quinta-feira, março 6

NO MEIO - A VIRTUDE - NO MEIO

Pedro Vieira, in 5 Dias

Sempre me causou uma profunda estranheza a manutenção de Rui Marques, durante tanto tempo, em tão delicada missão de estado, ou seja, à frente do organismo que trata da questão da imigração, aquela que muitos consideram, hoje, a questão social mais importante do mundo ocidental. Mistérios, entre muitos, da governação socialista.

Nada tenho contra a pessoa do Rui Marques, nem sequer duvido da sua competência técnica, mas a matéria que é mister ser tratada no organismo que ele administrou é de natureza eminentemente política. Sempre um conservador pode executar uma política progressista e um progressista executar uma politica conservadora. Há mesmo conservadores mais progressistas que muitos socialistas que conheço.

Para desempenhar funções de direcção na administração pública o mais importante é a definição rigorosa da missão, a confiança pessoal e política, a competência técnica e a lealdade institucional. Mas, no caso em apreço, trata-se de uma das áreas mais sensíveis da política de qualquer governo, na qual entroncam questões de natureza social, educacional, civilizacional, cultural, de segurança interna, e por aí fora, o que exige uma sintonia política muito apertada. Não me parecia ser o caso. Mas talvez só Deus soubesse!

Rui Marques, finalmente liberto daquela missão, deu um sinal da sua excentricidade propondo-se criar um partido politicamente situado, no meio, entre o PS e o PSD. Aperto as meninges e não encontro esse lugar, não diviso o espaço, mas como diz o post que me inspira: o rui marques bem sabe que no meio está a virtude. e a esperança de portugal.
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quarta-feira, março 5

O FUTURO DO MUNDO PASSA POR AQUI (II)

Big Wins for Clinton in Texas and Ohio; McCain Clinches Race as Foe Concedes

Para o campo democrático, quanto à escolha presidencial, o prognóstico é reservado para quem quiser ganhar seja quem for que ganhe. Revelo a minha preferência por Hillary apesar da esquerda bem pensante europeia se ter enamorado por Obama.

Posso estar enganado mas julgo que se enganam aqueles que pensam que Obama representa o renascer da esperança no futuro da esquerda na América e no mundo.

Quero crer que Hillary, face à dura realidade da América, na era pós Bush, equilibrará, de forma mais fiável, na política interna e externa, o renascer da esperança na esquerda com o pragmatismo necessário para a gestão da crise.
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O FUTURO DO MUNDO PASSA POR AQUI (I)

In Público

Um polícia desfralda a bandeira chinesa na Praça Tiananmen, em Pequim. O Congresso Nacional do Povo começa hoje e durará quase duas semanas.
Foto: David Gray/Reuters
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terça-feira, março 4

A AVALIAÇÃO


(…)

No domínio da educação, a mudança envolve necessariamente os professores. Os mais diversos estudos internacionais mostram que o enfoque na selecção e na qualidade dos professores constitui o factor mais significativo de diferenciação entre os sistemas que apresentam os melhores resultados em matéria de capacitação dos alunos para o ambiente cultural a económico moderno. Entre os países que mais rapidamente o reconheceram contam-se alguns onde o choque da imigração foi mais forte e obrigou, conjuntamente com a abertura da economia, a uma mutação mais radical. Não consta que os professores se tenham considerado atacados pela mudança de métodos. Apenas em França vimos isso acontecer e os resultados estão à vista, tanto em matéria de emprego como de coesão social. É entre esses modelos que temos de escolher e só podemos lamentar que uma classe que precisa de ser respeitada opte pelo insulto como instrumento de “defesa”.
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VENDE-CE

Imagem daqui

Na minha viagem do último fim-de-semana ao Algarve, uma “ida à terra”, pelo meio de festividades familiares, da inauguração da exposição de Alfredo Garcia Revuelta, na Galeria Trem, de uma visita ao Museu Municipal de Faro, guiada pela própria directora Dália Paulo (competentíssima), o meu filho assinalou, na estrada a caminho de Olhão, o anúncio pintado na parede do casarão: VENDE-CE …
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segunda-feira, março 3

