Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, setembro 23
Política
Alguns aspetos deste periodo eleitoral fazem-me lembrar periodos eleitorais passados, nalguns dos quais, aliás, participei ao de leve. Lembro-me dos tempos de eleições quando o candidato/presidente do PSD era Cavaco Silva, em 1987 e 1991, nas quais obteve maioria absoluta. Portugal havia aderido à CEE em 1986 e começavam a ser anunciados, e a chegar mesmo, os fundos da CEE. Uma "pipa de massa" que permitiu, dando de barato desperdicios e perversões, criar as infraestruturas que não existiam ou estavam uma lástima. Ora Cavaco Silva nas campanhas eleitorais não se referia aos fundos? Não eram os fundos, resultantes da adesão à CEE, (obra de Soares face à qual num primeiro momento Cavaco se opôs) o pano de fundo da politica na época? O que mobilizava a esperança e a vontade dos portugueses mesmo que não fossem da área politica da direita? A Europa e os fundos que nos proporcionou! Assim foi nesse tempo, assim será sempre, seja qual for o partido incumbente e o seu lider. Ninguém pode exigir a um lider partidário que faça o jogo dos adversários. No caso presente António Costa por coincidência de calendários, pois nestas coisas não há adivinhos, tem a seu favor o sucesso da vacinação (Portugal é o pais do mundo com a mais elevada taxa de vacinação completa), e de novo fundos europeus que muito se devem ao seu trabalho no decurso da presidência portuguesa do Conselho da UE. É uma realidade que se imporia sempre, fosse qual fosse a vontade dos protagonistas politicos em presença. Não ando na politica pura e dura, nem nunca andei, salvo nos primórdios do MES, por ter sido muito marcado por uma frase de Camus que li pelos meus 20 anos nos seus Cadernos:"Não sou feito para a política pois sou incapaz de querer ou de aceitar a morte do adversário." Ora quem lá anda a sério ...
quarta-feira, setembro 22
Eleições
Importantes, importantes são as eleições legislativas na Alemanha. No mesmo dia das autárquicas em Portugal com a diferença daquelas se destinarem à escolha do governo do país mais decisivo para a orientação politica e económica da Europa. Com estas eleições tudo vai mudar, aparentemente, pouco na Alemanha e em Portugal. Mas sempre poderão ocorrer mudanças incrementais que podem fazer toda a diferença. Se o SPD ganhar na Alamanha a esquerda europeia ganha alento apesar da politica alemã se deslocar somente uns milimetros para a esquerda. Se o PS ganhar em Portugal, ou seja mantiver o maior numero de presidências de Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, apesar de todos os partidos (ou quase todos) clamarem por vitória, tudo se manterá, no essencia, na mesma. Uma grande diferença poderá ser em ambos os casos a derrota dos partidos da extrema direita, isso sim uma coisa importante.
terça-feira, setembro 21
A derrota dos negacionistas
Está em vias de se tornar banal a notícia de se ter atingido a meta de 85% de cidadãos portugueses (melhor dito, que vivem em Portugal) com a vacinação completa contra a COVID19. Julgo que não andarei longe de acertar se disser que tal meta será atingida na próxima 3º feira, dia 28 setembro. Como havia dito muito tempo atrás aguardemos pelo final de setembro. Não vou fazer contas mas este resultado é um dos acontecimentos mais extraordinários dos últimos muitos anos em Portugal. Dele se podem retirar muitas conclusões mas, neste momento, retiro só uma: os negacionistas são uma ultraminoria no nosso país e foram derrotados.
segunda-feira, setembro 20
Saber receber quem precisa
Esta é uma notícia da LUSA: "Portugal recebeu este domingo grupo de 80 afegãos - Grupo integra, na maioria, atletas da equipa de futebol feminino e seus agregados familiares. Sobe assim para 178 o total de cidadãos acolhidos após a emergência humanitária no Afeganistão, anunciou o Governo"
sábado, setembro 18
José-Augusto França
RIP. Morreu o José-Augusto França (1922-2021). Quando a maioria não faz ideia do que a morte de uma pessoa representa para o país.
