sexta-feira, novembro 7

NÃO SE PODE NACIONALIZAR O BENFICA?

Gosto muito de ver jogar o Benfica mesmo quando joga mal e joga mal tantas vezes que até impressiona. São paixões que se constroem fora da nossa vontade e nos acompanham a vida toda. Mas não quero saber de ver jogar o Benfica na TV se me quiserem obrigar a pagar uma portagem extra ou me quiserem obrigar a mudar de operador do cabo. Prefiro nesse caso ver jogar o Braga como ontem vi dar um “banho de bola” ao Milão e depois perder. Mas parece que o Benfica que não vi jogar também perdeu e não sei mais nada dele. Agora esse senhor que aparece na comunicação social, que se chama Vieira, não me diz nada, nem quero saber para que lhe serve o Benfica. O que sei, ao certo, é que não me deixa ver jogar o Benfica na TV. Eu pergunto ao Sócrates que suponho ser benfiquista: não se pode nacionalizar o Benfica?
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ALBERT CAMUS


Pelo 95º aniversário do nascimento de Albert Camus anuncio que por estes dias ficará pronto um novo livro (“quase livro”) que baptizei com o título do seu último poema: Há um momento em que a juventude se perde. É o momento em que os seres se perdem. E é preciso saber aceitar. Mas esse momento é duro. Uma micro edição inspirada em Camus para as vésperas do Natal.
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quarta-feira, novembro 5

O PS PARA CIMA

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OBAMA VAI VENCER

Após a vitória de Obama em diversos estados chave estando outros ainda a ser disputados taco a taco julgo que falta pouco para a celebração. Aleluia!
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A direita política, seja qual for a sua capacidade de transfiguração, foi derrotada nas eleições presidenciais americanas de 4 de Novembro de 2008. O mais importante desta eleição é ir além da nação americana. Pelo perfil do candidato vencedor, pela natureza do seu discurso político, pela esperança de futuro que a sua vitória derrama nos nossos corações, é a politica que se eleva acima de uma nação para se catapultar no mundo global. Com todas as virtudes e defeitos desta nova realidade, cujos contornos e repercussões não sou capaz de abarcar, sinto que Obama é, para o bem e para o mal, também o meu Presidente. A síntese e a antítese. A singularidade e a pluralidade. A liberdade e a igualdade. Que viva!
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OBAMA

Ainda é muito cedo mas Obama vai na frente na Flórida e na Carolina do Norte o que é um sinal, a manter-se a tendência, que vai ganhar.
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terça-feira, novembro 4

NA ESPERA

Devo confessar que estou mais ou menos congelado à espera dos resultados das eleições presidenciais americanas. Podemos estar na antecâmara de uma mudança histórica nos destinos da América. Bem entendido salvaguardando as posições daqueles que acham que na América é sempre tudo igual. Enquanto passa o tempo, e os americanos votam em massa, o Sporting ganhou. Ora aí está um facto que parece confirmar uma mudança de ciclo no futebol português. Pode ter chegado ao fim o longo período de glória do FC Porto …
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segunda-feira, novembro 3

OBAMA

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À ESPERA QUE O TEMPO PASSE!


É difícil falar de política nacional na conjuntura actual, não por medo ou temperança intelectual, mas pela simples razão de ser praticamente ininteligível o discurso do principal partido da oposição. Sabendo o que representam os partidos da esquerda anti-poder a discussão politica só faria sentido tomando como alvo de análise, e critica, as propostas do PS e do PSD. Ora sendo conhecida a política do PS, identificáveis os seus efeitos, audíveis os descontentamentos e mensuráveis os apoios – pelo menos atendendo às sondagens – a outra face do jogo é preenchida por uma criatura estimável que, tendo acedido à liderança do PSD, apresenta propostas, e faz declarações, que ultrapassam o normal entendimento dos vulgares seres pensantes numa época que, todos o dizem, é a do regresso em força da política. Ora a minha percepção, decerto falível, é a de que o discurso político de Manuela Ferreira Leite é um apelo, embora ainda pouco estruturado, de regresso à autarcia. Um discurso eivado de ressonâncias salazaristas baseado no velho lema: “pobres mas honrados”. Custa a crer mas o tempo passa e parece que a estimável senhora não enxerga outra política senão a da “saída para trás” em oposição à da “saída para a frente”. Eu sei que ela espera que a crise financeira, à qual se estima se seguirá uma profunda crise económica e social, torne as suas arrecuas em valiosas e prudentes peças de um puzzle que credibilize uma nova ordem que nem ela, nem ninguém, sabe qual seja. Mas quer-me parecer que, ao contrário do que pensa, será ela a primeira a morrer às mãos dos seus, de que Sócrates a morrer às mãos da crise. Pois salvo qualquer volte face, que sempre pode ocorrer, é a natureza da crise e a passagem do tempo que, ao contrário de desgastarem o governo, desgastam a oposição. E só faltam 11 meses para as eleições legislativas!
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sexta-feira, outubro 31

OBAMA

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O BATER DAS ASAS ...