UMA GUERRA SUJA

Todos os cenários são possíveis. Mas uma coisa é certa: as lideranças políticas da Venezuela e do Equador – admiradas por certa esquerda ocidental - mostram ao mundo a sua relação íntima com as FARC. Chavez pensa que descobriu o ovo de Colombo: vende as suas boas graças ao ocidente e, em troca, financia as FARC. Não sei qual o preço praticado por refém. Deve depender da importância, pessoal, social e política de cada um, para os compradores da sua liberdade. A França revelou que o nº 2 das FARC, morto no ataque do exército colombiano, era um seu interlocutor. Vive-se por ali um dos mais dramáticos episódios da história contemporânea com todos os ingredientes dos poderes podres: reféns, droga, petróleo e armas.
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VIVENDO E TRADUZINDO

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AS BORRAS DE IMPÉRIO (IV)

Nubar Alexanian

Portugal é feito dos que partem
e dos que ficam. Mas estes
numa inveja danada por aqueles terem
sido capazes de partir, imaginam-lhes a vida
a série de triunfos sonhados por eles mesmos
nas horas de descrerem da mesquinhez em que triunfam
todos os dias. E raivosamente
escondem a frustração nos clamores
da injustiça por os outros lá não estarem
(como eles estão), do mesmo passo
que se ocupam afanosamente em suprimi-los
(não vão eles ser tão tolos –
- a ponto de voltarem).

8/6/1971

Jorge de Sena.

[AS BORRAS DE IMPÉRIO (I) (II) (III) e (IV) no Caderno de Poesia]
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ENCASINADO

Pois eu também acho. Os meandros do negócio envolvem gente grada – a que já foi citada e outra que se mantém a recato – e o regime parece que não aguenta ir a jogo. São uns merdas!
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sexta-feira, fevereiro 29

ALBERT CAMUS


“Para os cristãos, a Revelação está no início da história. Para os marxistas, está no fim. Duas religiões.”

Albert Camus - Caderno n.º5 [Setembro de 1945 a Abril de 1948.]
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5 MINUTOS

Raymond Meeks

Hoje, 29 de Fevereiro de 2008, das 19:55 às 20:00 horas, propõe-se apagar todas as luzes e se possível todos os aparelhos eléctricos, para o nosso planeta poder 'respirar'. Se a resposta for massiva, a poupança energética pode ser brutal. Só 5 minutos, para ver o que acontece. Sim, estaremos 5 minutos às escuras, podemos acender uma vela e simplesmente ficar a olhar para ela, estaremos a respirar nós e o planeta. Lembrem-se que a união faz a força e a Internet pode ter muito poder e podemos mesmo fazer algo em grande. Passa a notícia, se tiveres amigos a viver noutros países envia-lhes e pede-lhes que façam a tradução e adaptem as horas.
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TRAÇOS E CORES

Recebi da Helena, via Traços e Cores, esta menção. Obrigada. O que na menção vale verdadeiramente a pena, além do mais, é permitir a divulgação deste blogue sem desprimor para qualquer outro, em particular, os seguintes a quem passo:

BARBEARIA DO SENHOR LUÍS, A DEFESA DE FARO, DE TUDO UM POUCO … OU NADA, ANDRÉ BENJAMIM e RESPIRAR O MESMO AR
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quinta-feira, fevereiro 28

O PSD BALANÇA ...

Kerry Skarbakka

O PSD é um partido singular não só pela sua origem histórica, que não interessa nada à maioria das pessoas, mas que é um bom objecto de estudo para politólogos e sociólogos, como pelas suas propostas e posturas políticas actuais.

Por mim acho que é preferível que exista um partido como o PSD no qual confluem várias correntes de opinião e forças políticas não formais, moderadas, do que deixar a representação política da direita entregue à extrema-direita. Do mal, o menos.

