quinta-feira, janeiro 4

CAMUS - O DIA DA SUA MORTE

Posted by Picasa “Albert Camus – Une Vie”, Olivier Todd.

Albert Camus morreu no dia 4 de Janeiro de 1960.

“Camus trabalhou assiduamente em O Primeiro Homem durante todo o ano de 1959. Em Novembro foi para Lourmarin para aí permanecer ate à passagem do ano; depois, em Paris, queria ficar com um teatro próprio e considerou também a hipótese de desempenhar o papel principal masculino no filme Moderato Cantabile baseado no conto de Marguerite Duras. O Natal passou-o com a família na casa da Provença e a família Gallimard passou com eles a festa do Ano Novo. A 2 de Janeiro a mulher de Camus teve de regressar a Paris com as crianças por causa do recomeço das aulas. Os Gallimard propuseram a Camus regressar de carro com eles no dia seguinte. Queriam ir calmamente e aproveitar para comer bem, pelo que previram dois dias para o regresso. A 4 de Janeiro o grupo em viagem almoçou em Sens, a cerca de cem quilómetros de Paris. Depois prosseguiram viagem pela estrada nacional, passando por uma série de pequenas aldeias. Próximo de Villeblevin, o carro derrapou sem razão aparente e chocou frontalmente contra uma árvore. À excepção de Camus, que ia sentado ao lado do condutor, foram todos cuspidos do carro: Michel Gallimard ficou gravemente ferido e foi levado para o hospital com a mulher e a filha que não mostravam ferimentos visíveis. Morreu poucos dias depois.

Camus fracturou o crânio e a coluna vertebral. Foi um tipo de morte violenta com que já tinha sonhado, uma morte, como Camus escrevera em 1951 nos Carnets, … em que se nos desculpem os gritos contra a dilaceração da alma. A isso contrapõe um fim longo e constantemente lúcido para que ao menos não se dissesse que eu fora colhido de surpresa.

O corpo de Camus foi depositado em câmara-ardente no salão da Câmara de Villeblevin e na manhã seguinte transladado para Lourmarin. Dois dias após o acidente realizou-se o funeral. Na frente do cortejo funerário iam Francine Camus, o irmão de Camus e René Char. Não levaram o caixão para a igreja, mas directamente para o cemitério que ficava a alguma distância, frente à casa de Camus. Aí tem Camus a sua campa entre as dos aldeões, de igual tamanho e com uma simples pedra.”

In Camus, de Brigitte Sändig
Circulo de Leitores

Bibliografia Completa.

RALI LISBOA DAKAR

Posted by Picasa Imagem Daqui

O Rali Lisboa Dakar é a maior e mais mediática competição automobilística mundial. Arranca no próximo dia 6 (sábado), de Lisboa, em direcção ao sul de Portugal. Assegurando a partida e duas etapas, nos dias 6 e 7 de Janeiro, em solo português a organização do Rali Lisboa Dakar permite uma notável promoção da imagem de Portugal no mundo.

Conheça as zonas de espectáculo nas etapas em Portugal

quarta-feira, janeiro 3

ENFORCAMENTO DE SADDAM (3)

Posted by Picasa Fotografia daqui

Este é a minha última referência à execução de Saddam sem esquecer que outras se seguirão, sem o mesmo impacto mediático, no contexto da guerra civil no Iraque.

Algumas notas finais:

- Publico fotografias, que poderia não publicar, porque acho que não vale a pena “esconder o sol com a peneira”; o enforcamento de Saddam é um acontecimento marcante do nosso tempo, com forte significado político e impacto mediático. Poderemos sempre virar a cara para o lado mas são estes momentos que permitem revelar a natureza dos homens e a orientação dos governos;

- Posso estar enganado mas não ouvi qualquer declaração de José Manuel Barroso, ele próprio em pessoa, condenando a pena de morte; ficou escondido por detrás da tomada de posição institucional da Presidência da UE não dando a cara – a UE tomou posição mas José Manuel Barroso, não!

- Bush conseguiu fazer o pleno da incompetência política mostrando ao mundo um enforcamento, quase em directo, a que se seguiu a burlesca detenção de um guarda: Detienen a un guardia por la grabación con un móvil de la ejecución de Sadam;

- O Secretário-geral da ONU, no primeiro dia do seu mandato, mostrou a sua reverência face aos USA não condenando o enforcamento de Saddam – um mau sinal para a comunidade internacional;

- O governo português cumpriu com os mínimos da decência política exigível honrando o pioneirismo de Portugal na abolição da pena de morte:
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Un « mythe incarné »

Posted by Picasa Albert Camus

Sublinhados de Leitura das Obras Completas – Introdução (1)

« Plus de soixante ans après sa publication, L´Étranger n’a rien perdu de sa singularité, ni de son caractère novateur et énigmatique. Ce texte dont le vocabulaire et la syntaxe sont si clairs résiste à toute interprétation simplificatrice, comme Meursault lui-même échappe à toute définition réductrice.

