Chegou a hora de atirar esta maioria de direita para a oposição. As suas virtudes são os seus defeitos. O país não aguenta. Como diz o outro, nunca se viu tanta demagogia, incompetência, sacanice e mau carácter. É mesmo uma questão de saneamento básico.
Admito que seja difícil, neste combate, “manter o nível”. Mas até a direita, se levar uma “tareia” a sério, nas próximas eleições, mudará para melhor. A direita civilizada agradece! À esquerda nada de paninhos quentes nem de auto-flagelações.
Aqui é que a porca torce o rabo. Ouvem-se queixumes e ranger de dentes por todo o lado. Claro que é preciso um programa com medidas claras que garantam a credibilidade do governo PS no início e, mais importante, no meio e no fim do ciclo político que agora se abre. Estou certo que esse programa vai surgir.
Depois o que é preciso é ganhar as eleições. É isso, ganhar com maioria absoluta. A sequência dos resultados eleitorais do PS, desde que Ferro assumiu a liderança, apontam nesse sentido. O que será surpreendente é que o PS não alcance um resultado histórico.
Faltam só 47 dias.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, janeiro 3
domingo, janeiro 2
Escrever
"Escreve-se sempre num ponto morto, entre duas velocidades, a que se extinguiu e a que vai surgir."
“O Aprendiz de Feiticeiro” - Carlos de Oliveira
Fragmentos (3 de 7)
“O Aprendiz de Feiticeiro” - Carlos de Oliveira
Fragmentos (3 de 7)
Tudo Dizer
Tudo o que se possa criticar aos governos da direita dos últimos 3 anos é pouco. Tudo o que se virá a saber deles, com o passar do tempo, é muito.
Só o facto de Portugal pertencer à UE evitou, de facto, males maiores. Entre esses o maior de todos teria sido, muito provavelmente, a própria perda da liberdade.
Os que pensam que esta afirmação é um exagero ainda não entenderam a natureza política e ideológica da direita que tem sustentado os governos em Portugal.
“Ex-Presidente da República confiante na maioria absoluta do PS
Mário Soares defende em entrevista ao "El País" próximo Governo de "salvação nacional".
Público on line
Só o facto de Portugal pertencer à UE evitou, de facto, males maiores. Entre esses o maior de todos teria sido, muito provavelmente, a própria perda da liberdade.
Os que pensam que esta afirmação é um exagero ainda não entenderam a natureza política e ideológica da direita que tem sustentado os governos em Portugal.
“Ex-Presidente da República confiante na maioria absoluta do PS
Mário Soares defende em entrevista ao "El País" próximo Governo de "salvação nacional".
Público on line
Certezas, Precisam-se
Preciso urgentemente de adquirir meia dúzia de valores absolutos,
inexpugnáveis e impenetráveis,
firmes e surdos como rochedos.
Preciso urgentemente de adquirir certezas,
certezas inabaláveis, imensas certezas, montes de certezas,
certezas a propósito de tudo e de nada,
afirmadas com autoridade, em voz alta para que todos oiçam,
com desassombro, com ênfase, com dignidade,
acompanhadas de perfurantes censuras no olhar carregado, oblíquo.
Preciso urgentemente de ter razão,
de ter imensas razões, montes de razões,
de eu próprio me instituir em razão.
Ser razão!
Dar um soco furibundo e convicto no tampo da mesa
e espadanar razões nas ventas da assistência.
Preciso urgentemente de ter convicções profundas,
argumentos decisivos,
ideias feitas à altura das circunstâncias.
Preciso de correr convictamente ao encontro de qualquer coisa.,
de gritar, de berrar, de ter apoplexias sagradas
em defesa dessa coisa.
Preciso de considerar imbecis todos os que tiverem opiniões diferentes da minha,]
de os mandar, sem rebuço, para o diabo que os carregue,
de os prejudicar, sem remorsos, de todas as maneiras possíveis,
de lhes tapar a boca,
de lhes cortar as frases no meio,
e lhes virar as costas ostensivamente.