Fernando Pimenta
Fernando Pimenta sagrou-se hoje campeão do mundo em canoagem (K1 1.000) após um conjunto muito alargado de outros grandes resultados. O que estão à espera para lhe fazer a homenagem que se reserva aos grandes campeões?
quinta-feira, setembro 16
Eleições Autárquicas
Dia 26S vamos uma vez mais a votos. Não deixa de ser importante este simples facto de ir a votos, em continuidade desde o 25A. Ao longo deste tempo de III República podemos sentir orgulho de um regime democrático estável, apesar de cansado que o crescimento da abstenção evidencia. Mas sermos chamados a ir a votos, a fazer escolhas livres, após campanhas eleitorais com diversidade de candidatos, é um bem maior. Saibamos defender o modelo democrático que emergiu do 25A sem receio de o reformar de forma cuidada, informada e debatida. Por vezes esquecemos-nos da necessidade de refletir e ousar reformar os modelos de organização que se institucionalizam.
terça-feira, setembro 14
Setembro vacinal
Leio por aí, pois hoje é terça feira, que foi atingida a meta dos 80% da população portuguesa vacinada com duas doses. Deveremos estar a falar de contas que consideram a população elegível, ou seja, a partir dos 12 naos de idade. Como era estimável esta meta seria atingida por esta altura antecipando os 85% previsiveis no final do mês de setembro. O tema da vacinação infelizmente tornou-se banal mas este resultado é o mais notável acontecimento nacional desde muitos anos atrás. Aconteça o que acontecer daqui para a frente esta vitória numa batalha crucial em prol da saúde pública mostra um país moderno, um povo conquistado pelos valores da racionaliddae e do bom senso cidadão. Basta ter ouvido as muitas entrevistas solicitadas pelos canais de televisão expontâneas aos jovens dos 12 aos 17 anos nos centros da vacinação para entender que a consciência cidadã da juventude, o país do futuro, está muito para além de algumas conjeturas precipitadas acerca da cultura cívica dos jovens, tornando os negacionistas um grupo ultraminoritário. Não vale a pena associar o calendário politico eleitoral ao do combate à pandemia e ao sucesso da vacinação, pois como diria o outro o que tem que ser tem muita força. No final de setembro voltamos a fazer contas.
segunda-feira, setembro 13
Os negacionistas/fascistas
É um fenómeno de âmbito internacional com diversas expressões em cada país. Surgem tomando como pretexto o processo de vacinação ou outras medidas sanitárias tendo explodido com o surgimento da pandemia covid 19. Em muitos países dispõem de respaldo de lideres populistas como é o caso do Brasil. Na verdade pretendem atacar os regimes democrático-liberais dizendo-se defensores inflamados da liberdade. No nosso país parece terem tomado por alvo Ferro Rodrigues que está empossado democraticamente como a segunda figura mais relevante do Estado democrático. A tolerância para com os intolerantes tem limites. Venho aqui para afirmar que o poder judiciário tem por dever ser firme contra os criminosos. É o caso destes negacionistas/fascistas.
sábado, setembro 11
Nuno Brederode Santos (um almoço tardio) - 2
Em resposta ao meu post anterior, comentando algumas incidências do I Cngresso do MES, nos longinquos idos de dezembro de 1974, Nuno Brederode Santos retorquiu ao seu estilo com esclarecimentos relevantes:
Meu caro Eduardo:
Começo, se mo permites, pela matéria dos autos, com comentários pontuais.
Talvez nem te esteja a corrigir, mas o que admito é que, à partida para o Congresso fundacional do MES, eu queria que os meus amigos (pessoais e políticos) saíssem. Isto era do pleno conhecimento de alguns, o que não significa que merecesse a sua concordância. Porque a quase totalidade foram para lá na melhor fé, embora sabendo que havia o risco de não terem margem para ficar. Aquilo em que eu diferia deles nem é, pelo menos no comum das situações, muito bonito: e, por isso, lhe chamei «reserva mental». Para corresponder à honestidade intelectual com que vens tratando do assunto – um assunto em que estás completamente envolvido – senti-me na obrigação compulsiva de te fazer saber que havia quem, do outro lado (o meu), tivesse por aliados os «zulus» que queriam correr com os «doutores».
Ora isso não faz de mim «tenor». Mesmo que eu tivesse qualidades pessoais para isso, ou a ambição disso – o que não era manifestamente o caso – não conseguiria sê-lo: cheguei a essa novela muito tarde e, ainda por cima, tinha de lidar em simultâneo com velhos amigos, que conhecia de ginjeira, mas também com outros, que eles bem conheciam e eu não (por se tratar de amizades que eles fizeram desde 69/70, ou seja, quando começou a minha ausência «militar»).
O que eu fiz reflecte, aliás, o que te digo: ao datar a minha carta de saída do primeiro dia dos trabalhos, eu coloquei-me na posição, de pressionar os outros, é certo, mas também na de eu próprio já não ter recuo. Afundei as caravelas, como o Cortez. Mas até nisso há distinções. Porque outro signatário, que foi o J. M. Galvão Telles, foi sendo empurrado para essa atitude. Mas não havia nele senão abertura: e a prova, que tu mesmo já invocaste, é que levou a «militância» ao ponto de arranjar uma sede de que era ele, obviamente, o verdadeiro penhor.
