quinta-feira, abril 24

O MES SAÍU À RUA NUM DIA ASSIM




Estas são três de quatro fotografias/testemunho da primeira aparição pública do MES (Movimento de Esquerda Socialista) na manifestação do 1º de Maio de 1974. Foram publicadas, pela primeira vez, há um ano e a wikipedia fez uma hiperligação com uma legenda errada.
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NEPAL: MAOÍSTAS AO PODER

Os maoístas do Nepal, considerados terroristas pelos USA, conquistaram o poder pela via democrática e colocam algumas questões teóricas, e práticas, interessantes. Um paradoxo à consideração dos dirigentes do PCP e do BE:

"Neste momento estamos a lutar por uma democracia capitalista. Apenas quando tivermos uma base capitalista poderemos construir o socialismo".
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LEMBRAR EM CONJUNTO

Fui buscar ao Jumento o artigo no qual Rui Tavares, no Público, evoca a “Matança da Pascoela”, de 1506. É terrível o confronto com esta evocação, por ela própria, e por nos fazer lembrar a tragédia do esquecimento que marca a nossa história. Como havemos de nos revoltar, por exemplo, contra os atrasos da justiça nos nossos dias? 5 anos? 10 anos? Para decidir acerca de um processo? Pois se o processo do assassinato de Humberto Delgado só agora foi (mal) encerrado com a justiça na espera de saber se um esbirro da PIDE é morto ou vivo? Se só agora se traz à memória da comunidade, sem preconceitos nem vinganças, passados tantos séculos (séculos!), o massacre de 1506?

«Ontem não se corrigiu uma injustiça. Mas fez-se uma coisa bela e digna na cidade. Foram lembrados os lisboetas assassinados por outros lisboetas no massacre de 1506, também conhecido por Matança da Pascoela, por ter ocorrido naquele ano nessa data do calendário litúrgico. Os primeiros destes lisboetas eram tidos por judeus, e os outros tinham-se na conta de bons cristãos. O número de vítimas é incerto, mas pode ter ido até quatro milhares. Foi o pior momento da história da Lisboa portuguesa (talvez apenas superado pela própria conquista da cidade, quando os cruzados passaram a fio de espada muçulmanos, judeus e cristãos que viviam dentro da cerca moura).

Durante séculos, a matança de 1506 foi esquecida, apesar de ter sido cruamente relatada pelos cronistas da época. Mas foi enterrada sob as camadas de vergonha, indiferença e mentira que compõem o mito português dos brandos costumes. De tal forma que, de cada vez que alguém referia a matança de 1506, quase era preciso voltar aos livros e documentos para confirmar que, sim, tinha ocorrido.

A partir de ontem, será mais difícil fingir que não aconteceu. Foi inaugurado no Largo de São Domingos o monumento evocativo da matança de 1506. Ao invés de ocultar, a cidade mostra, dá a ver, o lado mau do seu passado. E isso é uma coisa corajosa.

Um acto corajoso de todos os intervenientes. Da Câmara Municipal de Lisboa, através do presidente da Câmara, António Costa, e do vereador Sá Fernandes, que tinha proposto este monumento nos quinhentos anos do massacre, em 2006, sem sucesso junto da vereação anterior. Um acto corajoso do cardeal-patriarca de Lisboa, José Policarpo, cujas palavras de perdão público ficam agora ali gravadas: "A Igreja Católica reconhece profundamente manchada a sua memória" pelo massacre. Um acto corajoso da Comunidade Israelita de Lisboa, a quem só séculos depois foi permitido voltar a ter presença pública no nosso país, e que agora pede: "Ó terra, não ocultes o meu sangue e não sufoques o meu clamor!", usando palavras do livro de Job. Não ocultes o sangue: um pedido à terra daqueles que morreram que temos obrigação de honrar.

Seria mais cómodo continuar a esquecer. Se não fosse tão cómodo, não teríamos esquecido durante mais de quinhentos anos. Seria cómodo dizer que um monumento não muda nada. Seria cómodo dizer que é "só" simbolismo ou politicamente correcto, e passar ao lado deste dever.

