Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
terça-feira, outubro 5
A República
111 anos depois a República, após vicissitudes diversas, continua viva, sem contestação de monta no nosso país. Lembra-me sempre que a sua implantação ocorreu um mês
depois do nascimento do meu pai Dimas. Longinquos tempos que a memória ainda alcança sem necessidade de recurso aos livros de história. Que Viva!
segunda-feira, outubro 4
Esquerda vence autárquicas em Itália
A esquerda italiana em posição de vencer as autárquicas na Itália: "La izquierda italiana se recompone con una victoria en las grandes ciudades
La derecha populista queda muy tocada y Roma es el único gran municipio donde tiene alguna posibilidad de competir en la segunda vuelta" (In El Pais.).
domingo, outubro 3
Yolanda Díaz
..."Yolanda Díaz como líder de Unidas Podemos ha consolidado una tendencia: es la dirigente política mejor valorada, por encima incluso de Pedro Sánchez, aunque solo sea por una décima: 4,6 por 4,5. Díaz tiene excelentes valoraciones no solo entre los suyos, sino también entre los socialistas o los votantes de Más País. Y ni siquiera genera mucho rechazo en la derecha." In El País (Conheci pessoalmente Yolanda Díaz no passado dia 8 setembro na Cimeira Ibérica da Economia Social, em Coimbra. É uma personalidade muito marcante e carismática. A ver o que o futuro lhe reserva.)
sábado, outubro 2
sexta-feira, outubro 1
Rejubilemos
A direita rejubila com o resultado das eleições autárquicas. Por palavras minhas sem citar dizem em síntese algo assim: não é o fim, mas pode ser o principio do fim. Cuidemos da democracia para que possa ser sempre possível, através do voto livre, nutrir expetativas de futuro. Mas ainda é cedo ... rejubilemos, mas pela democracia.
quinta-feira, setembro 30
O Brexit arruína o Reino Unido
No "El Mundo" acerca da crise de abastecimentos no Reino Unido:
"El desabastecimiento que atenaza al Reino Unido es alimentario y energético, pero también humano. En estos momentos, el país tiene 2 millones de ofertas de empleo activas, un déficit de trabajadores auspiciado por la fuga de extranjeros durante la pandemia pero provocado, fundamentalmente, por un Brexit que impide que otros tomen el lugar de los que decidieron volver a su lugar de origen. Lo que en un principio era uno de los objetivos fundamentales de aquellos que apoyaban la salida de la Unión Europea, se ha convertido en un problema que está lastrando la recuperación económica post pandemia a todos los niveles."
terça-feira, setembro 28
Gouveia e Melo
A notícia é a seguinte e venho aqui uma vez mais para saudar efusivamente Gouveia e Melo (fardado como queira, ou não), pelo seu contributo no trabalho de combate à pandemia; aconteça o que acontecer ficará na história:
"Vice-almirante arrumou o camuflado. “Chegámos ao topo da montanha”
Task force para a vacinação contra a covid-19 deixa de existir, mas mantém-se um núcleo de transição que durante os próximos dois a três meses vai trabalhar com o ministério da saúde para internalizar práticas que se aprenderam com a pandemia."
João Rendeiro
A notícia é a que transcrevo a seguir e venho aqui para mostrar a minha indignação para com o aparelho judiciário nacional: "João Rendeiro, que terá de se apresentar em tribunal até sexta-feira, disse ao SAPO24 que está no estrangeiro e não vai regressar a Portugal. "Estou no estrangeiro e não vou voltar", disse. O ex-banqueiro foi hoje condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por crimes de burla qualificada, o terceiro em que se vê envolvido."
segunda-feira, setembro 27
Lisboa - resultados
Eleições autárquicas em Lisboa - resultados.
Da minha previsão/adivinhação dos resultados assinalo um desvio de fundo nos dois partidos mais votados. Afinal o PS desceu mais do que seria de prever - cerca de 25 000 votos - e o PSD tendo subido pouco ganhou à custa da descida do PS, tudo comparado com os resultados de 2017. Não foi o PSD (Moedas) que ganhou foi o PS (Medina) que perdeu Lisboa. PSD - 34,3%; PS - 33,3%. Assinalo os sinais de Moedas vencedor ser uma reeencarnação do bloco que apoiou Passos Coelho logo conflitual com Rio. Nos restantes partidos a minha previsão/adivinhação andou perto do resultado final.