Sempre é preferível ver Arménio Santos, em representação da tendência sindical social-democrata, na manifestação hegemonizada pela corrente sindical comunista, do que sermos confrontados com a adesão de parte da sua base social de apoio a actos de violência preconizados por uma qualquer organização de extrema-direita.
Não é mau de todo dispor de um PSD que reivindica, num dia, caso venha a ser governo, a abolição da publicidade no canal público de televisão (RTP) e, no dia seguinte, o reforço do financiamento privado dos partidos políticos.

No caso da televisão pública o financiamento privado, obtido através da publicidade, seria substituído pelo financiamento público (ou seja, obtido através de taxas e impostos); no caso dos partidos o financiamento público seria subalternizado, ou no limite, substituído, pelo financiamento privado. Estão a ver?

Mas o PSD, depois das eleições, com outro presidente, no caso provável de continuar a ser oposição, ou com o mesmo presidente, no caso improvável de vir a ser governo, poderá propor exactamente o contrário, ou seja, manter o financiamento privado, através da publicidade, do canal público de televisão (RTP) e excluir o financiamento privado dos partidos políticos fazendo-os depender, parcial ou totalmente, do financiamento público, ou seja de taxas e impostos.

Ou o seu contrário, e assim sucessivamente … ao sabor dos interesses privados. É uma espécie de política de casino! Estão a ver? Isto não é propriamente para principiantes!
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A DEFESA DE FARO

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Poesia numa hora dessas?

Michael Rainey

De vez em quando sucumbo à tentação de publicar alguns versos só para constatar que poesia definitivamente não dá ibope, vide os escassos comentários a poemas meus como "Sete Faces", "Língua" e "Futebol". Menos mal que atualmente me dedico a atividades capazes de garantir o meu nome fora do SPC e do Serasa, destinando o ofício da poesia a escribas mais qualificados. Contudo, quando recebi e-mails de antigos colegas da lista "Escritas" relatando a criação do blog coletivo Poetas Lusófonos com o intuito de reunir novamente amigos virtuais que se conheceram há mais de uma década, não pude deixar de resgatar certas lembranças. [Na íntegra aqui.]
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quarta-feira, fevereiro 27

VÍTOR WENGOROVIUS

Fotografia de António Pais Vítor Wengorovius no jantar de extinção do MES, Novembro de 1981
(Clicar na imagem para ampliar)

No dia de hoje, três anos atrás, morreu Vítor Wengorovius. Ele merece ser evocado sempre, correndo todos os riscos, pois fez da sua própria vida um risco. Aqui deixo, em sua memória, um texto antigo.

O mais brilhante tribuno do movimento estudantil durante a crise académica de 1961/62. Eu não tinha idade para o conhecer nessa época mas os testemunhos dos seus contemporâneos são eloquentes. Só o conheci como veterano no processo de criação do MES bastante antes do 25 de Abril.

Era uma figura pujante de energia e criatividade, prolixo, solidário e desprendido. Era a personificação do excesso para seu prejuízo pessoal e benefício da comunidade. Um socialista católico puro e impoluto, crente e destemido, desprendido do poder e amante da partilha.

Privei com ele, nele confiava em pleno, com ele aprendi a confiar, talvez a confiar demais. Não me arrependo de ter acreditado na luz que emanava da sua dedicação às causas utópicas que as suas palavras nunca eram capazes de desenhar até ao fim. As suas palavras perseguiam a realidade que se escapava como um permanente exercício de criação.

Com ele fui a encontros clandestinos com o Pedro Ramos de Almeida, representante do PCP, buscando as alianças necessárias ao sucesso da luta anti fascista e nunca fomos apanhados pela polícia política.

