Que será feito destes jovens. Nas vésperas do início dos anos 60 ganhava asas o sonho de transformar o mundo que povoa o imaginário da juventude de todos os tempos. Cada geração, à sua maneira, venera os seus ídolos. Elvis é um dos maiores dos tempos modernos – até o meu filho o admira…
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, abril 13
ELVIS
Que será feito destes jovens. Nas vésperas do início dos anos 60 ganhava asas o sonho de transformar o mundo que povoa o imaginário da juventude de todos os tempos. Cada geração, à sua maneira, venera os seus ídolos. Elvis é um dos maiores dos tempos modernos – até o meu filho o admira…
quarta-feira, abril 12
sem título (XXII)
Olhei as mãos de seus sulcos emergiam desenhos
inacabados preces sonhos regressos imaginados
12 de Abril de 2006
UM DISCURSO ESPERANÇOSO
Convenhamos que não é habitual dar atenção e espaço a uma tomada de posse. Ainda para mais de um Director da Polícia Judiciária.
Mas o discurso de Alípio Ribeiro merece ser conhecido. Gostei dos extractos que foram divulgados na comunicação social. Fui em busca do seu texto integral que pode ser lido, na íntegra, no IR AO FUNDO E VOLTAR.
Aqui ficam alguns extractos:
“É preciso dizê-lo claramente: não há uma desordem, ou o perigo dela, que justifique uma injustiça. Não há uma desordem, ou o perigo dela, que justifique o postergar de procedimentos legais que são aquisições da civilização.”
(…)
“Sou dos que pensam que uma lei é o que dela se fizer e esta, particularmente, assumirá um valor simbólico que não poderemos escamotear.”
(…)
“Digo-vos com a simplicidade do que não deve ser dito: sinto-me tão independente como sempre, serei tão independente como sempre.”
"IL CAPO È MORTO"
Em Itália acontecem as coisas mais extraordinárias. Provenzano, considerado “Il Capo” da Mafia escapou às autoridades policiais mais de 42 anos. Foi preso três horas após saber-se que a esquerda tinha ganho as eleições. E, afinal, “está morto”.
Ver no Espírito de Xabregas – uma extraordinária coincidência...
sem título (XXI)
A noite alisando a pele dos sentidos os floria
soletrando silêncios a madrugada amanhecia
10 de Abril de 2006
terça-feira, abril 11
PAVESE
Verrà la morte e avrà i tuoi occhi
11 marzo - 10 aprile '50
Last blues, to be read some day
´T was only a flirt
you sure did know -
some one was hurt
long time ago.
All is the same
time has gone by -
some day you came
some day you'll die.
Some one has died
long time ago -
some one who tried
but didn't know.
11 aprile '50
Cesare Pavese
Foi só um flirt
e sabias, claro –
alguém foi ferido
há muito tempo.
Mas nada mudou
o tempo passou –
um dia chegaste
um dia morrerás.
Alguém morreu
há muito tempo –
alguém que queria
mas não sabia.
(In “Trabalhar Cansa” - Edição bilingue
A ESQUERDA VENCE EM ITÁLIA
ELEIÇÕES EM ITÁLIA
(Parece que ficou assim mas vai haver certamente recontagem dos votos para a Câmara dos Deputados - Na verificação matinal dos resultados confirma-se a vitória escassa de Prodi para a Câmara dos Deputados e o resultado para o Senado depende, afinal, dos votos dos eleitores do estrangeiro pois a direita dispõe, no momento, de um senador de vantagem quando faltam eleger dois. Tudo muito confuso como seria de esperar!)
APONTAMENTO FINAL ACERCA DOS RESULTADOS DAS ELEIÇÕES EM ITÁLIA: A ESQUERDA VENCEU EM AMBAS AS CÂMARAS. NO SENADO A VOTAÇÃO DOS ITALIANOS NO ESTRANGEIRO DEU, FINALMENTE, A VITÓRIA À ESQUERDA.
ESTES RESULTADOS REPRESENTAM UMA MUDANÇA POLÍTICA DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA A ITÁLIA E PARA A EUROPA. O TEMPO O DIRÁ! FICA A EXPRESSÃO DO MEU PROFUNDO CONTENTAMENTO.
