Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, março 21
DIA MUNDIAL DA POESIA
Como as palavras as imagens, que tomamos como nossas, são um bocado do imaginário que sobrevive à decapitação dos sonhos. Caminhamos por entre escombros.
Quando minha mãe morreu nos meus braços não chorei. Só chorei quando, velando o seu corpo, me surgiu pela frente uma vizinha que frequentava a minha infância. O imaginário, naquele breve momento, tomou de assalto as minhas defesas que ruíram com estrondo.
Percebi a leveza insustentável dos corpos depois de mortos e a infinita fraqueza que se esconde por detrás da nossa aparente normalidade. (Maio de 2006)
domingo, março 20
GASTÃO CRUZ
Gastão Cruz morreu hoje. Meu conterrâneo, pertenceu ao grupo "Poesia 61" que se reuniram em Faro nos primórdios das suas carreiras profissionais e enquanto jovens poetas (exceto Ramos Rosa, um pouco mais velho). Gastão Cruz chegou a ser meu explicador, suponho de françês, no meu infausto 4º ano de liceu, com aulas certamente na casa de seus pais na Rua de Portugal.
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"Gastão Santana Franco da Cruz nasceu em 20 de julho de 1941, no número 20 da Rua de Portugal, em Faro, como se lê na página dedicada ao autor, no 'site' da DGLAB.
Publicou o primeiro livro, "A Morte Percutiva", com perto de 20 anos, e voltaria ao local do começo, em 2002, quatro décadas mais tarde e cerca de vinte livros de poesia depois, numa revisitação da infância e da entretanto desaparecida casa onde nascera, na obra "Rua de Portugal", também distinguida com o Grande Prémio de Poesia da APE e o Grande Prémio de Literatura dst.
"A poesia acompanha-o desde muito novo", recorda a biografia da DGLAB. "O pai recitava, em casa ouvia-se ópera, e o lirismo foi despontando, levando-o a iniciar-se muito cedo na crítica de poesia".
Escreveu para os "Cadernos do Meio-Dia", publicados em Faro, sob a direção de António Ramos Rosa e Casimiro de Brito, lançados em 1958 e que a ditadura havia de encerrar dois anos mais tarde.
O ano de 1958 é aquele em que Gastão Cruz chega a Lisboa, para fazer o curso de Filologia Germânica na Faculdade de Letras, onde teve David Mourão-Ferreira por professor.
Iniciou colaboração com diversos jornais e revistas, escrevendo poemas e crítica literária, como no jornal "Grafia", da Pró-Associação de Letras.
Abria então caminho à edição das históricas cinco 'plaquettes' — ou fascículos — que constituíram a "Poesia 61", onde se reuniu a Casimiro de Brito, Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge e Maria Teresa Horta.
"Poesia 61" afirmou-se como "uma das principais contribuições para a renovação da linguagem poética portuguesa na década de 1960", como se lê na DGLAB e nos textos académicos que abordam a sua publicação. Para o poeta foi, porém, "em grande parte, uma reunião de conveniência editorial".
"Não queríamos [na 'Poesia 61'] verdadeiramente fazer uma rutura com a poesia do passado. Naturalmente que nos distanciávamos de alguma poesia que nos parecia mais convencional ou menos viva. Particularmente, uma certa segunda linha nos anos 1950 ou uma poesia com características mais ligadas à Presença, que realmente nos parecia menos estimulante do que a de outros poetas como Sophia [de Mello Breyner Andresen], Eugénio [de Andrade], Carlos de Oliveira", disse Gastão Cruz, numa entrevista à RTP, em 2003. (...) (In "Expresso")
CONTRA A PENA DE MORTE, SEMPRE
Pena de morte? Pelotão de fuzilamento? Uma sevajaria num país democrático que, desta forma, não tem condições para defender os valores humanistas próprios de uma sociedade e civilização decentes. Tenho pena!