Preciso de ter amigos da mesma cor, caras unhacas,
que me dêem palmadinhas nas costas,
que me chamam pá e me façam brindes
em almoços de camaradagem.
Preciso de me acocorar à volta da mesa do café,
e resolver os problemas sociais
entre ruidosos alívios de expectoração.
Preciso de encher o peito e de cantar loas,
e enrouquecer a dar vivas,
de atirar o chapéu ao ar,
de saber de cor as frequências dos emissores.
O que tudo são símbolos e sinais de certezas.
Certezas!
Imensas certezas! Montes de certezas!
Pirinéus, Urais, Himalaias de certezas!
António Gedeão
(Poema inédito, datado de 7/09/1954, até à sua publicação in “Poetas Visitados”, de Maria Augusta Silva, Edições Caixotim, Outubro de 2004)
inexpugnáveis e impenetráveis,
firmes e surdos como rochedos.
Preciso urgentemente de adquirir certezas,
certezas inabaláveis, imensas certezas, montes de certezas,
certezas a propósito de tudo e de nada,
afirmadas com autoridade, em voz alta para que todos oiçam,
com desassombro, com ênfase, com dignidade,
acompanhadas de perfurantes censuras no olhar carregado, oblíquo.
Preciso urgentemente de ter razão,
de ter imensas razões, montes de razões,
de eu próprio me instituir em razão.
Ser razão!
Dar um soco furibundo e convicto no tampo da mesa
e espadanar razões nas ventas da assistência.
Preciso urgentemente de ter convicções profundas,
argumentos decisivos,
ideias feitas à altura das circunstâncias.
Preciso de correr convictamente ao encontro de qualquer coisa.,
de gritar, de berrar, de ter apoplexias sagradas
em defesa dessa coisa.
Preciso de considerar imbecis todos os que tiverem opiniões diferentes da minha,]
de os mandar, sem rebuço, para o diabo que os carregue,
de os prejudicar, sem remorsos, de todas as maneiras possíveis,
de lhes tapar a boca,
de lhes cortar as frases no meio,
e lhes virar as costas ostensivamente.
Preciso de ter amigos da mesma cor, caras unhacas,
que me dêem palmadinhas nas costas,
que me chamam pá e me façam brindes
em almoços de camaradagem.
Preciso de me acocorar à volta da mesa do café,
e resolver os problemas sociais
entre ruidosos alívios de expectoração.
Preciso de encher o peito e de cantar loas,
e enrouquecer a dar vivas,
de atirar o chapéu ao ar,
de saber de cor as frequências dos emissores.
O que tudo são símbolos e sinais de certezas.
Certezas!
Imensas certezas! Montes de certezas!
Pirinéus, Urais, Himalaias de certezas!
António Gedeão
(Poema inédito, datado de 7/09/1954, até à sua publicação in “Poetas Visitados”, de Maria Augusta Silva, Edições Caixotim, Outubro de 2004)
sábado, janeiro 1
Tocar a terra
“Diz a fábula de Anteu, como sabem, que é preciso tocar de vez em quando a terra para não sucumbir. Pois para criar também.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos
Página 2 (2 de 7)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos
Página 2 (2 de 7)
BOM ANO
Aqui perto do ponto mais ocidental da Europa apresenta-se uma manhã escura e fria em que as aves sobrevoam a terra.
Com o passeio a pé na Praia Grande cumpriu-se um ritual. Despedidas e abraços. O ano de 2005 vai ser a continuação natural do de 2004. Nada de novo a ocidente. Mudam os cenários e alguns protagonistas. As mesmas dificuldades.
Mas como sempre se deseja um BOM ANO.
Com o passeio a pé na Praia Grande cumpriu-se um ritual. Despedidas e abraços. O ano de 2005 vai ser a continuação natural do de 2004. Nada de novo a ocidente. Mudam os cenários e alguns protagonistas. As mesmas dificuldades.
Mas como sempre se deseja um BOM ANO.
sexta-feira, dezembro 31
A Última Leitura do Ano
A minha leitura do “Aprendiz de Feiticeiro”, de Carlos de Oliveira, começa assim:
“Frases. Extractos. Textos completos. “O Aprendiz de Feiticeiro” de Carlos de Oliveira. Uma escrita exigente na nossa língua. Uma leitura pessoal dada por fragmentos aos amigos para comunicar simplesmente.
