quarta-feira, agosto 26

PRESSÕES


Fernando Delgado

Para o SIMPLEX

Há pressões em todo o lado, em todo o tempo e em qualquer lugar, função ou desempenho, público ou privado, íntimo ou social, o que há mais é pressão, desde a imperial ao café, desde o desempregado ao executivo de topo, dos alvores da manhã às profundidades da noite. Toda a gente faz pressão sobre toda a gente. Equipa que não pressione não ganha. Veja-se a diferença entre o FC Porto de (quase) todos os dias e os seus rivais de sempre. Assim que se adivinha que o adversário vai receber a bola já lá está quem lhe trave o passo. É assim na vida comum e na vida política.

Salazar que só andou uma vez de avião – Lisboa Porto sem volta – ao aterrar disse para quem o acompanhava que nunca mais! Aquele meio de transporte civil sofisticado, introduzido, em Portugal, por Humberto Delgado, com a criação da TAP, deve ter exercido uma tal pressão sobre o ditador que ele desistiu de voar. De tal forma que nunca visitou as colónias que só conhecia através de relatos e relatórios mas que, certamente, desde 1961 exerceram muita pressão sobre a sua vida. Mário Soares governou, em democracia, sob pressão: desde o PREC, passando pela intervenção do FMI, até ao processo de adesão de Portugal à União Europeia (de 1974 a 1985 – 11 anos!).

Nenhum governante – seja qual for o país, organismo ou função - está isento de sofrer fortes pressões. Nem qualquer profissional que se dedique, com afã, às missões que lhe cabem as exerce sem pressão. Sujeitos às mais altas pressões, na verdade, estão os titulares de altos cargos, em especial os políticos eleitos, em particular, através dos meios de comunicação social, com a televisão à cabeça. A novela, com enredo de espionagem, ainda em exibição, é mais do que um episódio de pressão. É desespero, não sei a causa.

Será que a direita em Portugal, nos últimos anos, perdeu influência nos centros de decisão, da finança à economia, da polis à inovação social, tecnológica …? Será isso que lhe dói? O PSD mostra-se incapaz de reinventar um ideário social-democrata e, longe de convencer a sua base natural de apoio, acolhe-se na busca de um consenso social negativo face ao programa político reformista do PS. Apresentará, certamente, propostas, que convém não subestimar, mas o essencial do seu programa pertence à esfera da “não inscrição”, ou seja, às insinuações do “governo sob suspeita”.

Nos próximos 30 dias [exactos] de campanha eleitoral é esse o ponto de confluência de todas as pressões sobre o PS e o seu líder.
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Cuba: socialismo real

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terça-feira, agosto 25

segunda-feira, agosto 24

A FALÉSIA

Conheço razoavelmente bem o mar azul e a costa recortada do Algarve. Da casa dos meus avós maternos, situada num monte, para os lados de Tavira, pode observar-se quase metade da costa algarvia – de Ayamonte a Olhão. Desde criança essa imagem do mar azul ao longe nunca me abandonou. Aquela metade – o sotavento – não tem falésias correspondendo a quase toda a extensão da Ria Formosa. No Barlavento a costa apresenta uma fisionomia diferente onde surgem, nalguns troços, as falésias. Sabemos que, a partir da década de 60, a indústria do turismo tornou o Algarve um destino apetecível. A faixa costeira foi invadida por toda a espécie de empreendimentos, a mor das vezes, construídos sem rei nem roque. A voragem do lucro fácil venceu, quase sempre, a preservação do eco sistema. O desenvolvimento, que cria riqueza, transforma, inevitavelmente, a paisagem. E as novas paisagens construídas, em benefício da indústria turística, nem sempre golpearam a paisagem natural do Algarve. Por vezes beneficiaram-na. Uma discussão antiga. Mas a imagem das grandes máquinas derrubando a falésia na Praia Maria Luísa é brutal. É um elemento da paisagem natural. Não é um mamarracho construído sobre uma falésia. Que culpa tem a falésia de pertencer aquele ambiente natural? A falésia pode desmoronar-se! Os seres humanos que se deitam à sua sombra, apesar dos avisos, podem morrer! Como o mar os pode tragar num golpe traiçoeiro. Como o sol lhes pode marcar para sempre o destino. Não há racionalidade na tragédia. Nem a tragédia deve ser pretexto para arrasar a natureza. Bom! Sempre se pode abrir um processo-crime! Mas não seria necessário preservar a falésia? As marcas? Os indícios? Os deuses devem estar loucos!
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sábado, agosto 22

PROPAGANDA MISERÁVEL

Esta prosa que descobri aqui é politicamente miserável, hedionda, no plano ético e merecedora do mais profundo desprezo. Os comunistas honestos deveriam merecer mais respeito dos seus dirigentes.
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sexta-feira, agosto 21

BÚSSOLA ELEITORAL


A Marina Costa Lobo, e um grupo de politólogos, desenvolveram um projecto, muito interessante, denominado BÚSSOLA ELEITORAL – PORTUGAL. A luta política em tempo de eleições também merece que, por vezes, se junte à refrega o prazer da descoberta. Um jogo divertido e pedagógico.
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quarta-feira, agosto 19

A COISA CONTINUA PRETA ...