Lembrar em conjunto ("comemorar") a matança de 1506 é incómodo mas faz de nós melhores cidadãos. Em primeiro lugar, porque nos lembra das coisas terríveis que nós humanos somos capazes de fazer, e assim serve de aviso para que não voltem a ocorrer. Em segundo lugar, porque ficamos a conhecer melhor o lugar onde vivemos, e isso nos ajuda a entendê-lo e melhorá-lo. E em terceiro lugar, porque os nossos antepassados nos passaram isto: corre misturada nas veias de muitos lisboetas a memória genética dos lisboetas de 1506, do lado das vítimas e dos assassinos.
E quanto àqueles que não descendem desses lisboetas antigos: são hoje novos lisboetas a quem devemos hospitalidade, se aprendermos com os nossos erros.»
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AS PERNAS DA BURGUESA

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Francisco Martins Rodrigues

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SANTANA, OUTRA VEZ!

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quarta-feira, abril 23

A SOLUÇÃO FINAL

Fotografia daqui

O PREC do PSD pode vir a desembocar numa tragicomédia. Já estão a perceber o sentido disto e disto?
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O ANTES

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A POLÍTICA

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ÂNGELO CORREIA

Se Ângelo Correia estivesse disponível para abdicar de algumas destas funções poderia ser uma alternativa forte a Manuela Ferreira Leite. Talvez baste colocá-las entre parêntesis! Vamos esperar para ver!
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HILLARY ATÉ AO FIM


Senator Hillary Rodham Clinton scored a decisive victory over Senator Barack Obama on Tuesday in the Pennsylvania primary, giving her candidacy a critical boost as she struggles to raise money and persuade party leaders to let the Democratic nominating fight go on. [New York Times]
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terça-feira, abril 22

O PROCESSO PERDIDO DO GENERAL HUMBERTO DELGADO - UMA VERGONHA


Este caso é uma vergonha para o Estado, para a Justiça, para todos os órgãos de soberania, e seus titulares, ao longo dos 34 anos da democracia portuguesa. O processo do General Humberto Delgado, assassinado pela PIDE, ser encontrado, após todos estes anos, ao abandono, nas caves do Tribunal da Boa Hora por um neto do General! A justiça que tarda e se conforma perante a passagem do tempo torna-se na pior das injustiças. O esquecimento é a pior das condenações para os cidadãos honrados que aspiram à justiça. Ontem, hoje e amanhã. Este é, talvez, o maior deficit da democracia portuguesa conquistada com o 25 de Abril. Que o senhor Presidente da República aproveite o próximo dia 25 de Abril para honrar a memória do General Humberto Delgado pedindo desculpas públicas à família a aos portugueses. Nobreza e não bajulice. Coragem e não subserviência. Sentido de estado e não cedência aos ditames dos interesses do momento.
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EXCESSOS

Dick Sanders

O alinhamento de notícias que se segue não me deu trabalho nenhum. Estão todas, em simultâneo, na mesma página da edição on-line do Público de hoje. Tudo é excessivo. Desde a precipitação (natureza) à cotação do euro (dinheiro), ao preço do petróleo (matérias primas) … salvam-se as críticas dos socialistas à política do governo socialista e as críticas de Saramago à falta de espírito crítico se não as quisermos considerar também excessivas …

Nível de precipitação registado em Lisboa entre sexta-feira e sábado foi o maior dos últimos 145 anos

Euro ultrapassou os 1,60 dólares

Preço do petróleo mais perto dos 120 dólares

Documento assinado por figuras do PS critica situação actual do país

José Saramago: “Falta em Portugal espírito crítico”
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À LA MINUTE

Pedro Presilha

É difícil resistir acordado aos Prós e Contras. É um debate comprido e chato. Dizem que é do formato. Seja! Hoje comenta-se o “Prós e Contras”, de ontem, que deve ter abordado o tema do PSD. É a fruta da época. O que eu vi foi o António Vitorino na sua prédica breve. Valha-nos isso! Mas era escusada a deselegância – para ser simpático – de colocar todos os líderes do PS, anteriores a Sócrates, na prateleira dos históricos. Uma habilidade para excluir Ferro Rodrigues. Uma rasura à boa maneira estalinista. Também vi o Joaquim Aguiar – comentarista ou politólogo, não sei bem – dissertar acerca da política nacional. Como de costume: tudo vai mal, excepto o que não vai, que vai bem. É uma espécie de fotógrafo “à la minute”: a realidade move-se à sua volta e ele bate, incessantemente, chapas com a cabeça enfiada na máquina. Já era assim no tempo dos “cursos livres”, nos idos dos anos sessenta, em Económicas. Diletantismo insuportável!
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VITÓRIA

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MANUELA FERREIRA LEITE?


