sábado, maio 19

TELMA MONTEIRO

.

A MÃE DE AFONSO HENRIQUES

D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, era filha do rei Afonso VI de Leão e Castela e de Constança, sendo irmã de Urraca e Raimundo (Conde de Amous e da Galiza). D. Teresa morre em 1 de Novembro de 1130. Afonso Henriques tinha 21 anos de idade.

“Se podemos imaginar alguns dos traços que o infante herdou de seu pai, torna-se bem mais difícil deduzir, das informações que temos, o que deveria ser a sua mãe. De facto, a figura de D. Teresa suscitou as mais variadas e contraditórias especulações, sem que seja possível formar uma opinião segura acerca do seu temperamento e dos motivos que nortearam as suas decisões.”
(…)
“Tentando encontrar o sentido das intervenções politicas que lhe conhecemos, não podemos deixar de ver nela uma personalidade ambiciosa, fortemente convencida do seu direito a herdar um dos estados governados por seu pai, ou seja, pelo menos, a Galiza. Na opinião de B. Reilly, Teresa nunca reconheceu sua irmã Urraca como rainha e herdeira de Afonso VI.”
(…)
“Tudo isto formou o temperamento não menos ambicioso de Afonso Henriques. O ambiente conflituoso e agitado da sua época, tanto do ponto de vista político, como religioso e social, não podia deixar de acentuar a propensão temperamental que herdou de sua mãe. Mesmo que tenha convivido pouco com ela, como é provável, a isso o convidava não só o que, sem dúvida, lhe contavam os membros da corte, companheiros e criados que lhe transmitiam as tradições familiares, empoladas e dramatizadas por exageros de vassalos, mas também o sistema de valores da época e do Norte da Península, fortemente polarizado pela luta contra o Islão, pelos conflitos religiosos e pela afirmação dos ideais nobiliárquicos cultivados pelos jovens cavaleiros.”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "A mãe", pg. 20. (4)

[Agradeço a referência atenta de Paulo Alves, do Carambas!]
.

O ESTRANGEIRO - 65 ANOS

Posted by PicasaHistoire d'un livre : l'Etranger d'Albert Camus

Uma nota acerca de uma leitura que me permitiu reparar numa efeméride interessante. A tradução é livre e feita na hora.

“Em 1938, com vinte e cinco anos, quando escreve Calígula, Camus pesa 65 kg e mede 1,79 cm. É jornalista no Alger républicain, dirigido por Pascal Pia. Encontra Francine Faure de passagem por Argel. A bela “oranaise” estuda matemática em Paris e toca muito bem piano. Camus faz-lhe a corte. Casam-se em Lyon, em 3 de Dezembro de 1940, em plena desordem provocada pela derrota, e voltam para Oran onde dão aulas numa escola privada criada por André Bénichou, que se tornará um dos seus amigos mais próximos. (…) “O Estrangeiro” é publicado, em Paris, no dia 19 de Maio de 1942. "(…)

Passam, justamente hoje, 65 anos.

In «Albert Camus ou la fatalité des natures» de Frédéric Musso.
.

50 ANOS DO GRUPO DE TEATRO DO CÍRCULO CULTURAL DO ALGARVE - FARO

O “Grupo de Teatro do Circulo Cultural do Algarve”, é com esta designação que o conheço, celebra hoje o seu cinquentenário. De facto foi em 19 de Maio de 1957 que a família Campos Coroa, os irmãos José e Emílio e a mulher deste, Amélia, criaram o Grupo de Teatro que havia de fazer escola e que ainda hoje mantém uma actividade regular.

A minha participação nas actividades do Grupo foi uma felicidade e nunca poderei agradecer o suficiente aos seus mentores e, em particular, a Emílio Campos Coroa, o contributo que deu para a minha formação cultural e humana. Não poderei estar presente nas celebrações do aniversário do Grupo mas aqui deixo a minha mais cordial saudação a todos aqueles que nele prosseguem o ideal do teatro amador.

Esta é uma daquelas pequenas coisas que se fazem grandes mesmo quando são esquecidas, ou marginalizadas, pelos poderes. Bem hajam!

[Pode ver aqui uma fotografia do Coro do Teatro Estúdio do Grupo de Teatro do Círculo Cultural do Algarve, de Abril de 1966. É provável que eu próprio esteja por ali.]
.

LISBOA VAI NUA

Posted by PicasaBart Pogoda

A bandalheira nos assuntos que respeitam à Câmara Municipal de Lisboa ultrapassa todos os limites. Nem a data das eleições que, supostamente, porá cobro ao descalabro escapa ao caos. O Tribunal Constitucional acolheu o recurso (ou reclamação?) do “Partido da Terra” e as eleições vão realizar-se em pleno verão.

