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quinta-feira, outubro 15

terça-feira, outubro 6

CARLA BRUNI

O SITE DE CARLA BRUNI JÁ ESTÁ ACESSÍVEL. UMA FÓRMULA DE INTERVENÇÃO POLÍTICA MAIS DO QUE COMPLEMENTAR DO MARIDO-HOMEM-PRESIDENTE. A CONTINUIDADE E A DIFERENÇA. UMA CONTIDA REBELDIA INSTITUCIONAL. A MULHER CIDADÃ NA BUSCA DE UM MODELO DE INTERVENÇÃO POLÍTICA AUTÓNOMA. A INTERNET ELEVADA À CATEGORIA DE MEIO DE PRIMEIRA GRANDEZA. BASTAVA ESTE PORMENOR PARA TORNAR ESTE SITE UM SINAL DOS TEMPOS.
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segunda-feira, setembro 7

Liberdades ...
























A democracia mede-se pelo grau de respeito pelas liberdades fundamentais que radicam no direito de escolha. Escolher é o contrário de ser forçado. Escolher é poder, perante várias alternativas, decidir qual é a que se adequa aos interesses e valores de cada um. O direito de escolha não limita ninguém. A sua impossibilidade condiciona. A ausência do direito de escolha contraria a liberdade, legitimando ditaduras e discriminações. Os cidadãos têm direito de escolher entre casar ou viver em união de facto; têm direito a decidir, perante a sua consciência, divorciar-se ou sujeitar-se à violência de uma relação insatisfatória; têm direito a escolher a pessoa com quem querem viver e a forma como o querem fazer, sem discriminações em função do sexo, da etnia, da orientação sexual, da deficiência ou da religião; têm direito a decidir se querem ou não ter filhos; têm direito de errar e de não ser condenados a viver ou a condenar outrem a viver os efeitos desse erro. Ajudar os cidadãos a ter a liberdade de escolher (o casamento, a união de facto, o aborto, o divórcio, a transmissão dos bens) é uma das funções mais nobres do Estado Democrático. Não o compreender, não o aceitar e não o defender deixa dúvidas sobre o grau de tolerância e de respeito pela dignidade dos seres humanos.

(Este artigo foi publicado hoje, 7 de Setembro de 2009, no jornal Diário Económico)

Ana Paula Fitas, in A Nossa Candeia / Fotografia Marina Edith Calvo
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sábado, agosto 29

O SEU BLOGUE É ...


O Carlos Santos de O Valor das ideias colocou-me numa corrente que dá pelo nome de “O seu blogue é viciante”. Não me parece nada que seja o caso mas agradeço a simpatia que, aliás, é recíproca. Desta vez apeteceu-me ripostar encadeando dez blogues, nada convencionais, daqueles que sempre consulto.

BibliOdyssey
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sexta-feira, agosto 21

BÚSSOLA ELEITORAL


A Marina Costa Lobo, e um grupo de politólogos, desenvolveram um projecto, muito interessante, denominado BÚSSOLA ELEITORAL – PORTUGAL. A luta política em tempo de eleições também merece que, por vezes, se junte à refrega o prazer da descoberta. Um jogo divertido e pedagógico.
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segunda-feira, agosto 17

JUDAS

Ilustração daqui

Simplesmente miserável como, muito bem, assinala Eduardo Pitta:

A entrevista que José Luís Judas deu ao i é reveladora de uma forma de fazer política. E o título dela um modo muito particular de fazer jornalismo. José Pacheco Pereira, que foi a 1.ª vítima, será o primeiro a indignar-se.

Judas terá toda a razão do mundo para se ressentir do estado da Justiça e dos sete anos de opróbrio. E provavelmente não terá culpa do título escolhido. Mas o simples facto de ter referido a questão dá a medida de um carácter.
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quarta-feira, agosto 5

prémio lamniscata

Receber um prémio, nestas lides, é um convite à convivialidade (cada vez mais difícil). Ainda para mais com meio mundo a banhos. Não resisto, agradeço ao Mareirices e passo:
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sexta-feira, julho 3

SOLENIDADES E RITUAIS

Fotografia de Hélder Gonçalves

O exercício de caminhar através das memórias mais distantes, e profundas, é um acto de libertação. Partilhá-las com a comunidade que se dispõe a acolhê-las para nelas se rever, ou não, é um acto de comunhão. São razões que bastam para retomar alguns escritos antigos do tempo em que o Absorto era um mero espelho das palavras que nele desenhava.