"Carolina do Sul vai ter execuções por pelotão de fuzilamento
Desde 1976 houve três execuções por este método nos EUA, todas no estado do Utah, um dos três em que o método era uma opção para os condenados. A Carolina do Sul junta-se agora ao Utah, Oklahoma e Mississípi."
sábado, março 19
A MERITÍSSIMA DISPENSA
Não dá para entender a decisão da meritíssima juíza. Não antevê o chamada "perigo de fuga"? Não mediu o efeito de" alarme na opinião pública"?
"Juiz dispensa Mário Machado de se apresentar quinzenalmente na esquadra para combater na Ucrânia
O neonazi Mário Machado estará a caminho da Ucrânia com um grupo de vinte elementos. Decisão do juiz tem por base “ajuda humanitária”." (In "Público").
sexta-feira, março 18
18 de Março de 41
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"Os montes por cima de Argel transbordam de flores na primavera. O aroma a mel das flores derrama-se pelas ruazinhas. Enormes ciprestes negros deixam jorrar dos seus cumes reflexos de glicínias e de espinheiros cujo percurso se mantém dissimulado no interior. Um vento suave, o golfo imenso e plano. Um desejo forte e simples – e o absurdo de abandonar tudo isto.”
Albert Camus, in "Caderno” n.º 3" - Abril de 1939/Fevereiro 1942 – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil”.
(Camus, no final de 1940, casa com Francine Faure, estudante de uma família abastada de Orão. Este fragmento deixa antever a época que antecedeu a sua partida para Orão onde viverá em casa da família da mulher até aos inícios de 42.)
quinta-feira, março 17
PUTIN - O PURIFICADOR
Uma declaração com ressonâncias muito perigosas e preocupantes.
"“Estou convencido de que uma auto purificação tão natural e necessária da sociedade só fortalecerá o nosso país”, acrescentou o líder russo, num discurso transmitido pela televisão pública." (In "Expresso").
terça-feira, março 15
ASSIM SE FAZ A HISTÓRIA DA EUROPA
Hoje, 15 março 2022, a UE demonstra com os pés no chão a sua coerência com inusual coragem.
"Os primeiros-ministros checo, polaco e esloveno chegaram na tarde desta terça-feira a Kiev para mostrar o seu apoio “inequívoco” a Zelenskii.
Numa publicação na rede social Twitter, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, anunciou a chegada dos seus homólogos checo, polaco e esloveno. “A coragem dos verdadeiros amigos da Ucrânia. Discutindo o apoio à Ucrânia e fortalecendo as sanções contra a agressão russa”, escreveu." (dos Jornais)
segunda-feira, março 14
ESPERANÇA
Ontem dia 13 de março, domingo, surgiu uma luz de esperança, pela evidência da recuperação de G., após mais de três anos de sofrimento. A dor física e psicológica, tantas vezes nos limites, vai sendo superada abrindo caminho para a retomada da vida (quase) normal. Por entre as desgraças do mundo, por vezes, surgem raios de luz que iluminam o céu de nossas vidas.
domingo, março 13
"COMO UM LÁBIO HÚMIDO"
“13 de Fevereiro de 36 -
Eu peço às pessoas mais o que elas me podem dar. Vaidade de pretender o contrário. Mas que horror e que desesperança. E eu próprio talvez ..."
...
"Procurar os contactos. Todos os contactos Se pretendo escrever a respeito dos homens, como afastar-me da paisagem? E se o céu ou a luz me atrai, esquecerei eu os olhos ou a voz daqueles que amo? Dão-me, de cada vez, os elementos de uma amizade, os fragmentos de uma emoção, nunca a emoção, nunca a amizade.”
(...)
“Março-
Dia atravessado por nuvens e pelo sol. Um frio salpicado de amarelo. Eu devia fazer um caderno do tempo de cada dia. Aquele belo sol transparente de ontem. A baía trémula de luz – como um lábio húmido. E trabalhei todo o dia.”
Albert Camus, in “Caderno” n.º 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).
