sexta-feira, agosto 20

Nova vida

A partir de hoje vou reativar este velho blog publicando aqui com mais regularidade. Volto assim aos primórdios da sua criação nos idos de 2003, logo após ter sido flagelado pela insanidade de um goverrnante que nem cito o nome. Vou fazer férias das redes sociais mais em voga.

domingo, julho 25

Otelo

Morreu Otelo. Honra à sua memória. Viva o 25 de abril. Vivam a liberdade e a democraia!

Retomar

Tanto tempo passado, em pleno verão, volto a esta página branca a qual sempre me fascinou. Vivemos tempos únicos nunca antes experimentados pelas gerações vivas. Luta-se por viver, o Estado voltou a mostrar a sua importância, a ignorância tem sido erigida em bandeira de luta pela liberdade, tempos difíceis para os defensores da liberdade e da democracia. Não se pode ceder à tentação da simplificação de tudo, nem à negação dos valores humanistas que são a base das democracias politicas modernas.

domingo, maio 16

Racismo

A relação privilegiada Ele não procurava a relação exclusiva (possessão, ciúme, cenas); também não procurava a relação generalizada, comunitária; o que ele queria era, de todas as vezes, uma relação privilegiada, assinalada por uma diferença sensível, remetida ao estado de uma espécie de inflexão afectiva absolutamente singular, como a de uma voz de timbre incomparável; e, coisa paradoxal, ele não via qualquer obstáculo a que essa relação privilegiada fosse multiplicada: nada senão privilégios, em suma; a esfera da amizade era assim povoada por relações dualistas (donde uma grande perda de tempo: era preciso estar com os amigos um por um: resistência ao grupo, ao bando, ao magote). O que era procurado era um plural sem igualdade, sem in-diferença. Como diz Freud (Moisés), um pouco de diferença leva ao racismo. Mas muitas diferenças afastam dele, irremediavelmente. Igualar, democratizar, massificar, todos estes esforços não conseguem expulsar "a mais pequena diferença", gérmen da intolerância racial. O que era preciso era pluralizar, subtilizar desenfreadamente." "Roland Barthes por Roland Barthes" Edição portuguesa: "Edições 70"

domingo, maio 2

Dia da mâe

Reconheço o amor nos olhos que me olham com desmedida atenção enquanto durmo. Os olhos de minha mãe adoravam ter esperança no futuro no qual jogava a sua crença de ir mais longe. A primeira mulher da minha vida. A mais ousada na sua imprevisível arte de romper barreiras e chegar mais além. A fonte da força que me mantém de pé contra todas as adversidades. Uma mulher de um só homem que não era homem de uma só mulher. A fidelidade nascida da tradição que não da fraqueza ou da futilidade. A irreverência herdada da rudeza do campo, das agruras da natureza à força de puxar a besta e de encaminhar a água à raiz certa não fosse perder-se uma gota. A escola da escassez sonhando a fartura que havia de vir fruto do trabalho honrado. Não perder tempo chorando o tempo perdido. Fazer do tempo um passeio para espairecer e voltar ao arado da vida com sonhos lá dentro. A mulher que se fez a si própria descobrindo os outros e o que se pode e se não pode fazer com eles. Aceitar mudar e escolher o caminho da mudança. Tactear o caminho levando ao colo os seus amores. A primeira mulher que acreditou no caminho hesitante que me havia de fazer homem. Sem saber para onde ia ao certo. Nem ninguém sabia, ninguém nunca sabe, mas não duvidou que havia de chegar a um lugar onde brilharia o sol e sou capaz de a lembrar como a minha primeira mulher. Aquela que mais me amou, sempre me amou além do que a vida pode conter de riqueza material. Um dia ao fim de uma longa caminhada sem sequer saber dos meus males escolheu morrer nos meus braços. A mais sublime homenagem que alguém pode prestar a alguém. De súbito suavemente, na alegria da celebração da juventude, deixou para sempre a esfusiante tradição de me abraçar como se fosse a criança que para ela nunca deixara de ser. [21/1/2008]

quarta-feira, abril 28

Aniversário

Aniversário, sempre igual, sempre diferente, um ano mais de caminhada, sempre com os olhos postos no futuro, a vida, o trabalho, o gesto comum que se aprecia, um olhar, uma palavra, nada mais simples do que festejar, o mais, o menos, o que se deseja, olhos abertos ao céu que ilumina o mundo, ao mar que reflete o sonho, ir mais além, de cabeça levantada sem temor de nada, a não ser nunca ter agradecido o suficiente aos que sempre nos amaram. Haja saúde!