Não queria ir. Não me sentia bem na minha pele. Mas estava tudo preparado. A teoria e o ritual. Sabia de cor as orações e o resto. Mas não queria ir. No dia dos actos solenes sempre me sinto com vontade de fugir. Não gosto de actos solenes. Depende das circunstâncias sofrer mais ou menos. Com os anos aprendi a defender-me e sofro menos. Porque não podemos fugir a todos os actos solenes.

Mas naquele dia fugi mesmo. A minha mãe correu atrás de mim. Fui à força a caminho da Sé. Cumpri, como sempre, com a minha obrigação. Percorri todos os caminhos de uma autêntica formação católica. Ficaram-me marcados na memória os personagens, os rostos e os cheiros. Alguns admiráveis e repousantes como os padres Patrício e Henrique. Outros execráveis e repugnantes. Aprendi a olhar para dentro e a falar comigo próprio.

Gosto de ler a poesia de Adélia Prado. E de ouvir o silêncio solene do interior de um templo vazio. De olhar as capelas e os altares. De admirar as obras de arte que os habitam. E de observar a crença dos que os frequentam. No fim da vida o meu pai, que eu julgava agnóstico, rezava. Mas não gosto de participar em rituais. Não gosto de seitas. Nem de associações secretas. Sejam religiosas, políticas ou outras. As suas obediências e silêncios não se conjugam com o meu conceito de liberdade. Isso explica muita coisa.

Fiz a comunhão solene. Tenho até uma fotografia, muito impressiva, acompanhado pelos meus pais e padrinhos (ou será do crisma?). Não me lembro, ao certo, como regressei da Sé. Mas lembro-me de nunca ter acreditado na confissão. Nunca ninguém, de verdade, se confessa. O que retenho, com nitidez, foram a vista e o cheiro das laranjeiras do largo da Sé de Faro. E um sorvete que comi, na Brasileira, às escondidas. Em pecado. Capital.
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sexta-feira, junho 26

A «Nova Esquerda» que eu conheci morrreu – Uff!


Surgiu recentemente o anúncio da criação de um movimento político que se auto intitula de Nova Esquerda. Trata-se, ao que parece, de uma “dissidência” do movimento que Manuel Alegre criou após a sua candidatura presidencial e do qual o próprio já se demarcou. O Araújo Pereira, dos Gatos Fedorentos, caracterizou, com acutilância, a natureza das motivações dos seus criadores:

Apesar do nome com que se quer registar como partido, é de temer que o Movimento Nova Esquerda não seja nem novo nem de esquerda. O que há a reter é o facto de se detectar tristeza entre os amigos de Alegre. Desiludidos com o facto do histórico deputado socialista não criar um novo partido, vão criá-lo eles. É normal que os partidos, ao longo da sua história, revejam a sua ideologia, mas desta vez os amigos de Alegre vão mais longe ao afirmarem que apesar de alegristas estão desiludidos com o seu próprio patrono.

Tem razão Araújo Pereira, pelo menos, quando diz recear que o novo movimento não seja novo. Sem querer beliscar, nem ao de leve, a legitimidade de grupos de cidadãos criarem os movimentos, ou partidos, que lhes aprouver, gostaria de dar testemunho acerca da criação, em 1984, do movimento Nova Esquerda que, apesar de nunca se ter formalizado (ainda bem!), nem ter registado a sigla, foi bastante longe nos preliminares, através da elaboração de uma “Declaração de Princípios”, de tomada de posições públicas…. Os tempos eram difíceis!...

