segunda-feira, março 3

AS BORRAS DE IMPÉRIO (IV)

Nubar Alexanian

Portugal é feito dos que partem
e dos que ficam. Mas estes
numa inveja danada por aqueles terem
sido capazes de partir, imaginam-lhes a vida
a série de triunfos sonhados por eles mesmos
nas horas de descrerem da mesquinhez em que triunfam
todos os dias. E raivosamente
escondem a frustração nos clamores
da injustiça por os outros lá não estarem
(como eles estão), do mesmo passo
que se ocupam afanosamente em suprimi-los
(não vão eles ser tão tolos –
- a ponto de voltarem).

8/6/1971

Jorge de Sena.

[AS BORRAS DE IMPÉRIO (I) (II) (III) e (IV) no Caderno de Poesia]
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