Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
terça-feira, setembro 1
ELEIÇÕES - 1 de setembro
Voltando ao tema das eleições legislativas de 4 de outubro próximo. A geometria político-partidária do regime democrático português, criado no pós 25 de abril, não deverá sofrer uma derrocada. Manterá, no essencial, a mesma estrutura com suas peculiaridades de que assinalo duas que julgo bastante distintivas de outros países com regimes democráticos: a blindagem, à esquerda e à direita, do sistema impedindo a emergências de forças politicas populistas - com expressão eleitoral relevante - e a resistência eleitoral do PCP, ao contrário do que acontece em quase todos os países da UE nos quais os partidos comunistas tradicionais se tornaram politicamente irrelevantes. O que é provável que aconteça nas próximas eleições, em linha com uma tendência que vem fazendo o seu caminho, sem novidade, é uma forte abstenção que o "bipartidarismo" não ajuda a combater ajudada pelo crescente peso da emigração.
segunda-feira, agosto 31
sábado, agosto 29
ELEIÇÕES - 29 de agosto
A um mês e poucos dias das eleições legislativas toda a gente, mesmo toda a gente, deve estar preparada para tudo o que se diz, se anuncia, promete, proclama, se subentende, se faz e ameaça fazer, de dentro, e de fora, do circulo restrito dos políticos na refrega eleitoral. Uma nota acerca do tema que me apraz deixar registada: diga-se o que se disser o PS português pertence à família política europeia, e mundial, da social democracia, do socialismo democrático e do trabalhismo. Trata-se de uma questão de atualidade, por razão dos debates eleitorais, mas também uma questão histórica herdada dos tempos longínquos da revolução industrial. Quer queiram, ou não queiram, o PS português é, na verdade, um partido do centro/esquerda no modelo construído após o 25 de abril (certamente discutível) da nossa democracia representativa, existindo partidos representativos à sua direita - PSD e CDS/PP e à sua esquerda - PCP e BE. Já sabemos que é um caso de estudo na situação atual da Europa na qual emergem novas forças politicas organizadas, com expressão eleitoral, que colocam novos desafios mas, em Portugal, o PS é o que é: o partido dominante e congregador do centro/esquerda, com vocação para a construção de soluções de governo. Quais? Não sei, pois esse veredito compete aos eleitores que somos, afinal, nós todos.
sexta-feira, agosto 28
terça-feira, agosto 25
Paris Libertada - 25 de agosto de 1944
Passam hoje 71 anos que Paris foi libertada da ocupação nazi. Nesse dia Camus escreveu um notável editorial para o jornal Combat, órgão da Resistência, intitulado: LA NUIT DE LA VÉRITÉ que começa assim:
Tandis que les balles de la liberté sifflent encore dans la ville, les canons de la libération franchissent les portes de Paris, au milieu des cris et des fleurs. Dans la plus belle et la plus chaude des nuits d’août, le ciel de Paris mêle aux étoiles de toujours les balles traçantes, la fumée des incendies et les fusées multicolores de la joie populaire. Dans cette nuit sans égale s’achèvent quatre ans d’une histoire monstrueuse et d’une lutte indicible où la France était aux prises avec sa honte et sa fureur. (...)
71 anos é muito tempo mas nada é mais importante do que celebrar a liberdade e os acontecimentos que a evocam em toda a sua força telúrica. Desde esse dia a Europa tem vivido um longo período de paz que somente hoje, no tempo que é o nosso, está verdadeiramente em perigo.
Tandis que les balles de la liberté sifflent encore dans la ville, les canons de la libération franchissent les portes de Paris, au milieu des cris et des fleurs. Dans la plus belle et la plus chaude des nuits d’août, le ciel de Paris mêle aux étoiles de toujours les balles traçantes, la fumée des incendies et les fusées multicolores de la joie populaire. Dans cette nuit sans égale s’achèvent quatre ans d’une histoire monstrueuse et d’une lutte indicible où la France était aux prises avec sa honte et sa fureur. (...)
71 anos é muito tempo mas nada é mais importante do que celebrar a liberdade e os acontecimentos que a evocam em toda a sua força telúrica. Desde esse dia a Europa tem vivido um longo período de paz que somente hoje, no tempo que é o nosso, está verdadeiramente em perigo.
quarta-feira, agosto 19
Presidenciais - 19 de agosto - 2015
Não sou capaz de opinar, tomar posição, acerca dos episódios que se têm vindo a desenrolar sob o manto das eleições presidenciais. Existem anúncios de intenções, intenções disfarçadas de comentários, anúncios para marcação de lugar na pré campanha, figuras que se propõem sem programa, por fim, um jogo político que vale pelo próprio jogo. Não ignoro que algumas das intenções anunciadas terão objetivos políticos bem definidos mas ainda somente do conhecimento de quem manobra nos bastidores. Como cidadão eleitor decidirei o meu voto a seu tempo somente quando a cartas estiverem todas em cima da mesa. Faltam pelo menos quatro meses e até lá muita água vai correr debaixo das pontes.
domingo, agosto 16
FARO
Faro. Pelas ruas da baixa da cidade, reencontro os espaços que percorri, alguns intatos, banhados pela claridade da cidade meridional. No ar quente cheira a maresia e escasseia a gente, é domingo de praia, aqui tão perto.