Reproduzo, de seguida, o meu testemunho, acerca do contexto em que esse movimento surgiu, numa posta que escrevi, em Abril de 2004, sob o título “Do MES à Nova Esquerda”, lavrando o meu quixotesco protesto, não tanto pela utilização da sigla, “ipsis verbis”, mas pela aparente ignorância de certa esquerda acerca da sua própria memória o que a levará, inevitavelmente, à irrelevância. Convenhamos que o caminho da renovação da esquerda carece de um pouco mais de estudo e imaginação.

Nas reuniões e discussões prévias ao I Congresso [do MES] lembro-me de ter, em diversos momentos, divagado a sós, angustiado pela percepção da "quadratura do círculo" que constituía, naquelas circunstâncias, conciliar a democracia representativa com a democracia directa, ou "poder popular".
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Uma síntese impossível. Era necessário ganhar tempo, mas a gestão do tempo não era o nosso forte, nem o "espírito da época" favorecia as esperas sábias e pacientes.
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As revoluções criam uma especial escala do tempo em que nos sentimos atraídos pela acção e a acção exige mais acção. A única saída possível para tornar o MES um Partido útil, na construção da democracia representativa e participativa, tinha-se esfumado com o desenlace daquele Congresso.
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Os que romperam prepararam pacientemente a sua integração no PS. Os que ficaram, por convicção ideológica ou devoção a amizades autênticas, forjadas nas lutas do passado, foram absorvidos pela voragem dos acontecimentos e foram saindo, em levas sucessivas, até à extinção do movimento no célebre jantar do Mercado do Povo.
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Após a extinção do MES alguns de nós dinamizaram, no início dos anos 80, a criação da "Nova Esquerda" em cuja declaração de princípios se preconizava o "desenvolvimento de um novo pensamento de esquerda que, assentando fundamentalmente na ideia do socialismo democrático, clarifique as suas fronteiras, encare os valores da liberdade individual, da solidariedade social e da iniciativa modernizadora (tanto ao nível económico como cultural), como elementos constitutivos essenciais."
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Defendia-se, num notável documento de Julho de 1984, que mantém plena actualidade, entre outros objectivos, o debate "aberto e inconformista que envolva todos os sectores interessados na modernização do país", o "reforço da democracia" e a "adesão à CEE".
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Esse documento preparado para a criação de uma abortada "Cooperativa Nova Esquerda" foi assumido por Afonso de Barros, Agostinho Roseta, Eduardo Ferro Rodrigues, Eduardo Graça, Eurico de Figueiredo, Jofre Justino, José Leitão, Júlio Dias, Margarida Marques, Sara Amâncio, Tereza de Sousa e Vitor Wengorovius.
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Em 21de Abril de 1986 a Comissão Coordenadora da "Nova Esquerda", constituída por Afonso de Barros, Agostinho Roseta, Eduardo Ferro Rodrigues, Eduardo Graça e Vitor Wengorovius anuncia que, após seis anos, a "atitude de solidariedade crítica externa ao PS se esgotou e deve ser superada por uma intervenção política concreta que, para a maioria dos membros desta comissão, pode e deve ser realizada, desde já, dentro do PS."
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Em consequência, no decurso do ano de 1986, todos os membros da Comissão da "Nova Esquerda", com excepção de Vitor Wengorovius, entre outros ex-activistas do MES, aderiram colectivamente ao PS.
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... é altamente recomendável ler um apontamento de Eduardo Graça, no seu Absorto, intitulado A «Nova Esquerda» que eu conheci morrreu – Uff! . Trata-se de um relato, por dentro, de um episódio da história da democracia portuguesa - o qual, ao espelho, dá a ver a ignorância chapada (ou então a arrogância) de alguns sábios renovadores da esquerda que chegaram no último minuto junto ao balcão de serviço e começaram logo a pedir bebidas que não sabem o que sejam só por vagamente lhes terem ouvido chamar o nome.Do texto do Eduardo, atrevo-me a recortar apenas isto: «Convenhamos que o caminho da renovação da esquerda carece de um pouco mais de estudo e imaginação.» Aplaudo. Doendo-me as mãos só de pensar no que a vida é, mas aplaudo.
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