JO WHALEY

O descontentamento dos militares parece fundar-se em razões de perda de regalias, ou seja, a velha questão do pré, o “vil metal”. É legitimo reivindicar direitos, ou reivindicar a liberdade de os reivindicar, pois a liberdade é uma das conquistas do “25 de Abril”, curiosamente, resultante de um golpe militar. Mas não se entende o alcance dos alertas, explícitos ou subentendidos, dos perigos de um golpe de estado militar num Estado Democrático ainda por cima membro, de pleno direito, da União Europeia. Se se pudessem arranjar, para alguns generais, umas missões na Islândia
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quinta-feira, outubro 30

MES - O II Congresso de Fevereiro de 1976 (I)

Autocolante alusivo ao II Congresso

O II Congresso do MES realizou-se na FIL, à Junqueira, em Lisboa, nos dias 13, 14 e 15 de Fevereiro de 1976, no rescaldo dos acontecimentos do 25 de Novembro de 1975. No longo Relatório que a Comissão Política apresentou a esse Congresso, tecem-se algumas considerações elucidativas acerca da génese do “grupo dirigente do MES”.

Cito algumas: “Assim o grupo dirigente do MES nasceu desligado das questões centrais do Movimento operário e muito ligado a processos concretos de luta. Os militantes que a partir do 25 de Abril integrarão as fileiras do nosso movimento e que assumem a sua direcção real não são na sua esmagadora maioria dissidentes de outras organizações, (…)

Tal facto permite compreender que mesmo aquando da eclosão do 25 de Abril o Movimento surja à luz do dia com uma sintética declaração de princípios subscrita por um conjunto eclético de militantes: 3 sindicalistas, 6 operários de vanguarda, 3 estudantes e 5 intelectuais participantes activos nas lutas democráticas de 1969 e 1973. A natureza frentista do Movimento está espelhada nestes factos e vai determinar toda a linha do Movimento até ao I Congresso de 1974.”

E sob o título “O que é MES inicialmente?” clarifica-se, em dois parágrafos, a natureza das estruturas dirigentes do Movimento até ao I Congresso:

“Durante um largo período (período de formação) que é brutalmente acelerado pelo 25 de Abril, somos uma frente de base, anti-capitalista que reúne militantes de sectores diversos com uma coordenação ténue entre si. Quer dizer, inicialmente não tínhamos entre nós uma unidade de tipo partidário.

A coordenação adoptada depois do 25 de Abril era, antes de mais, resposta a uma necessidade de referência comum essencialmente ideológica, ditada pelo surgimento na legalidade das diversas forças políticas que se tinham formado na luta contra o fascismo e o capitalismo.”

Sem prejuízo de uma mais aprofundada investigação acerca das sucessivas estruturas dirigentes que antecederam o I Congresso é, de facto, verdade que “a estrutura da direcção nacional que vigora até ao I Congresso não tem uma composição fixa e é até maioritariamente composta por representação corporativa de sectores e estruturas da organização.” “É mais uma coordenação do que uma autêntica direcção partidária.”
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O II Congresso do MES representou, por força da mudança política provocada pelo 25 de Novembro, uma “fuga para a frente”, nos planos doutrinário e organizacional, de forma sintética, caracterizada na “Saudação Inicial ao II Congresso do MES”, lida por Nuno Teotónio Pereira, de que transcrevo três curtos excertos:

“Na realidade, este ano de combate, marcou-nos profundamente, deixou inclusivamente muitos pelo caminho. O Movimento de Esquerda Socialista sofreu ele próprio uma dura experiência que tem ajudado poderosamente a uma profunda transformação. De frente política, de natureza marcadamente ideológica, queremos que se transforme numa força organizada de classe que possa cumprir o seu papel de vanguarda no seio do movimento operário.”

“Muitos dos nossos inimigos e mesmo dos nossos falsos amigos têm feito correr que o MES vai desaparecer. Muitas forças políticas estão realmente interessadas nisso. Este II Congresso já é e vai sê-lo ainda mais um claro desmentido a essas calúnias.”

Este foi um Congresso que, no plano doutrinário, apelou, explicitamente, aos princípios do “socialismo a caminho da sociedade sem classes” e, no plano da organização, à contribuição do MES para a “construção do Partido revolucionário da classe operária”.

Todos fomos solidários na assumpção de princípios que não eram coerentes nem com a natureza social do Movimento, nem com a formação ideológica da maioria dos seus dirigentes e apoiantes.
Toda a encenação criada para este II Congresso pretendia mostrar que estávamos politicamente vivos mas escondia as dores íntimas da ruína de um projecto político que a maioria de nós ainda não estava preparada para assumir.
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terça-feira, outubro 28

MÃE

No dia do 7º aniversário da morte de minha mãe. Este não é um espaço de memórias mas acolhe-as, como espaço pessoal, sempre que as desejo partilhar com alguém.