O que eu queria não fica retratado com aquilo a que chamas «federação inorgânica de grupos convergentes», porque era mais simples (ainda que pouco maduro, admito hoje). O que eu queria era que entrássemos para o PS, mas ganhando o tempo de um compasso de espera com dois fins: a) O primeiro e mais importante, era deixar passar a fase do PS como cabeça da frente nacional de resistência ao esquerdismo (o que arrastaria também o desbloqueamento de algumas tensões que subsistiam entre o Melo Antunes e «os 9», de um lado, e a direcção do PS, do outro); o segundo era permitir a «digestão» e o «luto», de que a maior parte dos meus amigos políticos carecia após o malogro da aposta no MES.
Era, pois, necessário um interinato. E, para esse, eu queria um «grilo do Pinóquio», um «clube» de reflexão ao qual, numa carta que ainda enviei de Moçambique, eu chamava, assumindo o paradoxo, um «PSU sem carácter partidário». De facto, a «coisa» tinha de ser compatível com filiações partidárias. Por exótica que tal liberdade hoje pareça. Basta citar o caso do César Oliveira, que não aceitaria acompanhar uma saída conjunta, se ficasse tão dela prisioneiro quanto se sentia no MES. Ora, com pequenas adaptações, foi o que veio a suceder com a saída do MES em grupo e a criação do grupo de Intervenção Socialista (que durou até à nossa entrada para o PS, em 1978) não andou longe disso.
Quanto ao decurso do Congresso. De facto, já sabíamos que a maioria (a tal a que eu chamava «zululãndia») iria fazer valer os seus direitos e colocar os «doutores» em minoria. Mas havia dois imponderáveis. O primeiro era saber se resistiriam, no contexto da época, à assunção formal do marxismo-leninismo. O segundo era quais os sinais que dariam a essa minoria, indiciadores da tolerância e flexibilidade com que se preparavam para tratá-la. Ora as respostas dadas foram ambas claras.
Na primeira questão, porque o obreirismo patente nalguns discursos já falaria por si mesmo, mas o marxismo-leninismo foi, de facto, formalmente proclamado na moção que viria a ser a vencedora. Na segunda questão, porque os discursos da maioria podiam reflectir três hipotéticas atitudes: afirmar princípios, mas ressalvar algum pluralismo; fingir – algo «arrogantemente», diria eu – que a minoria nem existia; ou, na prática, convidá-la a sair. A nossa percepção foi a de poucos discursos se terem colocado na primeira hipótese, quase todos se colocando na segunda e o Afonso ter encarnado explicitamente a terceira (numa resposta explícita e «ad hominem» ao discurso anterior do Jorge Sampaio). Claro que o factor geracional – eu diria mesmo de amizade pessoal – que a muitos de nós ligava o Afonso teve o efeito «demolidor» de que tu falas.
Para terminar, quero só esclarecer que não foram poucas as pessoas que quiseram então largar o nascente MES, mas sem qualquer propósito de virem a ligar-se ao PS ou a qualquer outro partido. O César, por exemplo, viria a militar na UEDS; o João Bénard ou a Luísa Castilho são exemplos dos muitos que, nos primórdios de 1978, não quiseram acompanhar a entrada no PS e preferiram ficar independentes.
Quanto ao resto, meu caro Eduardo, não estou em condições de discutir o muito mais que vais apreciando e comentando: a aventura do MES até ao fim. Mas reitero que muito me impressionou o teu raríssimo e genuíno esforço de autocrítica, nos textos que já publicaste na blogosfera. Além do mais, gostei muito da conversa. E nem desgostei da refeição. É, pois, uma experiência a repetir, se e quando estiveres para aí virado.
Abraço
Nuno
Uma conversa tardia com Nuno Brederode Santos
Hoje comprei o Público em papel. O tema dominante, como seria de esperar, é Jorge Sampaio. Surgem muitas referências ao MES em particular em testemunhos. A história politica oficial é sempre feita por aqueles que estão no poder. Sabemos. Muitas das referências ao MES são distorcidas ou mesmo falsas, repetindo ideias feitas esteriotipadas, outras são naturalmente fragmentos que correspondem à verdade. É interessante como um partido que se auto extinguiu por vontade dos seus próprios dirigentes à época, suscita tanta referencia a propósito da morte de um insigne dirigentes politico que, afinal, não o foi do dito extinto partido. Aqui deixo um post mais acerca do MES neste caso resultante de uma "conversa póstuma" com o verdadeiro ideólogo da rutura com o MES do chamado grupo da Flórida (GIS), de seu nome Nuno Brederode Santos.
