terça-feira, junho 20

JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES - GALVÃO TELES E CÉSAR DE OLIVEIRA

Posted by Picasa Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)

José Manuel Galvão Teles e César de Oliveira

Nesta fotografia o César canta (ou discursa?) sob a benévola aquiescência do José Manuel. Dois pesos pesados do MES originário que haveriam de sair dele em momentos diferentes. Galvão Teles logo na primeira leva, aquando do I Congresso, em Dezembro de 1974, com o chamado grupo de Jorge Sampaio, para constituir o GIS (Grupo de Intervenção Socialista) e César de Oliveira, posteriormente, para aderir ao MSU (Movimento de Unidade Socialista), à “Fraternidade Operária” e, finalmente, à UEDS, de Lopes Cardoso. Todos, por fim, acabariam por aderir ao PS.

O César de Oliveira era uma figura peculiar por associar um perfil de académico, com obra de mérito reconhecido, ao de “homem do povo”. Lembro-me das suas fúrias tremendas no seio de debates acalorados, batendo com a porta e saindo da sala para, logo de seguida, voltar a entrar. Da sua áurea de “historiador do movimento operário” e o que essa condição representava para os nossos sonhos de jovens aprendizes de revolucionários numa época em que pensávamos ser possível transformar o mundo.

Curiosamente ainda não há muito tempo veio a descobrir-se, através de uma convocatória do Tribunal Constitucional, que o MES, afinal, não tinha sido formalmente extinto. Foi um momento de perplexidade, em particular, para o Nuno Teotónio Pereira que, como primeiro subscritor do processo da constituição do partido, recebeu a dita convocatória.

Deve ter sido o José Manuel Galvão Teles a desembrulhar o imbróglio no qual não estivemos sozinhos pois, ao que parece, o Nuno se encontrou no Tribunal com Magalhães Mota que andava ao mesmo mas pela parte da ASDI (Associação Social Democrata Independente – é assim?).

Ainda houve, no meio deste episódio pitoresco quem se tivesse enxofrado argumentando que o Nuno não tinha nada de “dar baixa” do partido sem antes convocar uma assembleia-geral ou assembleia com poderes para o acto. “Dar cabo” de um Partido dá mais trabalho do que parece!

... e variegados tons ostentam em seus rostos ...

(…)
sem servir de pretexto às mais sentidas manifestações de pesar
quando continuemos já nas casas fabricavam os primeiros licores de frutas
e as jovens concubinas eram simples e sensíveis insolentes mesmo
fiéis a uma moral própria nunca normativa
mas nascida dos actos ou então de decisões a longo prazo
quando em salões aveludados se teciam considerações sobre temas vários
como o da alma o da diversidade e quantidade das flores existentes
enquanto pelas bermas secas se formavam miosótis com um mínimo de cor
e a cúpula das áleas lembraria um dossel de folhas encarnadas
em castelos talvez de paredes ou muros devorados pela hera
onde os cães de indefinidos olhos circundavam e sugavam as pessoas
com uns gestos domésticos não descritos nas palavras dos profetas
invariavelmente loquazes sempre que alguém falava de leões
onde as donzelas ingressavam em silêncios tão cingidos como certas árvores
nalguns finais de tardes com o sol envolto já em nuvens
sobre a terra indecisa agressiva porém nos seus perfumes penetrantes
à hora em que magníficas mulheres como a de sacher-masoch põem pentes nos cabelos
e variegados tons ostentam os seus rostos
(…)
Ruy Belo

A Margem da Alegria [6]

segunda-feira, junho 19

"... ser julgado sem lei."

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

"Aquele que adere a uma lei não teme o julgamento que o reinstala numa ordem em que crê. Mas o maior dos tormentos humanos é ser julgado sem lei. Nós vivemos, porém, neste tormento."

Albert CamusA Queda (Sublinhados de Ana Alves)

In CADERNOS DE CAMUS

domingo, junho 18

JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES - INÊS E JOSÉ CARLOS

(Clique na fotografia para ampliar)

Inês Cordovil e José Carlos Albino

Uma conversa amena entre duas pessoas dialogantes, amigas do seu amigo. Rostos serenos que não perderam nunca as suas expressões de afabilidade autêntica. Olhando-os retratados e escrevendo os seus nomes não evoco o passado, anuncio o presente.
(Alerta-me o António Pais que é a Isabel e não a sua irmã Inês. As minhas desculpas a ambas mas mantenho tudo o que escrevi.)

