Santana Lopes, derrotado em todas as sondagens, ameaça com os tribunais. Nunca se tinha visto uma iniciativa política que evidenciasse tanto desespero.
As sondagens podem estar erradas mas apontam todas no mesmo sentido: a vitória dos socialistas. O indicador mais eloquente é o que respeita à convicção esmagadora de que o PS vai ganhar. Depois resta somente a dúvida acerca da dimensão da vitória do PS que depende do sentido de voto dos indecisos.
Breve síntese do dia:
Correio da Manhã
Sondagem: diferença do PS para o PSD aumentaMaioria na mão dos indecisos
Diário de Notícias
PSD com mínimo histórico, socialistas menos absolutos...
Público
PS com maioria absoluta mas há um terço de indecisos
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, janeiro 28
Ser Livre
"Dentro mandamos nós. Se não podemos expandir-nos livremente podemos recusar, fechar a porta às intrusões, manter a casa limpa. Difícil e duro, eu sei. Custa momentos de grande solidão. Mas pagando esse preço as pessoas dormem em paz consigo mesmo."
"O Aprendiz de Feiticeiro" de Carlos de Oliveira
Fragmentos - pag. 12 (3 de 3)
quinta-feira, janeiro 27
O Bom Senso e o Reino do Medo
“A democracia tornou-se uma questão de bom senso. É a única via. Impõe-se universalmente e impõe-se em Portugal, misturando-se com o mais fino tecido das mentalidades que querem o consenso e fogem dos conflitos, valorizando acima de tudo a paz da mediania, o equilíbrio do justo meio – numa palavra, o bom senso.”
“Ausência de excessos, mediania em tudo, limitações legitimadas pelos “costumes”, quer dizer, pela própria coesão da sociedade civil – tudo isto que era sustentado pelo regime de Salazar é hoje suportado pela norma única invisível do bom senso. Não há outra via. O medo, de perder todos os benefícios materiais que a entrada na União Europeia proporcionou, enxertou-se no sedimento de temor que já existia, transformando-o. Nasceu um novo objecto em que se investiu, inconscientemente, o medo do medo, o pequeno terror, a exclusão, o próprio terror de ser excluído, ou de vir a ser objecto de conflito (que comporta a ameaça de exclusão). Ameaça que existe disseminada no interior do real, sem que se saiba quem é o responsável, sem que o real se desrealize. É pois sempre mais conveniente continuarmos a não assumir responsabilidades, a não afrontar opiniões contrárias, a fugir aos problemas e a não pensar mais além das soluções que entram no quadro de todas as integrações. Sobretudo, recusar os conflitos.”
(Citações de “Portugal, hoje – O medo de existir” de José Gil - Editora Relógio d´Água)
“Ausência de excessos, mediania em tudo, limitações legitimadas pelos “costumes”, quer dizer, pela própria coesão da sociedade civil – tudo isto que era sustentado pelo regime de Salazar é hoje suportado pela norma única invisível do bom senso. Não há outra via. O medo, de perder todos os benefícios materiais que a entrada na União Europeia proporcionou, enxertou-se no sedimento de temor que já existia, transformando-o. Nasceu um novo objecto em que se investiu, inconscientemente, o medo do medo, o pequeno terror, a exclusão, o próprio terror de ser excluído, ou de vir a ser objecto de conflito (que comporta a ameaça de exclusão). Ameaça que existe disseminada no interior do real, sem que se saiba quem é o responsável, sem que o real se desrealize. É pois sempre mais conveniente continuarmos a não assumir responsabilidades, a não afrontar opiniões contrárias, a fugir aos problemas e a não pensar mais além das soluções que entram no quadro de todas as integrações. Sobretudo, recusar os conflitos.”
(Citações de “Portugal, hoje – O medo de existir” de José Gil - Editora Relógio d´Água)
Votar ou não votar, eis a questão!
Freitas do Amaral vota PS
O problema destas eleições é que a tomada de posição de Freitas do Amaral não é surpreendente. Surpreendentes serão as tomadas de posição de figuras notáveis da sociedade portuguesa a apelar ao voto no PSD.