quinta-feira, abril 8

Jorge Coelho morreu

O que fazia a diferença do Jorge Coelho político é que criava a percepção aos olhos de todos de ser uma pessoa comum. Mas na verdade era uma pessoa fora do comum. Um fazedor ao arrepio da imagem recorrente de muitos políticos; um tribuno directo e vibrante, ao contrário dos punhos de renda; um homem da terra, de palavra chã, como se não se desprendesse nunca dela; um politico que fazia dos bastidores um palco de todos os acertos; um homem cordato mas não crédulo; politico que escolhia os campos de suas lutas, perdia ou ganhava, mas não escondia a preferência nem fintava a derrota; enfim um Homem e Politico admirável.

terça-feira, março 16

Associações/associativismo

Pelo que entendi das notícias, que não conheço os documentos que as suportam, o PSD quer legislar no sentido de exigir aos cidadãos candidatos a cargos politicos ou, suponho, de alta direção de entidades da administração pública uma declaração de pertença a entidades associativas nas quais se encontrem filiados. O plural não é inocente pois em estudo recente, no qual participei, cada português encontra-se filiados em média pelo menos em duas associações. A inicitiva de legislar neste sentido carrega em si mesma o ónus de lançar a suspeita sobre a honorabilidade dos cidadãos que livremente decidem associar-se para prosseguir fins, consagrados em estatutos próprios, que só a eles dizem respeito. Qualquer cidadão que mantém um vinculo com uma associação não terá rebuço em assumir essa filiação mas deve ser livre de o fazer em fidelidade com a própria liberdade de associação. Ao que venho é para dizer que a obrigatoridade de declarar filiação associativa para exercer cargos politicos, ou de direção na administração, estabeleceria uma norma constrangedora da liberdade de associação, tendencialmente anti associativa. Terão os autores da ideia a noção de que a democracia liberal fundada em partidos é herdeira do associativismo livre nascido na sua forma moderna na revolução industrial? Que os partidos são associações de cidadãos livres que se autoflagelam ao impôr aos seus filiados declarações de pertença que se dispensam a si próprios para o exercício das direções partidárias.

quinta-feira, março 11

Marcelo - II mandato

Passou um dia sobre a tomada de posse de Marcelo, já parece imenso tempo de tal forma que ia começar a escrever uma frase como se estivesse atrasado no comentário ao reinício de funções do PR. Não é uma rotina, muito menos obrigação,não sou comentador político, simplesmente cidadadão, com acesso à palavra, como na verdade sempre aconteceu, sob diversas formas, desde a adolescência. Marcelo além do mais é um personagem fascinante, diria uma personalidade de rasgos surpreendentes, de sensibilidade autoalimentada pela necessidade de estar presente, de exuberância racional excessiva, uma surpresa para muitos de nós que somos herdeiros do binário tendencialmente simplista da contraposição direit/esquerda. Em 2016 não votei Marcelo, mas depressa percebi (e escrevi)que havia sido eleito um presidente diferente (nem falo em Cavaco), mais atento às necessidades do nosso tempo, quando o povo tende a descrer da democracia, exigindo alento para além de promessas de melhores tempos e carece da segurança improvável trazida por uma palavra afetuosa ou um inesperado abraço. Coisas do imaterial. Desta vez levou o meu voto e logo na noite eleitoral percebi que o mereceu e mais ainda com o discurso de posse. Ele há coisas na politica como na vida que trancendem o que julgavamos como adquiridos imutáveis mudando o sentido dos nossos gest sem mudar a essência das nossas convições.

terça-feira, março 2

No alivio dos efeitos da pandemia

Ao mesmo tempo que os efeitos da pandemias dão sinais claros de abrandamento volta a abrir-se um pouco mais o debate politico. Por estes dias a vacinação comanda a politica. Se na entrada para o verão o desconfinamento inevitável for seguro e robusto a economia recupera em v, o segundo semestre será de forte retoma e a direita politica ficará dividida e apeada até ao final da legislatura. Depois se verá...

