Por mero acaso estou a ler
“Escritos Sobre Uma Vida Ética”, de Peter Singer , em coincidência com o anúncio público da passagem de Jorge Coelho do mundo da política para o mundo empresarial.
Não faço juízos de intenção acerca das opções pessoais e profissionais seja de quem for.
Jorge Coelho é livre, mesmo considerando a sua notoriedade como homem político, de dar à sua vida profissional o destino que lhe aprouver.
No entanto a minha observação benévola desse facto que a comunicação antecipa, almofadando a opinião pública, é estilhaçada pela leitura do livro de Singer, destinado a iniciados, do qual se pode ler
aqui uma critica elucidativa.
A notícia referente à anunciada passagem de Jorge Coelho, de armas e bagagens, para o mundo empresarial, suscitou-me a reprodução deste excerto :
“Persistem ainda algumas dúvidas pessoais sobre a ética. Supomos que viver eticamente será uma tarefa difícil, desconfortável, de abnegação e, geralmente, sem qualquer recompensa. Concebemos a ética separada do interesse pessoal; supomos que aqueles que fazem fortunas com negócios baseados em informação privilegiada ignoram a ética, embora sigam eficazmente o interesse pessoal (desde que não sejam apanhados). Fazemos exactamente o mesmo quando preferimos um emprego mais bem pago, ainda que tal signifique que vamos ajudar a fabricar ou a promover um produto que não faz bem nenhum ou que provoca doenças nas pessoas. Por outro lado, pensa-se que aqueles que deixam escapar as oportunidades de progredir na sua carreira por causa de “escrúpulos” éticos acerca da natureza do trabalho, ou que desistem do seu bem-estar a favor de boas causas, estão a sacrificar os seus próprios interesses para obedecer aos ditames da ética. Pior ainda, podemos vê-los como papalvos, que deixam escapar todo o divertimento que podiam estar a ter, enquanto os outros tiram partido da sua vã generosidade.” Confesso-me, humildemente, um papalvo militante … vale a pena ler este livro.
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