O apelo ao voto é algo de natural em regime democrático. Ou, não é? Votar é a posição mais natural em regime democrático. Ou, não é!
Está na moda escarnecer os políticos, cavar a desilusão, enegrecer o quadro da descrença. Mas as eleições vão ditar vencedores e vencidos. Se nós não votarmos, alguém vai "votar por nós".
Se não votarmos o "buraco negro" do não dito, ou do "não inscrito", vai crescer. É a via indolor para a autocracia mediática. Mais vale prevenir que remediar. Mais vale que as sondagens sejam menos promissoras para o PS. Para estimular o voto no PS.
O problema destas eleições é que a tomada de posição de Freitas do Amaral não é surpreendente. Surpreendentes serão as tomadas de posição de figuras notáveis da sociedade portuguesa a apelar ao voto no PSD.
O apelo ao voto é algo de natural em regime democrático. Ou, não é? Votar é a posição mais natural em regime democrático. Ou, não é!
Está na moda escarnecer os políticos, cavar a desilusão, enegrecer o quadro da descrença. Mas as eleições vão ditar vencedores e vencidos. Se nós não votarmos, alguém vai "votar por nós".
Se não votarmos o "buraco negro" do não dito, ou do "não inscrito", vai crescer. É a via indolor para a autocracia mediática. Mais vale prevenir que remediar. Mais vale que as sondagens sejam menos promissoras para o PS. Para estimular o voto no PS.
"Que Fazer Então?"
"Que fazer então? Pensarmos, já se vê. Ou (melhor ainda) pedir a Fausto que pense por nós o medo da velhice, o amor perdido, a juventude lá para trás, e tente sem descanso o negócio ilusório pensando esta última coisa:
- Que pena o Diabo não existir.
Enquanto repetimos melancolicamente:
- De facto, que pena."
"O Aprendiz de Feiticeiro" de Carlos de Oliveira
Fragmentos - pág. 12 (2 de 3)
quarta-feira, janeiro 26
Posso escrever os versos...
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe."
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a, e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a nos meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi já.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, e ela não está comigo.
A mesma noite faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que eu a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta a tive nos meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora esta seja a última dor que ela me causa
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda
Poema 20 de
“Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada”
Tradução de Fernando Assis Pacheco
Publicações D. Quixote
Pode ouvir o poema dito aqui.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe."
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a, e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a nos meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi já.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, e ela não está comigo.
A mesma noite faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que eu a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta a tive nos meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora esta seja a última dor que ela me causa
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda
Poema 20 de
“Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada”
Tradução de Fernando Assis Pacheco
Publicações D. Quixote
Pode ouvir o poema dito aqui.
José Gil
O livro é pequeno. Barato. Em formato popular. Paradoxal para um livro de filosofia. Assim como a sua actualidade crítica (violenta) do poder e da própria situação política em Portugal.
Acabei de o ler. Não vou sequer entrar no comentário. Se fosse há vinte e cinco anos atrás faria, com fragmentos dele, um livro artesanal. Como fiz de outros que mais me impressionaram.
Agora, depois de tantas experiências, o que posso dizer é que vi neste livro um retrato, a preto e branco, do “ser português”. Conheço, à minha maneira, esta história de algum lado. Também me cabe uma parte dela. Como a todos nós. O mais que posso fazer é recomendar vivamente a sua leitura.
“Portugal, Hoje – O Medo de Existir”, autor: José Gil; Editora: Relógio de Água.
Acabei de o ler. Não vou sequer entrar no comentário. Se fosse há vinte e cinco anos atrás faria, com fragmentos dele, um livro artesanal. Como fiz de outros que mais me impressionaram.
Agora, depois de tantas experiências, o que posso dizer é que vi neste livro um retrato, a preto e branco, do “ser português”. Conheço, à minha maneira, esta história de algum lado. Também me cabe uma parte dela. Como a todos nós. O mais que posso fazer é recomendar vivamente a sua leitura.