L’Étranger, publié en 1942, n’est pas le premier roman fondé sur la représentation de l’absurdité de la vie ; il suffit de rappeler ceux de
Malraux, Les Conquérants (1928) et La Voie royale (1930), romans d’aventures, mais aussi romans de l’absurde : « la conduite de l’aventurier voudrait être une réaction à l’absurdité du monde », note Pierre Brunel ; les termes d’ « absurde » et d’ « absurdité » reviennent souvent dans la bouche de Garine, et du narrateur de son histoire, ou dans les propos de Claude Vannec ou de Perken, et leur commentaire ; Camus, qui admirait Malraux, connaissait évidemment cet livres, et il est possible que la manière dont est évoqué le procès de Garine ait influencé la façon dont Meursault relate le sien. »

(1) In “Oeuvres complètes” – I (1931-1944) Gallimard, Introduction par Jacqueline Lévi-Valensi.
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terça-feira, janeiro 2

RENOVADOS VOTOS DE BOM ANO

Posted by Picasa [Mensagem ilustrada enviada por um amigo daqueles que pouco se vêem mas muito se sentem com os inevitáveis augúrios de bom ano. Em substituição de um post que tinha pensado publicar acerca das declarações do Papa comparando o aborto ao terrorismo.]

CAROS AMIGOS

INFELIZMENTE, A VIDA NÃO É IGUAL PARA TODOS.

NESTE INÍCIO DE ANO, PERMITAM-ME QUE FAÇA UM APELO SINGELO: QUANDO PASSEARMOS PELAS RUAS, PAREMOS UM POUCO E OLHEMOS, COM MAIOR ATENÇÃO E ALGUM DESVELO, SEM INDIFERENÇA, PARA QUANTOS CAMINHAM AO NOSSO LADO, ESFARRAPADOS, QUASE SEM ROUPA A PROTEGÊ-LOS, MUITAS VEZES APENAS COM UM MERO SACO DE PLÁSTICO NA MÃO, ONDE TRANSPORTAM OS SEUS PARCOS HAVERES.

NUNCA É TARDE PARA LHES DARMOS UMA MÃO, PARA TERMOS UM GESTO DE CARINHO, QUE SEGURAMENTE SERÁ RETRIBUÍDO.

LARGUEM O VOSSO EGOÍSMO E PENSEM NISTO!

BOM ANO

SADAM - A CRIAÇÃO DE UM MITO

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POSSE DE LULA

segunda-feira, janeiro 1

qual a cor da vida sem medos?

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

No ar plano atravesso uma cortina de segredos
Sopro devagar, separo os amarelos dos verdes
No ser reflicto: qual a cor da vida sem medos?

15/12/2006

sábado, dezembro 30

PORTUGAL NO BRASIL

Posted by Picasa Cavalcanti

O novo blogue da Embaixada de Portugal no Brasil. O embaixador Francisco Seixas da Costa, sempre na frente, promove a modernização da imagem de Portugal no Brasil. Parabéns.

O ENFORCAMENTO DE SADAM (2)

Posted by Picasa Fotografia Daqui

Uma descrição dos últimos momentos de Sadam: “El consejero de la Seguridad Nacional de Irak, Muafaq al Rubai, que estaba presente durante la ejecución, afirmó que el ex dictador "parecía sólido y no se resistió a la muerte".

"No, no temía la muerte. Cuando se acercó al lugar donde está la horca me miró y me pidió a mí que no tuviera miedo", dijo Rubai en declaraciones a la televisión estatal iraquí 'Al Iraquiya'. Señaló que la única petición del ex dictador fue que su copia del Corán "fuera entregada a un hombre que se llama Bandar".
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O ENFORCAMENTO DE SADAM

Posted by Picasa Fotografia Daqui

Não é a primeira nem será a última execução de um homem à mão de outros homens. Em tempo de paz ou em tempo de guerra. Todos sabemos que o tema é difícil. Como lidar com os crimes de guerra e os criminosos que são içados ao exercício supremo do poder?

Todos sabemos que Hitler foi eleito e nem por isso deixou de ser o mentor do holocausto que o presidente iraniano nega. No entanto o Irão, que Bush hostiliza, aplaude o enforcamento de Sadam que os USA, noutro tempo, apoiaram.

A hipocrisia na política em geral e, em particular, na política internacional, alcançou, esta madrugada, o mais alto grau da indignidade humana. Eu sei que o tema é difícil.