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A minha conversa com o Nuno Brederode Santos foi, além do prazer por desfrutar da companhia de uma personalidade fascinante, muito esclarecedora acerca de diversos aspectos substanciais, e de detalhe, que sempre haviam permanecido, para mim, um mistério no que respeita ao desenlace do I Congresso do MES. Este post que escrevi a propósito dessa conversa, e o seguinte, de autoria do Nuno, como resposta/esclarecimento à minha interpretação das circunstâncias em que decorreu o I Congresso (que publicarei amanhã), são o contributo possível para não deixar adormecidas nas memórias daqueles que foram protagonistas dos acontecimentos explicações que, apesar da sua subjectividade, assentaram no racional possível num contexto politico de desenfreada exaltação.
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Julgo não cometer nenhuma inconfidência grave se revelar que, um dia destes, almocei com o Nuno Brederode Santos. Os anos passaram e as minhas incursões pelas memórias do MES fizeram despertar nele, no meu entendimento, a necessidade de uma reflexão acerca de algumas reservas mentais que apimentaram a batalha do I Congresso do MES nos finais do ano da graça de 1974.
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Curiosamente ficámos a saber, no decurso do repasto, que o nosso regresso às lides políticas, ocorreu em Outubro desse ano pelas mesmíssimas razões. Ele «guerreava» em Moçambique, no curso de uma longa comissão na guerra que combatíamos, eu «guerreava» na magna tarefa de instruir levas de milicianos – alguns deles ilustres intelectuais da nossa praça – habilitando-os para a deserção ou para o combate numa das frentes dessa guerra, para nós, desditosa.
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Além de agradável, no plano pessoal, como haveria sempre de ser, a conversa revelou-me algumas facetas do primeiro conclave do MES que se me haviam varrido da memória e que, como consequência, levaram a omissões involuntárias nas anteriores deambulações que empreendi acerca do tema. Não é que a coisa tenha uma importância por aí além mas, na verdade, nunca me tinha apercebido de que o Nuno, ele próprio, fora um dos principais, senão o principal, tenor da tese da ruptura.
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Se tivesse sido alcançada uma conciliação de posições permitindo manter a unidade, que acabou por se quebrar com estrondo no I Congresso do MES, seria uma derrota para a sua tese que, pelo que entendi, preconizava a criação de uma espécie de federação, inorgânica, de grupos convergentes que, sem um compromisso demasiado vincado com as forças partidárias emergentes, permitiria ganhar tempo, congregando vontades, para a formulação de um programa político à margem da inevitável opção entre um «compromisso histórico entre famílias socialistas» ou uma deriva esquerdista.
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O Nuno revelou-me ainda algo que se me tinha varrido da memória e que, na sua opinião, foi um factor decisivo, pelo seu efeito psicológico, na consumação da ruptura com o MES daquele que seria conhecido como o grupo de Jorge Sampaio: uma intervenção radical, em pleno Congresso, de Afonso de Barros, filho de Henrique de Barros que, por razões geracionais era tido como elemento próximo do grupo com o qual, naquele momento, romperia de forma brutal.
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Com essa intervenção de Afonso de Barros, da qual não me lembro uma palavra, NBS deu, de imediato, como adquirida a vitória da sua tese, fundada numa confessada reserva mental, ou seja, a da inevitabilidade da ruptura ainda antes da formalização do MES como partido político. Pois sendo a ruptura consumada num momento anterior ao acto final do I Congresso, não seria a reserva mental que presidiu à estratégia dos dissidentes revelada nem estes jamais seriam dissidentes de um partido ao qual, afinal, nunca haviam aderido.
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Com esta revelação mais se vincou a ideia, que sempre tenho acalentado, de que teria sido possível celebrar um acordo entre as partes desavindas, com o empenho de meia dúzia daqueles a que NBS sempre designou por «zulus», derrotando a sua tese que, acabou por sair vencedora aproveitando a imaturidade, pessoal e política, da maioria desses «zulus» entre os quais eu me incluía.
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Assim andámos todos, de um e outro lado, anos a fio, na dúvida acerca do lugar exacto, e do papel de cada um, nos acontecimentos dos primórdios do MES como se fosse importante manter reservas e distâncias quando a ruptura, provavelmente, nunca se chegou a concretizar pelo simples facto de nunca se ter criado o «corpus partidário» que poderia ter sido alvo dela.
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O MES foi, porventura, um mal entendido extinto por quase todos os que se haviam confrontado no I Congresso, através do celebrado, e inédito, convívio de 7 de Novembro de 1981. Só faltam esclarecer uns pormenores que, com a passagem do tempo, se refinaram ganhando a patine das preciosidades inúteis que todas as famílias rejubilam em poder contar como património comum.
