn College, The City University of New York. She lives and works in New York.

(Série - Artistas Chineses)

In Tao Water Art Gallery

quarta-feira, junho 15

ACDC e CHE


A mochila do meu filho no fim do ano lectivo. Mais importante que ela – quase destruída – talvez sejam os símbolos que ostenta. As imagens dos ACDC e do Che.

A juventude, o inconformismo e o espírito de aventura de hoje buscam imagens que julgaríamos perdidas no saudosismo do passado.

Como, por vezes, nos enganamos ao julgar os nossos próprios símbolos!

A JOVEM Y


In Sabor a Sal

Um dia recebi uma carta de alguém que não conhecia mas que desejava apresentar uma questão que me interessou. Era alguém familiar de uma jovem licenciada que tinha sido atingida por uma doença grave.

O CV não deixava dúvidas acerca do valor da jovem Y e não foi difícil decidir pela sua admissão para um estágio. Foi o que comuniquei, pessoalmente, à pessoa que me procurou. Não mais esquecerei as suas palavras, lágrimas nos olhos, à despedida: “Não sabe o bem que acaba de fazer”. A integração foi difícil mas o mais importante estava feito. A jovem Y trabalhou, criou amizades e casou.

Com a integração da jovem Y a administração pública ficou mais pobre ou mais rica? Não interessa pois nada de verdadeiramente relevante é contabilizado pela administração pública. Os afectos, as dedicações e as competências estão lá mas pouco contam. O que conta é a passagem do tempo de serviço e pouco mais.

A jovem Y, para a administração pública, não contava para nada mas para mim contou para muito. Não mais a esqueci.

segunda-feira, junho 13

SHOE


Shoe [oil on canvas - 18 x 24 in]

Wang Yi Qi was born in 1958, China and graduated from Tianjing Academy of Fine Arts with B.A. degree at 1983. In 1986, he graduated from advance class of oil painting , Central Academy of Fine Arts. Now he lives and works in New York.

(Série - Artistas Chineses)

In Tao Water Art Gallery