“Portugal, Hoje – O Medo de Existir”, autor: José Gil; Editora: Relógio de Água.
As Contas Públicas
Défice orçamental de 2004 agravou-se 10,1 por cento face a 2003
A divulgação pela DGO (Direcção Geral do Orçamento) destes números só pode ter sido autorizada pela tutela: Ministro das Finanças. Se os números estão errados há que demitir quem os autorizou, se estão certos (o mais certo) é um atestado de incompetência política à gestão do Ministro Bagão Félix.
Afinal, apesar de todas as cosméticas, Bagão Félix é um gastador ou, pelo menos, não foi capaz de controlar a despesa pública. Austero, mas pouco! Quando passar a pasta espero que se fiquem a conhecer os “cadáveres” que o Ministro Bagão Félix guarda no armário – Ministério por Ministério – incluindo o da Defesa.
A divulgação pela DGO (Direcção Geral do Orçamento) destes números só pode ter sido autorizada pela tutela: Ministro das Finanças. Se os números estão errados há que demitir quem os autorizou, se estão certos (o mais certo) é um atestado de incompetência política à gestão do Ministro Bagão Félix.
Afinal, apesar de todas as cosméticas, Bagão Félix é um gastador ou, pelo menos, não foi capaz de controlar a despesa pública. Austero, mas pouco! Quando passar a pasta espero que se fiquem a conhecer os “cadáveres” que o Ministro Bagão Félix guarda no armário – Ministério por Ministério – incluindo o da Defesa.
"Até ao Fim"
“Ora, se não podemos empenhá-la, a juventude herdada pelos filhos apesar de viável resolve mal (não resolve) o problema. Evidentemente, ninguém é o próprio filho, por mais enredadas e complexas que nos pareçam as relações ascendência-descendência, por maior que seja a carga biológica, afectiva, social, histórica, detectável nelas. Não se transmite a individualidade mas apenas alguns cromossomas. O indivíduo (leia-se tudo o que a palavra condensa de insubstituível, irrepetível) continua prisioneiro da sua pele, do seu limite, até ao fim.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 12 (1 de 3)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 12 (1 de 3)
terça-feira, janeiro 25
Livro Verde da Imigração
A “Comissão Europeia” decidiu recentemente relançar o debate acerca da imigração económica na Europa. Um tema que, como já afirmei, deveria, no debate eleitoral, em Portugal, separar as águas entre a direita e a esquerda.
Antes de abordar a questão nos programas eleitorais dos partidos portugueses, quando todos os tiverem divulgado, assinalo a publicação do “Livro verde – uma abordagem comunitária da gestão das migrações económicas”, que pode ser lido aqui.
Antes de abordar a questão nos programas eleitorais dos partidos portugueses, quando todos os tiverem divulgado, assinalo a publicação do “Livro verde – uma abordagem comunitária da gestão das migrações económicas”, que pode ser lido aqui.
"O Ponto Fraco das Utopias"
“O ponto fraco das utopias, porque têm um, consiste na sua qualidade de negócios perdidos à priori; belos mas (redundantemente) utópicos. A juventude reencontrada à nossa espera na derradeira esquina da vida? Ilusões. E então o instinto de Osório segreda-lhe para além do sonho a solução possível: um filho. Creio que, no fundo, o esquema autêntico é esse. Não se reencontra a juventude mas a juventude que ela gera e que não podemos empenhar.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 11 (4 de 4)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 11 (4 de 4)
O Debate Acerca dos Debates
Muito sintomático este debate. As televisões impõem as regras do debate político. Reparem como “O PSD aceitou hoje a proposta da SIC”. A SIC e o PSD, o PSD e a SIC. Tudo em torno, afinal, do PDS. Pois não é, afinal, Pinto Balsemão, proprietário da SIC, fundador e militante do PSD? Parece um tanto simplista demais, mas é mesmo assim.