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Post publicado nos Caminhos da Memória
sexta-feira, setembro 10
Jorge Sampaio e o MES, o MES e Jorge Sampaio
Disseram-me pois não tenho visto televisão (isto das férias também passa por aí) que a propósito da morte de Jorge Sampaio têm sido feitas diversas referências ao MES. Diga-se que o envolvimento de Sampaio no processo de criação do MES, assim como das vicissitudes da sua não entrada formal no mesmo, está bastante bem documentado e entendido. Eu próprio já escrevi algumas peças acerca do assunto pela simples razão de que o vivi de perto e, mais recentemente, suscitei uma conversa com Nuno Brederode Santos que permitiu ter ficado esclarecido acerca de alguns pontos que ainda não tinha plenamente entendido. Vou pois republicar nestes dias dois ou três postes antigos que permitem colocar a questão da relação de Jorge Sampaio com o MES no lugar certo segundo o meu entendimento e conhecimento direto. Eis o primeiro:
Dando sequência à republicação dos posts publicados em 2008 nos Caminhos da Memória, tomando por tema os "dirigentes fundadores", surge este que faz uma abordagem da questão política mais relevante que esteve presente desde a preparação até à realização do próprio I Congresso do MES. 40 anos depois ... imaginem!
Pretendia abordar, tão só, a temática dos dirigentes fundadores do MES, neste caso os que foram eleitos no I Congresso, realizado nos dias 21 e 22 de Dezembro de 1974, na Aula Magna da Cidade Universitária, de Lisboa. Mas, neste caso, terei que ser um pouco mais extenso já que o I Congresso, como é do conhecimento geral, foi marcado pela cisão protagonizada pelo grupo que viria a dar origem ao GIS («Grupo de Intervenção Socialista»).
Esse conjunto de activistas do MES apresentou ao Congresso um longo, e muito bem estruturado, documento intitulado: O MES E A ACTUAL FASE DA LUTA REVOLUCIONÁRIA – AS TAREFAS IMEDIATAS DO MOVIMENTO, datado de 30 Novembro de 1974, subscrito por Armando Trigo e Abreu, César Oliveira, Francisco Soares, Joaquim Mestre, João Bénard da Costa, João Cravinho, Jorge Sampaio, José Manuel Galvão Teles e Nuno Brederode Santos [1].
Reli, quase 34 anos depois, com os olhos de hoje, as 39 páginas (3 delas quase ilegíveis) do documento em apreço e senti uma inesperada sensação de espanto e perplexidade acerca das razões dessa ruptura protagonizada por algumas das personalidades mais proeminentes da esquerda portuguesa.
Serei o mais breve possível, atendendo, em particular, à natureza deste meio, tomando como base desta reflexão o reencontro tardio com um documento que pairava na minha memória e que logo na apresentação toma todos os cuidados sendo apresentado, pelos seus autores, como base de uma iniciativa destinada a «contribuir para o debate interno com vista à preparação do Congresso».
Há neste documento, pelo menos, dois aspectos a sublinhar:
1) Desde logo o seu título: O M.E.S E A ACTUAL FASE DA LUTA REVOLUCIONÁRIA – AS TAREFAS IMEDIATAS DO MOVIMENTO que parece denotar uma verdadeira, e autêntica, intenção de participação. No documento é apresentada uma proposta de metodologia e são avançados os temas destinados a alimentar a discussão no qual avultam dois pontos genéricos: «Análise da situação actual e as tarefas imediatas” e as «Linhas Programáticas Sectoriais». No entanto, atentas as datas e a memória que guardo, a discussão, anterior ao Congresso, foi bastante irrelevante o que demonstra que a iniciativa deste grupo de personalidades, tendo sido precedida de um confronto prático aceso acerca do papel de um Partido de «esquerda socialista» naquele concreto «processo revolucionário», deve ter sido encarada como uma espécie de anúncio e explicação de uma ruptura inevitável.
2) O documento surge, em qualquer caso, como uma tentativa notável, no contexto da época, de encontrar os temas e o tom para um debate sério em torno de «soluções políticas», ou seja, das diversas alternativas de regime político que se poderiam perfilar como saída possível para a designada «actual fase da luta revolucionária». É notório, ao longo do texto, que os autores não escaparam à utilização dos estereótipos da linguagem revolucionária nem à adopção de propostas cujo teor – à luz dos condicionalismos da época – poderiam ter sido, caso tivesse havido vontade e capacidade negocial de ambas as partes, uma boa base para a criação de um partido que teria, certamente, relevância política e eleitoral após aquele Congresso inaugural. Assim não aconteceu e, pela parte que me toca, muito me penalizo por isso.