Agora pode ser que o pré anúncio insinuado se concretize e tenhamos uma candidata à liderança do PSD. Uma candidata a sério ou, pelo menos, que será levada a sério pela opinião pública. Ferreira Leite (Manuela). As reacções dos meios partidários são cautelosas. Dizem que é uma candidatura federadora, supõe-se, de várias facções, grupos, personalidades que se digladiam no seio do PSD.

Se for para levar a sério será a primeira vez que uma mulher tomará a liderança de um grande partido em Portugal (é a segunda, em termos absolutos, que me lembre, pois antes se deve considerar a Carmelinda Pereira!). Se o pré anúncio for para levar a sério sou dos que consideram que se trata de um acontecimento positivo.

É positivo para a democracia portuguesa que o partido à direita do PS disponha de um líder credível, não populista, criador de expectativas positivas para a área política que representa, em suma, que se possa assumir como alternativa de governo. É mesmo disso que o PS, e o seu governo, precisam. Quem lhes faça oposição.

O problema de Ferreira Leite (Manuela) não é o género, nem a geração, nem a idade, nem a beleza física, mas sim Cavaco (Presidente). São fruta da mesma árvore. A instituição presidencial suportará o ónus permanente de beneficiar politicamente a companheira. A companheira suportará permanentemente o ónus de beneficiar da sombra da mesma árvore da qual ambos são nascidos.

Afinal, bem vistas as coisas, minudências. A direita orienta a sua acção, predominantemente, na defesa de interesses, sem apegos ideológicos, nem afãs doutrinários. Eles lá se entenderão e, caso saibam fazer as coisas, toda a gente acabará por aceitar o “compadrio”. Manuela tem outro problema: não é deputada e Pedro Santana Lopes não será sua muleta, quanto muito seu adversário, com Menezes, para lavar e durar. A ver, quando e como!

Para além de outros detalhes que não são contas do meu rosário: Ferreira Leite (Manuela) parece-me seca de ideias, mas isso não é problema, seca de afectos, mas isso não é problema, seca de novidade, mas isso não é problema. Ao que ela vai, se for, basta! Salvar o partido, à beira do colapso, e o mais que vier é lucro.

Por mim está bem assim. Deu para perceber que a respeito, mas não gosto da senhora? Não é por nada mas não me mobiliza, nem o seu contrário. Deixa-me indiferente. Mas deve ser mesmo para isso que ela avança, se avançar, ou seja, simplesmente para ocupar um lugar vazio antes que o lugar vazio se encha de um ror de gente vazia que vive de preencher os lugares vazios.
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segunda-feira, abril 21

A MADEIRA É UM JARDIM


A Câmara dos Comuns lembrou-se, a propósito da visita presidencial à Madeira, de ir buscar um velho artigo de Cavaco Silva que guardei. Actual. Eu lembrei-me de ler a crónica de Miguel Sousa Tavares, acerca do mesmo tema, intitulada Cavaco no estrangeiro. Incisiva.
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LIBERDADE

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OS BISPOS AO PODER

Não sei no que isto vai dar. Mas o aspecto mais exuberante das eleições presidenciais no Paraguai foi o facto de terem sido ganhas por um Bispo de Esquerda. Isso mesmo! A igreja católica tão metediça que se tem mostrado nas questões da política rejeita um seu bispo que assume a luta política e, ainda para mais, logra sair vitorioso. Não sei no que isto vai dar… mas é uma boa questão para o Prof. César das Neves descascar … tão preocupado que ele se mostra com as aberrações da esquerda. Olé!

El presidente de la conferencia episcopal, Ignacio Gogorza, declaró que el Papa "va a encontrar una solución" para la situación del obispo, sancionado canónicamente por dedicarse a la política y a quien Roma va a otorgar ahora una dispensa.
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PATRIOTISMOS

Já abordei a questão da guerra colonial ou, se quiserem, da guerra em África apreciando a narrativa de Joaquim Furtado. Logo após ter visto o primeiro documentário ficou claro para mim que se tratava de um trabalho de excelência. No sábado passado o José Pacheco Pereira, embora tardiamente, como explica, aborda o assunto. Sob o título Patriotismos deixa, em artigo publicado no Público, a ideia da justaposição dos vários sentimentos patrióticos todos diferentes mas todos, igualmente, compreensíveis e respeitáveis. Quando vi o documentário, embora não o tenho expressado com tanta clareza, senti o mesmo. Hoje podemos sentirmo-nos patriotas, fieis aos nossos ideais anticolonialistas, e compreender o patriotismo dos que combateram, ou se viram envolvidos na guerra, mesmo daqueles de cujas ideias frontalmente discordávamos.
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