Mas a justiça dos vencedores não deveria ser confundida com o despotismo dos ditadores. A morte do vencido às mãos da justiça do vencedor não deveria servir para proclamar o triunfo da democracia.

FIM DE ANO

Posted by Picasa Fotografia de Hélder Gonçalves

Como sempre, nos últimos anos, à vista do mar nas proximidades do ponto mais ocidental da Europa. O oceano atlântico, em toda a sua plenitude, à nossa vista. O cheiro intenso a maresia.

O mar nestas costas é forte quando batido pelo vento. Não havemos de olhar demasiado para trás. Faltam alguns amigos mas juntaram-se outros novos. A vida é feita de mudança. E a olhar o futuro o mundo avança.

Eduardo Lourenço fala numa entrevista recente que os portugueses se preocupam mais com parecer bem e menos com fazer obra. Têm medo de tomar posição. Arriscar nas empreitadas do progresso. Esperam que a obra surja feita. As palavras são minhas. Não tenho a entrevista na minha frente.

Lourenço não diz, mas digo eu, que fazer obra para os portugueses é algo estranho e potencialmente perigoso. Pode pôr em causa o equilíbrio necessário ao triunfo do espírito conservador. Esta filosofia de vida está devidamente documentada pela nossa história – salvo em raros períodos – e pela pena dos nossos maiores: Camões (Luís), Pessoa (Fernando), Sena (Jorge de) …

Os governos querem-se modestos nos grandes desígnios e sem vistas largas não vá o engrandecimento do País ferir as cordatas relações de poder com as grandes famílias instaladas e fazer perigar as dependências face aos interesses estrangeiros.

Dizem os tecnocratas, mais cultos, que falta músculo ao capital e massa crítica à inteligência. Dito do ponto de vista do humanismo o que falta, em regra, é decência aos dirigentes, civismo, educação e cultura ao povo.

Certamente se encontrarão formas originais e renovadas de trilhar, no futuro, um novo caminho de progresso. Mas este simples blog confirma, como tantas outras formas de expressão, em finais de 2003, um princípio que convém preservar, a todo o custo, que Camus sintetizou numa frase que nunca mais esqueci:

“Finalmente, escolho a liberdade. Pois que, mesmo se a justiça não for realizada, a liberdade preserva o poder de protesto contra a injustiça e salva a comunidade”.


[Ressonância de 30 de Dezembro de 2003. Tudo o que escrevi
mantém, para o mal e para o bem, a maior actualidade.]

sexta-feira, dezembro 29

LINHA DE CABOTAGEM

Posted by Picasa Helena F. Monteiro

Mais do que uma preferência a cumplicidade de quem mutuamente se escuta: Linha de Cabotagem.

A DEFESA DE FARO

Posted by Picasa José Garcês

Mais do que uma preferência A Defesa de Faro é um dos blogues com os quais colaboro e que comigo colabora. São as incontornáveis afinidades pessoais e regionais. Sem esquecer o S. C. Farense.

HOJE HÁ CONQUILHAS, AMANHÃ NÃO SABEMOS


No passeio pelos meus blogues preferidos em 2006 “hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

O NEGÓCIO DA MORTE (ACTUALIZADO)

Posted by Picasa Imagem Daqui

EE UU entrega a Sadam a las autoridades iraquíes como paso previo a su ejecución

União Europeia sublinha que se opõe à morte de Saddam

Chovem as notícias contraditórias acerca da execução de Sadam. Se o enforcamento é hoje ou amanhã pouco interessa. O que interessa é que Bush aplaude e anuncia, de forma grotesca, o envio de mais militares para o Iraque enquanto Blair é apanhado, pelo despiste de um avião, na rota de umas férias familiares nos USA.

A União Europeia marca posição contra a pena de morte mais como um ritual de boas maneiras do que como uma verdadeira oposição, fundada em princípios de natureza humanitária e política, à pena capital.

E já agora vale a pena perguntar, o que não tenho visto perguntado por ninguém, como pode a UE ser levada a sério nesta condenação quando o Presidente da Comissão é José Manuel Barroso o mordomo da Cimeira das Lajes que declarou a guerra contra o Iraque com base em fundamentos falsos?

Bush, e os seus fiéis, encontram-se agora numa estranha encruzilhada, apoiando ou condenando, cinicamente, a execução de Sadam, de braço dado com líderes de grupos radicais islâmicos, xiitas, maioritários no Iraque e no Irão

Os assassinos condenam os assassinos à morte. Os que dizem combater o terrorismo internacional, e os que apoiam esse mesmo terrorismo, unem-se na celebração de uma mesma condenação à morte. Que outro facto melhor os poderia unir? A morte! Trata-se de um negócio entre gente que tem as mãos manchadas de sangue pela acção ou pelo consentimento.