Poder-se-á questionar, então, quais as diferenças políticas entre as duas posições que se confrontaram no I Congresso do MES e as verdadeiras razões da ruptura que se produziu para além dos aspectos meramente pessoais que, tendo existido, terão sido irrelevantes. Não vou tentar construir uma teoria acerca do assunto. Mas é de todo evidente que no período que decorreu desde as vésperas do 25 de Abril de 1974 até ao final do mês de Dezembro desse ano, data de realização do I Congresso, (os meses de uma verdadeira, e rara, «fusão revolucionária») se delapidou o capital de confiança, pessoal e política, que permitiria conciliar um modelo de «esquerda socialista», inspirado no PSU, de Rocard, e um outro de «esquerda revolucionária», influenciado pela ideologia da «democracia directa», designada por «Poder Popular», na linha da tradição anarco-sindicalista e dos movimentos revolucionários da América latina (Chile de Allende incluído), que pensava encontrar legitimidade no próprio curso dos acontecimentos que se viviam, freneticamente, em Portugal, sob o olhar atónito do mundo.
É claro que as propostas levadas ao debate por Jorge Sampaio, e seus companheiros, não deixavam de fazer referência ao «poder popular», mas preocupavam-se, numa leitura mais distanciada e atenta, em atenuar a deriva revolucionária como, por exemplo, quando se escrevia no final do ponto 3), intitulado, significativamente, «As soluções políticas»:
«A eventualidade da revolução socialista em Portugal e mau grado certo desenvolvimento das forças produtivas parece afastada, pelas razões seguintes:
a) A posição que Portugal ocupa no contexto capitalista europeu e internacional faz cair o país na órbita da esfera da influência americana e torna-o peça essencial no sistema da NATO e do imperialismo donde sairia com extrema dificuldade e necessariamente a médio ou longo prazo;
b) A ausência de memória colectiva das classes trabalhadoras e, por conseguinte, de uma consciência de classe e de organização autónomas dado, por um lado, a repressão fascista das lutas de classe e, por outro, o facto de toda a mobilização popular e luta politica se haver feito em torno da luta anti-fascista e democrática que conjugavam classes e sectores sociais com interesses objectivos diversos, o que implicou a confusão sistemática entre objectivos de luta proletária e objectivos de luta democrática.»
E este capítulo que escolhi como paradigma das dificuldades de afirmação de uma ideia de «reforma da revolução» remata com uma cautelosa, e surpreendente, solução que busca, em qualquer caso, atentos os condicionalismos da época, conciliar o inconciliável:
«Neste quadro restará questionar a viabilidade de uma solução que evitando o autoritarismo burguês e o militarismo progressista avance formas transitórias no sentido da instauração a médio ou longo prazo de um futuro regime socialista que se reconhece impossível de instituir a breve trecho.
Este projecto será revolucionário na medida em que se proporá a alteração das relações de produção substituindo a propriedade colectiva à propriedade privada mas terá de saber inserir-se no contexto específico da sociedade portuguesa actual evitando a transposição mecânica de estratégias ou modelos exteriores e a repetição verbalista de fórmulas vazias de conteúdo prático.»
O ponto 4), intitulado «A crise do reformismo e do esquerdismo», elabora, por outro lado, uma crítica radical às orientações políticas do PS e do PCP que culmina com a rejeição da chamada «democracia burguesa»:
«O reformismo, ao defender a democracia burguesa, apoia, no fundo, a única forma possível dessa democracia: o autoritarismo burguês de fachada democrática»; critica, depois, de forma não menos radical o «esquerdismo«, ou seja, a própria essência da orientação com a qual se confrontava no seio do MES: «O esquerdismo tem a vantagem da simplicidade e os inconvenientes da abstracção»; «O esquerdismo é incapaz de propor etapas, estádios, e objectivos intermédios susceptíveis de mobilizar as massas. O esquerdismo é, assim, uma teoria apocalíptica da tomada do poder»; «O esquerdismo esquece que todo o projecto político exige uma alternativa concreta e também uma aliança de forças políticas capazes de o apoiar e levar a cabo».
E depois de escalpelizar o reformismo e o esquerdismo conclui: «Saber ligar a mobilização de base à luta política, a luta no local de trabalho à luta global, ou seja, encontrar a tradução na instância política das lutas de massa, é tarefa revolucionária principal das organizações políticas verdadeiramente de esquerda.»
Mas é no ponto 6) do documento, sob o título O M.E.S. e as tarefas actuais que, deverá ter estado o busílis da questão da ruptura política deste I Congresso. Nunca abandonando a defesa da autonomia política do M.E.S., nem o jargão revolucionário próprio da época, os autores avançam com uma proposta de um «pacto» que permitisse
«agrupar um conjunto de forças políticas e organizações partidárias capazes de veicular, ao nível das instâncias políticas, a luta de massas e de traduzir politicamente essa alternativa apoiada nas massas (…) a constituição de um bloco de forças de esquerda não terá impacto político nem credibilidade se não for capaz de aliar as forças socialistas não dogmáticas com forças reformistas (P.C. e P. S) numa unidade de tipo popular» salvaguardando, no entanto, que «esta unidade pode não revestir a natureza de uma frente política limitando-se a um acordo sobre uma base de realizações mínimas aceitáveis pelo MFA».