sexta-feira, setembro 24
Eleições - resultados de Lisboa
Uma conjetura da minha imaginação, o jogo pelo jogo, para o resultado das eleições autárquicas para a CM Lisboa (partidos mais votados em % sem especificar as coligações):
PS - 37 a 39%
PSD- 27 a 29%
PCP- 9 a 11%
BE- 6 a 8%
IL- 3 a 5%
quinta-feira, setembro 23
Política
Alguns aspetos deste periodo eleitoral fazem-me lembrar periodos eleitorais passados, nalguns dos quais, aliás, participei ao de leve. Lembro-me dos tempos de eleições quando o candidato/presidente do PSD era Cavaco Silva, em 1987 e 1991, nas quais obteve maioria absoluta. Portugal havia aderido à CEE em 1986 e começavam a ser anunciados, e a chegar mesmo, os fundos da CEE. Uma "pipa de massa" que permitiu, dando de barato desperdicios e perversões, criar as infraestruturas que não existiam ou estavam uma lástima. Ora Cavaco Silva nas campanhas eleitorais não se referia aos fundos? Não eram os fundos, resultantes da adesão à CEE, (obra de Soares face à qual num primeiro momento Cavaco se opôs) o pano de fundo da politica na época? O que mobilizava a esperança e a vontade dos portugueses mesmo que não fossem da área politica da direita? A Europa e os fundos que nos proporcionou! Assim foi nesse tempo, assim será sempre, seja qual for o partido incumbente e o seu lider. Ninguém pode exigir a um lider partidário que faça o jogo dos adversários. No caso presente António Costa por coincidência de calendários, pois nestas coisas não há adivinhos, tem a seu favor o sucesso da vacinação (Portugal é o pais do mundo com a mais elevada taxa de vacinação completa), e de novo fundos europeus que muito se devem ao seu trabalho no decurso da presidência portuguesa do Conselho da UE. É uma realidade que se imporia sempre, fosse qual fosse a vontade dos protagonistas politicos em presença. Não ando na politica pura e dura, nem nunca andei, salvo nos primórdios do MES, por ter sido muito marcado por uma frase de Camus que li pelos meus 20 anos nos seus Cadernos:"Não sou feito para a política pois sou incapaz de querer ou de aceitar a morte do adversário." Ora quem lá anda a sério ...
quarta-feira, setembro 22
Eleições
Importantes, importantes são as eleições legislativas na Alemanha. No mesmo dia das autárquicas em Portugal com a diferença daquelas se destinarem à escolha do governo do país mais decisivo para a orientação politica e económica da Europa. Com estas eleições tudo vai mudar, aparentemente, pouco na Alemanha e em Portugal. Mas sempre poderão ocorrer mudanças incrementais que podem fazer toda a diferença. Se o SPD ganhar na Alamanha a esquerda europeia ganha alento apesar da politica alemã se deslocar somente uns milimetros para a esquerda. Se o PS ganhar em Portugal, ou seja mantiver o maior numero de presidências de Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, apesar de todos os partidos (ou quase todos) clamarem por vitória, tudo se manterá, no essencia, na mesma. Uma grande diferença poderá ser em ambos os casos a derrota dos partidos da extrema direita, isso sim uma coisa importante.
terça-feira, setembro 21
A derrota dos negacionistas
Está em vias de se tornar banal a notícia de se ter atingido a meta de 85% de cidadãos portugueses (melhor dito, que vivem em Portugal) com a vacinação completa contra a COVID19. Julgo que não andarei longe de acertar se disser que tal meta será atingida na próxima 3º feira, dia 28 setembro. Como havia dito muito tempo atrás aguardemos pelo final de setembro. Não vou fazer contas mas este resultado é um dos acontecimentos mais extraordinários dos últimos muitos anos em Portugal. Dele se podem retirar muitas conclusões mas, neste momento, retiro só uma: os negacionistas são uma ultraminoria no nosso país e foram derrotados.
segunda-feira, setembro 20
Saber receber quem precisa
Esta é uma notícia da LUSA: "Portugal recebeu este domingo grupo de 80 afegãos - Grupo integra, na maioria, atletas da equipa de futebol feminino e seus agregados familiares. Sobe assim para 178 o total de cidadãos acolhidos após a emergência humanitária no Afeganistão, anunciou o Governo"
sábado, setembro 18
José-Augusto França
RIP. Morreu o José-Augusto França (1922-2021). Quando a maioria não faz ideia do que a morte de uma pessoa representa para o país.