LULA

SANTA MARIA DEL POPOLO

Posted by Picasa Crucifixion de Saint Pierre Le Caravage,1600 Huile sur toile, 230 x 175 cm Chapelle Costa, Santa Maria del Popolo, Rome

«13 décembre
Caravage encore. Santa Maria del Popolo. Tristesse de Rome aussi avec ses rues trop hautes trop tendues. C´est pourquoi les places y sont si belles, elles délivrent, le baroque triomphe alors du romain. Comme ses couples romains figés dans la pierre et qui n´ont en commun que d´avoir avalé leur canne. L´heure entre chien et loup qui se glisse entre les palais et fait crouler les fières façades. Le soir M. me parle de Brancati* et de sa mort. Dîner seul.»

* Vitaliano Brancati (1907-1954), romancier sicilien.

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VIII (Août 1954/Juillet 1958)
Gallimard

sábado, junho 17

RONDEL AU BESOIN

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

Quem pode arder a vida inteira
E tudo calar desta maneira
Que ninguém veja o seu cuidar?
Que amizade mais verdadeira
Pode sentir-se só de a guardar?

Grande é o céu, a terra, o mar …
Grande dos sábios o pensar …
Quem contar pode os grãos da eira?
Quem pode?

Não tens de ir longe para me encontrar:
De onde guardas teu pensar
Ao coração que sobranceira
Guardas no peito a vida inteira
Quem senão tu me pode encontrar?
Quem pode?

28.8.61

José Blanc de Portugal

In “ENÉADAS – 9 Novenas”
Imprensa Nacional – Casa da Moeda

GANHAR

Posted by Picasa Fotografia de “Sissi”

O futebol de novo. Hoje Scolari, ou o “Sargentão”, colocou Portugal a ganhar no mundial. Segunda vez seguida. Uma maçada! Desta vez, como que para mostrar a sua teimosia, começou com a equipa de sua predilecção.

Os críticos, no íntimo, esperam pelo dia da vingança. Mas está difícil a concretização do grande desígnio português de perder e chorar sobre o leite derramado. Ainda bem!

Quarta-feira, após, o Portugal-México volto ao tema. Hoje queria, no fundo, era mostrar aquela magnífica fotografia.

REENCONTROS

Posted by Picasa No monte de Santo Estêvão – Tavira – com vista para o mar

A terra algarvia vista do terraço erguido no alto do monte estende-se até ao mar.

O verde das árvores e o azul do mar resplandecem entrecortados por vozes longínquas que soam abafadas.

O manto branco das amendoeiras em flor perfuma o ar na época da floração.

O caminho estreito até à estrada de curto se faz longo ladeado pelas silvas e pelas pernadas das velhas alfarrobeiras.

A música rara da água ecoa ziguezagueando nas levadas da horta.

O sol greta as romãs e amadurece o trigo. Amanhã vai chover!

Esperanças de abundância na luta pela sobrevivência. Esperanças sustentadas pelo pão escuro amassado por gerações esquecidas.

Como aprendi a compreender a revolta e a admirar a luta do homem contra a adversidade e a escassez!

(Aos meus amigos de infância Carlos Diogo (USA) e João Brito de Sousa (PORTO) reencontrados no espaço virtual após décadas de separação.)

ACTUALIDADE POLÍTICA - 100 DIAS

Posted by Picasa Laetitia Casta

A moça, sempre atenta, assinala a passagem dos 100 primeiros dias sobre a tomada de posse do Presidente da República ocorrida, sem pompa nem circunstância, no dia 8 de Março de 2006.

Tempos atrás afirmei que li o seu programa eleitoral que é, no essencial, fundado nos princípios da social-democracia. O seu discurso de tomada de posse em nada altera a matriz do programa eleitoral. A sua acção política, até ao momento, não se desvia das bases programáticas a que obedeceu a sua candidatura à presidência.

Conheço alguns membros das casas civis e militar, consultores e adjuntos do PR. O chefe da casa civil, o Liberato, é um homem decente, sejamos justos, nada mau sinal. O David Justino é competente para a função (e mantém a tradição de haver na presidência sempre alguém que tenha sido do MES). O Espada é um liberal em trânsito continuado da esquerda para a direita – apreciado por Mário Soares anos atrás – e adquiriu uma sólida cultura política.