sexta-feira, agosto 14
Eleições - 14 agosto - 2015
Faltam 50 dias para as eleições legislativas de 4 de outubro. Não vai haver Orçamento de Estado para 2016 senão após as eleições. Trata-se de uma questão da qual ninguém fala mas que é da maior importância. É provável que, caso a entrada em funções do próximo governo seja relativamente demorada, no início de 2016 se aplique o chamado regime de duodécimos. Desde o momento em que se torna percetível que assim será produz-se um efeito de adiamento e/ou retardamento de decisões na administração. Na prática salvo se das eleições resultar uma maioria absoluta - a qual poucos acreditam que venha a tornar-se realidade - entrar-se-á num período de debate politico intenso destinado à formação do governo em simultâneo com a pré campanha para as eleições presidenciais. Rescaldo de umas eleições início de outras eleições para todos os órgãos de soberania eleitos - AR e PR. Uma situação singular pois não me lembro de ter acontecido alguma vez no pós 25 de abril... (talvez na I República!). Nada que não fosse previsível e o tempo é uma importantíssima variável na política ...
terça-feira, agosto 11
Eleições - 11 de agosto de 2015
Acerca das polémicas dos cartazes da campanha eleitoral em curso apetece passar à frente o mais depressa possível. Porque descredibiliza a política numa das suas facetas mais sensíveis qual seja a da imagem que se projeta dos partidos revelando(ou confirmando)o seu afastamento das pessoas e o simultâneo afastamento das pessoas dos partidos. A gravidade do uso de imagens de cidadãos, "roubadas" ou "compradas", para ilustrar cartazes de campanha eleitoral está no facto de simbolizar o afastamento dos partidos que as usam dos cidadãos que pretendem que se identifiquem com a sua mensagem. É uma incompetência que vai para além da mera tecnicidade das tarefas da propaganda política inscrevendo-se numa espécie de esgotamento do papel dos partidos tradicionais. Nada de novo existe neste breve apontamento acerca de um tema que está na ordem dia. Em Portugal observam-se manifestações de fadiga do papel dos partidos tradicionais (nem por isso menos representativos e democráticos)sem que das próximas eleições, por efeito dos seus resultados eleitorais, se preveja o seu ocaso ou esfacelamento. Esta é uma singularidade de Portugal entre os países do sul da Europa no que respeita à paisagem partidária. Matéria para os estudiosos.
sexta-feira, agosto 7
quinta-feira, agosto 6
HIROSHIMA - 70º ANIVERSÁRIO
A Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas,
Pensem nas meninas
Cegas inexatas,
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas,
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas.
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa, da rosa!
Da rosa de Hiroshima,
A rosa hereditária,
A rosa radioativa
Estúpida e inválida,
A rosa com cirrose,
A anti-rosa atômica.
Sem cor, sem perfume,
Sem rosa, sem nada.
Vinicius de Moraes
terça-feira, agosto 4
domingo, agosto 2
Primeiro domingo de agosto - 2015
Primeiro domingo de agosto do ano da graça de 2015. Perto do ponto mais ocidental da Europa olho pela janela o mar que, em seu azul puro, anuncia mais vida para além das preocupações do dia a dia. Nada a temer da natureza a não ser o homem que dela é pertença. Por entre todas as ameaças, lutas e guerras não declaradas, persiste a necessidade de partilhar, em paz e liberdade, a luta pela dignidade do homem. Incorporo-me nessa amalgama de vontades que aparentando por vezes fraqueza de súbito, como sempre na história, se agigantam e se transformam em força.
quinta-feira, julho 30
terça-feira, julho 28
ELEIÇÕES - 2015 - dia 28 julho
Estamos nas vésperas, em Portugal, de mais um combate político travado em democracia. Esta frase parece uma banalidade mas é saudável recordar que em Portugal, durante 48 anos, vigorou uma ditadura. Não vale a pena dourar a pílula, com fraseados mais ou menos adocicados, acerca do regime politico que vigorou em Portugal entre 1926 e 1974 - uma ditadura. Nesse período, correspondente a mais do que uma geração de portugueses - o meu pai só conheceu a cor da liberdade aos 63 anos de idade - efectuaram-se simulacros de eleições. Somente após o 25 de abril de 1974 se realizaram eleições livres e democráticas, com o pleno vencimento do sufrágio universal, que mesmo na 1ª República havia sido limitado, por exemplo, no caso do voto das mulheres. Nunca poderei dizer que não me interessa o vencedor das eleições de 4 de outubro próximo e, muito menos, por em dúvida o exercício de voto pois sempre votei em todas as eleições realizadas depois do 25 de abril (e mesmo em alguns simulacros de eleições realizadas antes.). Sempre, desde a adolescência, fui atraído pelos ideais do socialismo partilhando todas (ou quase todas) as suas derivas, ou tendências, que, em cada época, ganham novos contornos e protagonistas. Votarei em fidelidade aos meus ideais de sempre. Mas o voto, em liberdade e democracia, só faz sentido, para mim, no respeito sagrado pelo sentido do voto de todos e de cada um.
Subscrever:
Mensagens (Atom)