As análises políticas de Vasco Graça Moura têm um encanto especial. Compreendo-o. Também eu gosto de defender o meu campo político e ideológico e sou capaz de o fazer mesmo na iminência de uma derrota.
No caso das eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa o candidato encontrado por Marques Mendes é uma solução de recurso e colocou a nu a fraqueza da posição do PSD nesta disputa eleitoral. O PSD, neste caso, é o governo e o PS a oposição mesmo que o PSD queira fazer parecer o contrário.
Quando amigos, adversários e inimigos qualificam, repetidamente, em política, uma personalidade de estimável, é sempre mau sinal. Fernando Negrão é um caso de personalidade estimável. Tal como eu também ele foi do MES. Negrão é mesmo estimável e contra mim falo.
O PSD esperou para saber do lance de António Costa, e prevendo a candidatura independente de Carmona Rodrigues, escolheu a “via estreita”, ou seja, reduzir drasticamente as expectativas eleitorais e minimizar os prejuízos de uma eventual derrota proclamando-a como a vitória possível entre os escombros de uma estranha gestão Santana/Carmona.
As candidaturas independentes, se chegarem às urnas, dividem todos os campos por igual. O PS, com António Costa, já se antecipou e dividiu o campo de Helena Roseta, integrando na sua lista Ana Sara Brito um nome forte do poder local de Lisboa, elemento da candidatura presidencial de Manuel Alegre e cabeça da associação a que aquela candidatura deu origem.
Resta a abstenção para penalizar o PS assim como o voto de protesto que beneficiará as candidaturas da CDU e do BE caso, à última da hora, não surja alguma coligação que baralhe as contas.
Entretanto Vasco Graça Moura consegue, num passe de mágica, trocar tudo e colocar a esquerda no lugar da direita no que diz respeito à gestão da CML. Na verdade o último parágrafo, que transcrevo a seguir, do seu artigo, de hoje, no DN é de ir às lágrimas:
“Lisboa não pode cair nas mãos de uma esquerda que acabaria por torná-la numa cidade fantasma, incaracterística, arruinada e incapaz de se afirmar, tanto no plano nacional como no internacional, ao sabor de tricas e politiquices. Lisboa precisa de continuar a ter uma luz forte e clara ao fundo do túnel.”
A DIREITA QUE GOVERNA LISBOA DESDE FINAIS DE 2001 TERÁ DEIXADO, ENTÃO, UMA CIDADE EM BOM ESTADO DE USO, COM FOLGA FINANCEIRA, RESPIRANDO SAÚDE E CAPACIDADE DE AFIRMAÇÃO COMO CENTRO DE FULGURANTES INICIATIVAS NOS PLANOS NACIONAL E INTERNACIONAL! MAS COM FERNANDO NEGRÃO JÁ SE ACENDE, DE NOVO, "UMA LUZ FORTE E CLARA" AO FUNDO DO TÚNEL ANUNCIANDO A SAÍDA DA CRISE!
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