sexta-feira, fevereiro 26

Pandemia, ao fim de um ano

A pandemia pode ser glosada de diversas maneiras mas poucos a encaram no espaço público, de forma sistémica , como um fenómeno catastrófico. Uma catástrofe, tal como os grandes terramotos, inundações, conflitos bélicos, etc. Há imensa literatura acerca do tema mas são raras as abordagens que vão além da superficialidade dos seus efeitos no quotidiano da vida em sociedade. Existe ligação direta entre a pandemia e o desafio climático, o modo de vida consumista, a erosão dos valores humanistas? A natureza da qual o homem é pertença, "vinga-se" dos tratos de polé a que o homem a tem sujeitado ao longo de séculos? Trata-se afinal de um desastre natural. Quem são os ganhadores à saída da fase crítica? E os grandes perdedores? Um mundo de surpresas por revelar. Tal como nos grandes conflitos bélicos a morte banalizou-se. É esse aspeto que mais me atormenta neste tempo. Que ao menos um dia mais tarde alguém se dedique a estudar o fenómeno e a tirar lições das suas consequências.

sábado, fevereiro 13

General Humberto Delgado

Passam hoje 56 anos sobre o assassinato do General Humberto Delgado. Honra à sua memória. Nunca esquecer este crime hediondo da ditadura de Salazar.

terça-feira, fevereiro 2

Notas Politicas (35)

Duas semanas após as presidenciais. Fora o jogo politico, em torno das disputas dos incertos amanhãs, parece ainda haver quem não tenha reparado que a maioria do eleitorado socialista votaria sempre em Marcelo. À liderança do PS restavam duas opções: levar o PS à derrota apoiando um candidato saído das suas fileiras ou associado pela perceção pública aos socialistas ou apoiar Marcelo dando liberdade de voto. Na politica como na vida, face à dura realidade, ganhar pode ser, simplesmente, não perder.

segunda-feira, janeiro 25

Notas Politicas (34)

Finito. Marcelo ganhou as presidenciais. Na verdade o jogo estava feito. Nada de novo a ocidente, salvo que o populismo mostrou os dentes. A classe média precisa de respostas que lhe restitua a esperança na democracia representativa. Reformas, reformas, reformas.

sexta-feira, janeiro 22

Notas Politicas (33)

A campanha eleitoral está a chegar ao fim (estranha campanha!). Amanhã é dia de reflexão (coisa antiga!). Pela minha parte não preciso de mais reflexão do que aquela que tenho feito enquanto vivo e trabalho(estranha esta afirmação para um cidadão com 73 anos de idade). Na verdade, formalmente, existem vários candidatos todos com a mesma dignidade perante a lei e a grei. Já do boletim de voto não se pode gabar quem organiza o ato pois ostenta ao cimo um candidato que não é candidato. (estranha forma de cooperação entre as diversas entidades às quais compete organizar o ato). Adiante. Dos sobrevivos à campanha são 7 que se sujeitam ao escrutínio dos cidadãos eleitores. Admiro-lhes a coragem e a ousadia de caminhar pelo caminho das pedras a mor parte do tempo na escuridão cerzida pela pandemia que fere e mata mais do que alguma vez sonhamos. Vou votar, como sempre aconteceu em todas as eleições democráticas pós 25 de abril, com a mesma necessidade vital de participação civica. Muda o ar do tempo mas não muda meu sentir no dia do voto. Feliz por ser possivel escolher livremente ao contrário de meu pai, por exemplo, que só votou pela 1ª vez em eleições livres com mais de 64 anos de idade. Quando voto lembro-me sempre de meus pais e da sua felicidade - vestidos a rigor - no dia das primeiras eleições livres - 25 de abril de 1975. O meu voto vai para Marcelo Rebelo de Sousa, o único candidadto com estatura de estadista, mau grado o seu estilo que paradoxalmente, ou talvez não, aproximando-se do povo causa mau estar em boa parte das elites. Paciência. Voto na experiência e na estabilidade, deixando para trás das costas aventuras fúteis que o tempo não está para experimentalismos. Tudo na vida tem seus riscos e o voto não foge à regra. Eu arrisco o meu voto num candidato que não pertence à minha área politico/ideológica em favor do equilibrio dos poderes, da força da inteligência e na capacidade de representar a República, na frente interna e externa,com responsabilidade de Estado. Está dito.