Além do mais já escrevi acerca das minhas expectativas da magistratura presidencial de Cavaco. Não interessa, nesta fase, a Cavaco descolar do governo na justa medida em que não interessa ao governo descolar de Cavaco. Mas não tenhamos ilusões acerca da divisão dos campos. É só uma questão de tempo e, em consonância com a evolução da situação económica e social, abrir-se-á o conflito entre Belém e S. Bento. 100 dias é só o tempo mínimo para os adversários se reconheçam nos respectivos papéis!

sexta-feira, junho 16

... sem servir de pretexto às mais sentidas manifestações de pesar...

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

(…)
e ao menos um amigo se tornava o adversário imprescindível
quando colher rosas nas sebes se tornara já um ritual
para as flores mortais mortais às vezes para quem as colhe
rosas vermelhas as mais olorosas as que mais depressa morrem
as que são um instante apenas ó rosa solitária e rubra que espero encontrar
no quarto onde eu morrer sozinho e donde sozinho sairei
sem servir de pretexto às mais sentidas manifestações de pesar
(…)

Ruy Belo

A Margem da Alegria [5]

quinta-feira, junho 15

JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES - MOSCAVIDE

Posted by Picasa Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)

Identifico, em baixo, à direita, o Francisco Farrica (de óculos), logo seguido do Marcolino Abrantes. Ajudem-me a identificar os restantes para não errar os nomes.

A propósito desta fotografia, que retrata um grupo de Moscavide, transcrevo um post de Março de 2004 que intitulei “Independentes e rebeldes”.

Este é um pequeno contributo para que todos os que se admiram pela minha persistência em publicar estas imagens, mais ou menos arqueológicas, entendam o sentido do percurso de uma geração que está longe de se esgotar no MES. Neste caso versando acerca da demarcação do Partido Comunista.

A nossa visão do papel da luta operária e do movimento sindical era muito diferente da perspectiva do PCP. Defendíamos a “auto organização” dos trabalhadores e a emancipação do movimento sindical, fora do controle político partidário do PCP ou de qualquer outra formação partidária.

A raíz da nossa concepção da organização operária e sindical bebia na tradição anarco-sindicalista e nos ideais auto-gestionários.

A natureza das nossas concepções da vida, da luta de emancipação dos trabalhadores e da organização do Estado, tornaria muito difícil qualquer tentação de aliança estratégica com o PCP e, por maioria de razão, tornava-nos imunes a ser absorvidos pela sua reconhecida vocação hegemónica.

No MES confluíram quadros intelectuais e operários cujos destinos pessoais não eram compatíveis com a submissão a qualquer autoridade. Éramos (e somos!) ferozmente independentes e rebeldes.

Por isso não admira que o MES tenha sido o único Partido, criado na aurora do 25 de Abril, que se extinguiu, por vontade da maioria dos seus militantes, com uma festa.

Nem sequer admira que sejam raros os ex-activistas do MES que tenham, algum dia, aderido ao PCP, ou às teses neo-conservadoras, ao contrário do que aconteceu com muitos ex-activistas dos movimentos políticos marxistas-leninistas que se reivindicavam do maoismo.

Anti-autoritários e de esquerda toda a vida...

MARIA VELEDA

Posted by PicasaMaria Veleda

O nome de Maria Veleda não deve ser conhecido na sua terra natal que, por acaso, também é a minha. Por isso me lembrei de a evocar no A Defesa de Faro. O tempo apaga da memória das gentes mesmo os seus mais ilustres ancestrais. Os exercícios de memória fazem bem às nossas sociedades e ajudam-nos a lidar melhor com a contemporaneidade.

Nasceu em Faro, a 26 de Fevereiro de 1871, pseudónimo de Maria Carolina Frederico Crispin. 1955 – morre em Lisboa. É uma das mais notáveis mulheres farenses de todos os tempos. Natividade Monteiro escreveu uma breve biografia de Maria Veleda disponível na Colecção “fio de ariama” publicada pela “Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres”.

quarta-feira, junho 14

...e ao menos um amigo se tornava o adversário imprescindível ...