A não ser que quem de direito decida realizá-las em Setembro pois, valha a verdade, a Câmara já não funciona há tanto tempo que não faz diferença ser gerida, uns meses, por uma Comissão Administrativa à maneira do antigo regime.

Uma coisa vos garanto, e por mim falo; a data limite para que eu, e respectiva família, possamos exercer o dever cívico, neste período ante férias, é o dia 8 de Julho.

A partir dessa data, pela primeira vez na minha vida, após o 25 de Abril, ver-me-ei, quase certamente, impedido de votar. O mesmo deverá acontecer com milhares de eleitores tornando estas eleições um terreno propício para a vitória da abstenção.
.

sexta-feira, maio 18

O PAI DE AFONSO HENRIQUES

Fica aqui, a propósito, registada a actualidade da polémica em torno de uma decisão política: a Ministra (da Cultura) impede investigação a ossadas de D. Afonso Henriques.

“Afonso Henriques herdava de seu pai, o conde D. Henrique, um valor especial (…) De facto D. Henrique era um estrangeiro, nascido noutra latitude, educado de forma diferente dos nobres peninsulares. Pode-se considerar como um aventureiro ousado e ambicioso. As suas qualidades pessoais eram acentuadas pela sua alta ascendência, pois era bisneto de Roberto II, rei de França, …“
(…)
“D. Henrique agiu, de facto, como o verdadeiro chefe do grupo de cavaleiros, monges e clérigos de origem francesa, o qual desempenhou um papel muito activo na remodelação da politica e da Igreja no Ocidente peninsular durante a segunda metade do século XI.”

(O conde D. Henrique morre em Astorga, no dia 22 de Maio de 1112, ainda Afonso Henriques não fizera 3 anos.)

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "O pai", pg. 19/20. (3)
.

SONDAGEM : PS AINDA MAIS NA FRENTE!


A sondagem divulgada hoje é da universidade católica e, apesar de ser uma sondagem, deve causar a maior perplexidade a muita gente. É que o PS cresce em intenções de voto face aos resultados das legislativas de 2005. Sempre se pode argumentar que a sondagem é falsa ou, pelo menos, que os seus resultados são manipulados. Mas esta tese confronta-se com o facto da entidade que realizou a sondagem ser credível.

Bom, o melhor é desvalorizar. Estamos a mais de meio do mandato do governo e ainda ontem foram tornados públicos dados do desemprego que lhe são desfavoráveis. O segredo da bondade da sondagem para o PS pode estar, então, no facto de serem escamoteados os dados da realidade e caímos, de novo, na tese da conspiração.

Mas admitamos que a sondagem, embora sendo uma sondagem, corresponde ao que das sondagens se espera: uma tendência, a medida das expectativas dos cidadãos… Bom, então podemos chegar a uma interpretação possível: uma parte da opinião pública não gosta das medidas do governo mas acha-as inevitáveis e necessárias. Não morre de amores pelo PS mas não lhe enxerga qualquer alternativa credível.

A solução para inverter este estado de coisas só poderá resultar da conjugação de dois factores: o PS perder coesão interna, contaminando o governo de incoerência, e o PSD mudar de liderança, ou seja, acelerar a queda de Marques Mendes. O problema está na conjugação dos factores pois não serve de nada o PSD mudar de liderança sem que o PS, e o governo, vacilem na concretização das políticas que prosseguem.

Como aconteceu com o PS, na longa travessia do deserto entre 1985 e 1995, com dois Secretários-gerais que nunca alcançaram a maioria que lhes permitisse aceder ao governo – Constâncio e Sampaio – mais vale à oposição não gastar munições em vão. É aguentar até passar “o mau tempo” … pode parecer mentira mas é verdade!
.

Marilyn Monroe

.

LISBOA - SONHOS E ABDICAÇÕES

Posted by PicasaImagem daqui

Nesta fase animada da política nacional, com epicentro em Lisboa, notam-se alguns fenómenos interessantes. O plano inclinado pelo qual as forças da oposição querem ver escorregar o governo parece não ganhar o declive suficiente. Um dos factores essenciais para que o governo comece a escorregar é a erosão da coesão do governo e da maioria na qual ele se apoia.