O «pacto» político a que se faz apelo, fosse qual fosse a fórmula adoptada, e a sua viabilidade prática, teria uma repercussão significativa no posicionamento do MES face às eleições que estavam no horizonte:
«Julga-se que a participação eleitoral do M.E.S. se deveria fazer no âmbito do pacto político explicitado acima, agrupando um conjunto significativo de forças da esquerda, incluindo as reformistas, cujo apoio popular é inegável.
Este pacto político seria, no tocante à generalidade das forças agrupadas, um acordo de princípio salvaguardando a total autonomia política do M.E.S. e a possibilidade de explicitação da sua perspectiva revolucionária, alternativa ao reformismo e expressão da autonomia de classe do proletariado.»
Vista com o distanciamento que só a passagem do tempo permite, apesar de todas as salvaguardas, que este último parágrafo ilustra, as teses contidas nesta proposta apresentada ao I Congresso, na verdade, pouco discutida, estavam condenadas à derrota por uma maioria radicalizada sendo apelidadas de «posições oportunistas quase sempre encobertas na ambiguidade da fazer o “máximo de revolução possível”, o que sempre veio a dar em não “fazer “revolução nenhuma» [2] … originando a ruptura que designei, noutro texto, como «a primeira morte do MES».
[1] A Joana Lopes teve a amabilidade de me enviar uma cópia em papel desse documento pois, na verdade, não o tinha na minha posse.
[2] In «Relatório da Comissão Política ao II Congresso – 13, 14 e 15 de Fevereiro de 1976».
Jorge Sampaio
No segundo dia de um curto período de férias sou confrontado com a notícia da morte de Jorge Sampaio. Apesar de expetável a notícia fez-me ter que reprimir uma súbita vontade de chorar. Não sei fixar ao certo a data em que o conheci, talvez nos primórdios das eleições de 1969, de forma mais próxima nos tempos da fundação do MES e, posteriormente, como seu adjundo no gabinete pessoal na CML. Os encómios públicos serão muitos de todos os quadrantes pelo que lhe deixo simplesmente a minha singela homenagem como homem público honrado, e as condolências à sua família. Deixo um escrito antigo que lhe foi dedicado:
Na primeira fase do MES, que decorreu até ao 1º Congresso, de Dezembro de 1974, a mais importante personalidade politica que integrou o processo da sua criação foi Jorge Sampaio que tinha emergido como o mais destacado dirigente estudantil da crise académica de 1961/62.
Ele é, desde essa data, uma referência cívica e política incontornável da esquerda portuguesa. Afirmou-se pela sua inteligência, cultura e capacidade de liderança. Jorge Sampaio é alguém que gera confiança, racional e generoso, culto e emocional, organizado e consensual, um conjunto de características fora do comum na cultura meridional.
É um facto que não integrou o MES, enquanto partido político formal, criado após o 1º Congresso. Jorge Sampaio, com um grupo de activistas, havia de constituir o GIS (Grupo de Intervenção Socialista), tendo abandonado o movimento logo no acto da sua institucionalização em Partido no decurso daquele Congresso fundador.
Foi a primeira morte política do MES. Também Alberto Martins, o mais importante dirigente estudantil da crise académica de 1969, em Coimbra, (cujo cinquentenário se comemora por estes dias) aderiu ao MES e nele se manteve, após 1º Congresso, tal como um conjunto alargado de dirigentes e ex-dirigentes estudantis que tinham assumido papéis relevantes em todas as crises académicas, a partir do início dos anos 60.
Entre eles não posso deixar de destacar Afonso de Barros, já falecido, que sempre me apoiou, pessoalmente, nos momentos mais difíceis.
quinta-feira, setembro 9
Coisas da vida
Não tenho vindo aqui por razões profissionais na azáfama de organizar uma Cimeira Ibérica da Economia Social que se realizou ontem em Coimbra felizmente com sucesso. Nos intervalos chegam-me comunicações das autoridades que cobram impostos e correlativos com chamadas a pagamento de pretensas dívidas antiquissímas. Suponho que é resultado do incentivo pecuniário aos respetivos funcionários pela cobrança. É coisa de doidos este insaciável apetite pela perseguição aos cidadadãos cumpridores enquanto se assiste ao espetáculo degradante da tentativa de fuga à justiça dos verdadeiros predadores da coisa pública, sabendo-se que só uma pequena parte desses casos vem a público. Não nos admiremos pois pela emergência dos populismos de todos os matizes.