RONALDO - INCURSÃO FUTEBOLÍSTICA
Pois é verdade e, por acaso, numa tarde chuvosa por aqui, vi este jogo no qual Ronaldo mostrou essa faceta extraordinária de longevidade no exercício da sua profissão. Num ambiente de crise, com peste e guerra, há fenómenos aos quais vale a pena estar atento. É o caso do papel de Ronaldo no imaginário de milhões de cidadãos do mundo inteiro sempre associado por todos os meios à sua nacionaliddae portuguesa. Um pormenor importante: os recordes que coleciona são o resultado do seu trabalho, permitindo que seja, quase certamente, a mais relevante marca portuguesa global.
"Agora é oficial: Cristiano Ronaldo é o melhor goleador de sempre
Com os três que marcou no triunfo do United sobre o Tottenham, o avançado português chegou aos 807 golos, ultrapassando os 805 de Josef Bican." (In "Público).
sexta-feira, março 11
O LADO CERTO DA HISTÓRIA
Por mais voltas que sejam dadas em torno da batalha da informação ( e contrainformação), como sempre nestas circunstâncias, face a uma guerra, é preciso ter a coragem de tomar posição. São muitas as experiências históricas nas quais as "meias tintas", a designada neutralidade, ajudou à perpetuação dos mais hediondos crimes. Nesta guerra que nos espanta e, ao mesmo tempo, horroriza é demasiado evidente qual o lado certo da história para os que defendem a democracia e a liberdade. A Rússia tem a razão da força, exerce o "hard power", a sua liderança sulca a vertigem da conquista herdada da tradição imperial, uma potência da terra (como a Alemanha que vai ajudar a rearmar!) a Ucrânia tem a razão da razão, exerce o "soft power", a sua liderança assume a defesa do poder democrático, vencida/vencedora, havendo, em qualquer dos dois lados horrores e tragédias, vitimas inocentes, enganos e traições. O lado certo da história nesta guerra é, porém, a defesa do anunciado derrotado, a Ucrânia, pois nem sempre se vence ganhando.
"Ucrânia pede 12 corredores humanitários. Há 2,5 milhões de refugiados na Ucrânia, mas milhão e meio já saiu das cidades também. Kremlin já dispara sobre aeroportos a oeste, mais próximo da zona NATO - e a coluna militar dispersa sobre Kiev. Instagram e Whatsapp cancelados na Rússia. Fontes ocidentais afirmam que um terceiro major-general russo foi abatido em combate. (In "Expresso").
quinta-feira, março 10
REVOLTA E INDIGNAÇÃO (II)
"Horta Osório recebeu €3,4 milhões do Credit Suisse no ano em que colegas executivos viram bónus afundar-se". (In Expresso)
segunda-feira, março 7
DIA INTERNACIONAL DA MULHER (8 março)
A terra e o corpo eram o mundo possível; a terra penetrava os poros, tisnava a pele, sujava as feridas; a terra cantava sob a correria dos pés descalços; a terra e os corpos entoavam as canções de embalar e de trabalho, da eira ao arado, do varejo ao rabisco; olhava as mulheres como se fossem rainhas que um dia haviam de dançar mil danças rodopiando nos braços do seu par; via-as sempre a dançar em seus sorrisos e suas gritas; as mulheres do tempo de as ver somente com uma admiração que me vinha de dentro. Não sabia nada delas mas via-as e amava-as como se fossem a terra que segurava as minhas raízes ao chão da vida. [4/2/2008]
domingo, março 6
OS DIAS DA GUERRA
Ainda há quem não tenha percebido que Putin é um baluarte arquiinimigo da democracia - aquela fórmula politica que assenta na liberdade de associação dos cidaddãos e no voto livre para a escolha dos governos - tendo sabotado os processos eleitorais que levaram Trump, Bolsonaro ao poder, os partidos de extrema direita a ameaçarem lá chegar em Itália e França, e ao sucesso do Brexit, por exemplo, do que é público e notório. Chegou a hora de Putin, fracassada no essencial essa empresa, de prosseguir a luta contra a democraccia por outros meios - a força das armas. Não creio que o sonho de Putin seja somente a conquista da Ucrânia mas também de imediato, ou a médio prazo, de outros países numa guerra de conquista à antiga mas com a proteção da chantagem nuclear. Este argumento parece muito simplista mas veremos até onde chegará na pressecussão do seu sonho imperial. Estamos neste preciso momento a viver acontecimentos que ameaçam desembocar numa guerra mundial, nuclear, com efeitos que é dificil imaginar. Os interlocotores de que se fala para interceder a favor da paz neste conflito têm todos, quase sem exceção, um passado, e presente, de belicismo imperial, cada um à sua escala, que torna a paz assim como um negócio em que todos calculam mais que tudo buscar o máximo lucro. Nem quero imaginar os bastidoras das negociações em curso ...