Uma frase explica quase tudo : “o que sustenta a obra literária é a sua capacidade de integrar-se no mundo pessoal dos leitores”, e esta integrou-se no meu.
As escassas notas pessoais são de Fevereiro de 1980 e de 24 de Julho de 1981. Nada disto tem a ver com a morte do autor. Este “livrinho” estava decidido desde Fevereiro de 1980.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Fragmentos
Página 2 (1 de 7)
“Frases. Extractos. Textos completos. “O Aprendiz de Feiticeiro” de Carlos de Oliveira. Uma escrita exigente na nossa língua. Uma leitura pessoal dada por fragmentos aos amigos para comunicar simplesmente.
Uma frase explica quase tudo : “o que sustenta a obra literária é a sua capacidade de integrar-se no mundo pessoal dos leitores”, e esta integrou-se no meu.
As escassas notas pessoais são de Fevereiro de 1980 e de 24 de Julho de 1981. Nada disto tem a ver com a morte do autor. Este “livrinho” estava decidido desde Fevereiro de 1980.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Fragmentos
Página 2 (1 de 7)
A Cilada
Antecipar receitas, adiar pagamentos. Todos os dias surgem novas notícias dessa prática do Governo. Ora o subsídio de desemprego, ora o abono de família, ora os reembolsos do IVA e o mais que se não sabe ...
Tantos e tão insistentes casos que dá para ficar em transe. Qual a herança que Santana, Portas e Bagão vai deixar para próximo governo?
Se fosse ao PS prevenia-me já!
Tantos e tão insistentes casos que dá para ficar em transe. Qual a herança que Santana, Portas e Bagão vai deixar para próximo governo?
Se fosse ao PS prevenia-me já!
quinta-feira, dezembro 30
A extrema direita existe
Não sei quantos portugueses se deram conta do que significou levar a extrema direita para o governo.
Dissimulada sob as vestes do nacionalismo social cristão a extrema direita projecta criar um partido com capacidade para disputar o poder. O poder de Estado, a sério. O PP é só a ponta do “iceberg”.
Enquanto não chega a sua hora e, para não perder tempo, faz negócios, aproveitando as suas posições no governo e coloca muito pessoal no aparelho de Estado. O PSD – Social Democrata – hipotecou o seu futuro quando “deu” as finanças ao PP e, em particular, a Bagão Félix.
Foi como se tivesse criado um espaço vital para a extrema direita ensaiar a demolição do PSD. Vamos ver nas eleições se o golpe resulta.
Mas lá que a extrema direita existe, existe. E tem ambições de tomar o poder.
Dissimulada sob as vestes do nacionalismo social cristão a extrema direita projecta criar um partido com capacidade para disputar o poder. O poder de Estado, a sério. O PP é só a ponta do “iceberg”.
Enquanto não chega a sua hora e, para não perder tempo, faz negócios, aproveitando as suas posições no governo e coloca muito pessoal no aparelho de Estado. O PSD – Social Democrata – hipotecou o seu futuro quando “deu” as finanças ao PP e, em particular, a Bagão Félix.
Foi como se tivesse criado um espaço vital para a extrema direita ensaiar a demolição do PSD. Vamos ver nas eleições se o golpe resulta.
Mas lá que a extrema direita existe, existe. E tem ambições de tomar o poder.
Relíquias
Encontrei hoje quatro exemplares de outros tantos "livros artesanais" que criei no início dos anos 80.
Os meus “livros artesanais” são montagens a partir de fotocópias, policopiadas, no formato A6 (é esse formato que corresponde a metade do A4?). Um já foi aqui divulgado. Trata-se de fragmentos de “Roland Barthes por Roland Barthes”.