Todos sabem que, nas eleições de 2002, Durão Barroso impôs um só debate, a dois, na SIC. Assim foi. Todos sabem que nos debates travados entre Santana e Sócrates, durante mais de um ano na SIC, Sócrates levou sempre vantagem.
Santana está encostado às cordas e vai levar, até ao fim, a campanha da vítima inocente. Pena é o sentimento que tenta instalar entre os eleitores. Triste bandeira política para um líder a quem foi dada, de mão beijada, o estatuto e a tribuna de primeiro-ministro para enfrentar uma campanha eleitoral.
Entre queixas, lamúrias e inaugurações de última hora se arrasta a campanha eleitoral do PSD. Não sei quem ganhará mais votos com o debate acerca dos debates mas não podem ser as televisões a dirigir as escolhas políticas dos portugueses. Este é um caso em que está em jogo mais do que se possa pensar: a ditadura mediática, cavalo em que jogam todos os líderes populistas.
“PSD aceita, PS recusa
O PSD aceitou hoje a proposta da SIC para um frente-a-frente entre Pedro Santana Lopes e José Sócrates no Jornal da Noite, nos dias 2 ou 3 de Fevereiro, mas o PS rejeitou e insistiu num entendimento entre as várias televisões.
«O PSD aceitou a proposta da SIC, que considera muito equilibrada e abrangente», disse à Lusa o secretário-geral dos sociais-democratas, Miguel Relvas.
Contudo, o PS continuou a fazer depender o frente-a-frente televisivo entre Santana Lopes e José Sócrates de um entendimento entre as diferentes estações, manifestando apenas disponibilidade para o debate promovido pelo Clube dos Jornalistas.”
"Expresso on line" (sempre o mesmo grupo mediático!)
Todos sabem que, nas eleições de 2002, Durão Barroso impôs um só debate, a dois, na SIC. Assim foi. Todos sabem que nos debates travados entre Santana e Sócrates, durante mais de um ano na SIC, Sócrates levou sempre vantagem.
Santana está encostado às cordas e vai levar, até ao fim, a campanha da vítima inocente. Pena é o sentimento que tenta instalar entre os eleitores. Triste bandeira política para um líder a quem foi dada, de mão beijada, o estatuto e a tribuna de primeiro-ministro para enfrentar uma campanha eleitoral.
Entre queixas, lamúrias e inaugurações de última hora se arrasta a campanha eleitoral do PSD. Não sei quem ganhará mais votos com o debate acerca dos debates mas não podem ser as televisões a dirigir as escolhas políticas dos portugueses. Este é um caso em que está em jogo mais do que se possa pensar: a ditadura mediática, cavalo em que jogam todos os líderes populistas.
“PSD aceita, PS recusa
O PSD aceitou hoje a proposta da SIC para um frente-a-frente entre Pedro Santana Lopes e José Sócrates no Jornal da Noite, nos dias 2 ou 3 de Fevereiro, mas o PS rejeitou e insistiu num entendimento entre as várias televisões.
«O PSD aceitou a proposta da SIC, que considera muito equilibrada e abrangente», disse à Lusa o secretário-geral dos sociais-democratas, Miguel Relvas.
Contudo, o PS continuou a fazer depender o frente-a-frente televisivo entre Santana Lopes e José Sócrates de um entendimento entre as diferentes estações, manifestando apenas disponibilidade para o debate promovido pelo Clube dos Jornalistas.”
"Expresso on line" (sempre o mesmo grupo mediático!)
Juventude
(…o passado) “Quando incompletamente vivido. Por outras palavras, quando se adia o amor, a acção política, o romance a escrever. Osório fica assim diante de um dilema incómodo: ou poupar a juventude ou vivê-la. No primeiro caso, de que lhe serve a juventude se não a vive completamente, isto é, se não a aproveita no que tem de mais peculiar, a plenitude e até o excesso? No segundo, adeus juventude transferida. E transferida para quê? Para a poupar de novo? Não, para a perder, como veremos adiante.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 11 (3 de 4)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 11 (3 de 4)
Auschwitz
A “Pública” publicou ontem um expressivo trabalho acerca do campo de concentração de Auschwitz.
