Um líder marxista* disse, um dia, qualquer coisa como: “
devemos evitar os sacrifícios inúteis”. Esse lema pode aplicar-se, nos nossos dias, na perfeição, à salvação do próprio marxismo. Não enquanto filosofia, repleta de ensinamentos válidos, mas enquanto doutrina politica. O marxismo, e os seus subprodutos, estão mortos pelo menos para aqueles que prezam, acima de qualquer outro valor, a liberdade. O que poderá suscitar espanto, para os que se interessam, e aderem às causas dos partidos que se reclamam do marxismo como o PCP. Quando utilizei a fórmula da “
esperança morta” aplicada aos crentes assumidos, ou não, nos “amanhãs que cantam” não estava, ao contrário do que afirma o meu amigo
Joaquim, a subestimar a crítica, qualquer que ela seja, seja qual for o seu destinatário. O problema é que os partidos que corporizam, no terreno da política, à esquerda da esquerda, a critica à política do PS, e ao seu governo, não a admitem no seu próprio seio. Não são, consabidamente, praticantes dos princípios que advogam para os outros. O PCP e o BE, cada um com a sua história, e seus métodos próprios, rejeitam a verdadeira discordância, eliminando os seus críticos como se elimina uma nódoa mesmo que seja à custa da integridade do pano. A concepção totalitária que explora a “fraqueza” da democracia politica, em favor da tirania, como a história ensina, não é monopólio da direita. Os exemplos domésticos, à esquerda, não faltam. Em época de crise todos os cuidados são poucos na apreciação dos méritos da política do “quero, posso e mando”, quer dos críticos radicais dessa política. O que eu digo é: busquemos o equilíbrio para não perdermos a razão.
* Talvez Antonio Gramsci, fundador do partido Comunista Italiano, que a Igreja Católica, por este dias, revelou ter-se convertido no leito de morte. Porque não? .