Posted by PicasaFotografia de Philippe Pache

(…)
quando entre a noite e nós se estabelecia um parentesco cúmplice
visível em mansões quadradas devassadas por inumeráveis ventanais
quando a magnólia branca e concentrada concentradamente branca
exibia esse branco como uma bandeira da paz íntima da terra
e o sol conspirava na suspeita mansidão de alguns quintais
e os piões quadrados já rodopiavam sobre as mesas
quando nas grandes salas de família as mãos multiplicadoras das mulheres
às vezes desdobravam as alvas de linho ocultas quase sempre em arcas
muito velhas arrancadas às vezes às arcas pelas sucessivas gerações e eram
temporais misteriosas cheias de leves cheiros e capazes de repente
de congregar os mortos mais recentes os mortos mais antigos numa
assembleia nocturna dispersos de repente pela luz de mais uma manhã
especialmente no dia da senhora das candeias quando o sol além de sol
era prenúncio de que se sucederiam sete meses prósperos e secos
quando as mulheres movendo-se moviam os cabelos populosos
e conheciam incontáveis nomes e eram conhecidas por nomes incontáveis
e nunca esses nomes as continham quando as mulheres sabiam
coisas que muitos homens pensaram no passado mas depois esqueceram
e elas repetindo-as iam de uma sala para outra ao sabor das situações
quando as pessoas já eram mortais mas não o eram assim excessivamente
e se reconheciam a si próprias nuns olhos alheios
e a sua pele humedecia e se tornava cada vez mais fina
sem deixar de ser pele sem passar a ser cútis a não ser nos anúncios
ou nos salões de cabeleireiras onde sempre se fala só dos outros
da vida privada dos outros dos pequenos escândalos diários
e fora disso havia a barba que crescia e que cobria a cara
com que uns homens outros homens encaravam
e a vida era vivida quase sempre como coisa súbita
quando a ociosidade fazia o tempo demorar e quase que parar
e sempre acentuar a densa duração dos dias
e ao menos um amigo se tornava o adversário imprescindível
(…)

Ruy Belo

A Margem da Alegria [4]

ACTUALIDADE POLÍTICA - SINDICATOS

Posted by Picasa Laetitia Casta

Um olhar transparente lançado hoje sobre a actualidade política nacional pode resumir-se numa frase: mesmo quando não parece a luta aquece. A sorte do futuro da educação está na sua reforma profunda, a cargo do governo; a sorte do investimento estrangeiro em Portugal está na capacidade negocial do governo, legitimamente eleito. Este governo, ou outro qualquer, seria sempre obrigado a opções impopulares e a negociações difíceis. Basta saber que o deficit tem que baixar de 6%, em 2005, para 4,8%, em 2006! Os sindicatos parecem desconhecer a realidade e tendem a ocupar o lugar de aliados dos seus verdadeiros adversários.

terça-feira, junho 13

Caravaggio

Posted by Picasa Caravaggio - Narciso - Galleria Nazionale di Arte Antica, Roma

«Les Caravage, non ceux de St Louis des Français, vus dans l´après- midi, décidément superbes par le contraste de la violence et de l´épaisseur muette de la lumière. Avant Rembrandt. Surtout la Vocation de St Matthieu : superbe. C. me fait remarquer la constance du thème de la jeunesse et de l´âge mûr.

(Alberto) Moravia m´avait déjà parlé de l´homme q´était Caravage : plusieurs fois criminel, fuyant la Toscane sur un bateau où il est dévalisé, puis jeté sur une plage, il y meurt, dément (1573- 1610).»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VIII (Août 1954/Juillet 1958)
Gallimard

JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES - PEDROSO LIMA

(Clique na fotografia para ampliar)

Da esquerda para a direita: Guiomar, Manuel Pedroso de Lima, Nunes da Silva e “Cá Maria”.

Prossigo a publicação de uma série de fotografias originais, de autoria de António Pais, documentando o jantar de extinção do MES (Movimento de Esquerda Socialista), realizado em 7 de Novembro de 1981.

Nesta fotografia, curiosamente, todos os retratados surgem pela primeira vez incluindo o Nunes da Silva que não era militante do MES mas que deverá ter sido simpatizante e aderido aquele inusitado acto de extinção perante a sua originalidade.

Aqui surge também o Manuel Pedroso Lima que, com a sua mulher Luísa, foram, desde sempre, uma referência pessoal incontornável, solidária e permanente, para todos nós. Eles fazem parte daquela categoria de pessoas admiráveis que não mudam nem vacilam, nos planos pessoal e humano, face às vicissitudes da história ou às dificuldades do momento.

segunda-feira, junho 12

ACTUALIDADE POLÍTICA RETROSPECTIVA - EDUCAÇÃO

Posted by Picasa Laetitia Casta

A moça sempre atenta faz uma incursão retrospectiva pela actualidade política desta vez versando acerca da magna questão da educação sobre a qual todos os cérebros nacionais, ainda com alguma capacidade de opinar, têm tecido vastas e sábias considerações.

A notícia que se segue é de 30 de Outubro de 2005 – pelo menos no meu registo – e nunca cheguei a fazer nada com ela (a notícia) pois tenho muito respeito pela educação e encontro-me envolvido com ela (a educação).