NÃO SEI NADA
Conheço as palavras pelo dorso. Outro, no meu lugar, diria que sou um domador de palavras. Mas só eu – eu e os meus irmãos – sei em que medida sou eu que sou domado por elas. A iniciativa pertence-lhes. São elas que conduzem o meu trenó sem chicote, nem rédeas, nem caminho determinado antes da grande aventura.
Sim. Conheço as palavras. Tenho um vocabulário próprio. O que sofri, o que vim a saber com muito esforço fez inchar, rolar umas sobre as outras as palavras. As palavras são seixos que rolo na boca antes de as soltar. São pesadas e caem. São o contrário dos pássaros, embora «pássaro» seja uma das palavras. A minha vida passou para o dicionário que sou. A vida não interessa. Alguém que me procure tem de começar – e de se ficar – pelas palavras. Através das várias relações de vizinhança, entre elas estabelecidas no poema, talvez venha a saber alguma coisa. Até não saber nada, como não sei.
Ruy Belo
Homem de Palavra[s]
segunda-feira, abril 10
sem título (XX)
Inóspito caminho, o sangue quente latejou
na cavalgada o prazer no dorso da espada
8 de Abril de 2006
domingo, abril 9
MAR DA MANHÃ
Cavafis é retomado por Catatau que, amavelmente, cita a minha incursão pelas traduções para português da sua obra. Cheguei a Cavafis por Jorge de Sena no seu mister de tradutor.
Vejam como é diferente a tradução de Sena de “O Mar da Manhã”, referida por Catatau, desta outra, mais recente, de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis:
MAR DA MANHÃ
Que eu me detenha aqui. E que também eu veja um pouco a natureza.
De um mar da manhã e de um céu sem nuvens.
roxas cores brilhantes e margem amarela; tudo
belo e grande iluminado.
Que eu me detenha aqui. E que me engane para ver isto
(vi de verdade isto por um instante quando primeiro me detive);
e não aqui também os meus devaneios,
as minhas recordações, os modelos da volúpia.
Konstandinos Kavafis
In “Os Poemas”
Relógio d´Água
Les hommes préfèrent Camus
Uma actividade relevante da agenda internacional acerca de Camus:
Camus et les Lettres algériennes : l’espace de l’inter discours - Symposium international Alger - Tipasa, Algérie - Du 24 au 28 avril 2006
sexta-feira, abril 7
sem título (XIX)
No calor da sombra a terra quente subiu
em fúria desordenada rompeu o silêncio
7 de Abril de 2006
GOVERNO:PASSADO E FUTURO
“Organiza-se tudo: é simples e evidente. Mas o sofrimento humano intervém e altera todos os planos”
Albert Camus
No mês passado o governo socialista celebrou o seu primeiro aniversário e o novo Presidente da República assumiu funções. Apoiei, e apoio, as linhas gerais da política do governo socialista. Posso vir a arrepender-me! Mas, hoje por hoje, não vejo outra saída viável para o futuro da comunidade.
O “Semanário Económico”, na sua edição de hoje, publica o artigo com o título em epígrafe de que reproduzo a entrada.
Pode ser lido, na íntegra, no IR AO FUNDO E VOLTAR. Ainda não está disponível no site daquele Semanário.
quinta-feira, abril 6
"... sans amis."
«Selon Montherlant, tout créateur véritable rêve d´une vie sans amis.»
Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
ORLA MARÍTIMA
é junto ao mar ao longo da avenida
ao sol dos solitários dias de dezembro
Tudo ali pára como nas fotografias
É a tarde de agosto o rio a música o teu rosto
alegre e jovem hoje ainda quando tudo ia mudar
És tu surges de branco pela rua antigamente
noite iluminada noite de nuvens ó melhor mulher
(E nos alpes o cansado humanista canta alegremente)
«Mudança possui tudo»? Nada muda
nem sequer o cultor dos sistemáticos cuidados
levanta a dobra da tragédia nestas brancas horas
Deus anda à beira de água calça arregaçada
como um homem se deita como um homem se levanta
Somos crianças feitas para grandes férias
pássaros pedradas de calor
atiradas ao frio em redor
pássaros compêndios de vida
e morte resumida agasalhada em asas
Ali fica o retrato destes dias
gestos e pensamentos tudo fixo
Manhã dos outros não nossa manhã
pagão solar de uma alegria calma
De terra vem a água e da água a alma
o tempo é a maré que leva e traz
o mar às praias onde eternamente somos
Sabemos agora em que medida merecemos a vida