domingo, janeiro 17

PS - NA FRENTE (POR VIA DAS DÚVIDAS ...)


John Delaney

No MARGENS DE ERRO as últimas sondagens divulgadas (1) (2). Subidas e descidas, as revelações têm o valor que têm, mas há uma que tem mais valor que todas as outras: o PS não quebra e está na frente em todas. A importância deste dado prende-se, além do mais, com a gestão das expectativas. Quem ousar derrubar o governo sairá a perder, ou seja, mais vale fazer acordos do que acirrar os ânimos buscando uma crise política.


quinta-feira, janeiro 14

POEMAS MANUSCRITOS


O meu amigo, de longa data, Eduardo Aleixo, divulgou alguns poemas e a capa do livro intitulado “Poemas Manuscritos” dado à estampa, como “micro edição” de autor, pelo último Natal. Também, pelo menos, Maria do Rosário Fardilha publicou dois poemas no Divas & Contabaixos. Os meus agradecimentos pela atenção que torno extensível a todas, e todos, que me fizeram chegar mensagens por outros caminhos. Salvo qualquer falha ou omissão os poemas, por vezes com variantes, estão disponíveis aqui nas etiquetas: “20 Poemas de Cuba”, “25 Poemas” e “13 Poemas de Agosto”.
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quarta-feira, janeiro 13

Eric Rohmer

Rohmer the Classicist, Calmly Dissecting Desire
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A ler: Maria do Rosário Fardilha.
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HAITI

Haiti. No meio da enorme tragédia do Haiti a vitória da internet, e das redes sociais, sobre os media tradicionais. Quase todas as notícias são divulgadas em primeira mão através da internet. Um cenário de guerra no qual as vítimas fazem a reportagem da sua própria tragédia. Sem mais ninguém a explorá-la.


domingo, janeiro 10

Mrs. Robinson














Os conservadores, a moral e os bons costumes: o caso paradigmático de Mrs. Robinson, esposa de Peter Robinson, primeiro ministro da Irlanda do Norte.
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Uma grande lição:

A Srª Iris Robinson, tal como o seu marido, Peter Robinson, primeiro-ministro da Irlanda, pertence ao Partido Democrático Unionista, que é religioso e se confunde com a confissão deles, a igreja presbiteriana fundamentalista. O que ela lê nos livros sagrados, considera-o de forma teocrática, isto é, vale como lei terrena. É bom para ter convicções fortes. Por exemplo, fala-se de homossexuais e a Srª Robinson saca do Levítico, um dos livros da Bíblia, capítulo 18: "Não se deite o homem com um homem como se fosse uma mulher. É uma abominação." Em 2007, foi assim que ela respondeu à BBC. Se o Levítico falou, está falado - é antigo, foi escrito há mais de 3 mil anos, e isso há de dar-lhe alguma autoridade. Até à semana passada, ninguém perguntou à Srª Robinson sobre adultério. No capítulo 20, o Levítico diz: os adúlteros devem ser condenados à morte. Eu tenho para mim, que sou um cínico, que a Srª Robinson é uma cágada. Mesmo perguntada sobre o adultério, ela citaria o Levítico. É que ela leu-lhe os 27 capítulos e nenhum refere explicitamente o que a poderia desmascarar: ser pecado dormir com o homem do talho e o filho do homem do talho. A Srª Robinson, além das convicções fortes, só aceita as que lhe convém. É bem comum a Srª Robinson.

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sábado, janeiro 9

ALBERT CAMUS: O LUGAR DO MORTO



“ATENÇÃO FLASH O ESCRITOR ALBERT CAMUS MORTO NUM ACIDENTE DE AUTOMÓVEL EM YONNE, PERTO DE SENS”.