“Há 60 anos, o mundo descobriu o campo de Auschwitz – as tropas aliadas chegaram a 27 de Janeiro. As vítimas não perdoam. Os outros fazem por esquecer.”
No verão passado descobri, numa arca, em casa de meus pais, uma brochura do meu velho professor de liceu Elviro Rocha Gomes, intitulada “Hitler – Quem foi e como chegou ao poder”, um libelo acusatório implacável do nazismo e do seu chefe.
Essa brochura abre com os números do holocausto. Entre muitos outros: “250 mil ou talvez perto de 300 mil (mortos) só em 1944, em Auschwitz; 8 milhões de mártires, ao todo, em todos os campos de concentração.”
Para que conste neste triste aniversário.
“Há 60 anos, o mundo descobriu o campo de Auschwitz – as tropas aliadas chegaram a 27 de Janeiro. As vítimas não perdoam. Os outros fazem por esquecer.”
No verão passado descobri, numa arca, em casa de meus pais, uma brochura do meu velho professor de liceu Elviro Rocha Gomes, intitulada “Hitler – Quem foi e como chegou ao poder”, um libelo acusatório implacável do nazismo e do seu chefe.
Essa brochura abre com os números do holocausto. Entre muitos outros: “250 mil ou talvez perto de 300 mil (mortos) só em 1944, em Auschwitz; 8 milhões de mártires, ao todo, em todos os campos de concentração.”
Para que conste neste triste aniversário.
segunda-feira, janeiro 24
Imigração e Eleições
A imigração é um tema que separa, de forma clara, a direita da esquerda. Os conservadores britânicos assumem essa diferença chamando à primeira linha do seu programa para a próximas eleições gerais a questão da imigração.
Em Portugal, na eminência de eleições, o PSD "engole" os princípios defendidos pelos socialistas e os ultraconservadores do CDS/PP estão, para já, calados que nem ratos acerca do tema aproveitando os deslizes do BE para "deslocalizar" o epíteto de "neo-fascistas", que lhes assenta que nem uma luva, para longe. (Voltaremos ao tema no plano nacional.)
"Michael Howard, líder do Partido Conservador britânico, vai explicar hoje como é que, com cortes orçamentais de 35 mil milhões de libras, logrará estancar a imigração, mantendo uma segurança ininterrupta - 24 horas sobre 24 horas - nos portos do Reino Unido.
Isto depois de, ontem, em anúncio de página inteira no Sunday Telegraph, ter gizado as linhas gerais do seu plano de permitir apenas a entrada de "refugiados genuínos" e familiares de imigrantes já legalizados, caso ganhe as eleições legislativas da Primavera.
Descendente de uma família de imigrantes romenos (o pai imigrou para o sul de Gales em 1939), o líder dos Tories entende ser chegado o momento de impedir o surgimento de mais "Peterborough" no país - cidade com cerca de 157 mil habitantes, o correspondente ao número de imigrantes que, anualmente, entraram no Reino Unido desde 1999. Um ritmo de entradas que, de acordo com o político britânico, está a minar "as boas relações comunitárias, a segurança nacional e a gestão dos serviços públicos".
Em Portugal, na eminência de eleições, o PSD "engole" os princípios defendidos pelos socialistas e os ultraconservadores do CDS/PP estão, para já, calados que nem ratos acerca do tema aproveitando os deslizes do BE para "deslocalizar" o epíteto de "neo-fascistas", que lhes assenta que nem uma luva, para longe. (Voltaremos ao tema no plano nacional.)
"Michael Howard, líder do Partido Conservador britânico, vai explicar hoje como é que, com cortes orçamentais de 35 mil milhões de libras, logrará estancar a imigração, mantendo uma segurança ininterrupta - 24 horas sobre 24 horas - nos portos do Reino Unido.