Nestas eleições autárquicas em Lisboa (parciais e intercalares) surgiu a dissidência de Helena Roseta. Podia ser um desses sinais de erosão mas, de facto, não é. Helena Roseta não é uma dissidente mas uma reincidente. Com todo o respeito e consideração por ela, e seus apoiantes, a sua candidatura nada muda no equilíbrio das forças políticas na autarquia e no país. As propostas que a sua candidatura vai trazer à ribalta serão as velhas conhecidas récitas acerca do urbanismo regrado e do regramento do urbanismo e temas congéneres …

Toda a gente está de acordo mas só um projecto político viável para ocupar o poder pode travar, com sucesso, essa e todas as restantes batalhas para voltar a colocar Lisboa no mapa. Não é o caso de uma candidatura de Helena Roseta. Desta velha esquerda sairão, certamente, algumas denúncias de malfeitorias. Esse é o papel útil de um contra poder que o BE já exercita à esquerda e que o PP poderá vir a exercitar à direita. Mas para esse peditório já dei.

Agora o que eu exijo é que o poder gere capacidade de auto regeneração permanente pois não creio que algum dia o poder, seja ele qual for, se liberte dos vícios do poder. A utopia democrática – porque a democracia política só aparentemente é um dado adquirido – não se joga à margem dos partidos mas no centro do poder democrático do qual os partidos são a pedra de toque.

Todos aqueles que ensaiam o discurso anti partido não deixam de se alimentar do poder que aparentam abjurar. Carmona Rodrigues exercitou o discurso anti partido mas abdicou da disputa do poder o que, em política, é o mais difícil dos exercícios. Que mais não seja por isso merece a minha admiração.
.

quinta-feira, maio 17

quarta-feira, maio 16

POLÍTICA A NU

Posted by PicasaTania Derveaux

Tania, candidata do partido NEE ao Senado belga, mostra como as nossas campanhas eleitorais são monótonas.
.

O OLHO DE VASCO GRAÇA MOURA

As análises políticas de Vasco Graça Moura têm um encanto especial. Compreendo-o. Também eu gosto de defender o meu campo político e ideológico e sou capaz de o fazer mesmo na iminência de uma derrota.

No caso das eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa o candidato encontrado por Marques Mendes é uma solução de recurso e colocou a nu a fraqueza da posição do PSD nesta disputa eleitoral. O PSD, neste caso, é o governo e o PS a oposição mesmo que o PSD queira fazer parecer o contrário.

Quando amigos, adversários e inimigos qualificam, repetidamente, em política, uma personalidade de estimável, é sempre mau sinal. Fernando Negrão é um caso de personalidade estimável. Tal como eu também ele foi do MES. Negrão é mesmo estimável e contra mim falo.

O PSD esperou para saber do lance de António Costa, e prevendo a candidatura independente de Carmona Rodrigues, escolheu a “via estreita”, ou seja, reduzir drasticamente as expectativas eleitorais e minimizar os prejuízos de uma eventual derrota proclamando-a como a vitória possível entre os escombros de uma estranha gestão Santana/Carmona.

As candidaturas independentes, se chegarem às urnas, dividem todos os campos por igual. O PS, com António Costa, já se antecipou e dividiu o campo de Helena Roseta, integrando na sua lista Ana Sara Brito um nome forte do poder local de Lisboa, elemento da candidatura presidencial de Manuel Alegre e cabeça da associação a que aquela candidatura deu origem.

Resta a abstenção para penalizar o PS assim como o voto de protesto que beneficiará as candidaturas da CDU e do BE caso, à última da hora, não surja alguma coligação que baralhe as contas.

Entretanto Vasco Graça Moura consegue, num passe de mágica, trocar tudo e colocar a esquerda no lugar da direita no que diz respeito à gestão da CML. Na verdade o último parágrafo, que transcrevo a seguir, do seu artigo, de hoje, no DN é de ir às lágrimas:

“Lisboa não pode cair nas mãos de uma esquerda que acabaria por torná-la numa cidade fantasma, incaracterística, arruinada e incapaz de se afirmar, tanto no plano nacional como no internacional, ao sabor de tricas e politiquices. Lisboa precisa de continuar a ter uma luz forte e clara ao fundo do túnel.”

A DIREITA QUE GOVERNA LISBOA DESDE FINAIS DE 2001 TERÁ DEIXADO, ENTÃO, UMA CIDADE EM BOM ESTADO DE USO, COM FOLGA FINANCEIRA, RESPIRANDO SAÚDE E CAPACIDADE DE AFIRMAÇÃO COMO CENTRO DE FULGURANTES INICIATIVAS NOS PLANOS NACIONAL E INTERNACIONAL! MAS COM FERNANDO NEGRÃO JÁ SE ACENDE, DE NOVO, "UMA LUZ FORTE E CLARA" AO FUNDO DO TÚNEL ANUNCIANDO A SAÍDA DA CRISE!
.

terça-feira, maio 15

"O quadro familiar: o avô"

Tomando a cronologia de José Matoso, Afonso Henriques, nasceu (talvez), em Viseu, a 15 de Agosto de 1109, no mesmo ano da morte de seu avô, Afonso VI, pai de sua mãe D. Teresa. Logo está próxima a celebração do nongentésimo aniversário de Afonso Henriques.