Reconheço o amor nos olhos que me olham com desmedida atenção enquanto durmo. Os olhos de minha mãe adoravam ter esperança no futuro no qual jogava a sua crença de ir mais longe. A primeira mulher da minha vida. A mais ousada na sua imprevisível arte de romper barreiras e chegar mais além. A fonte da força que me mantém de pé contra todas as adversidades. Uma mulher de um só homem que não era homem de uma só mulher. A fidelidade nascida da tradição que não da fraqueza ou da futilidade. A irreverência herdada da rudeza do campo, das agruras da natureza à força de puxar a besta e de encaminhar a água à raiz certa não fosse perder-se uma gota. A escola da escassez sonhando a fartura que havia de vir fruto do trabalho honrado. Não perder tempo chorando o tempo perdido. Fazer do tempo um passeio para espairecer e voltar ao arado da vida com sonhos lá dentro. A mulher que se fez a si própria descobrindo os outros e o que se pode e se não pode fazer com eles. Aceitar mudar e escolher o caminho da mudança. Tactear o caminho levando ao colo os seus amores. A primeira mulher que acreditou no caminho hesitante que me havia de fazer homem. Sem saber para onde ia ao certo. Nem ninguém sabia, ninguém nunca sabe, mas não duvidou que havia de chegar a um lugar onde brilharia o sol e sou capaz de a lembrar como a minha primeira mulher. Aquela que mais me amou, sempre me amou além do que a vida pode conter de riqueza material. Um dia ao fim de uma longa caminhada sem sequer saber dos meus males escolheu morrer nos meus braços. A mais sublime homenagem que alguém pode prestar a alguém. De súbito suavemente, na alegria da celebração da juventude, deixou para sempre a esfusiante tradição de me abraçar como se fosse a criança que para ela nunca deixara de ser. [21/1/2008]
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segunda-feira, outubro 27

ANIVERSÁRIO

Para o meu filho Manuel Maria no dia do seu 18º aniversário

Há um momento em que a juventude se perde. É o
momento em que os seres se perdem. E é preciso saber aceitar. Mas esse momento é duro.

Para ti um dia nascerá a luz e sem mim irás correr
atrás da tua memória e nunca me encontrarás nela
com os traços iguais aos do dia de hoje tão nítidos
presentes

Ausente deixarei de te olhar. O teu corpo ficará
sempre igual ao meu corpo que se transformará
num eco longínquo ressoando em ti comigo lá
dentro

Gostava de te ver sempre mas não posso. Um dia
todos os corpos se retiram e as viagens parecem
mais pequenas na cidade percorrida em círculos
concêntricos

Sei que nos encontrarmos agora é natural para ti.
Que me olhas e me interrogas silenciando o teu
medo de enfrentar o desconhecido numa espera
ausente

Para ti um dia nascerá a dúvida se afinal amaste
o suficiente. Se iluminaste a vida com a tua luz
própria ou se a roubaste aos outros sem sombra
de perdão

É esse o momento em que a juventude se perde
e com ela se esvai a inocência. É preciso saber
aceitar. Esse momento é duro e estarás só, sem
ninguém.
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domingo, outubro 26

"O TEXTO POLÍTICO"


O post intitulado “O Texto Político” é, certamente, o mais procurado deste blogue. Publiquei-o em 28 de Agosto de 2004 e repeti-o em 28 de Agosto de 2006. Se lerem os postes originais compreenderão a origem do meu interesse. Volto a publicá-lo hoje por duas razões: em primeiro lugar porque tem erros, aliás, facilmente identificáveis, que aproveito para corrigir e, em segundo lugar, porque estava a escrever um texto acerca do discurso político de Manuela Ferreira Leite, como podia ser acerca do discurso político de qualquer outro líder, e desisti ao lembrar-me deste excerto de Roland Barthes e, em particular, desta frase: ” (uma interpretação, se for suficientemente sistemática nunca será desmentida, até ao infinito.) ”

O político é, subjectivamente, uma fonte permanente de aborrecimento e/ou de prazer; é, além disso e de facto (isto é, a despeito das arrogâncias do sujeito político), um espaço obstinadamente polissémico, a sede privilegiada duma interpretação perpétua (uma interpretação, se for suficientemente sistemática, nunca será desmentida, até ao infinito). Poderíamos concluir a partir destas duas constatações que o Político é textual puro: uma forma exorbitante, exasperada, do Texto, uma forma inaudita que, pelos seus extravasamentos e pelas suas máscaras, talvez ultrapasse a nossa compreensão actual do Texto. E, tendo Sade produzido o mais puro dos textos, julgo compreender que o Político me agrada como texto sadiano e me desagrada como texto sádico.
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"Fragmentos de Leitura de "Roland Barthes por Roland Barthes" - Edições 70
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