É interessante, no entanto, verificar que todas as medidas referidas na notícia retrospectiva foram ou estão sendo concretizadas. Agora que os sindicatos da área da educação anunciaram novas, e mais duras formas de luta, talvez seja bom repararem no grau de sucesso das suas anteriores reivindicações – próximo de zero.

Eis a notícia, provavelmente de 30 de Outubro de 2005, da qual já não sei a fonte (Lusa?):

A Fenprof, que teve ontem um encontro com a tutela da Educação, revelou hoje em comunicado que, relativamente a eventuais colocações plurianuais, discordará dos mecanismos que impedirem os professores de tentarem, anualmente, mudar de escola para ficarem mais perto das suas famílias.
A Federação Nacional de Professores rejeita as colocações plurianuais – que visam manter os professores na mesma escola por três anos –, sublinhando que a alegada estabilidade conseguida com essa medida não justifica "constrangimentos, desincentivos, penalizações ou impedimentos de apresentação de candidatura dos docentes".
Entretanto, numa reunião entre a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação e os Sindicatos Independentes, realizada logo após a audiência da FNE com a ministra Maria de Lurdes de Rodrigues, ficou assente que, se o Governo não recuar nas suas posições, FNE, Fenprof, Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep) e Sindicatos Independentes avançam mesmo para a greve.
As estruturas sindicais estão preocupadas com a generalização do Inglês no 1º ciclo, com o programa de formação em Matemática dos professores de 1º ciclo e o programa de combate ao insucesso escolar, a reorganização da componente não lectiva no horário dos docentes e o alargamento do horário nas escolas do 1º ciclo.
A alteração do regime de aposentação da Função Pública, em que os professores se incluem, a revisão do regime geral de aposentações dos professores do 1º ciclo e educadores de infância e a alteração ao regime de formação contínua dos professores são outros dos assuntos em relação aos quais a tutela e os sindicatos estão em desacordo

... quando entre a noite e nós se estabelecia um parentesco cúmplice...

Posted by Picasa Gil Roman et Maria Tosta, 1994 ( Béjart )
Fotografia de Philippe Pache

(…)
com os limos com os seixos muito brancos e moldados pela água
na época do ano em que a chuva restituíra à terra em forma líquida
parte da água que há muito lhe devia e agora humedecia coisas in-
significantes como os humílimos botões dos musgos a capa muito verde
de certos muros erguidos para demarcar os bens com que a prosperidade
nos presenteara e o tempo a pouco e pouco tais demarcações dissimulara
na palidez das tardes invernais de um determinado roxo levemente tintas
nessas obnubiladas sentinelas dos antigos casarões de esconsas ruas
quando entre a noite e nós se estabelecia um parentesco cúmplice
(…)

Ruy Belo

A Margem da Alegria [3]

domingo, junho 11

FIGO

Portugal estreou-se a ganhar no Mundial de Futebol. Scolari surpreendeu os seus críticos. Afinal o homem não é tão conservador como o pintam. Mudou a equipa. Deu a titularidade a Petit, Simão e Tiago. Aqui há uns dias atrás nenhum deles estava na lista dos titulares. Por fim recuou, de forma realista, pois o que interessa nestas coisas é ganhar. Figo, aos 33 anos, é uma preciosidade quer a jogar quer a divulgar a imagem de Portugal.

JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES - INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

Posted by Picasa Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)

1ª Fila: Rosmaninho, António Silvério, Ema, Pedro Barahona, Nuno Ribeiro da Silva, Jorge Wemans, António Pais, Mário Trigo e Mané; 2ª Fila: Carlos Aroeira (Kiká para os amigos), José Júlio, António Pinto Bastos (encoberto), Vítor Silva, Pinotes, Luís Trigo e Álvaro Tavares.

Um grupo do IST (Instituto Superior Técnico) com uma legenda completa mas um pouco difícil de alinhar. É possível, nesta fotografia, observar a presença de muitas caras novas mas, sem demérito para ninguém, entre elas, assinalo o Vítor Silva e o Jorge Wemans.

Mais uma imagem-testemunho em que surgem, em toda a plenitude, a jovialidade e a força da juventude que estiveram presentes em toda a curta trajectória política do MES.

A DEMOCRACIA SEGUNDO BUSH

Posted by Picasa Fotografia daqui

Bush lança operação diplomática após triplo suicídio em Guantánamo

“Ele quer assegurar-se de que isto é feito da forma correcta de todos os pontos de vista", disse Tony Snow ontem à noite sobre as intenções de Bush.”