Ouvi horas das suas conversas, intervenções e discursos, aprendi a ouvir, aprendi a faceta fascinante do excesso da palavra (não só com ele) e sofri, em silêncio, o lancinante drama do seu percurso pessoal perdido no labirinto das rupturas intelectuais e sentimentais.

Fiquei feliz no dia – próximo da sua morte – em que ajudei a que pudesse assistir ao musical “ O Navio dos Rebeldes”, levado à cena no Teatro da Trindade, em homenagem aos estudantes que em 61/62 se revoltaram contra a ditadura. No fim da representação um dos actores pediu licença para, à boca de cena, assinalar a sua presença e lhe prestar homenagem.

As lágrimas correram-me pela cara quando, frente ao palco, na cadeira de rodas, o Vítor pegou no microfone e, parcimonioso nas palavras, exacto e conciso, fazendo soar o timbre inconfundível da sua voz, agradeceu elogiando o trabalho teatral a que tinha acabado de assistir.

Morreu a 27 de Fevereiro de 2005 mas viverá para sempre no coração daqueles que, verdadeiramente, o conheceram.

(Ler ainda aqui)
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PORTAS À BEIRA DO KO TÉCNICO


O Dr. Portas é um artista português dos mais afamados do reino. Precisa de palco e, neste momento, precisa de levantar muita poeira, de preferência, citando a justiça pois está, aparentemente, em trânsito uma densa nuvem de ameaças que recaem em cima do canastro do dito. É claro que pode escapar como sempre escapou pelo intervalo que resulta da intercepção de uma vasta teia de favores e informações cruzadas. (Não se sabe, certamente, da missa a metade nem de muitos protagonistas que nem assomam à ribalta!)

O Dr. Portas no seu regresso à lavoura lançou uma provocação ao ministro da dita, Jaime Silva, tomando-o na conta de um puro tecnocrata. Mas enganou-se. Jaime Silva despiu a pele de tecnocrata e deu-me uma resposta política à maneira. O próprio Dr. Jardim deve ter ficado com a cara à banda. Mas a política nem sempre pode viver de meias palavras.

Com dois ou três murros bem encaixados no centro da testa, sem perceber muito bem de onde brotava a verve política do homem da lavoura, o Dr. Portas cambaleou e, entre o surpreso e o aflito, engatou a versão judicial que lhe dá muito jeito. Assim sempre baralha a opinião pública pois, na véspera, tinha sido anunciado o inquérito à tragédia do casino.

E vocês sabem lá … que outras tragédias ainda podem surgir por aí …Em qualquer caso era de toda a conveniência que surgissem mais respostas, como esta do Jaime Silva, assim clarinhas como a água, para que o povo entenda do que se está a falar e com quem se está falar ...
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terça-feira, fevereiro 26

Vargas Llosa

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MENEZES E A "FRENTE COMUM"

Fotografia daqui

Luís Filipe Menezes entende que “manifestação será um ponto de viragem irreversível na popularidade do Governo e na construção de uma mudança”, tendo em conta “a situação de descontentamento na educação, a perseguição de professores” e a “situação caricata de identificação dos docentes que falaram à televisão”.

Li esta declaração de Luís Filipe Menezes e fiquei à espera de ouvir para crer. Vinda do líder de um partido da direita, apesar de todos os ilusionismos, soou-me mal. Fiquei à espera para ver e ouvir essas declarações do líder do PSD. Já vi e ouvi e é mesmo verdade: trata-se do apoio explícito de Menezes (líder do PSD) à manifestação convocada pela “Frente Comum”.

Ora das três uma: ou a manifestação, apesar de parecer o contrário, apoia as posições políticas liberais de Menezes, ou o apoio de Menezes à manifestação é um aproveitamento político, primário, do género “todos ao monte e fé em deus” ou, o mais provável, é a confirmação da tese de um amigo meu, muito bem informado, segundo a qual Menezes já deu como perdidas as próximas eleições legislativas.

O tempo político de Menezes não será, segundo essa tese, 2009 … mas 2013. Tanto tempo!
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