sábado, março 5
REVOLTA E INDIGNAÇÃO
"Gestores da EDP arrecadaram 10,7 milhões de euros em 2021
Encargos da EDP com a equipa de gestão baixaram 16,7% no ano passado. O presidente executivo, Miguel Stilwell, auferiu 2,79 milhões de euros. O ex-CEO, António Mexia, teve direito a mais de 2 milhões de euros". In "Expresso"
sexta-feira, março 4
LUTAR PELA LIBERDADE E DEMOCRACIA, SEMPRE
A guerra é sempre a pior solução para resolver qualquer conflito. Para abordar uma guerra injusta, por ser movida por razões ideológicas com objetivos expansionistas, é preciso clareza. É necessário condenar sem complacência o agressor, puni-lo de todas as formas possíveis e razoáveis e, no limite aplicar a força para o derrotar. Sempre foi assim ao longo da história com as consequências que se conhecem: destruição massiva dos paises e territórios atingidos e morte de milhares ou mesmo de milhões de inocentes. Uma coisa é a propaganda que é própria das guerras, outra o conhecimento real dos seus efeitos, tantas vezes desconhecido das opiniões públicas de todos os lados envolvidos nas guerras. Nunca esperei viver o tempo de uma guerra na Europa após as duas Grandes Guerras do século XX que a devastaram. Ela aí está. Resta-nos lutar, sem tibiezas e hesitações, com todo os meios ao nosso alcançe para denunciar e combater os agressores, neste caso a liderança politica da Rússia e quem a apoia. A Europa uniu-se para a defesa da liberdade e da democracia, além da vida, que são os mais importantes valores que estão em causa nesta guerra. Com todos os seus defeitos e complexidade, reconhecidos por todos, a liberdade e a democracia politica são inegociáveis. Não é por acaso que todos os países nos quais vigoram regimes democráticos, com suas diferenças politico ideológicas, se levantaram na AG da ONU contra a ação belicista de Putin. Hoje é a Ucrânia amanhã seremos nós as vitimas da guerra que pretende impor a tirania abertamente proclamada pela propaganda e demagogia grosseira de Putin e da sua clique.
quarta-feira, março 2
PCP - o toque de finados
Hoje um militante comunista com o qual me encontro quase todos os dias num restaurante abeirou-se de mim e disse-me que estava muito zangado com o PCP; pouco depois fez questão de dizer que estava mesmo disposto a apresentar a demissão do partido. Mais me fez crer que a sequência de tomadas de posição do PCP, a culminar no apoio à Russia na sua guerra contra a Ucrânia, é o toque de finados deste partido centenário. Julgo que ninguém de bom senso, por mais esforço que faça, é capaz de entender os sucessivos posicionamentos politicos do PCP. Um declinio sem glória de um partido que resistiu ao fascismo mas que não vai resistir à democracia.