Não sei se alguma entidade pública, ou outra, já se lembrou da data. Convenhamos que um país europeu desperdiçar a oportunidade de celebrar os 900 anos do nascimento do seu primeiro rei brada aos céus. Mas na nossa antiga pátria lusitana tudo é possível!

“Em 1109, nasce, pois, um menino, primeiro filho da condessa D. Teresa e do conde D. Henrique. Estava ligado por laços hereditários à família régia de Leão e Castela.”
(…)
“Os escribas do conde D. Henrique e da condessa D. Teresa quase nunca se esqueciam, nos seus diplomas, de recordar que ela era filha do “grande” rei Afonso; os de Afonso Henriques, sobretudo os primeiros, lembravam que ele era neto do mesmo rei; e por volta dos anos 1185-1190 o cónego de Santa Cruz de Coimbra que redigiu os Anais de D. Afonso, Rei dos Portugueses referia-se ainda a ele como ”o grande imperador da Hispânia D. Afonso””
(…)
“Em 1109, ano de nascimento de Afonso Henriques, havia, sem dúvida, quem não esquecesse a humilhante derrota sofrida pelo mesmo rei em 1085, na Batalha de Zalaca, contra as tropas almorávidas, nem, nos anos seguintes, a perda de muitas outras cidades importantes da fronteira; mas o ambiente de angústia pelo risco de perder um esplendor tão elevado contribuía, até, para engrandecer a sua memória. Afonso Henriques ficou para sempre ligado a essa referência. Considerava-se, por transmissão materna, como o legítimo herdeiro de um avô glorioso, cuja memória tinha obrigação de honrar, procurando imitar os seus feitos. Era reconhecido como tal pelos seus súbditos”

In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "O quadro familiar: o avô", pg. 18/19. (2)
.

MIAIS UMA BOA NOTÍCIA


O crescimento da economia portuguesa, no 1º trimestre de 2007, foi de 2,1%, o maior dos últimos 5 anos. Menos que a Eurozona (3,1%) e a Espanha (4%) e mais do que a França (2%).
.

KATE MOSS

Posted by PicasaKate Moss

Eu sei que se produzem imagens para vender produtos e que a própria imagem é um produto que se vende. Este é um caso de estudo. Tem qualquer coisa que ultrapassa as vulgares explicações do sucesso nos negócios da imagem.
.

segunda-feira, maio 14

ANTÓNIO COSTA - UMA CANDIDATURA FORTE PARA LISBOA

Posted by PicasaImagem daqui

Caso se venha a concretizar a candidatura de António Costa à Câmara Municipal de Lisboa, como tudo indica, o PS responde ao desafio que estas eleições representam com a responsabilidade própria de um partido de governo.

António Costa, pensem o que quiserem os seus detractores, é um candidato muito forte e, presume-se, apresentará um programa de governo para a cidade e uma lista de candidatos politicamente credíveis.

Porque o que está em causa nestas eleições não é tão-somente a CML mas também o próprio governo pois, não sejamos ingénuos, o resultado destas eleições será interpretado como um verdadeiro julgamento da acção política do governo

Ao contrário do que tenho ouvido a muitos comentaristas, apesar da existência de outros candidatos, igualmente fortes, o PS faz bem em assumir em pleno as suas responsabilidades políticas lançando nesta disputa eleitoral um peso pesado do governo que, ainda para mais, tem detido a responsabilidade governamental das autarquias.

Chama-se a isto jogar ao ataque, correr riscos, assumir responsabilidades, atribuir importância politica à Câmara Municipal de Lisboa e enfrentar o desafio de resolver os problemas criados na CML, desde 2001, pela gestão ruinosa do PSD.
.

ALMANAQUE REPUBLICANO

Posted by PicasaAlmanaque Republicano

Salazar – 'As diferentes forças políticas em face da Revolução Nacional'

"O processo da democracia parlamentarista está feito; a sua crise é universal; supõem ainda alguns que esta é passageira e provocada pelas dificuldades igualmente transitórias do presente momento; os restantes crêem que findou para sempre a sua época."

Salazar, em 1932, ainda a braços com a herança da democracia parlamentar, busca estruturar um discurso em favor da Ditadura Nacional. À consideração daqueles que, no nosso tempo, encontram nos partidos a raiz de todos os males do país e fora deles as mais fortes razões para crer numa verdadeira regeneração da democracia.
.

ESTADO PURO

.