O Presidente americano pediu, segundo Snow, que os corpos sejam "tratados de forma humana e com sensibilidade cultural" em respeito das tradições fúnebres muçulmanas.

Não há palavras para qualificar a hipocrisia de Bush e dos seus acólitos. Uma vergonha para a civilização ocidental e para o povo norte-americano. É verdade que a violência e a injustiça campeiam no nosso dia a dia.

Os assassinos rastejam junto a nós – à distância de um click – e exalam o cheiro fétido do ódio e da falta de compaixão. Dirá o Papa no ano 2050: “Como foi possível que não tenhamos visto? E se vimos porque não agimos?”

sábado, junho 10

AUSTRALIANOS

...na carne tumefacta e inaugural ...

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

(…)
e o vento consigo trazia a flor do cacto que mal nasce logo morre
na carne tumefacta e inaugural
e transportava aromas densos e procriadores ainda então
e os nossos bens na terra eram os olhos que regavam novos campos
quando as tardes eram notoriamente altas e as sulcavam
vozes de muitas raparigas que voltavam das fontes ou de minas com avencas
de bilhas muito esguias à cabeça bilhas que prolongavam o seu porte
o seu andar seguro e digno bilhas de mãos fincadas nas ilhargas
bilhas extremamente sabedoras desgastadas afinal pelo convívio
com os limos com os seixos muito brancos e moldados pela água
(…)

Ruy Belo
A Margem da Alegria [2]

(A Margem da Alegria é um longo poema. Vou transcrevê-lo, na íntegra, por fragmentos, organizados segundo o meu critério, ilustrados, cada um deles, por uma imagem também de minha inteira responsabilidade que corresponderá, naturalmente, ao meu estrito gosto pessoal. O primeiro verso de cada novo fragmento transcreve, em cor cinza, o derradeiro verso do último fragmento publicado. Numero cada um dos fragmentos para permitir ao leitor, em cada momento, a percepção do conjunto. Espero, no fim da tarefa, reunir os fragmentos e publicar o poema integral no Ir ao Fundo e Voltar (sem imagens), pois me parece que, na blogosfera portuguesa, não está disponível este poema na íntegra. Caso esteja agradeço que me avisem.)

sexta-feira, junho 9

DIA DE PORTUGAL

Posted by Picasa Fotografia daqui

Esta moça, além de viver da sua própria imagem, vê, certamente, um pouco de TV, lê jornais gratuitos e notícias “on line”, olha as manchetes nas bancas e os placards nas ruas, contribuindo, paulatinamente, como eu, para a quebra de venda dos jornais de referência e a sua falência a prazo.

Na verdade leio, todas as manhãs, duas ou três notícias, antes de abrir o sinal verde num cruzamento conhecido da cidade. Hoje fiquei a saber que o Senhor Presidente da Republica decidiu homenagear o Infante D. Henrique. Devo confessar a minha falta de patriotismo pois me tinha esquecido absolutamente do nosso Infante o que prova o mérito da iniciativa presidencial.

Ontem, por sua vez, fiquei a saber, pelo Expresso “on line”, que o PR, no seu primeiro Dia de Portugal, decidiu condecorar um ex-membro do comité central do PCP. Num primeiro impulso pensei que se tratasse de um daqueles lutadores anti fascistas, de origem operária ou camponesa, mas, afinal, era, tão sómente, Óscar Lopes apresentado, surpreendentemente, em grandes parangonas e com o nome completo. Coitado do Óscar Lopes que, simples e silencioso, intelectual com I grande, deve ter ficado perplexo.

Mas a manobra da presidência vem na sendo dos “roteiros para a inclusão”. Neste caso cobrir com um grande vulto da cultura portuguesa, por sinal comunista, os condecorados da família politica do PR, entre os quais se incluem três grandes vultos: Eduardo Catroga, Rui Rio e Arlindo Cunha. E outros mais surpreendentes.

Vamos andar nisto 10 anos. O PR mostrando o maior respeito e consideração pelos símbolos da esquerda para fazer triunfar a ideologia, os valores e os interesses da direita.

O que posso garantir a alguns amigos, que serão obrigados a participar nas cerimónias do 10 de Junho, é que vai ser uma seca. E que terão dificuldade em assistir a alguns jogos do mundial o que, isso sim, é uma perda irreparável, sem esquecer o incontornável discurso do Bénard da Cota (Costa). Haja saúde!