Aos cidadãos livres, sem poder para ordenar ao algoz que suspenda o gesto fatal, resta-nos manifestar, pelas palavras, o repúdio pela aplicação da pena de morte.

Num célebre artigo publicado em Novembro de 1948, no Combat, a certo passo, Camus afirma: ”o que neste momento se me afigura desejável é que no meio de um mundo criminoso, se tome a decisão de reflectir no crime e de escolher. Se tal fosse possível, ficaríamos divididos entre os que aceitam ser assassinos e os que, com todas as forças, se recusam a sê-lo. (…)

Mas eu sempre pensei que se o homem que tem esperança na condição humana é um louco, o que desespera dos factos é um cobarde. E, doravante, a única honra está em sustentar teimosamente esta formidável aposta que irá decidir se as palavras são ou não são, afinal, mais fortes do que as balas.”
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DIVAS & CONTRABAIXOS

Posted by Picasa Maria do Rosário Fardilha

Leituras e tomada de vistas em blogues meus preferidos no ano de 2006: Divas & Contrabaixos. Até agora só mulheres.

ALDINA DUARTE

sabor a sal

Posted by Picasa Margarida Delgado

Um passeio pelos meus blogues preferidos de 2006 e, em muitos casos, de sempre. Sem ordem de preferência, em primeiro lugar: sabor a sal.

CATORZE VERSOS

Posted by Picasa Fotografia de Simon Gris

O ruído presente no silêncio profundo
O som ao longe no sentido do vento
O mundo em guerra no corpo dividido
O tempo se abrindo de flores coberto
O traço desenhado no corpo exangue
O tudo e o nada o achado e o perdido
O medo da morte na boca bilingue
O olhar dolorido no grito rasgado
O lábio sequioso na boca se abrindo
O traço que une e não o que divide
O sonho de possuir a dor que trespassa
O coração a sangrar no sonho desmedido
O pudor do futuro no passado ausente
O silêncio presente no ruído do mundo

28/12/2006

quinta-feira, dezembro 28

GERALD FORD

PRANTO PELO DIA DE HOJE

Posted by Picasa Fotografia daqui

Nunca choraremos bastante quando vemos
O gesto criador ser impedido
Nunca choraremos bastante quando vemos
Que quem ousa lutar é destruído
Por troças por insídias por venenos
E por outras maneiras que sabemos
Tão sábias tão subtis e tão peritas
Que nem podem sequer ser bem descritas.

Sophia de Mello Breyner Andresen

In “Livro Sexto” – 1962

[Ressonância de 28 de Dezembro de 2003.]

quarta-feira, dezembro 27

NOVOS E VELHOS JORNAIS

Posted by Picasa Fotografia Daqui

A publicidade refina-se e ganha expressão nos jornais diários on line. Uma certa imprensa, produzida e vendida nos suportes tradicionais, está em vias de extinção. Alguma já está mesmo morta mas ainda não deu por isso. Outra na mão de patrões mais atentos migra para os novos suportes. Os mais hábeis deles, como o que produz este jornal on line, já percebeu que tem que libertar, gratuitamente, toda a informação. A publicidade trata do resto. A nossa imprensa on line é lenta em renovar as notícias, quer que os leitores paguem um produto de má qualidade e arrasta os vícios do formato tradicional para as versões on line. A sua modernização nem é muito exigente: basta olhar para o lado e copiar …

LIVROS DO PAI NATAL

Posted by Picasa Imagem daqui

O Pai Natal prendou-me não com uma sombrinha de chocolate, como noutros tempos, mas com outras coisas. Entre os livros, na sua maioria, bastante interessantes, desde sugestões a surpresas, entregas imediatas e encomendas, aqui assinalo os mais sugestivos:

1 – “Máscaras de Salazar”, de Fernando Dacosta – a leitura vai avançada e é muito interessante, pelo menos, para o meu gosto. Integra-se num género difícil de classificar;

2 – “A Longa Marcha”, de Ed Jocelyn e Andrew McEwen – muito sugestivo e moderadamente ilustrado;

3 – “As Origens do Totalitarismo”, de Hannah Arendt – um clássico que ainda não li;

4 – “Voz Consonante” – Traduções de Poesia por António Ramos Rosa, organização de Ana Paula Coutinho Mendes – o poeta tradutor/tradutor poeta;

Das encomendam faltam: “D. Afonso Henriques”, de José Mattoso e “Camus et l'homme sans Dieu”, de Arnaud Corbic