terça-feira, março 1
À BEIRA DE UMA NOVA GUERRA MUNDIAL
Escrevo pela primeira vez de forma direta acerca da Guerra da Ucrânia (se assim se pode designar), após estes dias de ameaças, mentiras e, finalmente, da invasão militar pela Rússia da Ucrânia. Não vou enveredar pela retórica politico-jurídica mas simplesmente dizer, de forma breve, o que penso e sinto acerca da presente situação. Trata-se de um ato de guerra de agressão de um país soberano, a Ucrânia, por um país agressor, a Rússia, com prévia, premeditada e longa preparação. A liderança politica da Rússia prossegue um sonho imperial através da guerra, lançando-se na conquista de territórios, lançando mão de meios convencionais. Não creio que possa ser descartada a ameaça de utilização de outros meios, como o nuclear, dando inicio a uma guerra generalizada, com inimagináveis efeitos destruidores de regiões inteiras, senão da própria humanidade. Tudo deve ser considerado possível, questionado e colocado nos pratos da balança. Tenhamos esperança que uma réstia de bom senso prevaleça na comunidade internacional, entre os povos e as nações, para que os danos da guerra encetada possam ser ainda reparados e a paz seja imposta pela opinião pública que se manifesta por todo o mundo com toda a força da sua crença no valor inestimável da vida e da liberdade.
domingo, fevereiro 27
Guerra ou paz? Democracia ou tirania?
Escrito de 14 de junho de 2015:
Um dia após o 13 de junho numa época em que o simbolismo das datas sofre tratos de polé. As fronteiras externas da UE após a euforia do alargamento, e com a emergência da crise, são o epicentro de uma crise não já financeira, mas politica. Os sinais são bastante explícitos mesmo para um leigo em ciência politica. A criação da moeda única sem orçamento único (fosse qual fosse o calendário da sua implementação e o modelo de gestão), e o arrastamento consequente do debate acerca de soluções politicas, de feição federalista, tornaram as regiões de fronteira da UE, cada uma com suas especificidades, bombas ao retardador - Ucrânia, Grécia, Portugal, Espanha, Itália... Não se vislumbram sinais de convergência no sentido de conciliar as democracias representativas, e seu fortalecimento, e os interesses estratégicos das grandes potências. Não é possível, todo o tempo, subalternizar o resultado politico de eleições democráticas sem por em causa o próprio modelo democrático. Se os povos concluírem que de nada vale, através do voto, escolher os governos, e respectivas politicas, não é de admirar que seja o próprio sistema democrático a entrar em colapso. Está a aproximar-se um tempo de grandes escolhas que se podem sintetizar em poucas palavras: guerra ou paz? democracia ou tirania? O que até há pouco tempo parecia um cenário de equações improváveis e longínquas torna-se cada vez mais presente até nos discursos dos mais altos responsáveis pelos estados.
RÚSSIA-ALEMANHA
Escrito de 18 julho de 2014:
Pode acontecer, e espero que aconteça, não estarem reunidas as condições para a eclosão de uma guerra. Mas as fronteiras da Europa, as nacionalidadese (e correspondentes nacionalismos), as rotas comerciais e, no nosso tempo, os pipelines, o domínio de espaço, terra mar e ar, sempre foram, fonte de conflitos bélicos. A Rússia sente-se cercada pela consumação passo a passo da estratégia alemã de reconstruir o seu velho império enquanto potência continental. A Inglaterra, a outra verdadeira potência europeia (marítima) hesita, protesta, ameaça, mas não rompe com a estratégia alemã, ou seja, com a UE. Chegamos assim, por estes dias, a um enfrentamento entre as duas grandes potências continentais: Alemanha e Rússia. Não sabemos o que se passa no seio da diplomacia e qual a verdade dos fatos que, neste preciso momento, ameaçam a paz. Mas pelas aparências, à distância, somente por sensibilidade, nunca estivemos, nos últimos muitos anos, tão perto de uma confrontação militar. [No dia do aniversário do inicio da guerra civil de Espanha - 18 de julho de 1936.]
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