Fernando Pimenta
Fernando Pimenta sagrou-se hoje campeão do mundo em canoagem (K1 1.000) após um conjunto muito alargado de outros grandes resultados. O que estão à espera para lhe fazer a homenagem que se reserva aos grandes campeões?
quinta-feira, setembro 16
Eleições Autárquicas
Dia 26S vamos uma vez mais a votos. Não deixa de ser importante este simples facto de ir a votos, em continuidade desde o 25A. Ao longo deste tempo de III República podemos sentir orgulho de um regime democrático estável, apesar de cansado que o crescimento da abstenção evidencia. Mas sermos chamados a ir a votos, a fazer escolhas livres, após campanhas eleitorais com diversidade de candidatos, é um bem maior. Saibamos defender o modelo democrático que emergiu do 25A sem receio de o reformar de forma cuidada, informada e debatida. Por vezes esquecemos-nos da necessidade de refletir e ousar reformar os modelos de organização que se institucionalizam.
terça-feira, setembro 14
Setembro vacinal
Leio por aí, pois hoje é terça feira, que foi atingida a meta dos 80% da população portuguesa vacinada com duas doses. Deveremos estar a falar de contas que consideram a população elegível, ou seja, a partir dos 12 naos de idade. Como era estimável esta meta seria atingida por esta altura antecipando os 85% previsiveis no final do mês de setembro. O tema da vacinação infelizmente tornou-se banal mas este resultado é o mais notável acontecimento nacional desde muitos anos atrás. Aconteça o que acontecer daqui para a frente esta vitória numa batalha crucial em prol da saúde pública mostra um país moderno, um povo conquistado pelos valores da racionaliddae e do bom senso cidadão. Basta ter ouvido as muitas entrevistas solicitadas pelos canais de televisão expontâneas aos jovens dos 12 aos 17 anos nos centros da vacinação para entender que a consciência cidadã da juventude, o país do futuro, está muito para além de algumas conjeturas precipitadas acerca da cultura cívica dos jovens, tornando os negacionistas um grupo ultraminoritário. Não vale a pena associar o calendário politico eleitoral ao do combate à pandemia e ao sucesso da vacinação, pois como diria o outro o que tem que ser tem muita força. No final de setembro voltamos a fazer contas.
segunda-feira, setembro 13
Os negacionistas/fascistas
É um fenómeno de âmbito internacional com diversas expressões em cada país. Surgem tomando como pretexto o processo de vacinação ou outras medidas sanitárias tendo explodido com o surgimento da pandemia covid 19. Em muitos países dispõem de respaldo de lideres populistas como é o caso do Brasil. Na verdade pretendem atacar os regimes democrático-liberais dizendo-se defensores inflamados da liberdade. No nosso país parece terem tomado por alvo Ferro Rodrigues que está empossado democraticamente como a segunda figura mais relevante do Estado democrático. A tolerância para com os intolerantes tem limites. Venho aqui para afirmar que o poder judiciário tem por dever ser firme contra os criminosos. É o caso destes negacionistas/fascistas.
sábado, setembro 11
Nuno Brederode Santos (um almoço tardio) - 2
Em resposta ao meu post anterior, comentando algumas incidências do I Cngresso do MES, nos longinquos idos de dezembro de 1974, Nuno Brederode Santos retorquiu ao seu estilo com esclarecimentos relevantes:
Meu caro Eduardo:
Começo, se mo permites, pela matéria dos autos, com comentários pontuais.
Talvez nem te esteja a corrigir, mas o que admito é que, à partida para o Congresso fundacional do MES, eu queria que os meus amigos (pessoais e políticos) saíssem. Isto era do pleno conhecimento de alguns, o que não significa que merecesse a sua concordância. Porque a quase totalidade foram para lá na melhor fé, embora sabendo que havia o risco de não terem margem para ficar. Aquilo em que eu diferia deles nem é, pelo menos no comum das situações, muito bonito: e, por isso, lhe chamei «reserva mental». Para corresponder à honestidade intelectual com que vens tratando do assunto – um assunto em que estás completamente envolvido – senti-me na obrigação compulsiva de te fazer saber que havia quem, do outro lado (o meu), tivesse por aliados os «zulus» que queriam correr com os «doutores».
Ora isso não faz de mim «tenor». Mesmo que eu tivesse qualidades pessoais para isso, ou a ambição disso – o que não era manifestamente o caso – não conseguiria sê-lo: cheguei a essa novela muito tarde e, ainda por cima, tinha de lidar em simultâneo com velhos amigos, que conhecia de ginjeira, mas também com outros, que eles bem conheciam e eu não (por se tratar de amizades que eles fizeram desde 69/70, ou seja, quando começou a minha ausência «militar»).