sexta-feira, setembro 3
O meu pai Dimas
Amanhã, 4 setembro, é o dia de aniversário do meu pai Dimas, uma das poucas efemérides familiares que nunca esqueço. O meu pai Dimas levou-me com ele a muitos lugares além daqueles a que os deveres de família obrigavam. Os tempos eram austeros. Os lugares a que me levou vistos de hoje ficavam perto, mas no seu tempo longe. Essas viagens e as suas mãos quando tomava as minhas para me levar com ele onde fosse marcaram muito a minha maneira de ser e de estar. Pequenas coisas que o mais profundo de nós guarda e que tudo faço para preservar com a maior força de que sou capaz.
quinta-feira, setembro 2
Cristiano Ronaldo
Sei que há muita gente que não gosta de futebol. Nem discuto aqui e agora as diferenças profundas entre o jogo e a indústria que instrumentaliza o jogo, os interesses de uma multidão de agentes e dirigentes que tornaram o futebol profissional numa selva mercantilista. Enoja-me essa realidade que está à vista de todos. Mas sei que há muita gente que gosta de futebol, nos quais me incluo, por uma multidão de razões que outras vezes abordei. Dentro do jogo que observamos com mais ou menos paixão emergem personalidades de jogadores que ninguém pode ignorar pela magia e emoção que fazem transbordar do seu trabalho. É o caso de Cristiano Ronaldo pois além do seu desempenho futebolistico ameaça desafiar a finitude fisica de uma qualquer carreira profissional, mesmo de desgaste rápido. A ver vamos.
domingo, agosto 29
Congresso do PS
Nunca menosprezar a realização de uma reunião magna do primeiro partido português, nem de nenhum outro, ainda para mais em forma presencial no contexto da pandemia. Ter-se realizado é uma primeira boa notícia; a segunda é a que nele desapareceu o nome de Sócrates que havia sido tema central no anterior; a terceira é a de que, ao contrário do que alguns criticos referem, ter sido pacifico, sem ruturas nem anúncios de crises internas; a quarta ter feito emergir, de forma elegante, a questão da sucessão de Costa na liderança o que pode acontecer em 2023 mas, quem sabe, ainda antes; a quinta a de ter sido assumido, de forma implicita, que a proxima liderança pode ser encarnada por uma mulher; a sexta e última que enuncio neste breve escrito a de ter assegurado continuidade e previsibilidade das politicas do governo em funções. Nada mau nos tempos que correm. E tudo o que tiver que acontecer de mudança politica no país acontecerá num futuro mais ou menos próximo mantendo o clima de cohabitação entre os titulares dos três princippais órgãos de soberania.
sábado, agosto 28
O texto político
"O texto político
O político é, subjectivamente, uma fonte permanente de aborrecimento e/ou de prazer; é, além disso e de facto (isto é, a despeito das arrogâncias do sujeito político), um espaço obtinadamente polissémico, a sede privilegiada duma interpretação perpétua (uma interpretação, se for suficientemente sistemática nunca será desmentida, até ao infinito). Poderíamos concluir a partir destas duas constatações que o Político é textual puro: uma forma exorbitante, exasperada, do Texto, uma forma inaudita que, pelos seus extravasamentos e pelas suas máscaras, talvez ultrapasse a nossa compreensão actual do Texto. E, tendo Sade produzido o mais puro dos textos, julgo compreender que o Político me agrada como texto sadiano e me desagrada como texto sádico."
Escrevi nesta pagina: "visitam-se lugares e acontecimentos mas, de facto, visitamo-nos a nós próprios apertando os contactos entre os "viajantes". Quando assim não sucede a viagem reduz-se à excursão."
Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 33
(pag. 13, 4 de 4)
Edição portuguesa - Edições 70
[Publicado em 28 de agosto de 2004 e republicado diversas vezes mais tarde. Um dos posts mais visitados deste blogue apesar da sua complexidade. Resultou da transcrição de um conjunto de excertos da minha leitura inaugural de "Roland Barthes por Roland Barthes", excertos que, nos idos de 80, publiquei em edição policopiada para os amigos como continuo a fazer ainda hoje de forma artesanal embora um pouco mais sofisticada.]
quarta-feira, agosto 25
Ainda bem que avisas
"Líder dos autarcas do PSD defende que coligações com o Chega não devem ser excluídas após eleições", título de notícia do Público, que poderia dar origem a um ensaio. Fico-me por um breve comentário: ainda bem que avisas!
Breve apontamento de verão
Todos sabemos que grande parte das notícias escondem ou substimam a realidade pois sendo sempre uma representação dela cada vez mais são meramente instrumentais à captura das audiências. Um negócio que se alimenta a si próprio, gerando e promovendo outros negócios, a maior parte das vezes à custa de vitimas inocentes. Terá sido sempre assim, mas com a emergência das chamadas redes sociais (como se desgasta a palavra social!), e sua interação com os meios tradicionais, atingiu um patamar de carnificina populista.
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