Isto depois de, ontem, em anúncio de página inteira no Sunday Telegraph, ter gizado as linhas gerais do seu plano de permitir apenas a entrada de "refugiados genuínos" e familiares de imigrantes já legalizados, caso ganhe as eleições legislativas da Primavera.
Descendente de uma família de imigrantes romenos (o pai imigrou para o sul de Gales em 1939), o líder dos Tories entende ser chegado o momento de impedir o surgimento de mais "Peterborough" no país - cidade com cerca de 157 mil habitantes, o correspondente ao número de imigrantes que, anualmente, entraram no Reino Unido desde 1999. Um ritmo de entradas que, de acordo com o político britânico, está a minar "as boas relações comunitárias, a segurança nacional e a gestão dos serviços públicos".
"Ao Passado Não se Volta..."
“ – Ao passado não se volta… mas … o passado quando incompletamente vivido transfere-se (não na memória, mas fisicamente) para o futuro e fica à nossa espera, puro esboço, pronto a desenvolver-se… Nesse sentido, é a própria juventude que vai resistindo ao tempo, que vai esperando por nós lá ao longe.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 11 (2 de 4)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 11 (2 de 4)
O Púlpito e o Santanismo
Ouço Santana a falar no púlpito adornado com a palavra Competência. A imagem ressoa a falso. A personagem não se encontra a si própria. A mensagem é reduzida a uma espécie de diálogo do candidato consigo próprio. Cada um que se amanhe na decifração da mensagem. Não há memória de um personagem como Santana na política portuguesa contemporânea.
Estou a ler “Portugal Hoje – o medo de existir”, um livro breve, mas cristalino, sobre o ser português, de José Gil, que a certo passo escreve:
“O que é próprio do santanismo, com toda a sua avidez pelo controlo dos meios de comunicação social, não é trazer a vida para o palco mediático, mas moldar a vida à imagem, os comportamentos ao capital de mediatização, produzir acontecimentos cuja importância se deverá medir pelo seu grau de eficácia mediática.” (…)
“A sua falsa “leveza”, no entanto, permite muita estratégia obscura, muito menos leve de poderes económicos e de eminências pardas que eventualmente imporiam políticas de controlo desastrosas. Tão desastrosas que podem levar a formas insuspeitadas de autocracia política ou de ditadura mediática no seio da democracia.
Se não afastarmos agora o nevoeiro que ameaça novamente toldar o nosso olhar, poderá ser demasiado tarde quando nos apercebermos que, sem dar por isso, nos encurralaram num beco, por um período indeterminado. Não pelo regime santanista, que pode ser breve, mas por outro qualquer que aproveite uma série de circunstâncias (económicas, sociais, psicológicas) para operar uma derrapagem da democracia para um sistema autocrático de tipo desconhecido.”
Verdadeiramente preocupante, senão mesmo assustador!
Estou a ler “Portugal Hoje – o medo de existir”, um livro breve, mas cristalino, sobre o ser português, de José Gil, que a certo passo escreve:
“O que é próprio do santanismo, com toda a sua avidez pelo controlo dos meios de comunicação social, não é trazer a vida para o palco mediático, mas moldar a vida à imagem, os comportamentos ao capital de mediatização, produzir acontecimentos cuja importância se deverá medir pelo seu grau de eficácia mediática.” (…)
“A sua falsa “leveza”, no entanto, permite muita estratégia obscura, muito menos leve de poderes económicos e de eminências pardas que eventualmente imporiam políticas de controlo desastrosas. Tão desastrosas que podem levar a formas insuspeitadas de autocracia política ou de ditadura mediática no seio da democracia.
Se não afastarmos agora o nevoeiro que ameaça novamente toldar o nosso olhar, poderá ser demasiado tarde quando nos apercebermos que, sem dar por isso, nos encurralaram num beco, por um período indeterminado. Não pelo regime santanista, que pode ser breve, mas por outro qualquer que aproveite uma série de circunstâncias (económicas, sociais, psicológicas) para operar uma derrapagem da democracia para um sistema autocrático de tipo desconhecido.”
Verdadeiramente preocupante, senão mesmo assustador!
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