O que eu fiz reflecte, aliás, o que te digo: ao datar a minha carta de saída do primeiro dia dos trabalhos, eu coloquei-me na posição, de pressionar os outros, é certo, mas também na de eu próprio já não ter recuo. Afundei as caravelas, como o Cortez. Mas até nisso há distinções. Porque outro signatário, que foi o J. M. Galvão Telles, foi sendo empurrado para essa atitude. Mas não havia nele senão abertura: e a prova, que tu mesmo já invocaste, é que levou a «militância» ao ponto de arranjar uma sede de que era ele, obviamente, o verdadeiro penhor.
O que eu queria não fica retratado com aquilo a que chamas «federação inorgânica de grupos convergentes», porque era mais simples (ainda que pouco maduro, admito hoje). O que eu queria era que entrássemos para o PS, mas ganhando o tempo de um compasso de espera com dois fins: a) O primeiro e mais importante, era deixar passar a fase do PS como cabeça da frente nacional de resistência ao esquerdismo (o que arrastaria também o desbloqueamento de algumas tensões que subsistiam entre o Melo Antunes e «os 9», de um lado, e a direcção do PS, do outro); o segundo era permitir a «digestão» e o «luto», de que a maior parte dos meus amigos políticos carecia após o malogro da aposta no MES.
Era, pois, necessário um interinato. E, para esse, eu queria um «grilo do Pinóquio», um «clube» de reflexão ao qual, numa carta que ainda enviei de Moçambique, eu chamava, assumindo o paradoxo, um «PSU sem carácter partidário». De facto, a «coisa» tinha de ser compatível com filiações partidárias. Por exótica que tal liberdade hoje pareça. Basta citar o caso do César Oliveira, que não aceitaria acompanhar uma saída conjunta, se ficasse tão dela prisioneiro quanto se sentia no MES. Ora, com pequenas adaptações, foi o que veio a suceder com a saída do MES em grupo e a criação do grupo de Intervenção Socialista (que durou até à nossa entrada para o PS, em 1978) não andou longe disso.
Quanto ao decurso do Congresso. De facto, já sabíamos que a maioria (a tal a que eu chamava «zululãndia») iria fazer valer os seus direitos e colocar os «doutores» em minoria. Mas havia dois imponderáveis. O primeiro era saber se resistiriam, no contexto da época, à assunção formal do marxismo-leninismo. O segundo era quais os sinais que dariam a essa minoria, indiciadores da tolerância e flexibilidade com que se preparavam para tratá-la. Ora as respostas dadas foram ambas claras.
Na primeira questão, porque o obreirismo patente nalguns discursos já falaria por si mesmo, mas o marxismo-leninismo foi, de facto, formalmente proclamado na moção que viria a ser a vencedora. Na segunda questão, porque os discursos da maioria podiam reflectir três hipotéticas atitudes: afirmar princípios, mas ressalvar algum pluralismo; fingir – algo «arrogantemente», diria eu – que a minoria nem existia; ou, na prática, convidá-la a sair. A nossa percepção foi a de poucos discursos se terem colocado na primeira hipótese, quase todos se colocando na segunda e o Afonso ter encarnado explicitamente a terceira (numa resposta explícita e «ad hominem» ao discurso anterior do Jorge Sampaio). Claro que o factor geracional – eu diria mesmo de amizade pessoal – que a muitos de nós ligava o Afonso teve o efeito «demolidor» de que tu falas.
Para terminar, quero só esclarecer que não foram poucas as pessoas que quiseram então largar o nascente MES, mas sem qualquer propósito de virem a ligar-se ao PS ou a qualquer outro partido. O César, por exemplo, viria a militar na UEDS; o João Bénard ou a Luísa Castilho são exemplos dos muitos que, nos primórdios de 1978, não quiseram acompanhar a entrada no PS e preferiram ficar independentes.
Quanto ao resto, meu caro Eduardo, não estou em condições de discutir o muito mais que vais apreciando e comentando: a aventura do MES até ao fim. Mas reitero que muito me impressionou o teu raríssimo e genuíno esforço de autocrítica, nos textos que já publicaste na blogosfera. Além do mais, gostei muito da conversa. E nem desgostei da refeição. É, pois, uma experiência a repetir, se e quando estiveres para aí virado.
Abraço
Nuno
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