A notícia caía assim sumariamente, a meio da tarde de 4 de Janeiro de 1960, divulgada pela France-Presse. Os pormenores viriam mais tarde. O acidente ocorrera sem causas aparentes: Michel Gallimard vinha a conduzir com Albert Camus ao lado. Atrás, a mulher e a filha de Michel. Velocidade excessiva? Lençol húmido no asfalto? Depois da derrapagem e do choque com um plátano, os ocupantes do banco de trás seriam projectados e sobreviveriam. Michel morrerá alguns dias depois. Albert Camus terá tido morte imediata. Ocupava o lugar do morto. Fez, na passada 2.ª feira, 50 anos.

Maria Luísa Malato Borralho (Faculdade de Letras da Universidade do Porto)

[Artigo publicado, hoje, no “Expresso”. Na íntegra AQUI E AQUI.]
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EM MEMÓRIA DE MEU PAI

Não posso deixar mais tempo esta folha em branco por assinalar com um rabisco qualquer, o desejo de participar, estar presente, testemunhar, o medo da folha em branco, por esquecimento de nela assinar a palavra, uma palavra, qualquer palavra, o desejo de pertencer a um espaço, comunidade, lugar, escrever depressa, sem errar, sem entrar no trilho da escrita automática de que tenho ouvido falar e da qual às vezes sinto que passo mesmo a rasar, como agora, cansado, ao fim da noite, com a cabeça a tombar no teclado, num último estertor de energia, no fim do dia, cansado, como o meu pai se devia sentir cansado no fim do seu tempo, MANTENDO A VONTADE DE SE MOSTRAR DIGNO, RECONHENDO-SE, REZANDO, REGRESSANDO AO TEMPO DAS ÁRVORES DE FRUTOS A CUJA SOMBRA DESFRUTAVA DE TODO O TEMPO DO MUNDO, PARA PENSAR COMO FUGIR À MISÉRIA E CRIAR FAMÍLIA, QUE CRIOU, como tantos homens e mulheres do seu tempo que aprendi a admirar, DEIXANDO-ME A MIM QUASE PARA O FIM, como me sinto ligado a todas as tradições que os meus em mim depositaram sem saber e interrogo-me se serei capaz de legar a mesmo doce áurea de uma vida impoluta de fazer tudo o que se exige a um homem fazer. [Em memória de meu pai pelo aniversário da sua morte.]
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quinta-feira, janeiro 7

CAMUS, CINQUENTA ANOS DEPOIS


Le Figaro : Albert Camus, l'homme intranquille


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UNIDOSE



Nenhuma farmácia hospitalar ou de oficina em Portugal aderiu à venda de medicamentos em unidose, seis meses após a entrada em vigor da lei, disse à Lusa a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).

Os mistérios dos negócios da saúde! A indústria se puder vender 20 nunca aceitará vender 1. Sugestão: que cada um faça uma inspecção ao stock de medicamentos, fora do prazo de validade, que lá tem em casa. A chamada unidose, tão reclamada, não interessa senão aos consumidores finais. Quem os defende? Em última instância o estado! Ninguém reclama que se discuta a unidose no parlamento?
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quarta-feira, janeiro 6

ALBERT CAMUS, BREVE BALANÇO


O cinquentenário da morte de Albert Camus foi evocado em muitos blogues portugueses. A maior parte fez referência à cronologia biográfica que elaborei e publiquei. A todos agradeço as palavras amáveis que me dirigiram. Não nomeio ninguém para não cometer a inevitável injustiça do esquecimento. Assinalo, isso sim, o esquecimento generalizado da efeméride pelos meios de comunicação tradicionais portugueses, uma espécie de rasura da memória da criação artística e acção cívica, e política, de um homem que não transigiu, no seu tempo, com o totalitarismo fosse qual fosse a sua natureza. Entre as excepções o Expresso publicará, no próximo sábado, um artigo da Prof. ª Maria Luísa Malato Borralho autora nos anos 80 de um livro, provavelmente o único publicado em Portugal, por autor português acerca de Camus, por sinal, de muita qualidade que bem merecia ser reeditado. Republico a Cronologia, após revisão, por esta autora, AQUI.