terça-feira, janeiro 19

Notas Políticas (32)

Hoje é dia 20 de janeiro que assinala o final de um quadriénio presidencial americano e o inicio de mandato de um novo inquilino da "Casa Branca". Ao contrário dos últimos 8 anos, correspondentes a dois mandatos presidenciais nos USA, com inicio em 20 de janeiro de 2009, pouco tenho para dizer, quase nada me apetece dizer. Deixai falar o silêncio. Lembro-me de leituras antigas a cujos ensinamentos, com mais ou menos vigor, e lucidez, me mantive fiel ao longo do tempo. Nada, nem ninguém, me fará desesperançar no futuro do homem e na sua capacidade de resistir às ameaças à liberdade, à democracia, à paz e concórdia entre os povos e as nações. Com respeito aos valores fundamentais em que assentam as nossas sociedades democráticas, com seus vícios e virtudes, nada está definitivamente assegurado, mas também nada está definitivamente perdido. Existe pelo meio o tempo e o espaço nos quais se movem os mais mesquinhos interesses, e seus coros de guerra, mas também as forças do espirito da liberdade, da cultura e da paz que, no caso da Europa do pós guerra, durante mais de 70 anos foram capazes de resistir às tentações totalitárias. Estou convicto que continuaremos, atentos e vigilantes, a mantermo-nos fiéis, no próximo futuro, a essas extraordinárias conquistas alcançadas com o sacrifício de milhões de vidas de cidadãos do mundo. (20 de jeneiro de 2017)

segunda-feira, janeiro 18

Notas Políticas (31)

O calendário colocou o 20 de janeiro como dia da posse do novo presidente americano e logo de seguida 24 de janeiro como dia da eleição do presidente português. Dois países atlânticos e aliados estratégicos. Um pequeno país periférico na Europa outro um grande país continente. O que têm em comum é paradoxal: duas potências marítimas. Uma muito antiga que vive com a sua história do dominio dos mares, outra muito moderna que vive com o poder de suas riquezas. Um povo que se desvaloriza quase sempre s si próprio,outro que, pelo contrário, se hipervaloriza. Nos próximos anos por entre tormentas que se desenham no presente e ameaçam um futuro de paz e concórdia entre as nações tudo se conjuga para uma aproximação entre Portugal e USA. Assim a diplomacia portuguesa seja capaz de dar esse salto reorientando as suas prioridades externas embora no contexto da UE. Qual o presidente que melhor serve esta estratégia do lado de Portugal: Marcelo Rebelo de Sousa.

domingo, janeiro 17

Notas Políticas (30)

Por esta hora daqui a uma semana já saberemos o resultado das presidenciais que mais não seja as projecções de sondagens à boca das urnas. Espero que tudo fique resolvido à primeira volta para acabar com o tempo de antena dos candidatos. É necessário manter a politica e a ideologia na primeira linha de prioridades da nossa vida coletiva. Mas que tal dar prioridade absoluta, de emergência, à pandemia? E aos efeitos dela?

Notas Políticas (29)

Hoje, uma semana antes do dia oficial do voto, já se vota por antecipação. É possível que sejam feitas sondagens sérias. A pandemia não interrompeu a democracia. Não há incidentes. Nada mau. A ver vamos.

quarta-feira, janeiro 13

Notas Políticas (28)

Hoje acabaram os debates presidenciais em todas as modalidades - pelos menos nos principais canais de TV. Amanhã será anunciado um confinamento mais duro no âmbito do estado de emergência. O que resta da campanha eleitoral que levará ao voto, e correspondente eleição do Presidente, decorrerá em condições unicas e nunca vistas. A abstenção será elevadíssima. Não sei se alguém tomará a sério a necessiddae de reformar - mesmo sem revisão constitucional - o sistema eleitoral a começar pela reforma da CNE para que não seja o próprio regime democrático, através das suas instituições, a enfraquecer o regime democrático. os cidadãos têm que ver facilitado o processo de aceder ao voto. Alguém que tome a peito a tarefa de encetar esta reforma de imediato. Não vale a pena nem se justifica ficar de braços cruzados ou argumentar com a necessidade de uma revisão constitucional.