Os restantes três são: “O “testamento” de Jean-Paul Sartre” (entrevista a Henry Levy, publicada na “Le Nouvel Observateur”/”O Jornal”); fragmentos de leitura de “Fragmentos de um Discurso Amoroso” de Roland Barthes, do Natal de 1980 e fragmentos de “O Aprendiz de Feiticeiro”, de Carlos de Oliveira.
Este último, de que já não me lembrava, é o mais interessante, contém algumas notas pessoais e vou dele reproduzir, nos próximos tempos, os fragmentos mais curtos e alguns outros.
Os meus “livros artesanais” são montagens a partir de fotocópias, policopiadas, no formato A6 (é esse formato que corresponde a metade do A4?). Um já foi aqui divulgado. Trata-se de fragmentos de “Roland Barthes por Roland Barthes”.
Os restantes três são: “O “testamento” de Jean-Paul Sartre” (entrevista a Henry Levy, publicada na “Le Nouvel Observateur”/”O Jornal”); fragmentos de leitura de “Fragmentos de um Discurso Amoroso” de Roland Barthes, do Natal de 1980 e fragmentos de “O Aprendiz de Feiticeiro”, de Carlos de Oliveira.
Este último, de que já não me lembrava, é o mais interessante, contém algumas notas pessoais e vou dele reproduzir, nos próximos tempos, os fragmentos mais curtos e alguns outros.
Revisitação
No outro dia na visita de Natal aos lugares da minha infância desci o caminho do monte à estrada. Estava um frio de rachar no campo entre as árvores dos frutos secos. Revisitei a figueira, defronte ao poço, e encontrei-a, nesta época, descarnada.
Revisitaram-me as descrições impressivas dos campos da Argélia de Camus e a figueira gelada de René Char. Neste meu caminho nem havia gelo, nem sol escaldante. Senti frio, somente frio. Por ironia na partida do monte o velho vizinho despediu-se fechando o punho como sinal da esperança.
No tempo em que aquele caminho era, para mim, novidade percorri-o acompanhado pelos meus primos Gervásio e Ezequiel. Eles nasceram na casa velha lá no cimo do monte e nela cresceram e se fizeram homens. O Gervásio permanece fiel à terra e ao seu mester de agricultor. O Ezequiel morreu já homem maduro.
Eu sempre fui um jovem visitante urbano ao qual "os primos do campo" lançavam ousados desafios aos meus pudores sexuais. Corava e mudava de conversa tanto quanto me deixavam as suas insistências.
Hoje nenhum primo desafia o meu filho que desce o caminho esperançoso a meu lado. Ele opina que devia levantar-se aquele telhado ... arranjar-se a “charrete” abandonada ... cuidar dos pormenores mais descuidados. Tem razão. Mas se o campo morreu deixado ao abandono pela maioria dos homens nele nascidos como dar-lhe esperanças de um novo dia.
Rumamos à cidade. Com a certeza de que as figueiras, agora descarnadas, resistem e, apesar de nós, no próximo verão, darão frutos suculentos.
O Já Visto
O governo de gestão vai anunciar tudo e mais alguma coisa. No caso dos incêndios fica-se com a sensação de que tudo já tinha sido anunciado antes.
Muitos milhões para investimento, “reforço de meios”, “estrutura única de comando”... É o que sempre se diz.
É o já visto.
“Estado vai investir 131 milhões de euros na prevenção e combate aos incêndios
O Governo anunciou hoje um investimento para 2005 de 131 milhões de euros na prevenção e combate aos incêndios florestais e o "significativo reforço" de meios humanos e aéreos. O Executivo refere que pretende evitar "situações de descoordenação" através de uma estrutura única de comando.” Lusa
Muitos milhões para investimento, “reforço de meios”, “estrutura única de comando”... É o que sempre se diz.
É o já visto.
“Estado vai investir 131 milhões de euros na prevenção e combate aos incêndios
O Governo anunciou hoje um investimento para 2005 de 131 milhões de euros na prevenção e combate aos incêndios florestais e o "significativo reforço" de meios humanos e aéreos. O Executivo refere que pretende evitar "situações de descoordenação" através de uma estrutura única de comando.” Lusa
quarta-feira, dezembro 29
Listas
As notícias da política eleitoral são listas, meus senhores, listas que incluem não só as de candidatos a deputados como as dos candidatos a todos os lugares possíveis e imaginários.