Moita Flores atribui medalha de ouro a José Sócrates. (…) Moita Flores disse que a resolução «em três meses» de um problema que se arrasta há mais de 100 anos e a entrega a Santarém de um monumento [o convento de S. Francisco] que é «uma jóia da arquitectura» justificam plenamente a mais alta distinção concelhia ao Chefe do Governo. (…)
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DIFERENÇAS ...


A diferença entre Manuela Ferreira Leite e José Sócrates, no presente combate político, é que Manuela tem uma estratégia de imagem, de que poucos falam, ao contrário de José que tem uma estratégia de imagem, de que toda a gente fala. A estratégia de que ninguém fala quer fazer passar Manuela como uma jovem na política, apesar dos seus 68 anos, com provas dadas, ao contrário de José que, sendo um veterano, com seus 51 anos, lhe faltam todas as provas. Quer fazer passar Manuela como uma mulher dialogante, ao contrário de José, um homem arrogante. Quer fazer passar Manuela como uma mulher que só fala verdade, ao contrário de Sócrates, que só fala mentira. É demasiado simples, linear e unilateral, para ser verdade. Basta que os portugueses sejam capazes de fazer um pequeno esforço de memória!
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terça-feira, agosto 18

O "CARRO ELÉCTRICO" DELES!

Para o SIMPLEX

Automóvel: Ford quer redes de carga eléctrica compatível em toda a área dos EUA

Os americanos têm cá umas ideias! Há uns anos atrás resmungaríamos com a nossa incapacidade de nos chegarmos à frente, em particular, nos progressos tecnológicos. Hoje esta notícia é acolhida pelos portugueses com a certeza de que estão actualizados em matéria de “carro eléctrico”. Porque será? E como será apresentada esta matéria no programa de governo do PSD? Rasga? Não rasga? É cedo? É tarde? Ah! Os tremendos compromissos firmados pelo governo do PS hipotecam o futuro do país!
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SOB ESCUTA

Margaret Stratton

Para o SIMPLEX

Estamos sob escuta ou há alguém na Presidência a passar informações? Será que Belém está sob vigilância? A Europa, desde que os grandes resolveram cumprir este grande armistício que dá pelo nome de União Europeia, deu sofisticação à violência comum. A violência política é, por sua vez, exercida com anestesia geral. Os políticos não morrem a tiro na rua, nem em casa, vítimas de emboscada; morrem nos vapores do éter mediático, vítimas de rumores disparados em letra de forma, de frases entarameladas, de entrevistas crípticas, de omissões premeditadas, de cínicos silêncios …
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segunda-feira, agosto 17

JUDAS

Ilustração daqui

Simplesmente miserável como, muito bem, assinala Eduardo Pitta:

A entrevista que José Luís Judas deu ao i é reveladora de uma forma de fazer política. E o título dela um modo muito particular de fazer jornalismo. José Pacheco Pereira, que foi a 1.ª vítima, será o primeiro a indignar-se.

Judas terá toda a razão do mundo para se ressentir do estado da Justiça e dos sete anos de opróbrio. E provavelmente não terá culpa do título escolhido. Mas o simples facto de ter referido a questão dá a medida de um carácter.
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sexta-feira, agosto 14

A VIDA ESTÁ DIFÍCIL ...

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DEIXAR REPOUSAR OS INDICADORES

Katie Baum

Talvez valha a pena ir às fontes para falar, com verdade, sobre os indicadores que chovem – neste caso reportando-me às estatísticas oficiais da UE – e pousá-los em repouso à vista de todos os que quiserem ver:

INFLAÇÃO – Portugal é o país, com a Irlanda, onde os preços menos subiram: The lowest 12-month averages4 up to July 2009 were registered in Ireland and Portugal (both 0.5%), and in Germany, France and Luxembourg (all 1.1%), and the highest in Latvia (8.8%), Lithuania (7.8%) and Romania (6.6%). *

PIB – Portugal é o país, com a Alemanha, França e Grécia, que apresenta o melhor resultado (+0,3) no trimestre, ou seja, o indicador revela claros indícios de se ter iniciado um período de recuperação da economia. Ver na coluna de 2009 – Q2 (2º trimestre) – a evolução do PIB no 2º trimestre de 2009: no conjunto da UE, a 16 (“zona euro”): -0,1; no conjunto da EU, a 27: - 0,3; Portugal: +0,3.

DESEMPREGO – Os dados do Eurostat, referentes a Junho de 2009, [2º trimestre] divulgados a 31 de Julho, apresentam para Portugal uma taxa de 9,3%, superior à que hoje foi divulgada pelo INE (9,1%). A taxa da UE a 16 (“zona euro”) é de 9,4% e a da UE, a 27, de 8,9%, ainda num contexto geral de crescimento do desemprego na UE. Como qualquer economista sabe os diversos indicadores não fazem “marcha unida” e o facto do desemprego tardar a desacelerar, face à recuperação da actividade económica, é uma evolução normal. Venham lá as eleições!

* The 12-month average rate4 overcomes this volatility by comparing average Harmonized Indices of Consumer Prices (HICPs) in the latest 12 months to the average of the previous 12 months. This measure is less sensitive to transient changes in prices.
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O ABSURDO POLÍTICO

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