Não tarda os futuros titulares estão cansados, antes de exercer!
Não tarda os futuros titulares estão cansados, antes de exercer!
terça-feira, dezembro 28
O "Chefe" Está Brincar?
Todos os dias o Dr. Portas anuncia concursos, adjudicações, etc., para comprar material de guerra, envolvendo consórcios e empresas dos mais diversos países. Já ninguém entende nada: nem quem, ao certo, vende nem a quem, ao certo, se destinam os equipamentos. Falo da opinião pública.
É mesmo para ser assim. Um turbilhão de informações com um ar de assunto para especialistas? Mas toda a gente sabe da delicadeza das compras de material militar. Desde as questões estratégicas às questões financeiras. O "Chefe" está brincar? O governo não se demitiu? Não é um governo de gestão? O déficit está controlado?
Retirando as iniciativas que são mera propaganda quantos compromissos estarão a ser assumidos, em nome do Estado português, que, no futuro, não poderão ser honrados.
Espanta-me que ninguém se pronuncie, a sério, acerca deste frenesim! Nem partidos da oposição, nem especialistas, nem PR, ninguém abre a boca! Porque será?
“O Ministério da Defesa está a preparar a abertura do concurso para escolha dos helicópteros para a Unidade de Aviação Ligeira do Exército (UALE) e instrução da Força Aérea, a lançar antes de Fevereiro, revelou hoje fonte oficial.”
Lusa
Uma miragem
Nos meus tempos do liceu, em Faro, era sempre uma alegria a falta de um professor que nos abria a vida à felicidade de um jogo de futebol. Quando havia tempo, equipa e bola lá ia-mos estrada abaixo a caminho do campo dos “blocos”. Assim chamado pois cerca dele se faziam aqueles tijolos esbranquiçados da “Cavan” que serviam para erguer paredes.
O campo era improvisado, mais que “pelado”, e havia jogadores para todos os gostos alguns deles de categoria invejável. Os jogos eram a brincar mas lutava-se para vencer e não dávamos pelo cansaço. Nunca sou capaz de me lembrar do cansaço desse tempo.
Um dia aconteceu algo de excepcional. No meio de um jogo ouvimos o ruído de alguma coisa parecida com um avião que se aproximava a baixa altitude. Olhamos o céu claro e nele refulgiam, no ar, como uma miragem, pontos de luz que volteavam, lentamente, a caminho do chão.
Desatamos a correr na sua direcção e vimos que os pontos de luz eram panfletos lançados do avião. Não cheguei a apanhar nenhum pois se aproximaram os carros da polícia e nos fizeram fugir, a toda a pressa, a caminho do liceu.
Devia correr o ano de 1961 e soube, mais tarde, que aquele era um avião da TAP que fazia a carreira de Marrocos e fora desviado pelo Palma Inácio, e outros opositores à ditadura, que nos tinham presenteado com uma mão cheia de panfletos subversivos que eu nunca cheguei a ler.
Mas foi uma emoção aquela miragem vinda do céu. Tinha eu exactamente a idade que o meu filho tem agora.
Final de Ano, Final de Festa
As notícias de final de ano caem como pedras de chumbo em cima da cabeça do governo.
O primeiro-ministro e o ministro Bagão Félix parecem estátuas de gelo à espera dos primeiros calores eleitorais.
O “Jornal de Negócios” dá hoje à estampa uma notícia sintomática da situação da economia nacional que o próximo governo vai herdar.
“Economia portuguesa à beira de nova recessão
A economia portuguesa corre o risco de entrar neste final de ano numa nova situação de recessão técnica, definida pelos economistas como a ocorrência de dois trimestres consecutivos de variação em cadeia negativa do PIB...”
E o que se passará com os valores reais do déficit? 5%, 6% ou mesmo mais?
Não era má ideia avançar a sério com os trabalhos de uma Comissão Independente para avaliar a real situação das contas públicas antes que o Dr. Santana Lopes volte ao papel de comentarista e o Dr. Bagão Félix se recolha na sua quinta no Alentejo.
O primeiro-ministro e o ministro Bagão Félix parecem estátuas de gelo à espera dos primeiros calores eleitorais.
O “Jornal de Negócios” dá hoje à estampa uma notícia sintomática da situação da economia nacional que o próximo governo vai herdar.
“Economia portuguesa à beira de nova recessão
A economia portuguesa corre o risco de entrar neste final de ano numa nova situação de recessão técnica, definida pelos economistas como a ocorrência de dois trimestres consecutivos de variação em cadeia negativa do PIB...”
E o que se passará com os valores reais do déficit? 5%, 6% ou mesmo mais?
Não era má ideia avançar a sério com os trabalhos de uma Comissão Independente para avaliar a real situação das contas públicas antes que o Dr. Santana Lopes volte ao papel de comentarista e o Dr. Bagão Félix se recolha na sua quinta no Alentejo.
Ilha
Deitada és uma ilha E raramente
surgem ilhas no mar tão alongadas
com tão prometedoras enseadas
um só bosque no meio florescente
promontórios a pique e de repente
na luz de duas gémeas madrugada
o fulgor das colinas acordadas
o pasmo da planície adolescente
Deitada és uma ilha Que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias
Mas nem sabes se grito por socorro
ou se te mostro só que me inebrias
Amiga amor amante amada eu morro
da vida que me dás todos os dias
David Mourão-Ferreira
"Os sonetos"
In "Matura Idade" (1966-1972)
surgem ilhas no mar tão alongadas
com tão prometedoras enseadas
um só bosque no meio florescente
promontórios a pique e de repente
na luz de duas gémeas madrugada
o fulgor das colinas acordadas
o pasmo da planície adolescente
Deitada és uma ilha Que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias
Mas nem sabes se grito por socorro
ou se te mostro só que me inebrias
Amiga amor amante amada eu morro
da vida que me dás todos os dias
David Mourão-Ferreira
"Os sonetos"
In "Matura Idade" (1966-1972)
Chocante
Desta vez estou de acordo com Mira Amaral. Hoje no DN.
“Recurso ao fundo de pensões da CGD é «chocante»
Para este ex-ministro de Cavaco Silva, o «mais chocante» desta medida é o facto de ela ter sido adoptada «por um Governo de direita», que não se preocupa em «destruir mecanismos de mercado».
A existência de fundos de pensões capitalizados e a funcionar com a participação dos próprios trabalhadores é importante para o próprio funcionamento e credibilização do mercado de capitais.”
“Recurso ao fundo de pensões da CGD é «chocante»
Para este ex-ministro de Cavaco Silva, o «mais chocante» desta medida é o facto de ela ter sido adoptada «por um Governo de direita», que não se preocupa em «destruir mecanismos de mercado».
A existência de fundos de pensões capitalizados e a funcionar com a participação dos próprios trabalhadores é importante para o próprio funcionamento e credibilização do mercado de capitais.”
segunda-feira, dezembro 27
"Homenagem ao Papagaio Verde"
Para quem não leu recomendo o extraordinário conto “Homenagem ao Papagaio Verde”, de Jorge de Sena.
Foi recentemente reeditado, pelo “Público”, na “Colecção 2 Horas de Leitura” à venda nas livrarias.
Foi recentemente reeditado, pelo “Público”, na “Colecção 2 Horas de Leitura” à venda nas livrarias.
Regresso
Hoje muitos portugueses regressam ao trabalho. Alguns abutres, também. Pode ser que as “trapalhadas” regressem com alguns deles.
A quadra foi muito pobre em notícias do governo. Pode ser que regressem com ideias novas para dar alegria ao povo. Foi o que o nosso primeiro-ministro prometeu na mensagem de Natal.
Não tarda está aí o Carnaval.
A quadra foi muito pobre em notícias do governo. Pode ser que regressem com ideias novas para dar alegria ao povo. Foi o que o nosso primeiro-ministro prometeu na mensagem de Natal.
Não tarda está aí o Carnaval.
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